You are on page 1of 21
© PROBLEMA DA ESCRAVIDAO NA CULTURA OCIDENTAL DAVID BRION DAVIS gem do negro 1s A mudanga da ima valores culturais dao. Todavia, 25 fraqueceram 8! jes biblicas ¢ his- jeas mentais ¢ FisiC2S mudangas 10 Su, IBerim, 0s que, na década de 1760, amplas avi Snfraquece rene man ae en 5 ttm ian 8 ee aque entra tA medi a importancia das carer Parativa da ida que 0 jluminismo separou # antropologis ea anaronns Pasta ton, hipéteses teoldgicasy abriv caminho Par 2° jerioridace Cientistas ‘0 século XVIII, essas reorias # comuns de han geralmente, sustent objeto ae uumanidade. No entanto, ™Mudanga inten da filosofia natural Sias sobre la imagem dos africanos teria et tural do : escravidao. Para completar noss tradicag pensamento antiescravocrat®s precisamos exploravam, que crensas assumiam como Prec one eitos haviam superado- iveram se cada vez mals jm como e da poesias € 9 fundos nas fucutas controver io background ON 1, assil feitos pro 4 compreensdo saber 0 que Po, t razd Pele d, ‘Ses que, talvez, nunc los africanos que se foro sua care 1 Boe questao ¢ formu! Black: Development cof America A temitco e ravo que vi das favors mus sempa.gie 2 prof al de diferentes “Angulos ¢€ lependente um do ou io : mais profunda nos euro; mouro” ou “etiope” ueses, um “noir” peus. Emb » ele era também freqiientemente, designado com? ae. tro linguas, Para os franceses, ¢ me eero. Data Os espanhdis ¢ port rabilidade e Sas tinha conotagdes i: black” para os inglesess ¢ nas U2" infelicidadk le trevas, di 5 i le. No ini le trevas, depravagio, humildade, mise nicio do século XVII, um cane francés salien” tou: “Poderi lerfa aes mos Propriamente dizer que medonhos esses, eram John Atkins concordou q Para serem ass homens vieram do inferno: €0 que primei jue “A cor negra « considerados,” Um século depo ir . gra 7 humanidade™ ee sobre nossas . todo o tegumento desses gine"? humani + Oliver Gold servacdes, € qui nue do rest? pumanidedeescurece todas a mith dis: "Deacobr segue esa raga urs e da lis s -se que essa raga escurs ore da linha do equador. partes do sul da Aiea, api dos dezo¥0 82 ; ; a part z a $e vermelhos”, partir dos es huranih cot o8 pele ae umanidade” arcial © ‘ fs wr.” Es apés deck > Benjamin Frankli ara a arr sua preferncia pelos admitiu: “talvez eu seja P' ess ee € tipo de parcialidade € nature pre as . Di ao trouxe a luz para um va0 escure rmazd e as forgas de Ahrima™ as i ‘Ocquet partiu d, Land (tr Nathaniel Pullen, LO Weer atts #8 Europa em 1601 i 10 so 01]s John Atkins, A V2” sad Aes. Londres, 1735), p39; Olivet i d 1735 ith, OFB. por Leonara Wee ‘Lond? Ole Cre re of -Labare et al New Haven, 19597" (N : ee 1958), pp. 35-38; Dom Cer tans Pence sh Retassnce” Philotogical OM 1x oe 1 Symbolism”, Fatk Lore ve (blackmyip, 2° & : nail) @ 4, POs: € utiliz . canalhas” (bie ide oe em toda a sentenga oF i ichguards), (N, no caso das pal: echant3s™ da T) palavras — 2 a DANGA DA IMAGEM DO NEGRO amu rivando-o de seu jquer cisne”; portanto, ” Antes Ovidi CCG ower ¢ Chaucer, segundo o qual Febo puniu 0 corvo P! cay Mtoe pl de qual ‘o ser sempre negros.” “Negros e, além dis- ando-se negros umagens ~ Febo diss, Magens “bem mais brancas do que as Lo corvo: "Voeé e sua descendéncia devera am considerados da d lescober : erta da América, os sarracenos ef: lendas de homens rorn 80, lid » liderados é devide ay oY POF nesros”, ¢ havia indimeras Bie Pecado © raya negras brotadas do inferno. ane : : 0, diz-nos Herman Melville, € a cor da pureza ¢ da justica, da alegria. Sober, ania e © santidade; ele