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Revista Critica de Ciéncias Soviais n° 18/19/20 Fevereiro de 1986 ORLANDO A, GARCIA* ANIMAGAO CULTURAL DO OUSAR EXPRIMIR-SE AO MODO DE SER CULTURAL-LOCAL Ponto zero (precaugdes preambulares) Na primeira pessoa do singular, quero comegar por dizer que este artigo nao tem condigdes de um aprofundamento te6- Tico desejavel. © um artigo circunstancial: corresponde a cir~ cunstncia de uma comunicagéo no Seminério «Portugal 1974- “1084 — Dez anos de transformagao sotialo, Esta pritica de intervencao na vida social que da pela designagao de «Anima- edo Culturals esta agora a comegar a ser estudada-compreendida. Eu, entre outros, estou a estudé-la, praticando-a também, Ainda nio atingi uma configuragio globalmente satisfatéria para uma logica organizativa das varidveis em jogo. Vislumbres a con- firmar. Investigagdes e acgdes em curso. ‘A visio teorizante que tenho da Animagao, bem como o interesse empenhado neste dominio «marginal», sfo engendra- dos pela minha trajectéria pessoal (sociélogo némada): activista juvenil, grupo das primeiras licenciaturas em Sociologia do pais (com as inerentes atribulacées), 25 de Abril aos 25 anos, intervengo, passagem pelo Estado, organizagio de formagio, muitos percursos, associativismo, educagdo de adultos, docéncia, estudo, animagio, educacio infantil, investigagio. Atencio cen- trada num conjunto de questdes: as sociabilidades, 0 quotidia- no, a intervengao-mudanga, comportamentos-condutas sociais, € aprendizagens. Corpos tedricos de referéncia: na sociologia sobretudo Alain Touraine e Pierre Bourdieu (mas também Certeau e Ligenciado em Sociologia, Professor do Instituto Superior de Servigo Social de Lisboa. 550 Orlando Gareia Baudrillard, entre outros), e muitos (sobre) saltos interdiscipli- nares-antropologia, psicosiociologia, semidtica, histéria, ensaio, fisiea, bastante literatura, pedagogia e psicandlise. Complemen- tarmente, curiosidades visuais e atracgio pelo espectaculo. Ainda se justificam aqui algumas precisdes conceptuais. As necessidades culturais sao produto da educagéo e dos pro- cessos de socializacio. A realidade social, nas suas situagdes coneretas, é resultado de praticas sociais, de entre as quais as, sao intervalares. O campo cultural (das disposicdes e pré-disposicées) @ intersticial e insinuante. Estamos no intrineado campo da historicidade — 0 campo cen- tral das transacgdes entre a produco do social e a reproducdo do mesmo. Terreno de relagoes de classe e de processos deter- tminantes, que & também o dominio das pré-figuracdes e das transformacées simbélicas, Os estilos de vida e as suas razoes, sheio-poéticas — eos contextose nas ligacdes entre o sentir, 0 pensar, e 0 fazer, A produgdo de influéncias, em pleno sistema politico-institucional. E ainda a activagio de outras relagdes entre papéis sociais, consequentemente outras autoridades ¢ regras, no sistema organizacional. O campo cultural 6 siste- mitico e atravessa as varias categorias da pratica social. Nos modos de tentar perceber: faseinio pela metodologia, ‘em recente sistematizagio, da «Investigagao-Acgio» — questio- namentos flutuantes, com dispositivos instrumentais gradual- mente. rigorosos, Este artigo circunstancial é uma consequéneia da inser¢a0 deste tema na mesa-redonda sobre Os Movimentos Sociais pela ‘Melhoria das Condigées de Vida. Curiosamente, o tema final do Seminario — «A Cultura e os Novos Modos de Vidas — irrom- peu previamente quando se abordou os movimentos e as con- digdes de vida. Nesta mesa-redonda os aspectos em foco eram Satide, Habitacdo, Movimentos Urbanos e Movimentos Rurais, e ali pelo meio Animagio Cultural. ‘A ecomunicagdor procurou mostrar e importéncia inters- ticial deste campo de acco concreta, numa forma teoricamente dignificante. Como objecto a intervengao comunicante nos in- tervalos, enquanto meio de penetrar na esfera da reproducao social — comunicar/actuar/conhecer/mudar/re-conhecer/eomu- nicar... Este Seminério foi um esforco de distanciagao