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capiculo 3 > ‘A EDUCAGAO BASICA NO BRASIL Dos Primérdios até a primeira Lei de Diretrizes e Bases [MasusveLounos Maaioio Haan Lor Mana Tanuns MenesosG. Banvos RSM etonlnn, E ptrrtune 4 Famncigrom ah (eee ae 3.1 A Educagdo Basica antes da Repiblica -se em 1549 com a vinda dos companhia do p: eral, Tomé de Souza. A partir de entéo, © por ficou praticamente entregue aos padres da Comp: i fo aos propési ada por D. od se fitndamentalmente a catequese e & instrucao do udo escolas de primeita letras ¢ instalando colégios dest- «formar sacerdotes para a obra missiondia na nova tera Embora destinados precipuamente a formagio do clro, habiltan do assim a Coldnia a ‘prover-se, quanto possvel, dos seus préprios eios de Evangelizagi 1 Fundados pelos js : bém prepararam para jovens que nfo buscavam wudances, depde Fernando de Azeve 1andlo, em 1759, um decreto de Sebastiéo de Carvalho e Mell, ‘de Pombal, expulsou os jesuttas de Porzugal e seus dominios, ‘ui totalmente o sistema de educagéo montado pelos padres da Com. panhia de Jesus em terras brasiciras. Ao afastar os jesuitas ¢ ao assumira responsabilidade pela instrugio putblica, Pombal pretendera no apenas renovar 0 ensino em seus mé- « 106 I] sor 200 todos e processos, mas laicizé-lo em seus objetivos, colocando-o a ser- vigo dos interesescivs e politicos do Império Luso, Entretanto, pros- critos os inacianos aos quais estivera confiado o ensino, devia-se rectiar todo um sistema educacional, Tal programa, parcialmente realizado em Portugal, ndo se cumpriu no Brasil, ¢ 0 ensino que se reconscruitt sobre as tuinas do sistema jesuftico, nas décadas posteriores,fragmen- tado nas aulas régias de humanidades, ciencias e primeira letras, tar- daria muito a organizar-se. Do ponto de vista quent gia. que em parte se deve at cexplica-seigualmente pelos nortearam as reformas de Pombal : “Longe estavam seus clboradoces ~ observa o grande extudioso das i que com o minitmo de ercolas servide do que com um g tuna cujo vazio, antes oportuno, es do governo sediado no Bi para atender & oexército, fundou-se em 1808, viriam ainda atendera necessidade premente de especi aulas ecursos de Comeércio (1809), Agricultura Desenho Técnico (1818). No Rio de « cias, Artes e Oficios (1816), transformada em outubro de 1820 na i Academia de Pintura, Esculeura e Arquitecura Civil ereorganiza- no més seguinte, como Academia de Artes. rugio elementar no mereceu, entretan icos cuidados «ds administragio. Relegada 2 um segundo plano, 2 educacdo do povo se fez 20 sabor de cicio de seu abs. Apis a Independéncia inaugura-se uma nova instrugio popula, reivindicada em nome dos m: verno representative, ‘A Meméria sobre a Reforma dos Estudos na Capitania de Sao Paulo, aprezentada alguns anos antes da Indepencéncta por Martim Francis- co Ribeiro D’Andrada Machado ao Marques de Aguiar, Ministo dos [Negécios do Brasil na administracio joanina, é um dos testermunhos da penetragio dos ideais democrticos no campo da educagio. O do- cumento oferecido pelo Andrada, embora vazado numa linguagem que ainda Fania concessbes a0 centio vigente, apoian- do-se basicamente nos e lamava pela difusio da instrugio nas eamadas populares e pela organizacio de um sistema de ensino a cujos diferentes niveis pudessem aceder todas os cidadsos na cxclusiva medida de suas capacidades. das de vingar no cegime abso Independéncia, xdo a instrugso do povo como a condicio da efetiva implantacio ¢ como 0 mais sélido sustentéculo da nova ordem que liberdade conc as maquinagSes do despotitma © da ambigio de ini- ssim doméstices como extranhos A siruagio deplorivel da instrugio popular no Pais, descrita com as ‘mais sombrias cores pelos constituintes de 23, evidenciava, porém a enorme di fe Separava a realidade do ideal acalencado pelos Barros do Ceari: inci hi quatro anos nfo tem um s6 mest de Lat, Nio é porque hafa flea de mestes, mat porque nio coctesponde