deu aos europeus a “supremacia ideal sobre cada tri- dita idéia dessa cor, que 9 ese ura " prime 1 Todavia, “oculta-se algo ilusério na recon Buen nt Mais painico 4 alma do que aquela vermelhiddo que assusta 0 S20" im capazes de nao ver 28 5 ambigiae as mentes com menos imaginagao seria cade. a tts cor. Ura bale preva ov Otelo branco P oe Be cera ne ee eer ene pes Shakespeare, repete “2 velha maxima” segundo 2 qua) "O° . erage 08 80 pérolas nos olhos das belts “amas”, ainda que Julia contest: Sie ates tans ‘thos das dams, pois eo mais Pisd™ do que Oe acoraecers Edmund Burke, a negritude foi a principal fon We, entag Qualguer objeto escuro tinha o efeito de relaxar a pupila doa 0 chogue gor S© Festabelecia com uma especie de “elasticidade convulsiva”. Esse en de dor e de terror. Burke falava de um menino Bigs US de repente, adquiriu a capacidade de ver OM” resultado de wma cit inguictaca, imeira vez que o menino vin um objeto pre's exe dew the ara ; ©. ... Algum tempo depois, vendo por acas0 tama mulher neBra FCO Orror; @Prendan ne COM a visHo.” Todavia, 0 costume reconcilia-nos com teO >, oe das coisas escuras ‘em sentimentos le erderiam todo © signi- zeviche e éba- Admiracgo transformar nosso medo ae melancolia e fascinasao.” totes @ das sinistras conotagoes da negritu mY Mas Alia demonstravam pela cor da pele mais clara, era opiniao Sram, ye Ute de sir Joshua Reynolds e de lorde Kames aue os padroes Ma questio de costume. Sem diivida, o5 africanos eram felizes CO que 0s pi” de sir Tho- de beleza ym sua de, e apesar da estima 208-215. 4 He, 5 pitather, “Color Symbolism”, PP: 2087 cap, wi e Whale, cap. XI oppcan Melville ‘Moby-Dick, or th 3 The Two Gentlemen of Verona ¥- 2: a oe eke a Phiosopbiea! aguiny into the OriBh# OF OF das of te sun ten, Beautiful (org, por J. T- Boulton, Londres; 1958), PP: 59» 13.14 Burke sina refurar o argumento de Tee ede que oto ete a ese Plesmente um produto da associasso- 497 © PROBLEMA DA ESCRAVIDAO NA CULTURA OCIDENTAL Prdpria cor e consideravam os europeus menos atraentes.8 E os europeus, de modo algum, eram cegos em relagao a beleza fisica dos negros. “O Servo”, de Velazquez, retrata os tons quentes do corpo de uma mulher negra, cuja expres- sdo resignada somente aumenta sua grande beleza e dignidade.? Essa aprecia¢io nao se limitava a Espanha. Richard Ligon, que escrevia em Londres, em 1653, lembrou que os homens negros que ele tinha visto eram formados exatamente de acordo com as regras de Albrecht Diirer sobre a proporgaio. Mesmo um Ticiano nao poderia ter capturado a suavidade do miisculo e os movimentos perfeitos das jovens virgens. “As jovens donzelas”, prosseguiu, “normalmente tém seios muito grandes, que se empertigando tao duros e firmes, sem saltar, pular ou s¢ mexer, serio muito mais sacudidos do que os misculos de seus bragos.” Ligon lembrou 0 encontro com a amante negra do Bovernador de St. Jago: Da maior beleza ¢ majestade juntas: aquilo que sempre vi em uma mulher. Sut estatura grandee, excelentemente modelada, bem favorecida, olhar forte e admi- Favelmente graciosa, ela usava sobre a cabeca um turbante de tafeta verde, listt2- do de branco e salmio. ... Em seu corpo, junto a sua roupa branca, um saiote de cores laranja-escuro e azul... sobre ele um manto de sedy parpura. Nas orelhass cla usava brincos, no pescogo e nos bragos, pérolas claras, Mrs sews olhios €r4™ as mais ricas j6ias, pois eram os maiores e mais orientais que ja vi Desesperado para falar com essa bel d 2a de rainha, Ligon deu-lhe um prese™” te, quando ento recebeu