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HUMBERTO BAQUERO MORENO OS ITINERARIOS DE EL-REI DOM JOAO I INSTITUTO DE CULTURA E LINGUA PORTUGUESA entras de interesse, que 8% 3. larizado a sua vavestigarto. Com ele, st 06 agpectas politicos atingiram a maior expressio ‘no igo Setividoen ec privilgios soit Fai acento ais pemve gue virina a ser munidos Ere yolomes aulomor "sobre Tensdes sonst em Porugal na dade" Natia, Marginanate "e confiton socals rn ‘m8 Seeuige XIV 'e XV COs. mee ‘etpoe ‘portuaueses nes wiles SP Dentro 6 seu métode rgono de fanar Histsriay Baqend Mo ‘eno, cortinion mit 90 encontr> 30" homam smedioval portoguse surpendend "gine ue treads caren vias" medvats' como. aimocteve eye, eno a mere bro ortva. rea, com ‘residencies om aut Seoaiado,'« protere oct ¢ levairado, a proferr docson, © ‘lacfemias” comes Deve. a Vie gem eas Sanmos, quand ato, no Epeciativa da ior, porate 0 olno a disor us dina tox Proweguindo 0 imo de prod 80, que nom os cargos smite trativos”€”direativos The. conse Feno acresceata, agora, sun Yar {2 obra Os hiner de D. Jogo 1. quo se imerever no imbiso de tio antigo profeto, fica 156g com 4 pblcsgio dO Hi nexivas do Tetante Bs Paro, s, anos depois, pelos ce Driers outta planes snenore, Pamorena da acividade siewitieg © colton da Hi 8. Mo: reno, tlém da. pacticipasSo ein Targrosos cangreon Cleve, tn Portugal eno catsenge, Inilo © 0 open dada dete Mulo ¢ apo dades ¢‘dieraae Climarse Morcipais © outs toe Hiuipes, coumiosones 3 ite JOSE MARQUES (Prt. Asoc ‘4 Unietiaae do Porto) IDENTIDADE SERIE CULTURA PORTUGUESA OS ITINERARIOS DE EL-REI DOM JOAO I (1384-1433) OS ITINERARIOS DE EL-REI DOM JOAO I (1384-1433) INSTITUTO DE CULTURA E LINGUA PORTUGUESA Tituto OS ITINERARIOS DE EL-REI DOM JOAO I (1384-1433) 1.* edigdo. INSTITUTO DE CULTURA E LINGUA PORTUGUESA MINISTERIO DA EDUCACAO, © Instituto de Cultura e Lingua Portuguesa Divisée de Publicacoes Praga do Principe Real, 14-1.° — 1200 LISBOA Direitos de tradusao, reprodusao ¢ adaptacdo reservados para todos os paises Capa: Reproducao de uma pintura do século xv, representando D. Joao 1, pertencente ao Museu Nacio- nal de Arte Antiga de Lisboa. Tiragem 3.000 exemplares Composigao e Impressio Tipografia Minerva do Comércio ‘Travessa da Oliveira a Estrela, 10 — 1200 LISBOA Depésito legal n.° 22 897/88 INTRODUCGAO Neste longo reinado de quase meio século torna-se possivel detectar os principais eixos e linhas de circulagdo que correspondem a determinadas ten- déncias marcantes da politica levada a efeito pelo fundador da dinastia de Avis. A sua determinacao resulta sobretudo da andlise dos itinerarios correspon- dentes aos diversos anos do seu governo. Ainda Mestre de Avis viu-se confrontado com a necessidade de executar uma politica de resisténcia, em que Lisboa constituiu o grande baluarte gera- dor de forcas capazes de garantirem o triunfo duma causa essencialmente nacio- nalista e com um cunho marcadamente populista, embora se assistisse 4 ade- séo de outras forgas sociais pertencentes a uma boa parte dos estratos privilegiados. Esta fase de resisténcia correspondente ao assédio da capital obriga o Mestre de Avis a organizar as suas forgas no sentido da conquista dos castelos que comandados pela nobreza tradicional haviam aderido a6 rei de Castela. Assim se explica toda uma intensa movimentagdo de D. Jodo, que entre- tanto elevado a rei, se mostra incansavel no sentido de recuperar o territério ocupar as fortalezas refractarias ao seu dominio, do