le t8o mesquinho que ningugm se afoura as: Gramética Latina, nem mesmo de primeiras letras, ealgum hi que se propée a isto, é sempre um miserdvel como o que eu conheso, que unda embrulhado em um timio grosso, que estécarregado de fithos ¢ que nio sabe ler nem escreves Escassa em algumas provincia, paticamente inenstente em outras, al ‘tao estado da instru pitbica no Brasil, apds a Independéncia, Depunha Duarte da Silva de Santa Catarina: “Nio hi em minka provincia uma s6cadeira piblica dep seas, Uma que havia de Gramtica Latina ext vaga hi muitos Porque, como no se pagam os ordenados, singueim as quer ocups O projero de Con: lo expressamente 2 liberdade da iniciativa particular chamada a cooperar com os paderes piiblicos na difusio das luzes por todas as camadas da populagio. A dissolugio da Constituinte sepultou com ela 0 projeto e outras importantes resolugdes relativas d inserugSo publica, mas, jd no seguinte, concedia D. Pedro & nagio sua lei fundamental. Os cde 23 nao foram ignorados na Carta outorgada de 1824, slo decolégios e universidades e prometia a todos os cidadios a instrugio priméria gratui 58 08 cursos juridicos de Sio Paulo ¢ Olinda ea 15 de outubro do mesmo ano uma sobre escolas de primeiras letras, fixava-lhes o curt e Faculdades de Medicina as Academias Médico-Ci Janeiro ¢ da Bahi ( quadto geral da inserucio puiblica no Imp. a etiagio dos cursos superiores, no se alterou signi tudo, quanto aos estudos primérios ¢ médios, algumas escolas de pri- jras letras ¢ um punhado de aulas avulsas no velho estilo das aulas «égias constifram todo o saldo pasitivo do jependéncia e que precedeu a reforma co O governo central, sufocado pelos encargos decor devidamente pela instrugio publica. O Ato Adicional de 1834, visando aliar 0 concurso mais direto das provincias 4 atuagfo dos poderes gerais no cumprimento da miso de instruit 0 povo e pretendendo afastar as dificuldades que a centraliza- Fucuro fossem criados por lei geral sim, a competéncia concorrente dos podetes gerais e provinciais no campo da i a criagdo de sistemas paralelos de en- sino em cada provincia: 0 geral 0 loc. Embora discordando da efcicia do sistema proposto, 0 Viseonde do Urug, a ove 196. sor 410 “A pedtica, todavia, acabou por consagrar partilha diversa das atri- es no dominio da instrugio publica. De faco, ap6s a reforma da fo, a atuacio Tecimentos de ensino superior, conservando 0 poder central, de ato, 0 monopélio dos estudos maiores. Inceiramente entregues a si mesmas, desamparadas finan tepelo governo central, pouco puderam fazer as provincias em cio da instrugao popal O Ato Adicional,§5¢, art. 10, confiara as assembléias provinciais © diecio de fixar as despesas municipaise provinciais e os impostos ne- ‘essirios a0 seu atendimento, desde que nao fossem prejudicadas as imposigdes gerais do Estado. Era preciso, portanto, fixar com precisio 0s impostas geais para que pudessem, por sua vez, as provincias deter- ‘minar as fontes da propria receita. A empresa nao era fici Ponderava 0 Visconde do Uruguai, em seus magistrais Estudos Prt- cao das Provincias do Bras tha provi de outubro de 1835, ndo se al percentunis, em ndmerosabsolutos er efima na maori das provin- Gas do Império, ‘Aos problemas financeiro juntavam-se os tropegos decorrentes da descontinuidade administraciva. Na gestio dos negécios provinciais fuceciam-se os presidentes muitas vezes na razio de dois ou mais por fn, o que cxiava um lima rotalmente imp formas que se sucediam vertiginosamente, mas que ficavam no papel. vo do periodo que se es- ‘em que atuaram 0s pode- rudos secund4- res geris © tnais de perto a sicuacio da instrugdo elementas, thos eda formagéo profisional durante o Imy ‘Antes da reforma constitucional des. Lei Geral de 15 de ourubro de 1827 estabelecera a8 veriam nortearactiago de escolas lementares em todo 0 rninava alle: “Em todas a cidade, vias e lugares populosos haveré eco de pr- ‘ox presidenes de calidade das