simpatica, e tanto quanto possivel rigorosa, sobre 0 periodo do post-25 de Abril. Aconteceu que na maioria das ocasiées se ter reduzido demasiado & leitura do periodo imediatamente apés (1974-1976). Mas foi-se verificando uma tentativa de critica da pratica, para Animacéo Cultural 581 dos enredos chegar as intrigas. Descrever mas & procura das relagies sociais. ‘Tactica para a abordagem deste assunto da +Animagios: dividir em quatro tempos, ritmar, insistir numa perspectiva diacrénica, Ter subjacente que a transformagéo social se produz em tempos. Articulagdo desses tempos. Foi introduzida uma alteracio na indieagao desencadea- dora por parte dos organizadores do Seminario, que sugeria um enfoque no sentido «da animagio 4 desanimacao». Houve, portanto, uma infleceto do sub-titulo no sentido das condigées, de expresso e do modo de ser cultural-local — uma lenta pro- dugio de autonomias possiveis. Conviegao de que neste campo da animacio, a dispersao da intensidade tem tido consequéncias na profundidade. Ponto um: clarificagdo do assunto Este assunto da Animagiio ¢ mais antigo do que 0 con- ceito. Este termo remete para a intervengio consciente em praticas sécio-culturais. Designa uma intencao, acompanhada de formas de acco. Equivale ao activismo sécio-cultural, que est intimamente ligado ao desenvolvimento dos modernos asso- ciativismos. Trata-se da vertente da expressividade, da media- Go com piiblicos restritos, e da sociabilidade convivencial desses assoclativismos — consequéncia do surgimento das socie- dades complexas © da transformagao das sociedades tradicio- nais, Era, no pasado, uma actividade integrada. Destacou-se & medida em que a vida social se foi desintegrando, e em que foram sendo sucessivamente necessirias mais e novas media~ ges. Rupturas no tecido social portador de cultura. A. encul- turagio carenciada de dispositivos propositadamente colocados. "A sociedade razonante que tem sido produzida ao longo do iiltimo século, com a predomindncia das relagées secundirias, tem conhecido uma crescente desuniao, pela ruptura dos Lagos fundamentais. B evidente a caréncia de unides, no sentido das mediacées estruturais e institucionais que asseguram a criagao de lagos entre individuos e sistemas. Sdo sobretudo nitidas trés categorias de caréncias: ao nivel da desorganizagao das estru- turas sécio-econémicas (com repereursées nomeadamente no mercado do emprego), a0 nivel da sobre-organizagio das estru- turas teeno-burocraticas (nomeadamente pela tendéncia para as cinstituigdes-coisas»), ¢ ao nivel das alteragées das estruturas psico-sociolégicas (com relevo na chamada e acti- vistas bendvolos), ¢ os funcionérios (com diferentes graus de profissionalizagdo, em diversos suportes institucionais). A me- dida em que os poderes institufdos atribuem importancia & organizacio dos tempos livres e dos lazeres, vao implementando novos equipamentos colectivos e gradualmente tém-se criado postos de trabalho para canimadores». A formagéo de anima- dores é uma actividade em expansio. Um campo de actividades dispersas — este da animacao — em que umas so militantes- -activistas, outras amadoras-voluntarias, e outras em regime de enquadramento profissional ou semi-profissional. Estamos pe- rante um eruzamento entre 0 movimento e o sistema. Instrumento de emancipac3o e de autonomia, e instru- mento paliativo de manipulacio gratificante. Animagio-expres- sividade e criatividade colectiva sobre o universo préximo, ani- magfo-acesso a bens especificos, e animagao-entretenimento. Efectivamente, a animacio constitui um campo esbatido, sinalizado por um termo a que se somam diversos apéndices cultural, sécio-cultural, sécio-educativo, pedagégico, social, in- fantil, juvenil, desportiva, turistica, religiosa, e até comercial. Animacdo Cultural 583 Ponto dois (antecedentes da animagéo) ‘A animagio tem as suas raizes no desenvolvimento dos varios associativismos das sociedades modernas. Radica-se na capacidade de afirmacao e enunciagao dos movimentos popu- fates, # urna