o sorriso mais bonito que ja havia visto, ¢ “um olhar- 'm Presente muito maior” 10 ‘apitaes de navios negreiros, comentavam™ 3 Braga ¢ a beleza fisica de muitos africanos. N° 66es inteiras parcialmente nuas, ficavam freqiie™"™ * Sir Thomas Browne, Pseudodoni : Crm ge ty Kec Lote ee eo ee eos 1942), pp. 50:51. "HE Slavery Literature of the XVIllth Cent?” bane Daa una pinturs ne iain Carl N. Degler chamou minh* mises eee wvadores, 18 3, €m primeiro lugar, aos livres-pensadores ¢ ino i e Giordano Bruno. ‘tio Vanini : » : cilio Vanint € © ais entre ™Ao, Paracelsus, e aos fil6sofos italianos, Lu cas fisicas € ment s diferen : . Richard Todavia muitos escritores exaltaram a de antigas lendas. FaNcos e negros, ¢ procuravam explicé-las athe em 1621, ae obson, que comercializava ao longo da ae considerava “o enorme Sore Prar escravos por motivos de principio moral. fainted ree nho do membro viril entre os negros wma fr de seu pai reve (e eee nientes de Canad, que, por descobrir a ae arte”.19 Embora Peter aan €scolasticos) uma praga langada = ae = que ele era um ee tendo “o &© Presumivelmente, um bom cristo, ia os negros CO idos de Aambicioso” ¢ ami reebispo Laud, descrevia os mit destituid Wo da ravi, qu ¢ peal a0 home em sua main aa” Bis mail8s as artes e ciéncias; propensos & luxiria s, propria pele ue reigem de 08 Enham um cheiro ruim e gostavam tanto de sv com Purchas que 8 OF 91 lgum ® de branco! Inicialmente, Heylyn es de 1660, tendeu a 60F era um dos mistérios de Deus mas, na dé cartas escritor de 1704, um Stédito & teoria da praga sobre Cam. Somente em sig de vista se ponto 'BIES citou-o como uma autoridade devido a esse P ’s Captive Kings, PP- spher, Guinea's Capti Ne 6B, demica, pp. 232-246; SIPRE Cree eoria da rusve a 50.40 nes Pseudoxia Epidemica, ‘0 considervel Pa! 10 para justificar inc! ss = “51. Browne dedicou um ot durante mult oe tuguesas € espanholas P; servidng rae2 de es ‘das racionalizages P ae Ho dos europeus, € (Nova York, meno de : Poetry Tete sr eat, Religious Trends in ee 1740-1780), 56 a ild, I (Religions Seninantation the ABE Ossett, Race, p. 15. 2a pail New General Collection, Uh, 268, os ttet Heylyn, MIKROKOSMOS, A capbie in ford, 1631), p. 719; Heylyn, Cosmogr the Great World (3° ed, ro Sontayning the Cb Foure Boo 501 0 PROBLEMA DA ESCRAVIDAO NA CULTURA OCIDENTAL Com o crescimento do tréfico de escravos internacional no iiltimo quarto do século XVII, as teorias da inferioridade de negro, aparentemente, ganharam popularidade. Em 1680, Morgan Godwyn observou, com perspicdcia, que era de interesse dos colonos ¢ dos comerciantes propagar a crenga de que os africa- nos nao cram, realmente, homens; e 0 cardter de sua refutacao dé alguma pista para as tendéncias 4 mudanga de opiniao. A lenda de Cam era suficientemente respeitavel para merecer um movimento flanqueado; mesmo se uma pele negra fosse a marca da praga de Cam, disse Godwyn, isso nao provava que os negros nao fossem humanos. Os colonos dificilmente usariam bestas para fiscalizat © trabalho de outras bestas. Como sir Thomas Browne, Godwyn enfatizou a rela- tividade da cor, que podia ser tomada como evidéncia de um preconceito comum em relacao 4 negritude.2! Ble também percebeu que era necessario conter 0 cla- mor de que os negros eram monstros cuja unio com seres humanos produzia apenas uma descendéncia estéril. E. mesmo Godwyn estava predisposto a acredi- tar em declaragées de que os africanos tinham “conjungées nao-naturais” com 0 macaco e o mandril.22 Winthrop Jordan comentou sobre as trégicas