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UNIVERSIDADE DE SAO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SAO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS DIMENSIONAMENTO DE PECGAS RETANGULARES DE CONCRETO ARMADO SOLICITADAS A FLEXAO RETA WILSON SERGIO VENTURINI ROGERIO DE OLIVEIRA RODRIGUES Sao Carlos, 1987 (REIMPRESSAO/2000) INDICE INTRODUGAO oe ee eee ee eee ee ee ec eeeeeeeeeees HIPOTESES DE CALCULO, ESTADO LIMITE ULTIMO .. COMPATIBILIDADE DE DEFORMAGOES .......... EQUACGOES DE EQUILIBRIO. SEGAO RETANGULAR CALCULO SIMPLIFICADO. SEGOES RETANGULARES EQUACOES ADIMENSIONAIS ....eeeeeeeeeeeeee ABACOS DE DIMENSIONAMENTO .............4% EXEMPLOS .....+4 8.1 - Exemplo de verificagao .seessseeeae 8.2 - Exemplo de dimensionamento .. 12 14 18 24 31 32 1. INTRODUGAO Este texto faz parte do material bibliografico u~ tilizado nas disciplinas de concreto armado oferecidas pelo Departamento de Estruturas da Escola de Engenharia de $ao Carlos ~ USP para os alunos do curso de engenharia civil. As notagoes aqui utilizadas ja foram definidas em textos an teriormente mostrados. Nos casos de novos simbolos, estes serao definidos a medida que forem utilizados. 0 assunto a- qui tratado € sobre o dimensionamento de pecas de concreto armado solicitadas 4 flexao reta. Note-se que até essa fase do curso sobre resisténcia do concreto armado as hipoteses basicas do estado limite iltimo para o calculo de pegas fle tidas ja foram estudadas tendo sido mostrado o dimensiona-~ mento de pegas solicitadas 4 flexao simples apenas. Para o dimensionamento de pecas de concreto arma- do submetidas 4 flexao composta,reta ou obliqua, a resultan te das tensoes resistentes na secao considerada, Np, nao @ nula. Neste caso deve-se igualar essa resultante 4 forga nor mal de calculo, Ny, permitindo-se estabelecer, agsim, uma das condicgoes de equilibrio. Com relagaéo ao momento fletor, a equacgdo de equilibrio a ser imposta na resolugao do pro- blema @ a mesma utilizada para o caso da flexao simples ou seja, Hy = ty, isto &,momento solicitante de cdleulo igual a momento resistente. Na flexao normal composta, caso que se pretende abranger neste texto, as grandezas Mp e Hy ficam definidas por apenas uma das componentes, ja que neste caso particu- lar 0 plano do momento j4 esta definido e coincide com eixo de simetria da peca. Assim, essas grandezas serao sem— pre referidas como My e Mq- 0 objetivo do equacionamento a ser mostrado é a presentar uma maneira simples de encontrar a solugao para o sistema de duas equagoes nao lineares resultantes da :imposi gao do equilibrio entre esforgos resistentes e atuantes, le vando-se em conta as hipdteses relativas a deformagdes e as relacgoes tensao-deformacgao dos dois materiais. E ainda oportuno salientar que neste texto varia- goes dos esforgos solicitantes, nas pegas de concreto arma- do, decorrentes da mudanga de forma da peca,nao serao estu- dadas. 0 estado limite Gltimo de instabilidade devera ser tratado em ocasiao oportuna. 2, HIPOTESES DE CALCULO, ESTADO LIMITE GLTIMO As hipéteses basicas,para o estudo das pegas de concreto armado com relagao a sua capacidade resistente,re- ferentes a solicitagoesnormais abrangem os limites de defor- magoes ja anteriormente descritos e os diagramas convencio- nais tensao/deformagao para o concreto e o ago. Admite-se para o concreto, no estado limite G1ti- mo, uma relacao tensao/deformacgao de cAlculo biunivoca onde o valor das tensdes @ dado por um diagrama parabola-retangu lo (fig. 2.1) na regiao onde as deformagoes sao de compres sao, e @ nulo na regiao de deformagoes positivas, uma vez que qualquer resisténcia do concreto a tragdo é desprezada. Algebricamente essa relacao pode ser expressa na seguinte forma: = 0.002 0.0035 ec Fig. 2.1 - Diagrama tensao/deformagao de calculo para o con creto. 