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2cidade viva ea cidade sem vida a cidade viva - um conceito relative 21 A cidade viva Conquanto a cidade viva e convidativa seja um objetivo em si mesma, ela é tam- bém o pontode partida para um planejamento urbano holistico, envolvendo as quelidades essenciais que tomam uma cidade segura, sustentavel e saudavel. Quando os urbanistas ambicionam mais do que simplesmente garantir que a5 pessoas caminhem e pédalem nas cidades, ofoco se amplia de simplesmente pproporcionar espaco suficiente para circulacSo, para o desefio, muito mais impor- tante, de possibilitar que as pessoas tenham contato direto com a sociedade em torno delas. Por sua vez, isso significa que 0 espaco puiblico deve ser vivo, utili- zado por muitos ¢ diferentes grupos de pessoas. Nada produz um discurso mais tocante em relacao as qualidades funcionals @ emocionais da vida e da atividade no espaco comum da cidade do que o seu ‘posto: a cidade sem vida, A cidade viva emite sinais amistosos e acolhedores com a promessa de intera- ‘lo social. Por sis6, a simples presenga de outras pessoas sinaliza quais lugares valem a pena. Um teatro lotado e um teatro quase vazio enviam duas mensa- gens completamente diferentes. Um assinala a expectativa de uma agradével experiéncia comum. O outro, que algo esta errado. ‘A cidade viva e a sem vida também emitem sinais completamente diferen- tes, Desenhos de arquitetura em perspectiva, que sempre mostram grupos de pessoas felizes entre os edificios, Independentemente das qualidades reais dos rojetos representados, também nos falam que a vida nos espacos ptiblicos & ‘uma atracdo-chave urbana, Tendo em mente a multidao feliz nos desenhos de arquitetura, cabe esclarecer que a experiéncia da vitalidade na cidade ndo se limita & quantidade. A cidade viva é um conceito relative. Poucas pessoas em uma rua estreita de uma cida- dezinha podem, com facilidade, apresentar uma imagem viva, animada. O que importa néo so ntimeros, multidées ou o tamanho da cidade, e sim a sensagio de que 0 espaco da cidade é convidativa e popular; isso cria um espaco com significado. ‘A cidade viva também precisa de uma vida urbana variada e complexa, onde as atividades sociais e de lazer estejam combinadas, deixando espaco para a necesséria circulagao de pedestres e tréfego, bem como oportunidades para a cidade viva, segura, sustentavel e saudavel 63, a vida na cidade — um processo de autorreforco Nada acontece porque nada acontece porquenada... (Tuborg Havn, Copenhague). Avida na cidade éum processo de autoali- mentagéo, de autorreforco. Algoacontece porque algo acontece porque algo acon- tece. ApSsiniciada, uma brincadeira de ctianca pode, rapidamente, atrair mais participantes.Processos similares ocorrem com atividedesde adultos. Aspessoas vio conde opovo esta. 64 cidades para pessoas a vida na cidade ~ um processo de autorreforgo um mais um rapidamente torna-se mais que trés concentrar ou espalhar pessoas e acontecimentos participacao na vida urbana. Calgadas abarrotadas, com multidoes se acotove- lando para abrir caminho, nunca indicam boas condigdes para a vida da cidade. Enquanto essa discussdo sobre a cidade viva se desenrola em torno de quanti- dade na forma de um significativo nimero minimo de participantes, a qualidade 6 igualmente importante preocupacdo e destaca a necessidade de um convite mmultifacetado. Cidades convidativas devem ter um espaco publico cuidadosamente projetado para sustentar 0s processos que reforcam a vida urbana, Uma condicao basica é que a vida na cidade seja potencialmente um proceso de autorreforgo. “As pessoas vio aonde o povo esta diz um provérbio comum na Escandinavia. Naturalmente, as pessoas se inspiram e séo atraidas pela atividade e presenga de outras pessoas. Das janelas, as criancas vem outras criancas brincando e cor rem para juntar-se a elas. Junto com bons habitos e rotinas diérias, um bom espago e uma massa critica s80 pré-requisitos para processos que permitam o florescimento de pequenos eventos, Uma vez iniciado 0 processo, 0 que ocorre é uma espiral positiva, na qual um mais um pode