forma de intervengio intzingecamente ligada a9 esforga de educagio popular desencadeado a partir do sé- culo XIX. Foi nessa luta pela instrugao e pela educagéo que adquiriu 0s seus contornos: as actividades expressivas para- lelas e o recrefo (um termo deveras interessante — «re-creio»).. A animacdo surge quando os movimentos populares se exprimem simbolicamente, ¢ quando refazem as praticas de convivéneia, e quando celebram, e quando produzem a sua propria comunicagdo. E uma actividade pulvilhada e subjacente. ‘Tem a ver com 0 estabelecimento de cadeias de comuntcagéo no processo de criagio de valores. Sao 03 movimentos sociais 0 lugar estratégico em que se criam explicitamente valores, nas, sociedades modernas-mutéveis. Animacao das vontades e alar- gamento da consciéncia social por via da diversificagio das formas de solidariedade (ja nao circunserita @ vizinhanga e parentesco) Pocemos reconhecer este tipo de intervengéo nos suces- sivos associativismos: — nas celebragées do associativismo de entre-ajuda; — nas Iutas do associativismo urbano; — na criagio de servigos de solidariedade social do asso- ciativismo de bairro; —na acgio civiea do associativismo de resisténcia; —e nas inovagoes do recente associativismo de cireuns- tancia. Associagdes como condigdo de higiene democritica e como processo de educaco permanente, A assoclagio como lugar colectivo de realizagdo de priticas qualificadas ;no qual os acto- tes podem ser protagonistas do seu proprio desenvolvimento (cultural). Na segunda metade deste século XX, a vida social tem vindo a ser cada vez mais identificada com as condutas cultu- rais e com os problemas da personalidade, enquanto a vida politica 6 identificada com a gestio da economia. Verifica-se uma dissociagéo entre o modo de funcionamento ¢ 0 modo de transformagao da sociedade. O espago da animagio tem estado nas contradigées dessa dissociagao, Os conflitos sociais desen- volvem-se diferentemente, e exprimem-se diferentemente, Ani 584 Orlando Garcia magio ligada «cultura popular» que se formula pela arte de fazer, que é uma arte combinatoria-utilitaria. Na referéncia de Michel de Certeau, estas préticas-operacdes fragmentérias, in- testiciais aos aparelhos de reproducao instalados, tém uma Jégica inerente ao ratio «popular», ou seja, uma meneira de pensar investida numa maneira de agir (arte de combinar in- dissociavel da arte de utilizar). A acco cultural processa-se da forma para 0 conteido. & um factor de modernidade. Ponto trés (as subsequéncias do 25 de Abril) 0.25 de Abril de 1974 é caracterizado entre outros aspectos, pela emergéncia da palavra, da comunicacio, do barulho. Com © verbo transformador, estamos declaradamente em animacéo. A historicidade fica 4 superficie, est a0 aleance. As estruturas sociais estao em transformacao acelerada. O period 74/75/76 & marcado por milhentas iniciativas. Os movimentos populares refazem-se em torno das necessidades € criam novas expectativas. Predominam as novas formas asso- ciativas — as organizagées populares de base territorial (comis- sdes de trabalhadores, comissdes de moradores, comissdes de pais, ete.). As colectividades tradicionais fica esvaziadas dos seus quadros, e de grande parte dos seus activistas e frequen- tadores. Abrem-se diversas frentes de mobilizacdo e de inter- vencdo. A animacio esté na resposta aos problemas, na me- Ihoria das condicdes de vida. Ha uma componente animacao nas lutas e intervencées na satide, na habitacdo, no controlo da producfo, na criagéo de novos equipamentos colectivos, na apro- priagdo de poderes locais, etc. 1 neste perfodo que aparece o substantivo: ser «animador», A animagdo demonstra-se um campo de actividade pro- visoria e transitéria. Estamos perante um novo veiculo de mobilidade social. Os dirigentes associativos das associacées e colectividades, a partir do 25 de Abril vao para outras organizacdes — muitos deles so hoje autareas, ou sindicalistas, ou quadros partidarios, ‘ou s40 pequenos empresitios. A partir de 1975 comecaram