eco, podendo ex jpopulosos remover os professors dels para as que sc Aptoveitveis, dindo-se conc Assembléin Geral para final resolu.” ‘Que conhecimentos transmicria essa escola clementar prometida pelo governa a todos os cidadsos? Dispunha 0 Art. 6# “Aor meninos os professors Pi ‘mana, ptoporcionados & compreensio dos meni ria do Br que servem 3eco- Nao obstante 0 que dispuseram postetiormente leis ger no sentido de ampliar o curr lamento da Instrugio Priméria ¢ Secunda . baixado com o Dec. 1.3314, de 17 de fevereiro de 1854, pelo Minis- tro do Império do Gabinete Parand, Luiz, Pe ovidén: ‘municipio Pode compreender também: 0 desenvolvimento da A 3 as; aleicutaexplicada clio dt Corte, como da relagées comerc “O ensino nas do I* grau srt rextrtaene o que se acha mateado na primeita parte do Art. 47; nas de 2 geau compreenderd ademais es ‘matris da segunda pare do mesmo artigo, que por delberagio do Govern sobre proposta do Inspetor Geral e ouvido o Conseho Dire tore mandatem adosae” (Are. 49) "Nas escolas para o sexo feminino, alas dos bers dap do Art 47, 5¢ensinario bordades¢tebulhos de aguha mas necess- ios, Poder-se-o também easinar as matévas da segunda pare do cite ddo artigo, que o Govesno designar, sobre proposta do Inspetot Geral e ‘com auditncia do Conselho Ditetor, conforme as diversas localidades xn que fem sinsadas sua importincia.” (Ast 50) (© exemplo da Corte frutificou nas provincias, Atendendo ao dese jo expresso do governo, entio vivamente empenhado em promover 2 ‘uniformizagio do ensino em todo o Império, procuraram os presiden- tes de provincias, delegados do poder central, voltar as atengSes das ‘assemblias locais para as reformas realizadas na Corte. Gragas a tais ‘esfors0s, as principais medidas propostas pela reforma Couto Ferraz reprochtiram-se na legslacio de quase todas as provincia no decorrer dos anos 50 ¢ 60. ‘entanto, tanto na Corte quanto nas provincia, as escolas enas na letra da ei, Alguns etabelecimen- Corte ¢ nas grandes cidades ofereceram um ensino primério mais rico que o ministrado nas escolas pablices Mas tis escolas, em nuimero reduzido, nfo chegaram a akterat 0 pano- tama geral dos estudos primérios no Império. 1s que entdo obstaram a ampliacio ¢ o entiqueci- mento do ensino elementar destaca-sca falta de pessoal docente devi- damente habilitado. Apés 0 Ato Adicional fora inteiramente confiada ;ntamente com a tarefa de prover 2 instrugdo elemen- + pessoal docente para as € és a reforma da Consttuigao ¢ por leiras. © conjunto de circunstinci bie todo o ensino mantido pelas provincias fez com que também ma- Jograssem os esforgos locais no campo do ensino normal. 'A situagio deplorivel das poucas escolas destinadas a format pro- festores existentes no Pals acabou por levar ao descrédito a prépria inseieuigéo. Couto Ferraz, 0 mi ie eformou em meados da década de 50 todo 0 ensino na Corte ea instrucéo superior no Impé- tio, alo cuidou da criagio de uma Escola Normal na capital do Pas. Considerando o baixo ntvel do ensino normal provincial e arribuindo tal resultado & inexisténcia de pessoal devidamente capacitado para ‘mancerestabelecimentos dessa natuteza, preferit formar em exercicio, sob a supervisdo de mestres experientes, 0 professorado paraasescolas clementares da Corte, Somente em 1880 teria a capital do Império sua a os 106 oo sor priineira escola normal mantida ¢ administrada pelos poderes puibli- Qualitacivamente deficience, a instrugéo elementar também se mos- trava precétia do ponto de vista quantitativo. ‘Nas provincias, « dispersio da populagio, o niimero insuficieate de escolas, 0 despreparo co descontentamento dos professores mal remu- nerados, a ignorincia dos pois que se recusavam ¢ mandar filhos rarao pela qual, das poucas escolas existentes, mui por fata de freq faziam com que a instrugéo primé- ida 20s rudimentos da leivura, da escrita e do cilculo, apesar .ecimento previsto na egislacio, beneficiasse apenas una