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Júri
Maio 2011
ii
Agradecimentos
Gostaria de agradecer à minha orientadora, Prof. Maria Teresa Correia de Barros, por
toda a disponibilidade e interesse manifestado pelo trabalho, assim como por todo o apoio e
orientação, sem os quais muito dificilmente o trabalho teria sido concluído com êxito.
Queria ainda agradecer à minha família e amigos por todo o apoio ao longo do meu
percurso académico.
Por fim e o mais importante, gostaria de agradecer ao meu colega e amigo Luís
Gomes, cujo apoio e amizade foram indispensáveis para o meu desenvolvimento pessoal,
académico e profissional.
iii
iv
Abstract
Surges generated by lightning strokes can lead to failures in the supply of electricity,
therefore they have brought several concerns in the design and operation of transmission lines
due to the consequences of these for the various components.
This dissertation presents the results of the work performed with the aim of studying the
use of line surge arresters on transmission lines, using the simulation program ATPDraw.
Assuming that the stroke hits the top of the transmission tower and considering
discharge currents with different peak values and different characteristic times, several
simulations were performed with the aim of studying the influence of ground resistance and the
adjacent towers in the evolution of the voltages in the phase conductors and in the insulators,
analyzing the backflashovers as well. It is also performed the study of the voltages in the
insulators when line surge arresters are installed.
Finally, the installation of line surge arresters in uniform and non-uniform lines was
simulated, performing the analysis of the backflashovers that occurs and studying the strategy
of the installation of this devices that leads to the reduction of backflashovers. It was found that
the installation of line surge arresters in three phases of one of the circuits when uniform lines
are considered leads to best results. In non-uniform lines, the installation of arresters in the
transmission towers that have the highest grounding resistances and in the adjacent towers
presents a significant reduction in backflashovers, eliminating backflashovers in one of the line
circuit.
Keywords
Lightning Stroke, Transmission Line, Backflashover, Grounding Resistance, Line Surge
Arresters, ATPDraw
v
vi
Resumo
As sobretensões geradas por descargas atmosféricas podem conduzir a falhas no
fornecimento de energia eléctrica, pelo que têm trazido várias preocupações no âmbito do
projecto e exploração das linhas de transmissão devido às consequências destas para os
diversos componentes.
Palavras-chave
Descarga Atmosférica, Linha de Transmissão, Contornamento Inverso, Resistência de
Terra, Descarregador de Sobretensões, ATPDraw
vii
viii
Índice
1 Introdução ............................................................................................................... 1
1.1 Contexto ........................................................................................................... 1
1.2 Objectivos......................................................................................................... 2
1.3 Estrutura da Dissertação .................................................................................. 3
Referências Bibliográficas......................................................................................... 83
ix
Anexos ......................................................................................................................... 85
x
Lista de Figuras
Figura 2.1 – Classificação das descargas: a) Negativa descendente; b) Negativa ascendente; c)
Positiva descendente; d) Positiva ascendente [7]. ................................................... 6
Figura 2.2 - Forma de onda da corrente de uma descarga descendente negativa e os seus
parâmetros característicos [1]. ................................................................................. 8
Figura 3.1 - Característica V-I dos elementos de SiC e ZnO [26]............................................... 18
Figura 3.2 – Descarregadores de sobretensões de ZnO com explosores: a) explosores fixos b)
explosores separados [18]. ..................................................................................... 20
Figura 3.3 – Estrutura do descarregador de sobretensões de ZnO [18]. ................................... 20
Figura 3.4 – Característica dos descarregadores de sobretensões de ZnO. ............................. 21
Figura 4.1 – Configuração das fases da linha em estudo – configuração cruzada. ................... 23
Figura 4.2 - Resistência de terra em cada apoio da linha de 150 kV Sines-Tunes - Anexo C. .. 24
Figura 4.3 – Caracterização da linha Sines-Tunes. .................................................................... 25
Figura 4.4 - Correntes de descarga obtidas com o método proposto pela C.I.G.R.É - Tabela 4.1.
................................................................................................................................ 28
Figura 4.5 - Probabilidade do valor da resistência de terra ser excedido. .................................. 29
Figura 4.6 – Modelo implementado no ATPDraw para representar a corrente de descarga. .... 30
Figura 4.7 - Modelo implementado no ATPDraw para representar a cadeia de isoladores. ...... 32
Figura 4.8 - Modelo implementado no ATPDraw para representar o descarregador de
sobretensões. ......................................................................................................... 33
Figura 5.1 - Tensões nas cadeias de isoladores do circuito RST no apoio onde incide a
descarga, Fase S (Vermelho), Fase R (Verde), Fase T (Azul). ............................. 40
Figura 5.2 - Correntes nas cadeias de isoladores do circuito RST no apoio onde incide a
descarga, Fase S (Vermelho), Fase R (Verde), Fase T (Azul). ............................. 40
Figura 5.3 - Tensões nas cadeias de isoladores do circuito R'S'T' no apoio onde incide a
descarga, Fase T' (Vermelho), Fase R' (Verde), Fase S' (Azul). ........................... 41
Figura 5.4 - Correntes nas cadeias de isoladores do circuito R'S'T' no apoio onde incide a
descarga, Fase T' (Vermelho), Fase R' (Verde), Fase S' (Azul). ........................... 41
Figura 5.5 - Tensões nas fases no apoio onde incide a descarga, S (Vermelho), R (Verde) e T
(Azul). ...................................................................................................................... 42
Figura 5.6 - Tensões nas fases no apoio onde incide a descarga, T' (Vermelho), R' (Verde) e S'
(Azul). ...................................................................................................................... 42
Figura 5.7 – Tensões no apoio onde incide a descarga, Apoio Único (Vermelho), com Apoios
Adjacentes (Verde). ................................................................................................ 43
Figura 5.8 - Correntes nas cadeias de isoladores da fase T no apoio onde incide a descarga,
Apoio Único (Vermelho), com Apoios Adjacentes (Verde). .................................... 43
Figura 6.1 - Tensão na cadeia de isoladores da fase S' no apoio onde incide a descarga, Sem
Descarregadores (Vermelho) e Com Descarregadores (Verde). ........................... 46
xi
Figura 6.2 - Correntes que atravessam os descarregadores de sobretensões no apoio onde
incide a descarga, Fase T' (Vermelho), Fase R' (Verde), Fase S' (Azul). .............. 46
Figura 6.3 - Tensões nas fases R'S'T' no apoio atingido pela descarga sem descarregadores
instalados, Fase T' (Vermelho), Fase R' (Verde), Fase S' (Azul). .......................... 55
Figura 6.4 - Tensões nas fases R'S'T' no apoio atingido pela descarga com descarregador
instalado na fase S’, Fase T' (Vermelho), Fase R' (Verde), Fase S' (Azul). .......... 55
Figura 6.5 - Tensões nas fases R'S'T' no apoio atingido pela descarga com descarregadores
instalados nas fases R’ e S’, Fase T' (Vermelho), Fase R' (Verde), Fase S' (Azul).