a surgir «animadoress em varias dreas de intervencio. A activi- dade de animagao tem sido transitéria no percurso social da maioria desses actores sociais. Comecou a configurar-se um dominio de actividade com algumas especificidades para estes novos mediadores, Actividades intermedidrias com agentes tran- sitoriamente disponiveis. Alguns comegaram a fazer as suas carreiras neste ambiguo campo. As accdes formativas aplicadas Animagéo Cultural 585 comegaram a desenvolver-se, e valorizou-se uma logica de autodidactismo e de formagao por ocasides. Em sobreposicao as tradicionais colectividades, surgiram novos tipos de associagées, com objectivos pragmatics, e com novos estilos de actuagao. E mais uma vez, desenvolveu-se uma dindmica transitéria, A ‘animagio tem sido um significativo canal de mobilidade social, com um multivariado transito, Algumas das personagens-noto- riedades locais tém passado pela animacao, bem como alguns «comunicadoresy de indole artistico-cultural, bem como, ainda, alguns dos funcionérios-inovadores. Talvez se possa dizer que a animagéo também se caracteriza por uma tendéncia para a provisoriedade e transitoriedade. E no post-25 de Abril que se formula um entendimento da animaga — um proceso (para continuar); — uma acco de base, através de grupos restritos, com referéncia a globalidade de um determinado territério; — uma incidéncia nas préticas quotidianas, em vista da sua qualificagao; — recurso a técnicas de comunicagio, de forma a favo- Tecer as relagées interpessoais e a expressividade; — uma ligagao aos problemas realmente prementes; — desenvolvimento da criatividade nas formas participa- tivas, na criagdo de condigdes emaneipativas Ao lado da animacao local, surgiu também a animacio esporddica (colénias de férias, festividades ou celebragdes perié- dicas, ete.). Em simultineo com a animacéo, desenvolviam-se outras formas de acco cultural: a dinamizacao (marcada pela sua efemeridade de impacto), a agitagio (determinada pela sua capacidade de mobilizagio pontual) © a difusao (caracterizada pela circulacao de bens de fruigao cultural). Confrontaram-se as estratégias de democratizacéo da cultura ¢ das condicées de democracia cultural. A batalha ja perdida na educacao, seria vidvel na «culturas? ‘A seguir ao 25 de Abril a animagao cultural desenvolveu- -se em dois planos: — componente liidica e de fruigdo na vida quotidiana — os intervalos com 0 prazer & superficie (producfo de ale- gria colectiva); — instrumento ao servigo da satisfago das necessidades basicas (a nova comunicagio utilitéria e a criagéo de oeasides para a renovagio das relagdes interpessoais) 586 Orlando Garcia Muitas das conquistas tiveram estas dindmicas a impul- sioné-las. Uma intervencdo em direccio as disposigées, aos am- bientes-geradores. Insinuacdo de utopias. £ também sobretudo a partir de 1975 que a animagio entra nos eaparelhos»: — comega com a acco dinamizadora do MFA, através da sua célebre 5. Divisio, que pretendeu desbloquear a comunicabilidade interior e desencadear condutas colec~ tivas nos conextos mais renitentes & transformagao; — seguem-se varios organismos de um Estudo desestru- turado, que encontra por esta via uma forma de se- guir os acontecimentos ¢ de recomegar a intervir, ainda sem controlar (com recurso &s siglas principalmen- te — CIASC /FAOJ /INATEL / DGD /DGEP actual, DGEA /JCCP e SEC’ actual MC); — seguem-se depois as Camaras Municipais e alguns orga- nismos de voca¢ao regional. A animagao a institucionalizar-se e a fazer parte das estru- turas. Pode considerar-se que a animacio foi uma componente subjacente a todos 0s movimentos populares, ¢ foi gradualmente surgindo como componente-inovadora na ‘re-actualizagio das respostas da administracao piiblica. Ponto quatro (iiltimo tempo) A partir de 1977 conhece-se um retraimento e depressio da sociedade civil. A animacao comeca a circunscrever-se aos poderes locais (é propositadamente que se usa o plural) e aos Tesiduais projectos alternativos. Esta. nos residuos dos movi- mentos, e