mesmo modo que ensaia uma intensa acco militar, em estreita alianca com D. Nuno Alvares Pereira, a qual se vai traduzir sobretudo na retumbante vitéria de Aljubarrota. Os primeiros anos de governo de D. Joao J implicam um esforgo de guerra considerdvel que obriga o monarca a deslocar-se constantemente em sucessi- vas campanhas militares. De notar que enquanto o Condestavel actua princi- palmente no sul do pais, o rei desenvolve a sua accdo sobretudo no norte com destaque para as regides do Minho, de Trés-os-Montes e da Beira. Os anos que se situam entre 1385 e 1389 sao neste aspecto'determinados por um esforco militar af concentrado, apenas com uma acg4o bélica do rei concertada sobre o sul em 1388. A realizacdo duma trégua com Castela em fins de Novembro de 1389 vai permitir a D. Joao 1 a possibilidade de se dedicar mais a fundo aos proble- mas de administracdo do territério. Situaga4o que € reforcada pela assinatura duma nova trégua, desta feita de quinze anos, entre os dois paises, cujo con- vénio se efectua em 15 de Maio de 1393. As movimentacdes do monarca entre 1390 ¢ 1392 com particular incidéncia na regido da Beira, sobretudo em 1391, deverao explicar-se pela necessidade de atender aos multiplos problemas politico-administrativos duma regiao par- ticularmente fustigada pela guerra e sobretudo afectada pelo despovoamento da raia. Nos dois anos que se seguem, 1393 e 1394, o rei desloca-se na faixa lito- ral, entre o Porto e Lisboa, para no biénio de 1395 e 1396 concentrar a sua atencdo sobre a regido do Alto Douro e Tras-os-Montes, também a bracos com graves problemas motivados pelos efeitos da guerra que nos anos ini-. ciais do seu reinado tanto a haviam flagelado. Com 0 reacender das quest6es com Castela devido ao néo cumprimento das clausulas do tratado da trégua firmada em 15 de Maio de 1393, reactiva- -se a guerra em Maio de 1396 com a tomada de Badajoz pelos portugueses. Em 1397 0 rei circula entre o litoral norte-sul eo Alentejo, para em 1398 situar a sua acco sobre a regio minhota, de onde parte um ataque portugués sobre a Galiza. Nos anos que se seguem, em plena guerra com Castela, o rei durante 0 biénio de 1399 e 1400 reparte a sua accao entre o litoral norte-sul e o Alen- tejo. Mas no biénio de 1401 e 1402 concentra a sua ac¢4o apenas na referida faixa norte-sul. De assinalar que em 28 de Setembro de 1400 ¢ assinada uma nova trégua que vem pér termo aos conflitos entre Portugal ¢ Castela. Durante o periodd que se situa entre 1403 e 1409 o rei desenvolve a sua politica numa area geografica situada entre Portel e Almoster, como pontos estremos localizados a norte ¢ a sul. De preferéncia a sua actuacdo desenvolve-se em locais como Lisboa, Santarém, Estremoz e Evora. Comega a notar-se uma tendéncia de governar o pais fora das areas geograficas do centro-norte ¢ norte de Portugal, com uma propensdo marcante para uma fixag&o na zona centro- -sul do territério. De notar, contudo, que nunca o Algarve em cerca de trinta anos de governo foi objecto da visita real, a qual apenas vira a acontecer em funcdo da expedic¢ao a Ceuta em 1415. De novo, contudo, no biénio de 1410 ¢ 1411, continua a verificar-se um eixo de deslocacdo norte-sul, notando-se no primeiro ano uma presenca régia na Beira Alta. Traduz-se esta numa visita a Viseu, alids a ultima cidade da Beira Alta que o rei percorre no seu reinado, quando tem cinquenta ¢ dois anos de idade. Nao mais tornaria em sua vida a Beira, se exceptuarmos a Beira Litoral que ent4o