................................................................................................................................ 56
Figura 6.6 - Tensões nas fases R'S'T' no apoio atingido pela descarga com descarregadores
instalados nas fases T’, R’ e S’, Fase T' (Vermelho), Fase R' (Verde), Fase S'
(Azul). ...................................................................................................................... 56
Figura 6.7 – Tensão no apoio N (Vermelho) e tensão na fase T do apoio N (Verde) para o caso
da Tabela 6.5 sem descarregadores. ..................................................................... 58
Figura 6.8 - Tensão no apoio N-2 (Vermelho) e tensão na fase T do apoio N-2 (Verde) para o
caso da Tabela 6.5 sem descarregadores. ............................................................ 58
Figura 6.9 – Perfil da energia descarregada pelos descarregadores instalados nas três fases do
circuito R’S’T’, para o caso 18 - Tabela 6.6. ........................................................... 59
Figura 7.1 - Resistências de terra dos troços da linha Sines-Tunes simulados. ........................ 61
Figura A.1 - Torre de forma cilíndrica [11]. ................................................................................. 95
Figura A.2 - Torre de forma cónica [11]. ..................................................................................... 95
Figura A.3 - Torre em forma de cintura [11]. ............................................................................... 96
Figura A.4 - Torre em forma de H [11]. ....................................................................................... 97
Figura A.5 – Representação gráfica do Multistory Tower Model [11]. ........................................ 98
Figura A.6 – Representação gráfica do modelo por andares de Hara et al. [28]. ...................... 99
Figura A.7 - Geometria do eléctrodo de terra após a ionização do solo [26]. .......................... 102
Figura A.8 - Curvas tensão-tempo para comprimentos típicos de cadeias de isoladores, obtidas
através da equação (A.53). .................................................................................. 105
xii
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 – Parâmetros da distribuição log-normal para a descarga descendente negativa
(adaptada de [1])....................................................................................................... 9
Tabela 3.1 - Configuração de instalação de descarregadores de sobretensões [15]. ............... 17
Tabela 4.1 - Parâmetros da corrente de descarga obtidos com o método proposto pela
C.I.G.R.É. ................................................................................................................ 27
Tabela 4.2 - Ângulos da tensão da rede de cada fase no momento da descarga. .................... 29
Tabela 4.3 - Resistências de terra usadas para o estudo da linha uniforme de acordo com a
probabilidade do seu valor ser excedido (conforme Figura 4.5). ........................... 30
Tabela 4.4 - Característica do descarregador de sobretensões seleccionado – ABB tipo
PEXLIM R. .............................................................................................................. 33
Tabela 5.1 - Caso simulado para o estudo dos contornamentos de uma linha uniforme........... 35
Tabela 5.2 – Casos analisados e contornamentos inversos verificados no estudo da linha
uniforme, no apoio onde incide a descarga. ........................................................... 38
Tabela 5.3 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 10. ............................................... 39
Tabela 5.4 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 18. ............................................... 39
Tabela 5.5 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 24. ............................................... 39
Tabela 5.6 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 32. ............................................... 39
Tabela 5.7 - Valores de tensão máximos registados no caso de um único apoio e no caso de
linha uniforme (vão de 446.9 m). ............................................................................ 44
Tabela 5.8 – Casos simulados numa linha uniforme para o estudo da influência da resistência
de terra nos valores máximos da corrente na resistência de terra e da tensão no
apoio. ...................................................................................................................... 44
Tabela 6.1 - Casos simulados para o estudo da linha uniforme. ................................................ 47
Tabela 6.2 - Configurações de instalação de descarregadores de sobretensões...................... 47
Tabela 6.3 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 15. ............................................... 48
Tabela 6.4 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 16. ............................................... 49
Tabela 6.5 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 17. ............................................... 50
Tabela 6.6 Contornamentos na linha uniforme para o caso 18. ................................................. 51
Tabela 6.7 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 19. ............................................... 52
Tabela 6.8 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 20. ............................................... 53
Tabela 7.1 - Casos simulados para o estudo da linha não uniforme 1. ...................................... 63
Tabela 7.2 - Casos simulados para o estudo da linha não uniforme 2. ...................................... 63
Tabela 7.3 - Contornamentos na linha não uniforme 1 (apoio 69 a 81) para o caso 4. ............. 64
Tabela 7.4 - Contornamentos na linha não uniforme 1 (apoio 69 a 81) para o caso 5. ............. 65
Tabela 7.5 - Contornamentos na linha não uniforme 1 (apoio 69 a 81) para o caso 6. ............. 66
Tabela 7.6 - Contornamentos na linha não uniforme 2 (apoios 236 249) para o caso 7............ 67
xiii
Tabela 7.7 - Contornamentos na linha não uniforme 2 (apoios 236 249) para o caso 8............ 68
Tabela 7.8 - Contornamentos na linha não uniforme 2 (apoios 236 249) para o caso 9............ 69
Tabela 7.9 - Casos simulados para estudo de linha não uniforme simplificada. ........................ 70
Tabela 7.10 - Contornamentos na linha não uniforme simplificada para o caso 1, RN = 31 Ω... 71
Tabela 7.11 - Contornamentos na linha não uniforme simplificada para o caso 2, RN = 40 Ω... 72
Tabela 7.12 - Contornamentos na linha não uniforme simplificada para o caso 3, RN = 54 Ω... 73
Tabela 7.13 - Contornamentos na linha não uniforme simplificada para o caso 4, RN = 80 Ω... 74
Tabela 7.14 - Contornamentos na linha não uniforme simplificada para o caso 5, RN = 136 Ω. 75
Tabela 7.15 - Contornamentos na linha não uniforme simplificada para o caso 6, RN = 338 Ω. 76
Tabela 7.16 - Valor de resistência de terra do apoio onde incide a descarga a partir dos quais é
necessário instalar descarregadores nos apoios adjacentes para diferentes
correntes de descarga. ........................................................................................... 77
xiv
Lista de Abreviações
xv
xvi
1 Introdução
1.1 Contexto
1
escudo, ou do aparecimento de arcos eléctricos aos terminais das cadeias de isoladores,
provocando falhas na continuidade de serviço.
1.2 Objectivos
2
Em suma, em primeiro lugar são analisados os contornamentos inversos que ocorrem
com diferentes correntes de descarga e resistências de terra dos apoios, justificando os
resultados e analisando os fenómenos verificados com base nos transitórios electromagnéticos
obtidos. Serve como uma parte introdutória que permite compreender o comportamento da
linha no seguimento de descargas atmosféricas e justificar os resultados que se obtêm com a
instalação dos descarregadores de sobretensões em paralelo com os isoladores, de forma a
providenciarem a sua protecção. De seguida, efectua-se o estudo da instalação destes
dispositivos em linhas uniformes, com resistências de terra iguais para todos os apoios, e
troços de uma linha não uniforme, a linha Sines-Tunes, adaptando a estratégia de instalação
de descarregadores a cada um dos casos, analisando as melhorias registadas e justificando os
fenómenos observados. Na linha não uniforme procede-se a um estudo simplificado da linha,
considerando resistência de terra elevada apenas para o apoio atingido pela descarga, de
forma a compreender os resultados obtidos na simulação da uma linha não uniforme real.