0,85 £, para -0,002 > ©, % -0,0035 a o, = 850 f gq 14250 elec para 0 >, 2 -0,002 (2.1) o, = 0 para e,2 0 0 sinal "menos" @ mantido, aqui, para caracteri zar tensoes e deformagoes de compressao de modo que as equa gdes decorrentes do equacionamento a ser mostrado sejam con sistentes, evitando-se assim andlises particulares para a tribuir sinal aos esforcgos resultantes. Para o ago Classe A o diagrama tensao/deforma- gdo indica material elasto-plastico perfeito. A tensao va- ria linearmente até o limite de escoamento e é constante pa ra valores de deformacao superior a esse ponto. A simetria indicada no diagrama da figura 2.2 @ outra caracteristica do comportamento desse aco; tanto para tragao como para com pressao o inicio do escoamento @ dado, pelos mesmos valores absolutos da tensao e da deformagao. Entretanto, para valo~ res de c, inferiores a -0,0035 0 uso do diagrama‘perde sen- tido, uma vez que a solidariedade entre os materiais @ admi tida perfeita para a existéncia do concreto armado, nao po- dendo portanto os valores da deformagao ultrapassar o limi- te estabelecido para o concreto. No caso do ago Classe B, obtidos por encruamento a frio, o diagrama adotado para a relacgdo tensio/deformagao de calculo & apresentado na figura 2.3. Diferentemente do caso anterior o diagrama tensao/deformagao apresenta um tre cho com encruamento cuja representacgao analitica @ dada por uma parabola do 29 grau, (2.2) ou em sua forma inversa, Fig. 2.2 - Diagrama tensao/deformagao de calculo. Ago Clas- se A Fig. 2.3 - Diagrama tensao/deformagao de calculo. Ago Clas- ce B 22,58, 4 5 0,7 - ——— 5+ (22,58, g/B,-0,7) +45] o -0,49 s yd E, (3.3) Como no caso anterior, tensées e deformagdes de compressao tém sinal negativo para facilitar a elaboragao dos algoritmos numéricos utilizados na montagem dos Abacos mostrados no final deste texto. Com relagao aos limites estabelecidos para as de- formagoes, os dominios de deformagao, j4 amplamente discuti. dos, caracterizam-se pelos valores maximos permitidos. Para © concreto esses limites sao -0,0035 e -0,002, e para o aco 0,01. £ entretanto oportuno mostrar que os seis dominios de finidos podem ser enquadrados em apenas trés regides bem car terizadas. Note que o estado limite filtimo @ caracterizado por uma deformacao limite, sendo sempre os valores das ten- sdes decorrentes do estado de deformacao da pega. A partir dos valores limites 0,01, -0,0035 e -0,002 definem-se as regioes I, Il e III indicadas na figura 2.4. A regiao I @ definida pelo limite de deformagao 0,01 na ar- madura mais tracionada, abrangendo portanto os dominios 1 e 2. Nesta regiao a fibra de concreto menos traciqnada tem de formagao entre os valores -0,0035 e 0,01. A segunda regiao & caracterizada pelo valor -0,0035 de deformagao na regiao mais comprimida da pega, podendo a parte tracionada variar de uma deformagao maxima igual a 0,01 na barra mais tracio- nada da armadura a uma deformagao nula na fibra mais tracio nada da pega. Assim a regiao II engloba os dominios 3, 4 e 4a. A regido IIL é também aqui reservada para pecas total- mente comprimidas, coincidindo portanto com o dominio 5, e @ caracterizada pela deformagao igual a -0,002 para o pon- to distante 3/7h da borda mais comprimida da pega. compressio Tracio Fig. 2.4 - Regides de deformagao 3. COMPATIBILIDADE DE DEFORMACOES . Assumindo valida a hipdtese da conservacao da se~ ¢ao plana e considerando que uma das deformacées limites de finidas, para as regides 1, II ou III, no item anterior de- va ser imposta, deformagoes em quaisquer outros pontos da segao fica automaticamente conhecidos em fungdo apenas da posigao do eixo neutro da pega, ja que para a definigao de uma reta, segao deformada, basta a fixagao de dois valores. Para facilitar o entendimento apresentam-se abai- xo as expressdes das deformagdes, ao longo de uma segao qual quer para cada uma das regioes descritas anteriormente. Considerando o valor Gltimo c,, = 0,01 para a ar- madura tracionada, pode-se escrever a seguinte relagao para a deformacdo, €, de um ponto genérico distante y do centro geométiico da pega: oy [eo | rs Inve we Fig. 3.1 - Deformagoes da regiao I € s woax (3.1) Lembrando que tradicionalmente a posigao do eixo neutro @ indicada pelo parametro —(€=x/h) e que x= h/2 + y, (3.2) a relagao (3.1) fica, . £-(B,+0,5) su E15 ee onde 6 = a'/h (3.4) A relacao (3.3) da os valores das deformagoes no ago e no concreto para qualquer posigao, B,, desde que co- nhecida a posigao do eixo neutro &. £ importante observar que a deformagao do = ponto y = h/2 (ou By = -1/2), €.), deve obedecer os limites des- critos para a regiao I, isto é,

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