conseqiténcias do fato inteit® mente fortuito de que os negros € a maior parte da macacos eram encontrados vivendo proximamente na mesma parte do mund O folclore europeu estava cheio de homens-macacos, homens-animais ¢ d¢ monstruosos produtos de todo tipo de bestialidade; a variedacle « 0 earster 20" tesco dessas criaturas foi amplamente aumentado pelas fantasias dos primeit0® exploradores e cronistas. Apesar da visio que o europeu tinha de si mesmo com? um ser sublime, sua mitologia sempre reconheceu Parentesco com os animais mais baixos, humanidade que pareciam 2 jo. uma consciéncia inedmoda d¢ E apesar da antiga crenca na disting30 ntiga crenea na continuidade sugeri@ 4 © cada forma de vida animal.24 No final a entre o homem € Os macacos suposta” lade de infinitas gradagdes entr do século XVII, uma ligacio como ess: rographie and Historie of the Whole Wo rid... (32 45, 87 The Athenian Oracle: Being an Entire Collecags o Lona" ®s 1667) pp. 44-455 Answers in the Old Athen of All the Valuable Questions a” ian Mercuries, Il (L 4 " eI a ondres, 171 -. nin spe Godvyn, The Negro's and Indians Advcrgr ae ar tein Admissio™ imto the Church... (Londres, 1680), pp. 12, 19. till 2 Ibid., pp. 12, 23, ee. % Jordan, “White Over Black” 28 Arthur O. Lovejoy, (Torchbook paperbac « Black”, caps. 1 6 he Great Chain o 5 iked., Nova York, ‘oon 4 Study of the History of . 183, 194.203, 227-234. Idea ke A MUDANCA DA IMAGEM DO NEGRO ji énci .s costumes bestiais Mente foi encontrada nos hotentotes, cuja aparéncia bruta ¢ 0: 25 Ent 0 tornaram-se estereotipados na literatura do século seguinte* ne dr. Edward Tyson publicou os resultados de sua dissecasa0 neal Orang-Outang, sive Homo Sylvestris, que comprovou as semelhane®s Mt a8 entre o homem ¢ o macaco. Anton Leeuwenhoek declarou aie 0 NBT Negros era diferente do dos brancos. Marcello Malpighi om "ea pele pro} Negro em uma camada de membrana da mucosa entre a EP! erme ¢2 Pe espe} Priamente dita. Todas essas descobertas foram utilizadas pris aes ai dl Cialmente na Franca, que argumentaram que 05 africanos a ‘snp aut tinta e constituiam um elo entre 0 homem e os animais. Ao i - da durante todo 0} feoria da praga sobre Cam continuou a ser defenide eee que os negros GU© XVII, 0 Journal des Savants concluity ind ° actley cha- “viam ser uma espécie diferente do resto da humanidade ameagava arruinar | ™MOu atenc&io que um ponto de vista “heterodoxo” como lente por esse motivo, 2 toda a visio biblica da criago do homem. Mas, precssmit' ta msgs Stenca na inferioridade dos negros tornou-se uma arms © - 26 ° Voltaire- Os filds is notavel foi ; » lsofos frances, entre os quai © ma tir a histOria complexa da teo de das “especies”. E suficien- vvolvimento bem-sucedido da am refinados por ficagio foram refinados mm era parte do reino animal macaco que jo semelhante 20 neg tturalmente e de manera funcional e810 77 Jos bidlogos Pate Nenhuma distingdo nitida poderia ser feita. As des Para nossos objetivos, nao é necessario disc £1 biolégica ou as controversias sobre a objetivid ' observar que o século XVIII testemunhou 0 dese Letcia biolégica. E enquanto sistemas de classi Meu © Buffon, tornou-se mais aparente que © home! , ifert 1 the Writings of O! 25 Isaac Schapera, The Early Cape Hortentots, Described 8 1G enbrack nes aber (1668), Willem tem Rhyne (1686) a Johar George “TH Galiaed Wes 85) (Caperown, 1935), p. 127 « passin TE hn centrsm”s Isis, MEIN (1 ool yin ), from Sat Pr 1.1800; a Stu ighteenth Century, fro 66-73, Pat eee supeon Thought the ey, Lewis May, Cleveland is > k ed. tt i Ontesquieu to Lessing (Meridian papetbae 7 Po, pp. 367-368. ste Scottish Inatiry of the Eighteenth Co wy ‘ ys The Scottish Pesclavage: ceton, 1595) a mtu Jameson, Montes idle (Paris, 1911), PP- es origines de opinion antiesclavagsto on France MATT 1 she Second Half 4-182; Edward Dy Seeber, Anti Slavery pio" 115; Gentleman's Magazine, XIL Of the Eighteenth Century (Baltimore, 1937). Pe Charles Leslie, A New History (1742), 279, Astley, New General Collection, 1270 °F Jamaica. (Londres, 1740), p. 3125 Gosset® (Prin, Race, p- 45- 503 © PROBLEMA DA ESCRAVIDAO NA CULTURA OCIDENTAL ciam confirmar a antiga idéia da cadeia do ser como um continuum graduado infinitamente das mais baixas formas as mais altas. A classificagao da humani- dade pela cor e pelo tipo fisico, iniciada por Francois Bernier, em 1684, nao necessariamente implicava uma graduagio dentro das espécies por superiorida- de relativa. Todavia, Bernier referiu-se aos lapées como “ Lineu, que resistiu a todas as teorias da inferioridade racial, nos como “fleuméaticos ... indolentes e negligentes ... cho”. Varios escritores, como Charles Bonnet e Soame ditar em uma escala ininterrupta de seres, hotentotes, até um pindculo de génio simbol graduagio de acordo com a inteligéncia indi uma raga inteira a uma posigo subordinad sofrer com sua repetida associagio ao “o) mesmo Buffon dizia que o orangotango er: Lorde Monboddo, que tinha um interess gue afirmava que poderia provar que havia um professor de matematica, em Inverness, com um rabo de meio metro de comprimento insistiu que os 012°" tangos eram homens racionais que viviam em um estado Primitivo da natureza.27 ssa indistingao da linha tradicional entre os homens e os anirpais foi esti lada pelo ambientalismo do século XVIII. Um dos ambientalistas* mais radicais, Julien de La Mettrie, declarou que se um seria igual a Luis XV! Em um nivel, essa fé na aprendizagem de todos os prima- tas bloqueou o caminho das teorias da inferioridade racial. Montesquieu chamou tengo para a importncia do clima como uma influéncia sobre a forma, e 0 aba de Raynal afirmou, confidencialmente, que, quanto mais tempo os negros viviam navam. De acordo com Adam Smith, 0 animais vildes”, € descreveu os africa~ {e] dominados pelo capri- Jenyns, expressaram acre- desde 0 macaco, passando pelos lizado por sir Isaac Newton. Essa vidual nao era equivalente a relegar fa. No entanto, o negro continuava a rangotango” ou ao chimpanzé. Até @ “ardente” para as mulheres negras. © obsessivo pelos homens selvagens € 77 Boyson, Man and Society, pp. $8-73; Jordan, Louis Leclerc Buffon, Natural History, Containiy History of Man, of the Brute Creation (Londres, 1797-1807), ty, 277.335, 351.3525 Gossett, Race, pp. 32-36; Leslie Stephen, E, Century (reimpr., Nova York, 1949), Teo english Thought inte ightenth teal, Commercial, and Political Description ¢/ust £: Dauxion-Lavaysse], A Statis- , iption Tobago (te. por E. Blaquiére, Londres, 1820) ap ere Trinidad, Margorte, and Os ambientalisas acreditavam que as difctencas ene 085 Principalmente no que diz respeito aos aribure =e ateldupsion 2 nadas, fundamentalmente, por fatores ambientais (ho, T) Tectuais, eram determy UN. da ‘White Over Black”, cap. 6; Geore? "8 4 Theory of the Earth, a General 504 A MUDANGA DA IMAGEM D0 NEGRO : s4o, pelos diferengay individuais podiam ser, de modo geral, explicadas pela ae “ostumes ¢ pelo hibito, Da mesma maneira, as diferengas ae aa Sram resultado de condigdes ¢ oportunidades econdmicas & Nich Ott 8 “implesmente obstaculzada