Esta dissertação é constituída por seis capítulos e quatro anexos. O presente capítulo
destina-se à introdução do trabalho onde é apresentado o enquadramento deste e são
definidos os seus objectivos.
3
No capítulo 5 são analisados os efeitos provocados pelos diversos componentes que
constituem a linha e a influência que estes têm no desempenho da linha face a descargas
atmosféricas.
4
2 Caracterização das Sobretensões de Origem Atmosféricas
5
2.2 Descarga Atmosférica
6
da ocorrência da descarga, a nuvem apresenta um campo eléctrico muito mais intenso que a
superfície terrestre e, consequentemente, a descarga tende a ter origem na nuvem, sendo do
tipo descendente. As descargas registadas com início na terra partem de estruturas muito
altas. Assim, as descargas que atingem os Sistemas de Energia Eléctrica típicos,
nomeadamente as linhas de transmissão de energia eléctrica e os postes que as sustentam,
são do tipo descendente.
7
Figura 2.2 - Forma de onda da corrente de uma descarga descendente negativa e os seus
parâmetros característicos [1].
Cada um dos parâmetros assinalados na Figura 2.2 obedece a uma distribuição log-
normal, cuja função densidade de probabilidade é dada por (2.1).
(2.1)
(2.2)
8
Tabela 2.1 – Parâmetros da distribuição log-normal para a descarga descendente negativa
(adaptada de [1]).
9
2.5 Contornamento Inverso
(2.3)
Assumindo que i(t) tem uma frente de onda com crescimento linear, atingindo o valor
de pico em tf, e tem uma cauda infinita, o valor máximo da tensão aos terminais dos isoladores,
que ocorre no instante em que a corrente atinge o seu valor máximo, é dado por (2.4).
(2.4)
(2.5)
(2.6)
10
(2.7)
(2.8)
em que Ri representa a resistência de terra da torre, sendo função da corrente que atravessa a
resistência, iR, e da resistência de terra do poste determinada pela sua geometria e pela
resistividade do solo não ionizado, R0, isto é, representada pela expressão apresentada de
seguida.
(2.9)
(2.10)
(2.11)
(2.12)
(2.13)
onde hT corresponde à altura da torre, hfase à altura média do condutor de fase e c0 representa
a velocidade da luz.
(2.14)
em que CiCG é a capacidade mútua do cabo de guarda e do condutor de fase i, CiCG1 e CiCG2
são as capacidades mútuas do cabo de guarda 1 e do cabo de guarda 2, respectivamente, CCG
é a capacidade própria do cabo de guarda i e ci é o factor de acoplamento.
As considerações anteriores foram feitas desprezando o efeito das reflexões nas torres
adjacentes. No entanto, é importante considerar este efeito, pois o valor da tensão aos
11
terminais dos isoladores, bem como da cauda desta onda, diminui no caso de se verificar que o
dobro do tempo de propagação entre duas torres é inferior ao tempo de subida da corrente, tf.
Nesta situação, o valor máximo da tensão aos terminais dos isoladores é dado por (2.15).
(2.15)
em que:
(2.16)
(2.17)
(2.18)
O factor KSP é calculado para que o valor de pico da tensão seja KSP vezes a tensão
original, de forma a considerar a diminuição do valor de pico da tensão.
(2.19)
em que U50NS é determinada, segundo [1], utilizando o modelo baseado na lei de progressão do
traçador, para torres com altura inferior a 50 m, por uma expressão aproximada dada por
(2.20).
(2.20)
12
onde U50 representa o valor de pico mínimo da onda de choque normalizada que, aplicada a
um intervalo de ar, leva à sua disrupção com 50% de probabilidade, e τ corresponde à
constante de tempo, dada por (2.21).
(2.21)
(2.22)
Esta equação apenas é válida para linhas em esteira, pois, ao serem simétricas,
apresentam a mesma distância de exposição para os dois condutores de fase mais expostos,
razão pela qual se multiplica o integral por 2. Para os outros casos de configuração da linha, a
taxa de falha de escudo é calculada sem o factor multiplicativo 2 e para os dois condutores
mais expostos, sendo o seu valor final dado pela soma dos resultados obtidos.
13
Este Im é calculado utilizando um método iterativo, por exemplo, o Método Newton-Raphson
[12].
(2.23)
(2.24)
em que U50 representa o valor de pico mínimo da onda de choque normalizada que, aplicada a
um intervalo de ar, leva à sua disrupção com 50% de probabilidade e Z0 corresponde à
impedância de onda do condutor de fase atingido.
(2.25)
Tal como no caso de SFR, a expressão para o cálculo de SFFOR apenas é válida para
o caso de linhas em esteira. Para outras configurações segue-se o mesmo procedimento
descrito anteriormente.
14
guarda, causam o contornamento das cadeias de isoladores. A expressão proposta em [17]
para o cálculo desta grandeza é dada por (2.26).
(2.26)
Embora seja possível haver contornamento inverso ao longo do vão da linha, os mais
frequentes ocorrem aos terminais dos isoladores dos apoios. De acordo com [1], o número de
disrupções no apoio causadas por descargas atmosféricas que incidem nos cabos de guarda é
cerca de 60% do número de contornamentos inversos, no mesmo local, caso se considerasse
que todas as descargas atingem o topo do apoio. Desta forma, considera-se que todas as
descargas incidem no topo do apoio para o cálculo de BFR, contabilizando-se apenas 60%
delas.
(2.27)
(2.28)
Para os efeitos do cálculo de BFR, [1] propõe que U50 seja calculada por (2.29):
(2.29)
15
16
3 Descarregadores de Sobretensões
Instalação de
Resistência de Terra, RT (Ω)
Descarregadores
RT ≤ 10 Sem descarregadores
10 < RT ≤ 20 Numa fase
20 < RT ≤ 40 Em duas fases
RT > 40 Em três fases
17
sobretensão para a terra. Desta forma, o descarregador de sobretensões deve agir como um
circuito aberto durante o funcionamento normal do sistema, limitar as sobretensões a um nível
de segurança pré-estabelecido e retornar o sistema ao seu modo de funcionamento normal
assim que as sobretensões transitórias sejam suprimidas. Consequentemente, um
descarregador de sobretensões deve ter uma resistência muito elevada quando o sistema se
encontra no modo normal de funcionamento e uma resistência relativamente baixa durante
sobretensões transitórias. Com base nesta informação é possível concluir que a característica
V-I terá uma forma não linear.
Os primeiros dispositivos utilizavam explosores ligados em série com discos feitos com
um material não-linear de carboneto de silício (SiC). Os explosores fornecem a impedância
elevada durante o funcionamento normal do sistema, enquanto os discos de SiC impedem o
fluxo de corrente que se segue à disrupção. A característica V-I dos descarregadores de SiC é
uma combinação do comportamento dos discos de SiC e dos explosores.
