Literatura
10 fdbulas infantis explicadas que sao verdadeiras
ligdes
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literérios, Culturais e Interartes|
PuaLicIoaDE:
Fabulas sdo narrativas curtas, normalmente protagonizadas por animais ou objetos que
assumem comportamentos e caracteristicas do ser humano. O género é bastante popular na
literatura infantil e traz algumas licgdes importantes para refletirmos sobre a vida.
1. A Cigarra e a Formiga
Durante o ano inteiro, a formiguinha trabalhou sem parar, carregando e guardando comida
em casa. Assim, quando o inverno chegou, ela tinha tudo o que precisava para se alimentar e
sobreviver.
A cigarra, por outro lado, aproveitou os dias de sol para ficar cantando e quando o frio chegou,
ela no tinha o que comer. Foi ai que ela procurou a formiga e pediu para compartilhar a sua
comida. Ai, a formiga perguntou o que ela fez durante os dias de sol para se preparar para o
inverno:
—No verfio, eu cantei... Nko conseguia trabalhar por causa do calor!
— Ah, cantou? Ento, agora, dance...Moral da histéria da Cigarra e a Formiga
Precisamos trabalhar para nao cair na mesma situacao que a Cigarra preguicosa.
Explicagao da fdbula da Cigarra e a Formiga
A fabula é, sem duivida, uma das mais famosas e vem nos ensinar sobre a necessidade de
trabalhar e construir um futuro préspero para nds mesmos.
Por muito tentador que pareca, ndo podemos ceder apenas a diversao e deixar nossas
responsabilidades de lado. Mesmo nas melhores fases, precisamos ser conscientes e continuar
batalhando, para mais tarde podermos colher os frutos do nosso esforco.
2. A Raposa e as Uvas
Uma raposa estava com muita fome quando viu um lindo cachos de uvas pendurado no alto.
Tentando alcangar os frutos, ela comeou a dar varios pulos, mas falhou todas as vezes e nfo
conseguiu pegé-los.
Depois de varias tentativas, ela disfarcou e falou bem alto, com cara de desprezo:
— Estio verdes...
Quando ja estava indo embora, escutou um barulho e achou que era uva caindo, entao pulou
para pegé-la com a boca. Ai viu que era sé uma folha, olhou para os lados e fugiu, para
ninguém perceber o que tinha acontecido.
Moral da histéria da Raposa e as Uvas
Quando alguém nao consegue ter aquilo que deseja, finge que nao estava interessado, para
manter as aparéncias.
Explicagéio da fabula da Raposa e as Uvas
Esta fabula é bastante engracada e ilustra algo que vemos o tempo todo na nossa sociedade: 0
falso desdém. Por vezes, queremos muito uma coisa e ndo somos bem-sucedidos. Isso nao
significa que possamos menosprezé-la ou tentar diminui-la perante os outros.Ahistéria nos recorda que, algumas vezes, vamos falhar e nao precisamos assumir uma
postura arrogante que parece ridicula para quem observa.
3. A Raposa e 0 Corvo
Um corvo estava pousado num galho de uma arvore, segurando um pedaco de queijo com 0
bico, enquanto passava uma raposa.
Quando viu 0 corvo com o queijo, a raposa logo comecou a pensar em um jeito de roubar o seu
alimento. Logo ela pensou num plano e foi para debaixo da arvore, falar com o animal.
— Que pAssaro lindo! Que penas ¢ cores maravilhosas! Ser que a voz dele também é bonita?
Seria a ave mais impressionante que eu ja vi
Escutando aquilo, 0 corvo ficou orgulhoso e cheio de vaidade. Para mostrar a sua voz, ele
abriu o bico e comegou a cantar. Foi entio que o queijo caiu e a raposa correu para pegé-lo.
Esperta, ela respondeu:
— Vocé tem uma voz bonita, mas nao tem inteligéncia!
Moral da histéria da Raposa e 0 Corvo
Cuidado com aqueles que aparecem e nos elogiam demais.
Explicagdo da faébula da Raposa e o Corvo
Este é um alerta para prestarmos atengao aos interesseiros que podem surgir no nosso
caminho. Por vezes, eles usam elogios e palavras doces para mascarar as suas verdadeiras
intengées.