par- da populasio Também na Corte, onde o ensino elementar achava-se confiado & imavel da instrucio popular na capital do 0 deputado Anténio Candido da Cunha nos de 6a 15 anos s freqlentam as escols 5.788; e nao as Frequentam 16.449. Ve V. Exa que a0 passo que a populagéo geral apresenta wma proporsio de quase metade dos que saber ler e escever sobre os anal- letaignortncia, No sexo feminino, a despropor- so € ainda maior; feqlentam as escolas 4.258 meninas,nio feqlien- tam, 15.009, Por conseguncs, mais do tipo, muito mais de dua gas pares das menioas de seis a quinzedetam de reqienar a coos. por sua vez, beneficiava apenas a diminuta parcela da populagio que buscava os cursos superiores. Destinando-se para o ingresso nas facuildades, os estudos secundirios, ainda que inteiramente entregues 2s provincias apés 0 ‘Ato Adicional, sofreram a influéncia indireta, porém eo ders gems que deiveram 0 ee eaenec pesos influéncia desagregadora dos exames que davam acesso a0s cursos superiores, foram toxalmente anulados os esforgos envidados no sentido de imprimir alguma organicidade aos estudos de humanidades.” De fato, 0 ensino piiblico secundétio, ainda depois da Indepen- céncia fragmentado em aulas avulsas, principiara a organizar-se em liceus e colégios apés 0 Ato Adicional, por iniciativa das administra- «es provinciais e do governo central. Esbocando-se timidamente na maior parte dos liceus provinciais, que se limitaram a justapor era usm mesmo local aulas avulsas antes dispersas, a tendéncia A organizagio tara-sevigorosamente no Colégio de Pedro I ¢ nos liceus da ia e Pernambuco que, plasmados no modelo oferecido por seus congéneres franceses, haviam adotado 0 si esenvolvidos em cutsos de regular duracio. ‘Ao mesmo tempo em que se estrurura dla enriquecerse. Ao lado dos estudos fas, a Historia ea ene No intuito de nortear a iniciativa provincial & qual era reconhecida iva e diddtica no campo do fos cursos supe- faculdades, 20s ragio € os graus conferidos pelos liceus locais eram desnecessérios 20 Br portas das Acede- Nacurais, conbe- de tempo e de energias. a0 novo padrao que thes era smente oferecido el proprio governo central. Cedendo & pres- wuscando alhures, mest fragmentério que os habi ‘mente, acabaram por limitar seu plano de estudos is matéras prepara trias e por fazer concessGes progressivas 20 velho sistema de estudos parcelados. (O nao reconhecimento dos graus conferidos pelos liceus locas atin- giv ainda mais duramente os estabelecimentos q ganizar-se nas provincias, onde a inexisténcia de faculdades impossibi- Ticava a realizasao local dos exames de preparatérios. Ai, nem mesmo os estudos parcelados encontraram condig6es para vingar. Os jovens f05 20s cursos superiotes, em sia maioria filhos de fumiias das, preferiam realizar seus estudos preparatérios no Colégio de Pedro Tou nos internatos particuares proximos da capital ou das faculdades, onde deveriam realizar seus exames de ctam periodicamente encaminhados, para a tranqiilidade dos pais, apenas concluido o estudo de cada uma das disciplinas preparatérias, sob os cuidados dos préprios diretores. A escassa freqiiéncia aos liceus no compensava os recursos que usteio de tais estabelecimentos despendiam as prov alizaglo desse ramo do ensino e a concentragio das verbas pui- blicas no desenvolvimenco do ensino elementar, providéncia consa- grada em 1868 em Sio Paulo, vinharn sendo encaradas com simpatia por miuitas provincia. Os esforgos provinciais no sentido de enriquecer e organizar 0s es- tudos secundérios estavam, pois, fadados a morrer no nascedouro; ¢ tudos secunditios nas provincias ¢ de facilitar aos candidatos provin- 70 de exaimes gerais de preparatérios. A medida, se propiciou a prolifer- fo dos estabelecimentos particulares ese tornou acessvel as camadas| ‘menos favorecidas o estudio das humanidades para 0 aprimoramento dos escudos secundari parcelado de aferigo dos conhecimentos ¢ brdem registradas nos