18
No caso de descarregadores de linha, existem dois tipos de estruturas de
descarregadores de sobretensões de óxido de zinco (ZnO) para protecção contra
sobretensões. O primeiro tipo é o descarregador sem explosores, que é directamente ligado ao
condutor de fase. Este tipo de descarregador de sobretensões tem a vantagem de não
apresentar atrasos na absorção de energia da sobretensão. O outro tipo de descarregador
apresenta na sua composição explosores, que são inseridos entre o descarregador e o
condutor de fase, também funcionando como isolador entre estes. Os descarregadores com
explosores apenas operam quando a descarga atmosférica atinge a linha de transmissão ou a
torre, e ficam fora de serviço em todas as outras situações, incluindo na ocorrência de
sobretensões de manobra. Isto significa que existe corrente a atravessar o descarregador de
sobretensões apenas num período muito reduzido, correspondente à descarga. Este facto
resulta num descarregador de sobretensões que apresenta um tempo de vida superior e uma
maior fiabilidade na operação que os descarregados de SiC. Quando a tensão aplicada ao
descarregador ultrapassa um certo limite, que corresponde ao escorvamento dos explosores,
estes escorvam, provocando o escoamento da corrente de descarga através das resistências
do descarregador que, devido à sua característica não linear, apresentam-se como fracamente
condutores, ou seja, de resistência muito baixa face ao aumento verificado para a tensão. A
intensidade de corrente aumenta muito mais rapidamente em comparação com a tensão e esta
não pode atingir o valor que teria na ausência do descarregador de sobretensões. Após a
passagem da onda de corrente de descarga, a tensão aplicada aos terminais do descarregador
de sobretensões diminui, mas o facto de a característica ser não linear apressa o
decrescimento da corrente. A tensão volta ao valor normal para a rede e a corrente apresenta-
se limitada a uma intensidade muito reduzida, sendo interrompida sem dificuldade pelos
explosores na sua primeira passagem por zero ou mesmo antes. Desta forma, as sobretensões
são limitadas pelos descarregadores sem provocar o aparecimento de um defeito permanente
nem de ondas cortadas, visto que a presença de resistências em série com os explosores faz
com que a tensão no escorvamento do descarregador não apresente um gradiente muito
elevado.
Dentro dos descarregadores com explosores existem dois tipos de estruturas distintas,
uma delas corresponde a uma configuração que inclui explosores fixos e o segundo tipo
apresenta explosores separados, tal como apresentado na Figura 3.2.
19
Figura 3.2 – Descarregadores de sobretensões de ZnO com explosores: a) explosores fixos b)
explosores separados [18].
20
U
Zona de
Baixa
Corrente
Zona Zona de
Disruptiva Saturação
(3.1)
O primeiro segmento pode ser aproximado por uma relação linear. A resistência deste
primeiro segmento deve ser muito elevada pois o descarregador de sobretensões deve ter um
efeito mínimo quando a linha se encontra na situação de operação normal. De notar que as
correntes de um descarregador, durante o funcionamento normal, são menores que 1 m A. O
segundo segmento é definido pelos parâmetros p, q e Vmin, que corresponde à tensão mínima
desse segmento. A utilização de vários segmentos reflecte uma melhorar exactidão do modelo,
pois o expoente diminui com o aumento do nível da corrente. Cada segmento é caracterizado
pelo seu p, q e Vmin.
21
3.3 Risco de Falha dos Descarregadores
(3.2)
onde:
(3.3)
22
4 Casos de Estudo e Modelização
Neste trabalho é estudada a linha de 150 kV que liga Sines a Tunes. Trata-se de uma
linha dupla, ou seja, constituída por dois circuitos, apresentando a configuração de fases
representada na Figura 4.1, denominada configuração cruzada.
23
Os parâmetros característicos da linha de transmissão estudada neste trabalho
encontram-se apresentados no Anexo B.
400
350
Resistência de Terra (Ω)
300
250
200
150
100
50
0
10
19
28
37
46
55
64
73
82
91
100
109
118
127
136
145
154
163
172
181
190
199
208
217
226
235
244
253
1
Apoio
Figura 4.2 - Resistência de terra em cada apoio da linha de 150 kV Sines-Tunes - Anexo C.
Com base na figura apresentada optou-se por estudar dois troços da linha que
apresentam resistências de terra muito elevadas: apoios 69-81 e apoios 236-249.
24
259 100
90
222
80
Número de Apoios
185 70
Apoios (%)
60
148
50
111
40
74 30
20
37
10
0 0
101-120
121-140
141-160
161-180
181-200
201-220
221-240
241-260
261-280
281-300
301-320
321-340
341-360
21-40
41-60
61-80
81-100
0-20
(4.1)
(4.2)
(4.3)
25
transformar a distribuição log-normal apresentada anteriormente numa distribuição normal,
recorrendo a uma mudança de variáveis.
(4.4)
(4.5)
(4.6)
(4.7)
Segundo [1], a distribuição pode ser aproximada de uma forma mais correcta
considerando-se os valores apresentados de seguida para os parâmetros da distribuição da
corrente de pico.
(4.8)
(4.9)
(4.10)
(4.11)
Para o valor do tempo de subida e por motivos que se prendem com os processos de
obtenção se basearem num nível de referência de 2 kA para as medidas, [1] propõe que se
opte por td30 dado pela equação seguinte.
(4.12)
26
(4.13)
(4.14)
(4.15)
(4.16)
[1] recomenda que para o valor da taxa de crescimento adopte-se o seu valor máximo,
Sm. Este valor também depende do valor de pico de corrente, sendo os seus parâmetros da
função de distribuição dados pelas equações apresentadas de seguida.
(4.17)
(4.18)
(4.19)
(4.20)
Relativamente ao tempo de meia onda, este tempo não depende da corrente, pelo que
os seus parâmetros, apresentados de seguida, são constantes.
(4.21)
(4.22)
(4.23)
(4.24)
Tabela 4.1 - Parâmetros da corrente de descarga obtidos com o método proposto pela C.I.G.R.É.
27
Na Figura 4.4 são apresentadas as correntes de descarga obtidas.
100
[kA]
80
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 [us] 60
(f ile ondascorrente.pl4; x-v ar t) c:I20 -I20' c:I29 -I29' c:I39 -I39' c:I55 -I55' c:I72 -I72'
c:I90 -I90'
Figura 4.4 - Correntes de descarga obtidas com o método proposto pela C.I.G.R.É - Tabela 4.1.
(4.25)
Com base na equação anterior, o pior caso corresponde à fase inferior num dos
circuitos, isto porque é a fase que apresenta um menor acoplamento com o cabo de guarda.
Deste modo, para se obter a pior situação para a fase referida estabelece-se o valor de 180º
para o seu ângulo. Para o segundo circuito considera-se a configuração oposta, isto é, a fase
superior apresenta um ângulo de 180º, conforme representado na Figura 4.1. Considera-se que
o circuito correspondente à pior situação é o circuito RST. Como o nível de tensão da linha é
150 kV liga-se nas extremidades fontes de tensão com esse valor. Assim, na Tabela 4.2 são
apresentados os ângulos que cada fase apresenta no instante da descarga.
28
Tabela 4.2 - Ângulos da tensão da rede de cada fase no momento da descarga.