Embora a raposa esteja "enrolando" o Corvo, a narrativa se foca no erro dele, Por ego e por
vaidade, o bicho foi ingénuo e acabou perdendo tudo.
4. A Lebre e a TartarugaUma tartaruga e uma lebre discutiam sobre qual era a mais répida. Entdo, marcaram um dia e
um lugar para apostar uma corrida e se separaram. Ora, a lebre, confiando em sua rapidez
natural, nao se apressou em correr, deitou no caminho e dormiu. Mas a tartaruga, consciente
de sua lentidao, nao parou de correr e, assim, ultrapassou a lebre que dormia e chegou ao fim,
obtendo a vitéria.
Moral da histéria da Lebre e a Tartaruga
Nao adianta confiarmos nas nossas capacidades se nao existir esforco.
Explicagaio da fabula da Lebre e a Tartaruga
Esta é uma histéria de persistncia, foco e determinago. Quando queremos mesmo alcancar
um objetivo, somos capazes de vencer as nossas préprias limitacées, se nos esforcarmos
realmente.
E fundamental ndo perdemos de vista essa capacidade de superagao que existe em todos nés.
Pelo contrério, se tivermos confianga em excesso e apenas contarmos com nossas aptidées
naturais, nos arriscamos a "perder a corrida".
5. As Arvores e 0 Machado
Um homem queria fazer um machado e foi a floresta pedir As Arvores que um pedago de
madeira para o cabo. As arvores decidiram aceitar o seu pedido e entregaram um bom cabo
para o machado, feito de uma oliveira; 0 homem pegou, colocou no machado e comegou a
derrubar as arvores e a cortar seus galhos.
O carvalho falou para as outras érvores:
— Bem feito para n6s. Somos culpadas de nossa desgraca porque ajudamos nosso inimigo.
Moral da histéria das Arvores e o Machado
Quem nao se importa com 0s outros, nao pode se surpreender se um dia acontecer a mesma
coisa com ele.
Explicacdo da faébula das Arvores e o MachadoEsta fabula é uma narrativa repleta de significado. Fala sobre a vida em comunidade, em
sociedade e até em democracia. Ao entregarem a primeira arvore, que foi sacrificada para fazer
um machado (seu inimigo natural), as restantes provocaram a propria ruina.
Ahistéria vem nos lembrar que ter empatia com os nossos semelhantes pode ser um
instrumento fundamental de sobrevivéncia.
6. A Mosca e o Carro
Uma mula puxava um carro pesado, por uma estrada cheia de curvas e buracos, e 0 seu
esforgo era imenso, enquanto levava chicotadas do cocheiro.
Uma mosca que estava sentada no topo, se sentindo muito importante, falou no seu ouvido:
—Pobrezinha, eu vou sair daqui de cima e te livrar do meu peso, para voeé poder puxar o
carro.
Moral da histéria da Mosca e o Carro
Muitas pessoas tém uma imagem errada e exagerada de si mesmas.
Explicagéio da fdbula da Mosca e 0 Carro
Esta hist6ria usa o humor para fazer uma critica social, como é comum nas fabulas. Aqui, @
sdtira est focada naquelas pessoas que se acham maiores e mais importantes do que séo na
realidade.
PuBLicIoaDe
Assim como a mosca, muitas pessoas parecem ter uma visdo grandiosa de si mesmas, que é
absurda para quem as rodeia
7. O Céo e a Mascara
Procurando um osso para roer, um cachorro encontrou uma méscara: era linda, cheia de cores
brilhantes e vivas. O animal farejou o objeto e quando perceber o que era, se desviu, com
desprezo.— Essa cabeca é bonita, sim... Mas no tem miolos.
Moral da histéria do Cao e a Mascara
O que ndo faltam por ai so cabegas bonitas, porém desmioladas, que nao merecem a nossa
atencao.
Explicacéo da faébula do Cao e a Mascara
A fabula se centra na necessidade de aprender a enxergar além das aparéncias. Por vezes,
podemos ficar tao fascinados com a imagem de alguém que nem reparamos no que esta do
lado de dentro.
Anarrativa sublinha que nossas escolhas nao devem ser superficiais e que, no fundo, é mais
importante ter inteligéncia do que beleza.