exames no somente ace fragmentagio dos estudos secundarios, como também conduziram & sua toral desmoralizacio. ‘A providéncia ndo logrou nem mesmo infundir novo alento aos decadentes liceus provinciais, impossibilitados de fazer frente & con- corréncia que lhes moviam os estabelecimentos particulares. Guiadas pela perspectiva dos lucros, as escolas privadas, para as quais uma vasta telagio de alunos aprovados nos exames constitula a melhor propa- ganda, se azo ensinavam bem, 20 menos adestravam melhor para as provas, sendo por tal razZo preferidas aos estabelecimentos piblicos, cujos professores, mal remunerados e descontentes, nao tinham tal estimulo a espicacar-thes 0 zlo. Em meados da décads de 70, os estudos secunditios relizados desordenada e parceladamente achavam-se, quase que ¢x i no Colegio de A influéncia nefasta dos exames parcelados de preparatirios jé se fazia sentir no préptio colégio padrao ‘As matrfculas, numerosas nos primeiros anos e escassas nas thimas séties do curso, ¢ 0 reduzidissimo niimero de bacharés evidenciavam que a maior parte dos alunos, apés alguns anos de estudos regulares, buscava apressaro ingeesso nos estudos superiores,recorrendo aos exa- mes parcelados. Premido pela concorréncia que Ihe moviam os estabelecimentos es favorecidos pelo funestosisterna de exames, o Colégio de acabou por render-se A desorgunizasio ger ‘A reforma Paulino de Souza de 1870 foi o primeito golpe desferido 1a estrurura do Colégio oficial da Corte. Ao mesmo tempo em que a owe 1108 sor7 a0 35 exames finais por es para fins de matricula nos cursos supetiores, 0s is: a consecugio da primeira exigia estudos regulates; 0 cumprimento da segunda pedia concess6es ao sisterna de estudos parcelados. A preferéncia da clientela riio apenas determinou o sentido da reforma Paulino de Souza, como indicou o rumo para as demais. Venceram 0s estudos fragmentitios, A reforma Leéncio de Carvalho de 1878 0s consagrou definitivamente a0 mancer as matriculas avulsas ¢ ao introdurir a freq ‘exames vagos no Excemato do Colégio de Pedro TL Diance da anarquia vigente no primeiro estabelecimento de ensino secunddtio do Pais, muitas vozes se ergueram na Congregacéo, na tri- buna das Cimaras ¢ no seio do proprio governo pedindo a volta a primitiva organizacio do Colégio. Foi somente em 1888 que a refor- ‘ma assinada pelo Bardo de reforma do Colégio da Corte, entretanto, re primeira etapa de uma tarefa muito mais pee e sntava apenas a a reforma dos bacharelado como: seusde ‘matricala nos cursos supe tagio dos extabelecimentos provinciais 20 Colégio de Pedro I, rn Acequiparacio, isto é, 0 reconhecimer liceus provinciais dos graus conferidos pelos (Os mais imporcantes projetos de reforma apresentados nos anos 70 € 80 pediam a colaboracio do Centro para a ele todo 0 Império, seja mediante a criagéo nas provincias de estabel los pelos Poderes Gerais, seja através da concessio de io financeiro a escolas erigidas pelos Poderes Provincais ¢ pela mesmo, a reconhecer aos Foderes Ge- contava com o apoio daqueles que viarn na instrugio bisica comum o mais poderoso clemento plasmador da consciéncia nacional, Formulando ym apelo que eta 40 mesmo ‘tempo uma adverténcia, lembrava, em 1875, Cunha Leitdo & Cimara dos Deputados: n o cem ainda uma educsgio nacional; a vasta fade que existe entre algumas do legslador paca os meios de forale- E na escola que se prepara a edu- dace da iniciativa particular e a obrigato- riedade da instrugdo clementar. rrdade de abrir escolasindependentemence das provas prévias lade © capacidade, consagrada na maiorias das provinciss, condigdes favoriveis 4 expansio da iniciativa privada, visava igo particular, as graves lacunas do ensino pri- ade do ensino eementar decretada nas linas, Sio Paulo, Santa Catarina e Sergipe ues despovoassem a8 poucas escolae que a cas providéncias foram propostas & Assem- bleia Geral para o Municipio da Corte. Alguns projetos foram mai im. Reconhecendo aos