100
Probabilidade do Valor ser Excedido (%)
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
13
25
37
49
61
73
85
97
109
121
133
145
157
169
181
193
205
217
229
241
253
265
277
289
301
313
325
337
349
1
29
Assim, o critério estabelecido para a selecção das resistências de terra para o estudo
da linha uniforme baseia-se na figura anterior, sendo seleccionadas as resistências que
apresentem probabilidade de serem excedidas de 30, 20, 15, 10, 5, 2 e 1 %, apresentadas na
Tabela 4.3. São simulados 17 apoios, correspondendo a 16 vãos de 446.9 metros, ligados a
linhas de 20 km nas suas extremidades que posteriormente ligam a fontes de tensão de 150
kV, apresentando os ângulos explicados anteriormente.
Tabela 4.3 - Resistências de terra usadas para o estudo da linha uniforme de acordo com a
probabilidade do seu valor ser excedido (conforme Figura 4.5).
Corrente de Descarga
30
Linha de Transmissão
Como não está no âmbito deste trabalho a comparação dos diversos modelos para a
representação da linha de transmissão, apenas é feita a referência aos modelos de parâmetros
distribuídos e dependentes da frequência e às formas de implementação no ATPDraw.
Apoios
Resistência de Terra
31
dependente apenas das características geométricas do eléctrodo, desprezando o efeito da
ionização do solo. A não consideração deste efeito conduz a sobretensões mais elevada.
Cadeia de Isoladores
(4.26)
Descarregadores de Sobretensões
32
(3.1)
(3.2)
33
34
5 Estudo dos Contornamentos em Linha Uniforme Sem
Descarregadores
Tabela 5.1 - Caso simulado para o estudo dos contornamentos de uma linha uniforme.
Na Figura 5.1 e Figura 5.2 representam-se as ondas de tensão e corrente nas cadeias
de isoladores, respectivamente, no circuito RST e na Figura 5.3 e Figura 5.4 no circuito R’S’T’.
Os resultados apresentados referem-se ao apoio onde incide a descarga. De notar que neste
caso ocorre contornamento das fases T, T’ e S’, sendo esta informação incluída no canto
superior direito das figuras, onde os círculos a cheio representam a existência de
contornamento. Na Figura 5.5 e Figura 5.6 representa-se o potencial nas fases do apoio onde
incide a descarga no circuito RST e R'S'T', respectivamente.
35
Fazendo agora uma análise de todos os resultados obtidos conclui-se que a partir do
momento em que a descarga incide num apoio de uma linha de transmissão ocorre uma
elevação de potencial desse apoio (de acordo com as características da corrente de descarga),
isto porque uma parcela significativa da corrente é escoada pela sua resistência de terra. A
restante parcela é transmitida pelo cabo de guarda, indo repartir-se pelos apoios adjacentes e
cabo de guarda nos vãos subsequentes, originando ondas reflectidas. Este efeito das reflexões
nos vãos adjacentes é visível nas figuras apresentadas como uma oscilação com período de 3
µs.
Posto isto e analisando agora a evolução das tensões e correntes nas cadeias de
isoladores, apresentadas na Figura 5.1 à Figura 5.4, os resultados podem ser facilmente
interpretados. Após incidência da descarga, a tensão na cadeia de isoladores aumenta como
resultado do aumento de potencial do apoio e das fases (por acoplamento com o cabo de
guarda). No momento em que ocorre contornamento de uma fase o potencial do apoio diminui
e o potencial das restantes fases aumenta. A diminuição de potencial no apoio é justificada por
ser introduzido um novo caminho de condução de corrente, ou seja, a linha. O aumento de
potencial nas fases ocorre devido a efeitos de acoplamento entre a fase que contornou e as
restantes. Assim, a tensão na cadeia de isoladores das restantes fases diminui devido à
diminuição do potencial do apoio ser superior ao aumento de tensão nessas fases (por
acoplamento da fase que contorna) e o potencial da fase que contorna fica aproximadamente
igual ao do apoio. Na situação em que a corrente de descarga ainda não atingiu o seu pico, o
potencial do apoio e das fases volta a aumentar, aumentando também a tensão na cadeia de
isoladores, e na ocorrência de novo contornamento a sucessão de eventos é semelhante ao
descrito.
Fazendo uma análise mais detalhada às figuras apresentadas pode-se concluir que
existe outro tipo de oscilação de aproximadamente 12 µs, além da oscilação com período de
3.µs, mencionada anteriormente.
36
µs), neste caso 4º, somado do tempo de propagação nos vãos (6 µs, pois o tempo de
propagação de um vão é aproximadamente 1.5 µs). Passados cerca de 12 µs, correspondentes
ao tempo de a onda se propagar até ao apoio contornado e retornar (6 µs num sentido e 6 µs
no outro), volta a existir uma subida do valor de corrente devido à reflexão que se dá no apoio
contornado, reflexões que vão chegando sucessivamente com um período de 12 µs, sendo
esse aumento cada vez mais amortecido. Como existem contornamentos nos apoios
imediatamente adjacentes nas fases T e T’ não existe um aumento brusco como verificado na
fase S’, pois o tempo de propagação das ondas reflectidas originadas pelos contornamentos
dos apoios adjacentes é muito menor, logo observa-se de imediato o crescimento da corrente.
Na Figura 5.2 é possível observar o fenómeno descrito.
37
Tabela 5.2 – Casos analisados e contornamentos inversos verificados no estudo da linha uniforme,
no apoio onde incide a descarga.
38
Tabela 5.3 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 10.
Caso 10 - R0 = 54 Ω, Ipico = 29 kA
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
Caso 18 - R0 = 80 Ω, Ipico = 55 kA
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' - - - - - - - - - - - - - -
39
900
[kV]
680
460
240
20
-200
0 10 20 30 40 50 [us] 60
(f ile contornamentoinv erso.pl4; x-v ar t) v :TOP -S v :TOP -R v :TOP -T
Figura 5.1 - Tensões nas cadeias de isoladores do circuito RST no apoio onde incide a descarga,
Fase S (Vermelho), Fase R (Verde), Fase T (Azul).
12
[kA]
10
-2
-4
0 10 20 30 40 50 [us] 60
(f ile contornamentoinv erso.pl4; x-v ar t) c:TOP -S c:TOP -R c:TOP -T
Figura 5.2 - Correntes nas cadeias de isoladores do circuito RST no apoio onde incide a descarga,
Fase S (Vermelho), Fase R (Verde), Fase T (Azul).
40
900
[kV]
680
460
240
20
-200
0 10 20 30 40 50 [us] 60
(f ile contornamentoinv erso.pl4; x-v ar t) v :TOP -T' v :TOP -R' v :TOP -S'
Figura 5.3 - Tensões nas cadeias de isoladores do circuito R'S'T' no apoio onde incide a descarga,
Fase T' (Vermelho), Fase R' (Verde), Fase S' (Azul).
11
[kA]
9
-1
-3
0 10 20 30 40 50 [us] 60
(f ile contornamentoinv erso.pl4; x-v ar t) c:TOP -T' c:TOP -R' c:TOP -S'
Figura 5.4 - Correntes nas cadeias de isoladores do circuito R'S'T' no apoio onde incide a
descarga, Fase T' (Vermelho), Fase R' (Verde), Fase S' (Azul).