rapidamente transformar-se em trés. ‘Algo acontece porque algo acontece porque. ‘Vernos exatamente o contrério em muitas éreas com muito vento e espacos ‘urbanos mal definidos, com algumas pessoas dispersas em uma grande dreae pou- «as criangas na viinhanga’ Sob tais circunstancias, as pessoas nao tém o habito de se artiscar a sar porque os processos positivos nunca conquistaram um espa¢o. Nada acontece porque nada acontece porque... Com eventos e pessoas em pequeno numeroe distantes entre siem muitas reas uurbanas modernas, hd menos pessoas e atividades para preencher 0 espaco da Cidade. © potencial da vida da cidade, como processo de autorreforco, destaca a importancla de um culdadoso planejamento urbano que concentta e inspira a Vida nas novas reas urbanas. O planejamento de eventos e festas nos familiarizou com o principio de con- centrar atividades a fim de iniciar bons processos. Se esperarmos um niimero limitado de convidados, precisamos concentré-los em poucas salas no mesmo ‘andar. Se ficar um pouco lotado.... Bem, geralmente isso nao é um grande pro- blema ~ muito ao contrério. Se tentarmos espalhar 0 mesmo evento para mui- tas salas maiores, talve7 em varios ancares, inevitavelmente o evento sera um fracasso retumbante, (5 princtpios implicitos aos bons eventos podem ser utilizados no urbanismo moderno em locais onde nao se pode contar com grande nimero de visitantes. ‘Temos que concentrar pessoas e atividades em poucos espacos de tamanho adequado, e no mesmo nivel, Esses principios simples foram usados de forma consistente em Veneza, com sua malha urbana e sua multido de pedestres. Embora com muitas ruas, pas- sagens e pracas de todos os tamanhos, a estrutura basica é aparentemente sim- ples, concentrada em torno de um niimero limitado de ruas principais ligando pontos-chave da cidade e uma rigida hierarquia de pracas maiores e menores. Toda a cidade é construida em tomno de uma malha vidria simples que oferece as a cidade viva, segura, sustentavel e saudavel 65 espacos tao vastos — tao pouca gente As novas dreas residenciais sao espar- samente povoadas. Hd um século, sete vezes mais pessoas moravam no mesmo espace’ E importante reunir pessoas e even- tos. Entretanto, espacos abertos muito grandes, e em grande quantidade, nor- ‘malmente, destinam-se a novas dreas residenciais. Os processos que estimu- Jam a vida na cidade nunca tém chance decomecar. novas ras # ufbonas Dimensio média dosdomeion Areal ddamoraia porvesidente 56 cidades para pessoas rotasmais curtas e alguns poucos, mas admiréveis, espacos. Quando espacos sig- nificativos sdo poucos e as rotas seguem, de forma légica, as Sbvias linhas dese- jéveis para caminhadas, pode-se aplicar mals esforco na qualidade do espaco individual. E evidente que lojas, restaurantes, monumentos e funcées piblicas devem estar localizados onde as pessoas deverdo passar. Desse modo, as distancias fei tas a pé parecem mais curtas e 0 trajeto, algo mais do que uma simples expe- rléncia, Tem-se a oportunidade de combinar o itil a0 agradavel - e tudo a pé. curam-se: caminhos légicos € Essas so a5 qualidades precisas que podem ser utilizadas com vantagem no , Pequenos espacos e uma urbanismo moderno. As palavras-chave para estimular a vida na cidade sdo: rotas 2 hierarquia do espaco urbano —_diretas,lagicas e compactas; espacos de modestas dimens6es; e uma clara hie- rarquia segundo a qual foram tomadas decisées para a escolha dos espacos mais importantes. Esses principios contrastam fortemente com o planejamento urbano prati cado em muitas areas contemporaneas. Aqui os planejadores,tipicamente, cons- ‘troem muitos espacos comuns e tornam os espacosindividuais grandes demais. Ruas, bulevares, alamedas, avenidas, passagens, terracos, jardins, terragos-jar- dins, patios, pracas, parques e areas de lazer so generosamente espalhados ros planos, mas pensando muito pouco em sequéncias naturais, em quais s40 ‘os espacos importantes, ou até mesmo em que medida é vélido construt-los. Em ‘quase todos os casos, o resultado so metros quadrados em demasia e espacos

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