Jodo Leonardo Medeiros A ECONOMIA DIANTE DO HORROR ECONOMICO Uma critica ontolégica dos surtos de altruismo da ciéncia econémica ie tora da UFF iter, 2013 RI 9, A FILOSOFIA UTILITARISTA COMO JUSTIFICAGAO ETICO-MORAL D0 CAPITALISM Aeevidente discrepancia entre as. contemporaneos, registrada no capitulo anteri carter profundamente contradit6rio das experiéncias vivenciadas no século inaugurado pela Revolugao Francesa e, ainda mais, da efer- vescéncia das discussbes da época. Se ahistéria do periodo continua ‘a produzir uma tamanha dissensao entre pensadores esclarecidos, como Hobsbawm e Landes, pode-se imaginar a extensio dos debates, ‘calor dos acontecimentos. Em relagao a ie imos quartos do século J arriscar que nenhuma outra época da is este trago. K, talvez sela pos tenha exposto to flagrantemente, por tanto tempo, os conflitos de classe e os interesses e concepgdes subjacentes. (0s conjuntos de crencas associados aos processos internamen- te correlacionados de queda da nobreza, consolidacéo da burgue- sia como classe dominante e formacao da consciéneia de classe dos trabalhadores patenteiam, com toda clareza, que as lentes com que se enxerga 0 mundo sao lapidadas por uma série de deter socials, entre as quais se destacam indubitavelmente as d ‘Goes de classe. Se, por um lado, o embate entre a burguesia vitorio- sa e a nobreza decadente pode ser perfeltamente representado pelo contraste entre o renascimento do pensamento laico e 0 teologismo medieval, por outro, o conflito entre os trabalhadores ¢ a burguesia expressa-se na rivalidade entre as versdes cléssicas dos pensamen- tos comunista e liberal. pressiva do lluminismo, insere-se de forma intelramente diferenciada no duplo confronto indicado no parégrafo anterior. Na disputa com 0 teologismo medieval, 0 utilitarismo, como o luminismo em geral, ex- de sua face mais radical e progressista. Enfrenta o dogmatismo das concepcées teol6gico-tradicionalistas mediante as quais a nobrezasanopayy opstvon 2800 nud ayuapuodso1109 0 anb op oyjtg sfeut wo> oLpUOID a 2 nas oysodxo wyua s9fSu} ourstzenn o anb exed OnnoU rewaurepuny ster 9 opun3as op oFpyput wn a0au0j eoryjod o¥Sm] “oxai ep ougpaoayue wise “eugtodwt edosd ens ap URI 1d 0.2 esonding e axiua owstuoseiue op ov sqqidxa v wzed azayy o4uyUre2 0 opuextap ‘aquawsDoz0%d 38-9uyep 9 nue eisoniang e 2 eipesD0IS|re B anita OSe4q ap Epanb e “OWE reraig:-249 BN (| Sole) nDax@ aMUOrD opuEND ‘oEx9 19s ‘ued ‘gp91 ura) eunseg ep epeWOD e sepuEWOD wsa>uEH} eIsarding ‘umn 9p steut as-erounue oonyjod s9pod op 2jo11U0> eu yemns esesDoysuie e 2190s wsoyBu eisanding ep r 2 einbreow ep oeSiMASUT e WOD aUDUIOS 2H as esoquiy-,2u9¥sI4 ep TevO}MINSUOD eiMbseuON esTeUNLAG ep 1 apsap ‘onb syed winu as-nanjoauasap ‘ayseaiuoo 10d ‘0 omenbua ‘,fedoung ep] sreyaunuo> seanjos -ae seinbzeuoU se sep0} ap 10}eu © woD UreAEpH sos0>uEs} s9yd0s0) “aud $0, "(ek “4 “9902) so2qutteD epr0s94 owoD ‘re8ny oss Ua yeudes epuer -soduu wonssod senp stenb se a1ua ‘sogzes seszaafp © 95-2A9p “OoTU “oajodeu-sod ojmeauasap o eaequasquo vf eisturunyt oLgapI o-anb Wo ‘ojuauiow unu op111030 ‘owuaureoo(sop assq (eIogosg & wed ‘oquau! “espaid sre) eyueyasgegug & exed esa>ues) 2uYeUH ep owsTUILINI| Op touajpoxa 40d sn20} op opSesBqui eu aquourestozd opyeasa as eUuOY tpporur ase ens ap eysissaiBoud soryze9 0 anb apuoaidins ovu ‘wor 6 aquoUIEANa|® nb sensuourap {aaissod 19s soureiadsa oul09 ‘opr ‘way opSeuniye essa ag “BIsaniding v ‘epuadse1s09 sauy anb apepei0s ‘eu aqueuruop ase] ap oysod ov apusose anb assep> ep eon9 vied seysifenideo stersos saoSepo1 sep eam e sopusaidulod ap OMTUOUIS 9 6 zapuaardutoo anb sozan sesaap 10d nowrye 9s Yr ‘assejo ap opysenb owoa owsueNINN O16 sopeasastio>psaqil owauresuad 0 2140s 103 © tenunuoa a ana) anb ejsuapuanse v 1apusoiduioo exed SI luagazed sou anb souquie so sopoy opusBuesge ‘ows -osoiy-oong opddaau09 ep oan}19 auiexe OB opeo!pap awaUrEITEWU I ‘oimydea 2154 jeydeo ofed eptBau apepar ep opunui ap ovsta ep ‘024980 (G9 4561 NOLTOWD -2pePLRP esp sepqus sq Fe eed Saray a sHOLIO nf ah ayeaenj 2 eum apepofos aiqoenaSue unpHO Pian PPOwFUENIOO eng oy =20}00p ep OPN}OA axEUITINY YD eu OnID aaTHL BBOIERPL END ap oxopered o asus ogi SOuyapog UAdDs sjuoUAIS sopSOU SalqOU {nb sped ap sorsamut 0 eneseoseu auoUis(duNs fod PEPUOIEE" 2ORSPEN oe ¢oFS3sodo uo ‘ogres ¥ 9 HLA e-epessEDNTS ezaueu Eun ¥ ope O “opel anno og sesaning sefBqq0pysatsodns se wo> opevOPeFa! ALBUTEU FD sons 2 soxssed sas owo> sonpyr sop oyS420U09 es oD “OUND 2859 warsprouy aquaussajdus no eUNXe eEpIEIDAp ‘seUOD sep feUY OU “ered BUDISHY v BayIsped “OpNaIUOD ap o-opuerreasa 1A@pUl ajap as-eLdoide soz9a sey a "SOURS -raape sop osanostp 0 aa103siq ‘ephatword jessantun opsedouewa & spaowioad ura wsansinq wopso ep apeprsedvout ep sagSesnoe “o¥01a sop osoyuapsap 2 02 ogSeoynsn{ ens v ered oquaumnn: -njtyeapt op ovseuseou eadord -opos & aquaureonuse edesqe BIsUR "sodoud se wo9 ojuosju0D OF wind oyusure o yese> op sou-song ogbeaynen aes seb eyos0H y Be onynora do capnaena « A foot witansts come justfcagaoé , genérica o suficiente para abran- \ciados particulares de sua formulagdo clés. arista pode ser sint sica, a filosofia a propasicao 6gico-moral de que ‘nico (ou seja, de, concebido inicialmente em termos do saldo liquide do at do prazer sobre a re forma 1as — sejam elas simples ou ma ‘ou contemporaneas ~, 0 ut significa antes de tudo que os homens guardam entre si e com a natureza um tipo unico de relacao: a relagao de utlizagdo, de apropriagao em beneficio proprio para ob- jetivagao de um valor fund: qualquer (no caso do utilitarismo clissico, o aumento do prazer Iiquido).* De acordo com 0 utilitarismo, portanto, todas as possiveis e ima- gindvels relagées que os homens mantém entre si ~ tais como con- vversar, amar, trocar, praticar esportes, orar etc. -tém, na melhor das hipéteses, seu conteuido proprio subordinado a relagio de matua ut lzacao. (Em geral, para ser menos concessivo, considera-se que to- das as agdes nao possuem de fato qualquer outro significado que nio a reciproca utilizagao.) Tao ou mais importante do que Indicar a ab- surdidade do visive! reducionismo envolvido na proposigao que fun- damenta toda a filosofia utilitarista € compreender os pressupostos de desenvolvimento social, Nas palavras dos autores: arismo, falar, amar ete. s6 possuem conteddo) [Para 0 © seu significado proprio, Sto tdas como a expressio ea relacao apresentada como subja- izagdo, Esta ransposicdo, ‘momento em que as, por si mesmas absurda e arbitraria, s6 deba de 0 se imeiras relagbes deixem d (duos, em que {4 nao representam uma aividade ea, passando a constitulr uma mascara que eseonde. 