41
2.0
*10 6
1.5
1.0
0.5
0.0
-0.5
0 10 20 30 40 50 *10 -6 60
(f ile Unif ormeResis80.pl4; x-v ar t) v :S v :R v :T
Figura 5.5 - Tensões nas fases no apoio onde incide a descarga, S (Vermelho), R (Verde) e T (Azul).
2.0
*10 6
1.5
1.0
0.5
0.0
-0.5
0 10 20 30 40 50 *10 -6 60
(f ile Unif ormeResis80.pl4; x-v ar t) v :T' v :R' v :S'
Figura 5.6 - Tensões nas fases no apoio onde incide a descarga, T' (Vermelho), R' (Verde) e S'
(Azul).
42
2.5
*10 6
2.0
1.5
1.0
0.5
0.0
-0.5
0 10 20 30 40 50 *10 -6 60
(f ile apoiosadjacentes2.pl4; x-v ar t) v :TOP1 v :TOP
Figura 5.7 – Tensões no apoio onde incide a descarga, Apoio Único (Vermelho), com Apoios
Adjacentes (Verde).
12
*10 3
10
0
0 10 20 30 40 50 *10 -6 60
(f ile apoiosadjacentes2.pl4; x-v ar t) c:TOP1 -T1 c:TOP -T
Figura 5.8 - Correntes nas cadeias de isoladores da fase T no apoio onde incide a descarga, Apoio
Único (Vermelho), com Apoios Adjacentes (Verde).
43
Tabela 5.7 - Valores de tensão máximos registados no caso de um único apoio e no caso de linha
uniforme (vão de 446.9 m).
Tabela 5.8 – Casos simulados numa linha uniforme para o estudo da influência da resistência de
terra nos valores máximos da corrente na resistência de terra e da tensão no apoio.
Fases que
Corrente
Contornam no
Resistência de Máxima na Tensão Máxima
Ipico (kA) Apoio onde
Terra (Ω) Resistência de no Apoio (MV)
Incide a
Terra (kA)
Descarga
55 31 T, T' 36.9 1.14
55 80 T, T', S' 24.4 1.95
55 338 T, T', S', S, R 8.88 3.00
De acordo com os resultados obtidos é possível concluir que para valores elevados de
resistências de terra a corrente escoada pela mesma é menor, o que conduz a uma maior
elevação de potencial no apoio, aumentando o risco de ocorrência de contornamentos inversos
das cadeias de isoladores. É por esta razão que se tenta diminuir a resistência de terra dos
apoios.
44
6 Estudo dos Contornamentos em Linha Uniforme Com
Descarregadores
45
900
[kV]
680
460
240
20
-200
0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 [ms] 0.10
(f ile Descarregadores.pl4; x-v ar t) v :TOP -S' v :TOP3 -S'3
Figura 6.1 - Tensão na cadeia de isoladores da fase S' no apoio onde incide a descarga, Sem
Descarregadores (Vermelho) e Com Descarregadores (Verde).
4000
[A]
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 [ms] 0.10
(f ile Descarregadores.pl4; x-v ar t) c:TOP3 -PHAC c:TOP3 -PHAA c:TOP3 -PHAB
Figura 6.2 - Correntes que atravessam os descarregadores de sobretensões no apoio onde incide
a descarga, Fase T' (Vermelho), Fase R' (Verde), Fase S' (Azul).
46
Tabela 6.1 - Casos simulados para o estudo da linha uniforme.
47
Tabela 6.3 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 15.
Caso 15 - R0 = 80 Ω, Ipico = 20 kA
Sem Descarregadores
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
Com Um Descarregador
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' 0.02kJ 0.02kJ 0.03kJ 0.04kJ 0.07kJ 0.13kJ 0.23kJ 0.08kJ 2.04kJ 0.08kJ 0.23kJ 0.13kJ 0.07kJ 0.04kJ 0.03kJ 0.02kJ 0.02kJ
S' 0.01kJ 0.01kJ 0.02kJ 0.03kJ 0.05kJ 0.09kJ 0.15kJ 0.05kJ 1.49kJ 0.05kJ 0.15kJ 0.09kJ 0.05kJ 0.03kJ 0.02kJ 0.01kJ 0.01kJ
R' 0.01kJ 0.01kJ 0.02kJ 0.03kJ 0.04kJ 0.08kJ 0.13kJ 0.04kJ 0.60kJ 0.04kJ 0.13kJ 0.08kJ 0.04kJ 0.03kJ 0.02kJ 0.01kJ 0.01kJ
S' 0.01kJ 0.01kJ 0.02kJ 0.02kJ 0.04kJ 0.07kJ 0.12kJ 0.04kJ 0.94kJ 0.04kJ 0.12kJ 0.07kJ 0.04kJ 0.02kJ 0.02kJ 0.01kJ 0.01kJ
48
Tabela 6.4 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 16.
Caso 16 - R0 = 80 Ω, Ipico = 29 kA
Sem Descarregadores
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
Com Um Descarregador
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' 0.04kJ 0.05kJ 0.08kJ 0.12kJ 0.20kJ 0.34kJ 0.48kJ 0.21kJ 3.69kJ 0.21kJ 0.48kJ 0.34kJ 0.20kJ 0.12kJ 0.08kJ 0.05kJ 0.04kJ
S' 0.03kJ 0.04kJ 0.06kJ 0.09kJ 0.15kJ 0.24kJ 0.33kJ 0.14kJ 2.71kJ 0.14kJ 0.33kJ 0.24kJ 0.15kJ 0.09kJ 0.06kJ 0.04kJ 0.03kJ
R' 0.03kJ 0.04kJ 0.05kJ 0.08kJ 0.13kJ 0.21kJ 0.28kJ 0.13kJ 1.41kJ 0.13kJ 0.28kJ 0.21kJ 0.13kJ 0.08kJ 0.05kJ 0.04kJ 0.03kJ
S' 0.03kJ 0.03kJ 0.05kJ 0.08kJ 0.13kJ 0.21kJ 0.28kJ 0.12kJ 1.89kJ 0.12kJ 0.28kJ 0.21kJ 0.13kJ 0.08kJ 0.05kJ 0.03kJ 0.03kJ
49
Tabela 6.5 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 17.
Caso 17 - R0 = 80 Ω, Ipico = 39 kA
Sem Descarregadores
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
Com Um Descarregador
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' 0.14kJ 0.15kJ 0.19kJ 0.20kJ 0.25kJ 0.69kJ 1.06kJ 0.43kJ 6.05kJ 0.43kJ 1.06kJ 0.69kJ 0.25kJ 0.20kJ 0.19kJ 0.15kJ 0.14kJ
S' 0.11kJ 0.12kJ 0.15kJ 0.16kJ 0.19kJ 0.51kJ 0.82kJ 0.45kJ 6.50kJ 0.45kJ 0.82kJ 0.51kJ 0.19kJ 0.16kJ 0.15kJ 0.12kJ 0.11kJ
R' 0.13kJ 0.14kJ 0.18kJ 0.27kJ 0.42kJ 0.58kJ 0.65kJ 0.32kJ 4.68kJ 0.32kJ 0.65kJ 0.58kJ 0.42kJ 0.27kJ 0.18kJ 0.14kJ 0.13kJ
S' 0.13kJ 0.14kJ 0.18kJ 0.28kJ 0.43kJ 0.60kJ 0.67kJ 0.34kJ 5.72kJ 0.34kJ 0.67kJ 0.60kJ 0.43kJ 0.28kJ 0.18kJ 0.14kJ 0.13kJ
50
Tabela 6.6 Contornamentos na linha uniforme para o caso 18.