pelo isolamento geogrtico e por una fala 8 Bevewiveis.28 Os homens eram to maledves que suas aregoes Sram meramente produtos tempordrios de pressoes ambient mente a crenga na Mas em outeo nivel, o ambientaismo rensionou severamente © ARGS 'Sualdade natural do homem. Vimos como Rousseatt Sade de seu amor “SndigSes opressivas podiam desumanizar 0s homens, i negros ao clima e, 20 Pela liberdade. Oliver Goldsmith atribuit as diferent os equ" Mes “ntanto, referiu-se a toda a raga como “estipida, uae vue 20 mesmo tempo ™O escritores compassivos, freqitentemente, i ane ele se torna- SNS as diterengas do alricano aumentavam devido 2056 90ST de alguma maneira, inferior a0 europeu. Essa conelsio Maupertuis que, no S842 pelas teorias de cientistas como Buffon € poe negros € 05 €UrOPEUS > aereditavam na unidade da raga humane. TOPs ara Buffon, 8 mesma origem e eram membros da mes PET svt homem Assim omo, de fato, para a maior parte dos redricos érese etnocéntrica parece F800 era. a norma humana, 0 negeo, 0 desvio. A oe brancura dos negros *S* Sido confirmada pelos albinos africans ¢ pea f de aberragio ou doenga — <° Mascerem. A negritude era, portanto, wma especie ue havia caido e fermen- “Ns diziam que ela vinha de uma substancia vitridlica q climaticas e quimi- "do entre as camadas da pele; ¢ em consegiiéncia das a, Buffon, em relagio “8, 08 africanos haviam “ denegerado”, para usaf 0 nid uma verso secular da prgg, P@ ancestral branco.3) Essa foi, em ce#t0 82M UT Praga de Cam, em q . ae ‘os culturais com a supos- * Ambientalistas associaram diversas se XVIII que teve alguma rmagio do negro. E 0 nico escritor entanto Unham tue o clima ocupa 0 lugar vers 0 ta dey do século sto the srom the Middle Ages to : shy: From # 2 philo- ** John He e Career of PhilosoP as Raynal, Histoire larch ee “Pique et Politique, des Européens dans les 4 1 oF she Wealth of Nations : Caus 5 Magazine lam Smith, au Inquiry into the Nature ad CAP. condoman’s Mag 16, fanca (XXX (Modern Library ed,, Nova York, 1937) PP: + uipostament®y ViFOw branca ( [al04 de uma eriada negra em Maryland aus § "1760, 361), 228, 239-240. w) poldsmith, History of the Earth, pP- Gossett . Race, p. 36. ‘on, Natural History, IV, 324, 351-35 505 © PROBLEMA DA ESCRAVIDAO NA CULTURA OCIDENTAL compreensio da relagio de cardter com o ambiente cultural e situacional nao estendeu suas descobertas ao negro. Antes mesmo de mado em moda exagerar a influéncia do clima, andlise brilhante das formas como o ambiente ci © carater humano. Ele nfo deu importancia alguma & raga como um produto da heranga bioldgica. Um buféo, dizia ele, pode gerar um filésofo. Mas, em 1754, uns doze anos depois da primeira publicaco do trabalho, Hume anexou uma longa nota a seu ensaio “Of Natural Characters”. Os extremos do clima nas lati- tudes polares ¢ tropicais “talvez” explicassem a aparente inferioridade das “na- Ges” naquelas 4reas. Todavia, como Thom: Hume suspeitou que os negros pudessem “ser naturalmente inferiores aos bran- cos”, Isso porque eles no haviam produzido nagdes civilizadas, individuos emi- entes nas artes e ciéncias, no governo ou na guerra. Hume, agora, parecia duvi- dar de sua sugestio inicial sobre o clima: “Essa diferenca uniforms « consrante Poderia nao acontecer, em tantos paises e épocas, se a natureza nao tivesse feito uma distingdo original entre essas racas de homens,” Houve registros, é verdade, de um negro culto na Jamaica, mas Hume pensava que, provavelmente, suas rea lizagdes haviam sido muito semelhantes as de um Papagaio.31 Aqui estava