0 acategoriaabstrata de ite aquela que ¢ designada por te disfaree no plano da linguagem a expressio consclente ou inconsclente de um distarce real. (MARX; ENGELS, 1980, p. 259, grifo do autor) pal obra de Marx (0 Capital), a partir de sua constituigao mercar disfarce real a que ele e Engels se referem na passagem acima. Trata ‘se “simplesmente” da relagdo de troca de mercadorias que, na so- ccledade capt tabelece 0 vinculo social entre os individuos, primeiramente na esfera produtiva e, a partir daf~ com a mercanti- zagao das demais esferas da vida -, em todos os dominios do ser social: “na sociedade burguesa moderna todas as relacdes(...} [S40] praticamente subordinadas e reduzidas & simples relagao monetéria abstrata, & relago de troca” (MARX; ENGELS, 1980, p. 258 e 259) Segue-se dai a conclusio de que a operagdo mental que reduz, com @ ‘maior arbitrariedade possivel, todos os sentimentos, emogdes, per- samentos, afetos, 6dios etc. ao exercicio tinico de célculo racional de odo Leonardo Medeiros « 3saxapayiops0v081 0800 ge “as2 40964 ‘STIONS AWAD «21810281009 ep ogSnyona ep sopojied sauna soa 'sedeta Solus sens id= Fropepnin ep edo) ep sossaudaxd so ant eyexe wiouapuadeps cpureyrosaudas owo> epi ‘apepriyn ap ORSEFx e4s9p (eUOI IPOD ‘ogdouioud v e1uosu2 28 aU 9s ‘apeEpAAN 9p OFSEIDI ¥ SEPEUP viogns ops sows so0Sepu 5 sepotanb seuRde UIE IUMA wo 3 “owuaUDSOID MS ‘eu anb ‘auuejumya eysanding @ [na > wweLRUER oP] PPL vos ¢ -owvowAyoauasop ap sei Ww “ny wx aistoafunog e apucd ‘sauioo [(peqoH.P 2 sANaAeH 9 ‘suEyTN woo!) ex Y Gi9z o9e 4 ‘096! ‘STAON NAIM) “Has sTeUT OT-DUIAFON suasop un 9p #1 sonpyaypul SOR THge 2P TAX O1F99S OU arsed “eas woquy e o4ao9p wra "BfoUaLIOIUCD € eles no ‘2ysioakunog © ‘14 v ooo fer ‘oeSeas9qiT eIsa“SEPNAY SaKEAIID SOUPA SOP SAAT sre euLz0j Uns w wHoD s2oWes} OWS “repionai euad ® a[eA g'ONb sors op oRdEZITEUOIIES 2 OBSED) Souot no sjeur 8 epezoqeye euLio} ett seuade 9s-2UI0. yuodsaui09 soanod sun ap ape} ‘ar tia opuoronjonar ossaiSoud wn aquatusaydus reiuaszadas eUusoU {sa anBasuoo wstfetdeo apepaypos w owenbua ‘onb sep avons -wuopeypeqen asse[p up sopmaionejsap sfeur SOY ‘uta soe ureusBeusy anb sazopestod sozauupt 10d op ‘0 afoy 195 Jod ‘souau oynu ‘9 opSeAMIeU ap asey ens f aqueanp opeudoide as ajap 10) aqwapesap epesDoIsHe P ap Ov OFAd ‘9 wystteide> apepazaos ep eonafojode esran|Huay WHO “YURI “pup eu sepoy sod zan eum ap auyap aS WOISSE> er opuenb ope} ap opexrap 9 anb (es2oues} ayuause>:sed) [et pe euvet ogu EpuTe ovdei0ydxa ap e) nanoauasap as sgoue OuNSHIEyKNIN O OPUEND moqued oapeaguend anno sanbyend as ow od wowoy op oxSe:oK ep tuo orSeudosde ap opSefy eum 1s Su9 s92979q4189 ‘tua sonppu soe sou Stal ourc> eyuasaide 95 9 'sepeyueZso tr) inoue c8e nb fet of or ee cpu. soueyu sab ont} OU SEU 2 X70 LIEARSHIp ED — oud sfeU No ourspreqyn 0 4anaz9sep Jaajssod euso} as anb opze1 vsso tod 9uaU -esioaid 9 4 ¢saiDnBuls sonpjaipun so aujua ejvauouo!s9jar ap yost9a ‘buoy 0 owo9 oninuy opSo10jdx op visenang op pppwoy vp 0} -2y aquouresor08iy (9 a1qos sepiSuo sferoos saQSejar sep /oua/0W opssauda v aHOIOS ‘oe) imygsuoa (,ste10s saoSeyo4 9 seossad ‘sesjod Se SepOr ap 10TeA op squewasardar as-zey "Buaepor ‘ea “o> ere, ‘o11ayuip ofad steiD0s SaoSey—r se sepoy ayuoUPoHed ap opseipauiio, aqueypaui sjeip0s segdeja1 sep [eapl oBSrWUASaIdAL v :2s: ‘anja e apodsa1so> ‘apeptinn ¥ ‘oD! opsped win 159 0x09 OU OFdE2| aiionbasuoo ens v9 'styuea10UU SagSPIar ta syPIIOs SaoSPIOI Se SEPOL ‘9p ovsianuo op joas opSpiado v aodnssazd apepiyin ep opseztuinewd seudeo op sou-oaneoebeaqe! owes esuennn eos