Caso 18 - R0 = 80 Ω, Ipico = 55 kA
Sem Descarregadores
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' - - - - - - - - - - - - - -
Com Um Descarregador
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' 0.27kJ 0.30kJ 0.39kJ 0.52kJ 0.41kJ 0.51kJ 0.98kJ 1.78kJ 10.2kJ 1.78kJ 0.98kJ 0.51kJ 0.41kJ 0.52kJ 0.39kJ 0.30kJ 0.27kJ
S' 0.39kJ 0.40kJ 0.49kJ 0.67kJ 0.88kJ 0.82kJ 0.68kJ 1.40kJ 10.5kJ 1.40kJ 0.68kJ 0.82kJ 0.88kJ 0.67kJ 0.49kJ 0.40kJ 0.39kJ
R' 0.43kJ 0.43kJ 0.49kJ 0.63kJ 0.87kJ 0.73kJ 0.66kJ 1.22kJ 9.61kJ 1.22kJ 0.66kJ 0.73kJ 0.87kJ 0.63kJ 0.49kJ 0.43kJ 0.43kJ
S' 0.38kJ 0.38kJ 0.45kJ 0.60kJ 0.79kJ 0.73kJ 0.63kJ 1.33kJ 10.9kJ 1.33kJ 0.63kJ 0.73kJ 0.79kJ 0.60kJ 0.45kJ 0.38kJ 0.38kJ
51
Tabela 6.7 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 19.
Caso 19 - R0 = 80 Ω, Ipico = 72 kA
Sem Descarregadores
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' - - - - - - - - - - - -
Com Um Descarregador
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' 0.68kJ 0.71kJ 0.86kJ 0.82kJ 0.57kJ 1.38kJ 0.76kJ 1.77kJ 14.3kJ 1.77kJ 0.76kJ 1.38kJ 0.57kJ 0.82kJ 0.86kJ 0.71kJ 1.38kJ
S' 0.61kJ 0.59kJ 0.63kJ 0.73kJ 0.49kJ 0.79kJ 1.38kJ 1.48kJ 13.4kJ 1.48kJ 1.38kJ 0.79kJ 0.49kJ 0.73kJ 0.63kJ 0.59kJ 0.61kJ
R' 1.07kJ 0.97kJ 1.01kJ 0.91kJ 0.82kJ 1.57kJ 1.20kJ 1.37kJ 16.1kJ 1.37kJ 1.20kJ 1.57kJ 0.82kJ 0.91kJ 1.01kJ 0.97kJ 1.07kJ
S' 0.90kJ 0.86kJ 0.88kJ 0.85kJ 0.75kJ 1.47kJ 1.17kJ 1.33kJ 17.1kJ 1.33kJ 1.17kJ 1.47kJ 0.75kJ 0.85kJ 0.88kJ 0.86kJ 0.90kJ
52
Tabela 6.8 - Contornamentos na linha uniforme para o caso 20.
Caso 20 - R0 = 80 Ω, Ipico = 90 kA
Sem Descarregadores
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - -
S' - - - - - - - - - - - -
Com Um Descarregador
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' 2.20kJ 1.90kJ 1.82kJ 2.11kJ 0.93kJ 1.72kJ 1.63kJ 4.19kJ 26.3kJ 4.19kJ 1.63kJ 1.72kJ 0.93kJ 2.11kJ 1.82kJ 1.90kJ 2.20kJ
S' 2.67kJ 2.19kJ 2.06kJ 2.22kJ 2.08kJ 0.83kJ 1.98kJ 4.60kJ 23.2kJ 4.60kJ 1.98kJ 0.83kJ 2.08kJ 2.22kJ 2.06kJ 2.19kJ 2.67kJ
R' 2.90kJ 2.31kJ 2.08kJ 2.00kJ 1.26kJ 2.36kJ 1.59kJ 3.09kJ 29.0kJ 3.09kJ 1.59kJ 2.36kJ 1.26kJ 2.00kJ 2.08kJ 2.31kJ 2.90kJ
S' 2.49kJ 2.08kJ 1.90kJ 1.77kJ 1.20kJ 2.18kJ 1.52kJ 2.91kJ 29.8kJ 2.91kJ 1.52kJ 2.18kJ 1.20kJ 1.77kJ 1.90kJ 2.08kJ 2.49kJ
53
Na Figura 6.2 verifica-se que a intensidade de corrente é maior para a fase T’, seguida
da fase S’ e em último a fase R’. Essa diferença justifica-se através da característica dos
descarregadores de sobretensões, pois permitem que a intensidade de corrente aumente com
o aumento da queda de tensão aos seus terminais. De acordo com o explicado no capítulo
anterior, a fase T’ apresenta a pior situação relativamente ao ângulo da tensão da rede,
resultando numa maior queda de tensão aos terminais da cadeia de isoladores dessa fase, o
que implica uma intensidade de corrente mais elevada. O mesmo raciocínio aplica-se às
restantes fases.
Na Figura 6.3 à Figura 6.6 são representadas as tensões nas fases do circuito R’S’T’
no apoio onde incide a descarga para as configurações de instalação de descarregadores de
sobretensões apresentadas na Tabela 6.2. Simulou-se o caso da Tabela 5.1.
54
2.0
*10 6
1.5
1.0
0.5
0.0
-0.5
0 10 20 30 40 50 *10 -6 60
(f ile Unif ormeResis80.pl4; x-v ar t) v :T' v :R' v :S'
Figura 6.3 - Tensões nas fases R'S'T' no apoio atingido pela descarga sem descarregadores
instalados, Fase T' (Vermelho), Fase R' (Verde), Fase S' (Azul).
2.0
*10 6
1.5
1.0
0.5
0.0
-0.5
0 10 20 30 40 50 *10 -6 60
(f ile Unif ormeResis80UmDesc.pl4; x-v ar t) v :T'1 v :R'1 v :S'1
Figura 6.4 - Tensões nas fases R'S'T' no apoio atingido pela descarga com descarregador
instalado na fase S’, Fase T' (Vermelho), Fase R' (Verde), Fase S' (Azul).
55
2.0
*10 6
1.5
1.0
0.5
0.0
-0.5
0 10 20 30 40 50 *10 -6 60
(f ile Unif ormeResis80DoisDesc.pl4; x-v ar t) v :T'2 v :R'2 v :S'2
Figura 6.5 - Tensões nas fases R'S'T' no apoio atingido pela descarga com descarregadores
instalados nas fases R’ e S’, Fase T' (Vermelho), Fase R' (Verde), Fase S' (Azul).