fazia parte integrante da Estremadura. Com 0 tratado de paz celebrado com Castela em 31 de Outubro de 1411 verifica-se uma tendéncia para uma maior fixag&o de D. Jodo I na drea de Lisboa-Santarém. Alias esta tendéncia é bem visivel no periodo que precede a expedicdo a Ceuta de 1415. De notar que com a associagaéo de D. Duarte ao poder, bem visivel a partir de 1412 ¢ com a colabora¢do que o monarca recebe de seus filhos D. Pedro e D. Henrique explica-se uma certa renuncia 10 de D. Joao I em sair do eixo Lisboa-Santarém, na medida em que delega em seus filhos a missiio de organizar os preparativos militares, que preludiam a ida a Ceuta, nas diversas parcelas do territério. A expedicdo a Ceuta em 1415 possibilita ao rei, aos cinquenta e oito anos, visitar pela primeira vez durante o seu reinado a regido do Algarve. D. Joao I apenas fica a conhecer Lagos e Faro, tocando no seu retorno em Tavira e par- tindo daqui para 0 interior em direccao ao Baixo Alentejo. Nunca mais, porem, até 4 sua morte o rei torna a visitar a terra algarvia. Em 1416 0 rei mantem-se no eixo Lisboa-Santarém, apés retornar do Alen- tejo. Verificando-se esta tendéncia no ano que se segue, temos porém que em 1417 D. Joao I efectua a sua derradeira visita ao Porto quando tinha sessenta anos cumpridos. No biénio que se segue de 1418-1419 0 rei situa-se na area cujos pontos de irradiacao sao Lisboa, Santarém e Evora. Esta tendéncia mantém-se em 1420, embora o fluxo de deslocagGes se estenda as terras do ducado de Coim- bra, pertencentes a seu filho D. Pedro. Em 1421 0 rei restringe as suas deslo- cacées entre Lisboa e o Alentejo. No ano que se segue tais movimentacGes situam-se nas areas do Alentejo e da Estremadura com nova visita as terras do ducado de Coimbra. No ano de 1423 o rei desloca-se no eixo Coimbra-Santarém-Lisboa, situa- ¢4o que sé mantem no ano seguinte, acrescida duma visita a Evora, Se recor- darmos que a partida de D. Pedro para a sua digressdo europeia se deu nos derradeiros meses de 1424, na altura em que o rei percorria as terras do ducado d¢ Coimbra e que este nunca mais voltou a elas, mesmo quando do regresso do filho em 1428, algo de insondavel perpassa neste acontecimento que nos leva a admitir a hipdtese de um conflito latente entre os dois. A isto pode-se acrescentar a auséncia do duque de Coimbra em 1433 junto de seu pai, quando este adoeceu e veio a falecer rodeado dos restantes filhos. Assim temos que a derradeira vez que o rei visitou Coimbra foi aos sessenta e sete anos. Acentua-se a partir de 1425 uma série de deslocacées régias cujos pontos de irradiagao sio Lisboa, Santarém e Evora. Este estado de coisas prolonga- -se praticamente até ao termo do governo de D. Jodo I e denota um monarca cansado pelo peso dos anos situados na transigao dos sessenta para os setenta. De observar, contudo, que jd velho e alquebrado, aos setenta e cinco anos, ainda teve coragem para empreender uma viagem a Beja, local que ja ndo visitava desde 1388, altura em que tinha apenas trinta e um anos. Ao regressar de Beja no ultimo ano da sua vida o rei ainda pdde efectuar uma pequena série de digressdes no eixo de Santarém-Lisboa, o qual deste modo simbélicamente representou o nucleo mais forte das decisées assumi- das por D. Joao I ao longo de um extenso reinado que se caracterizou sobre- tudo pelo predominio politico da regido centro-sul do pais, ou mais prépria- mente do triangulo Lisboa-Santarém-Evora.

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