no sistema é uma estratégia maledvel de desenvol- vimento local e regional. Esta pratica é retirada da superficie imediatamente visivel e subsiste nas periferias. & uma forma de intervencio que comegou a adquirir estatuto (por ex. tem ser- vigo préprio no Centro de Arte Moderna da Fundagio Gul- benkian, que funciona como paradigma de prestigio cultural). © campo da animacao conhece novos actores implicados (talvez mais uma vez transitérios): so os militantes e activis- tas partidarios desiludidos e sao 0s independentes actuantes. Do deseneanto do projecto de sociedade passa-se para 0 pro: ecto de quotidiano. Projectos alternativos militantes alter- ativos. A aposta modificou-se e j4 no é um novo modelo de Sociedade, mas tao-somente o aqui e agora. Animagio Cultural 587 £ também a partir de 197 que se inicia a sistematizacao, a reflexdo eas tentativas de articulactio. Desencadeia-se um processo de Encontros nacionais regionais (de associagdes e animadores) que estd agora a gerar a sua quarta realizagio (apés seis anos de interrupgao). A animacéo e as préticas asso- ciativas comegam a ser objecto de estudo e discussio teérica. A formagio de animadores procura uma politica coerente. A animagdo est de facto a entrar no campo politico-institucional. Abrange neste momento milhares de funcionarios (se incluir- mos outros profissionais destacados para estas fungdes — tam- bém estes transitérios). Nas praticas residuais a actividade da animagao esta ligada 03 novos movimentos sociais: ecologia, emancipacéo feminina, afirmagio juvenil, ete. E esté presente em diversos projectos de desenvolvimento global integrado. O campo da animagio deixou de ser evidente e dispersou-se: passou para os poderes loeais (para as proximidades). # assim que podemos ver na animago um campo de trans- eréneias dos movimentos para os aparelhos-sistemas, a0 nivel das respostas inovadoras a problemas desconhecidos, principal- mente 0 da desagregagao dos grupos primarios e da consequente necessidade de renovacéo das sociabilidades, Intervengio nas condigées de mentalidade — um novo modo de ser cultural -local, face ao impacto persistentemente unificador e embas- bacante dos meios de comunicagao de massas, Um universo visivel a partir de um territério préximo demasiado intrincado- -distante. A animagao como ambigao estratégica numa pritica social invadida por técticas de utilizadores semelhantes. Da animagio simbélica tem-se passado gradualmente animacio concreta: pela sedugao ¢ pela manipulagio. Efectivamente este tema «marginal» é legitimo neste Se- mindrio: dez intensos e répidos anos de transformagio social. A animagio esteve antes (¢ um factor de modernidade), sobres- saiu durante, ¢ continua depois (a inovagio resistente) Para finalizar registam-se alguns indicadores optimistas da situagao actual: — assiste-se a uma revitalizagao das iniciativas da malha associativa (como exemplo mais interessante os Centros Culturais Regionais de projecto cooperativo); — verifica-se inovaco na producdo de factos culturais, com integracao de parcelas qualificadas do imaginério libertado volta do 25 de Abril; 585 Orlando Garcia — desenvolve-se uma articulagao flutuante (nomeadamen- te através de varios tipos de encontros); — esto em curso diversas investigagoes, ¢ algumas das mais significativas sdo de iniciativa auténoma. ‘Também se poderiam referir indicadores pessimistas, mas isso implicaria a andlise de bastantes varidveis perversas (0 que nao deixa de ser indispensdvel, mas nao aqui, nem ja). Acabou esta circunstancia, Outras virao. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Bourdieu, Pierre (1079), La distinction-eritique sociale du jugement, ‘Les Rditions de Minuit, col. Le sens commun, Certeau, Michel de (1900), invention du quotidien/Arts de faire, Union Générale D'Baitions, Col. 10/18, Touraine, Alain (1084), Le retour de Tacteur, Fayard, Col, Mou- vements, Semear para Uunir, associago (1984), , Camara Municipal de Almada,

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