8. A Cabra e o Asno
Acabrae o asno viviam no mesmo quintal. A cabra ficou com citime, porque o asno recebia
mais comida. Fingindo estar preocupada, disse:
— Que vida a sua! Quando nio esta no moinho, est carregando fardo. Quer um conselho?
Finja um mal-estar e caia num buraco.
asno concordou, mas, ao se jogar no buraco, quebrou uma porgio de ossos. O dono
procurou socorro. O veterinério aconselhou:
— Se lhe der um bom cha de pulmo de cabra para ele, logo estar bom.
Assim, a cabra foi sacrificada e 0 asno ficou curado.
Moral da histéria da Cabra e o Asno
Quem conspira contra os outros, faz mal a si mesmo.
Explicacao da fabula da Cabra e o AsnoInfelizmente, a cobica e a inveja podem levar algumas pessoas a cometer atos impensdveis de
crueldade. A fabula da Cabra e do Asno serve para nos recordar queaqueles que conspiram para
prejudicar os outros acabam se dando mal.
Mesmo diante de qualquer rivalidade, se queremos acabar com alguém, podemos provocar a
nossa propria ruina, de um jeito ou de outro.
9. A Lamparina
‘Alamparina, bem cheia de 6leo, esteve acesa para ter uma luz clara e constante. Ela comegou
ase encher de orgulho e a se vangloriar, dizendo:
— Eu brilho mais do que o préprio sol.
Logo depois veio um sopro de vento e a apagou. Alguém pegou um fésforo e acendeu
novamente, dizendo:
— Mantenha-se acesa e nao se preocupe com o sol. As estrelas nunca precisardo ser
reacendidas, como acabei de fazer com vocé.
Moral da histéria da Lamparina
Tenha humildade para nao passar vergonha.
Explicacéo da fébula da Lamparina
Esta é mais uma historia sobre algo necessdrio para 0 nosso equilibrio emocional: manter a
humildade. Mesmo quando as coisas estdo dando certo, é importante termos os pés bem
assentes na terra e lembrar que isso nao nos torna superiores a ninguém.
Até porque, na vida, todas as vitérias e derrotas sao efémeras perante o maior poder de todos: a
passagem do tempo.
10. O Galo e a PérolaUm galo, que ciscava no terreiro para encontrar alimento, fossem migalhas, ou bichinhos para
comer, acabou encontrando uma pérola preciosa. Apés observar sua beleza por um instante,
disse:
— Olinda e preciosa pedra, que reluz seja com o sol, seja com a lua, ainda que esteja num
lugar sujo, se te encontrasse um humano, fosse ele um construtor de joias, uma dama que
gostasse de enfeites, ou mesmo um mercenétio, te recolheria com muita alegria, mas a mim
de nada prestas pois que é mais importante uma migalha, um verme, ou um gréio que sirvam
para o sustento.
Dito isto, a deixou e seguiu esgravatando para buscar conveniente mantimento.
Moral da histéria do Galo e a Pérola
Cada um valoriza o que é mais importante para si de acordo com as suas necessidades.
Explicacao da fabula do Galo e a Pérola
Anarrativa vem sublinhar que os valores e as prioridades nao sao universais: aquilo que tem
muito valor para uns, para outros ¢ initil. Cada um se governa segundo os seus gostos e
necessidades, que variam de pessoa para pessoa.
Esta hist6ria também nos relembra que os bens materiais esto dependentes do seu contexto
e do valor que atribuimos a eles. Para os humanos, uma pérola € valiosa porque é algo raro e
com valor monetario. Jé para um animal como o galo, s6 tem importancia aquilo que pode
comer.
Fdbulas: para que servem e de onde surgiram?
As fabulas pretendem transmitir alguma moralidade, ensinamento ou conselho ao leitor,
fazendo com que ele reflita sobre seus comportamentos e sobre o préprio funcionamento da
sociedade.
Originalmente, estas historias faziam parte da tradicao oral, sendo propagadas de boca em
boca, e carregando grandes doses de sabedoria popular. Aos poucos, foram se fixando na
literatura, podendo surgir em miltiplas vers6es e tradugées.Os principais responsdveis pela recolha e transmissao destas fabulas sdo Esopo (na Grécia
Antiga) e Jean de La Fontaine (na Franca do século XVII).
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Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literérios, Culturais ¢ Interartes e licenciada em Estudos Portugueses e Luséfonos pela
Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
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