uma afirmagio de inferioridade racial escondida na linguagem cuidadosa ¢ racional da ciéncia. Todavia, a reputac ateu deu a teoria um forte sabor de infidelidade, Montesquieu ter transfor- David Hume havia escrito uma ultural e o papel social afetavam as Jefferson uma geracao mais tarde, 40 de Hume como um notério Newton. James Beattie, que liderou 0 ataque a Hy de dos negros tornara-se um t6pico favorito par Principal era a autoridade da Escritura. Beattie fo, me, advertiu que a inferiorida- ' 08 escritores de quem o alvo i bem mais fundo quando desa- ‘ada sabia soby istéria da Afri- re a histori: a ca. Ele comparou sociedades primitivas e Civilizada: dos costumes, os crimes e vicios da Europa, ¢ 0 fato de que a civilizacdo havia sido dependente de umas poucas invengdes acidentais, pelas quais i fiaior parte dos ©, ele no ofereceu prova alguma 2 David Hume, Essays Moral, Political, and Grose, Londres, 1889), 1, 244-252, na tterary (org, por T. H, Green eT. He A MUDANGA DA IMAGEM DO NEGRO {i NesP0 compareceu a encontros da Sociedade Reale foi estado como mem- bro somente devido & sua cor. O problema era que os negros haviam nate bo filmente tratados como inferiores, nunca haviam tdo ums chance? De fate Beattie demonstrou que a aparente inferioridade racial poderia ser exp! oe Thame Proprias teorias de Hume sobre a formagio do carater. Mas, citan 6 idéia que procu- ‘Urante tanto tempo, ele também ajudou a disseminar a propria q Tava refutar . sprezador da ver- Aos olhos de John Wesley, Hume foi “o mais insolente desp: y, em - tempo que Wesley, em © ¢ virtude que j4 apareceu no mundo”. E, a0 mesmo temp: jue seriam extrema- er: dlatras brutais, 4 Seral, julgava os homens primitivos como iddl: *mmos, considerava 0 conjunco Mente honrados se comparados a cavalos, como ¥ de, para os cristios mais ‘°S africanos de um ponto de vista diferente. Na verdade, eempirica da degene- °rtodoxos, a barbirie dos povos primitivos era uma ee ajudara a fazer da i280 do homem de um estigio nio-corrompido. Mas Hur sntemente, os primei- defesa do afticano uma defesa da prépria religiao. ee rile Sharp tentaram *98 escritores antiescravocratas, como James Ramsey € oni de espirito dos “fender a natureza humana com todo fervor e agudeza ca ias Ocidentais, dis- Primeiros antidarwinistas. Se Hume fosse um escravo a Ia oe agoitado *« Ramsay, sem diivida, ele seria um adjurador e seria ificando reiteradamen- re infringi a credulidade de seus companheiros Identifies TE © teoria da inferioridade racial com Hume, Volt © ate tornaram a idéia na Betal, os escritores antiescravocratas indubitavelm de unir 0 m teve 0 efeito iasOs aceitavel, Infelizmente, esse alin a céinegandova: mos} ‘aci; éculo i= tae al do sé humanas. Alguns dos mais emi dad, SMO A ciéncia secular, que no fin: “ma sensibilidade crescente as diferengas .. (Avignon, 1764), I], © [Chambon], Le commerce de Amérique Pat Mein 594-596; James Pref., 346.400, 436-443; Gentleman's Magara y of Truth, in Opposition to attic, An Essay on the Nature and Immutability OF 71% 1), Sopbistry and Scepticism (7* ed., Londres, 1807) PP- ao ef John Wesley”, Journal 2 Margaret T. Hodgen, “The Negro in the Anthropol Ramsay, An Essay on the qf Negro History, XIX (Jul 1934), 308-3235 Jame sugar Colonies (Londres, reatment and Conversion of African Slaves in the illwyn, Jul. 25, 1774 (Sharp Pa 1784), pp. 198-245; Granville Sharp para William Dil Memoirs of Granville Sharp. ru’ British and Foreign Bible Society); Prince Hoare (Londres, 1820), pp. ix-xi 507

You might also like