Poderes Gerais 0 di ‘Cuidavam igualmente os projetos do aperfeigoamento ¢ expansio .o normal ¢ do entiquecimento da instruszo prima. Ao lado cia freqQiéncia pretendiam tomar obrigaréria a todas 3s iangassituadas na faixa dos sete 20s 14 anos, previam a instalacio do iado por lei na Corte eem muitas provincias, porém inexis- te de Fato no ensino piiblico geral e local. Compreendia-se, i ecessidade de cuidar do ensino usta, praticamente inexistente no vamente, a esforgos desarticulados da i pelos poderes piblicos. ‘A propésito, comentava Tarquinio de Souza Filho em obra publi- cada em 1887: “As poueas instituigGes que entre nésexistem e que se podem conside- cundos resultados, de urn cencro de apoio, de uma cera un ‘pensamento, de um espirito metédico de organizagio que a hoje hes ter faltado, Sea iniciatve particular ~ por uma feliz excesS0 — tomou a vanguarda «tem produridoalguma caiss de sprovecivl,o Estado tem sido de uma inctia e de uma inrciainqualfcsves."" Na verdade, os raros esforgos do governo no sentido de elevar 0 nivel da formagio técniea, que se reduzia, via de regra, a um mero io enconcraram no Império condigoes sociais € econdmicas pro Em 1854, tentara Couto Ferraz ampli cundatios eolocando-os na base das espe: do, talvez, pelo surto industrial e comercial propiciado pela abundin- Fangio dos estuos se- sgbes técnicas. Anima- cia de capitais liberados com a extingio do tréfico negreiro contag do dz euforia progeessista que animou a década de 50, pretendeu ar cular o curso de estudos do Colégio de Pedro II, nao apenas com os tudos superiores, ofereci- lasses, confianda primeiros 2 missio de fornecer a cultura geral bésica para as especi 2a96es téenicas¢atribuindo aos segundos, montados sobre os anter res, a tarefa de preparar para o ingresso nas Academias. A medida, inspirada nas mesmas intengées que haviam levado 4 criagio das Realichulen prussianas, nfo encontrou em nosso pals o grau de desen- volvimento comercial c industrial que condicionara o éxito extrandi- nirio do empreendimento nos Estados Alemées O desprestigio das fung6es manuals © mecinicas ex fo por humildes artesios e por esceavos ea ascensto so. das ac en- propiciada % ows. 106 sor sao "§ Esinviunn ¢ Funcirnuente un Every BrsKn pelo ingresso nas profissées liberais, as quais conduziam os cursos das ‘Academias, incentivavam a busca dos canais de acesso & nova aristo- ctacia de bacharéis ¢ doutores. Todos aqueles que podiam prosseguit estudos, além da escola de primeiras letras, procuravam, pois, os estu- dos preparatérios e as escolas superiores. | Destacando-se dos demais projetos de reforma apresentados nos Uiltimos anos do Império pelo desassombro e pela riqueza de suas pro- posigdes, o substitutivo apresentado por Rui Barbosa ao Decreto Ledn- cio de Carvalho ficaria como um vasto programa de reformas que & Repuiblica caberia cumprit. Cuidando amplamente do ensino elemen- tar e médio, estruturava o ensino primario em quatro niveis para os quais se previa, pela primeira vez, um tempo minimo de duracao; pro- punha o enriquecimento dos programas ¢ a renovacio dos métodos de ensino; tornava obrigatdria uma freqiiéncia de quatro anos as escolas primérias elementar e média; oferecia gratuitamente a escola priméria superior de quatro anos, no entender de Rui, “um verdadeiro curso de instrucao secundaria popular”, ¢ previaa instalacao no Colégio de Pedro I, ao lado do curso de humanidades, de seis cursos técnicos de nivel | médio, montados sobre a escola priméria média. Com excegao da liberdade de ensino, que nao chegou a ser legal- mente instituida no Municipio da Corte, mas que foi consagrada de | fato, as demais reivindicagées formuladas nos anos 70 e 80 ndo chega- ram ase efetivar. O Império legou, portanto, 3 Republica, juntamente com seus an- seios, esperancas e planos irrealizados, uma vasta tarefa a cumprir no campo da instrucao publica.

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