1.8
*10 6
1.4
1.0
0.6
0.2
-0.2
0 10 20 30 40 50 *10 -6 60
(f ile Unif ormeResis80TresDesc.pl4; x-v ar t) v :T'3 v :R'3 v :S'3
Figura 6.6 - Tensões nas fases R'S'T' no apoio atingido pela descarga com descarregadores
instalados nas fases T’, R’ e S’, Fase T' (Vermelho), Fase R' (Verde), Fase S' (Azul).
56
A partir do momento em que a descarga incide sobre o apoio, o potencial deste e dos
restantes apoios vai aumentando (de acordo com as características da corrente de descarga),
assim como o das fases por acoplamento com o cabo de guarda. No entanto, na ocorrência de
um contornamento num apoio, o potencial da fase que contorna aumenta ou diminui (de forma
a igualar a do apoio), assim como o das outras fases (por acoplamento). Considerando que
uma fase contorna, à medida que nos afastamos desse apoio a onda de tensão vai mantendo a
sua amplitude enquanto viaja nos vãos, por outro lado, o potencial dos apoios vai diminuindo
cada vez mais. Isto significa que podem existir situações onde a queda de tensão nos
isoladores mais afastados vai ser superior à dos apoios imediatamente adjacentes, podendo
dar origem a contornamentos. Resumindo, os contornamentos podem ocorrer por duas razões:
o potencial do apoio ser superior ao da fase ou por o potencial da fase ser superior ao do apoio
(devido à fase já ter contornado), o que significa que o contornamento deixa de ser inverso.
Esta última situação verifica-se em muitos dos casos simulados, como por exemplo o
apresentado na Tabela 6.5, sem descarregadores instalados. Neste caso, o contornamento da
fase T no apoio N ocorre devido à primeira razão e no apoio N-2 devido à segunda, Figura 6.7
e Figura 6.8, respectivamente. Por análise das tabelas apresentadas conclui-se também que
por vezes a instalação de descarregadores afastam os contornamentos do apoio atingido.
Analisa-se agora o caso com um descarregador da Tabela 6.5. Este fenómeno justifica-se pelo
novo caminho criado pelos descarregadores que conduzem mais uma parcela da corrente e,
como consequência, diminuem a amplitude da onda de tensão do apoio que, por sua vez,
diminuem a tensão da fase contornada, T, levando a que o novo contornamento ocorra num
apoio mais afastado.
Como se pode observar, existe uma simetria dos valores de energia nos
descarregados em relação ao apoio atingido pela descarga atmosférica, sendo a energia
maioritariamente escoada pelos dispositivos instalados no apoio atingido. O descarregador
instalado na fase T’ é o que está sujeito ao valor de energia mais elevado, devido à
característica dos descarregadores e por apresentar um menor acoplamento com o cabo de
guarda, como já foi referido anteriormente.
57
1.6
*10 6
1.3
1.0
0.7
0.4
0.1
-0.2
0 10 20 30 40 50 *10 -6 60
(f ile Unif ormeResis80.pl4; x-v ar t) v :TOP_N v :T_N
Figura 6.7 – Tensão no apoio N (Vermelho) e tensão na fase T do apoio N (Verde) para o caso da
Tabela 6.5 sem descarregadores.
1.2
*10 6
1.0
0.8
0.6
0.4
0.2
0.0
-0.2
0 10 20 30 40 50 *10 -6 60
(f ile Unif ormeResis80.pl4; x-v ar t) v :TOP_N2 v :T_N2C
Figura 6.8 - Tensão no apoio N-2 (Vermelho) e tensão na fase T do apoio N-2 (Verde) para o caso da
Tabela 6.5 sem descarregadores.
58
Energia Descarregada pelos Descarregadores 20
18
16
14
12
10
(kJ)
0
N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
Apoio
Figura 6.9 – Perfil da energia descarregada pelos descarregadores instalados nas três fases do
circuito R’S’T’, para o caso 18 - Tabela 6.6.
59
60
7 Estudo dos Contornamentos em Linha Não Uniforme
400
350
Resistência de Terra (Ω)
300
250
200
150
100
50
0
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
236
237
238
239
240
241
242
243
244
245
246
247
248
249
-
-
-
-
-
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
Apoio
Na Tabela 7.1 e Tabela 7.2 são apresentados os casos simulados para o estudo dos
troços de linha não uniforme considerados, onde são especificados o valor de pico da corrente,
o apoio onde incide a descarga e a sua resistência de terra. São realizadas simulações para
correntes de descarga com valores de pico de 20, 55 e 90 kA pois, com base nos resultados da
linha uniforme para resistências de terra da ordem dos valores verificados nas linhas não
uniforme estudadas, estas correntes apresentam contornamentos diversificados, isto é, entre
apenas contornar uma fase do apoio atingido até à ocorrência de contornamentos de todas as
fases. Considera-se que os descarregadores encontram-se instalados nas três fases do circuito
R’S’T’. Numa primeira análise são instalados os descarregadores de sobretensões nos apoios
que apresentam resistência de terra mais elevada, procedendo depois à instalação dos
dispositivos também nos apoios imediatamente adjacentes.
61
Neste caso, os contornamentos não apresentam um padrão simétrico como no caso da
linha uniforme, pois os troços de linha usados são reais e, por isso, a resistência de terra dos
apoios varia. Verifica-se que os contornamentos encontram-se condensados na zona de
resistências de terra elevadas, como seria de esperar, pois as resistências com valor mais
baixo permitem escoar uma maior parcela de corrente para a terra. Observando as tabelas
conclui-se que a instalação dos descarregadores de sobretensões nos apoios que apresentam
a resistência de terra de valor mais elevado conduz a redução nos contornamentos registados.
No entanto, verifica-se uma redução ainda maior quando esses descarregadores são
instalados também nos apoios adjacentes aos apoios referidos, não existindo contornamentos
no circuito R’S’T’. Esta é uma situação desejável, pois, conforme explicado anteriormente, na
ocorrência de descargas atmosféricas não é aceitável que ambos os circuitos saiam de
operação.
62
Tabela 7.1 - Casos simulados para o estudo da linha não uniforme 1.
4 20 74 340
5 55 74 340
6 90 74 340
7 20 75 350
8 55 75 350
9 90 75 350
10 20 76 360
11 55 76 360
12 90 76 360
4 20 244 130
5 55 244 130
6 90 244 130
7 20 245 160
8 55 245 160
9 90 245 160
10 20 246 110
11 55 246 110
12 90 246 110
63
Tabela 7.3 - Contornamentos na linha não uniforme 1 (apoio 69 a 81) para o caso 4.
Sem Descarregadores
Fase 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81
S' - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - -
T’ - - - - - - - - - - - -
R’ - - - - - - - - - - - - -
S’ - - - - - - - - - - - - -
64
Tabela 7.4 - Contornamentos na linha não uniforme 1 (apoio 69 a 81) para o caso 5.
Sem Descarregadores
Fase 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81
S' - - - - - - -
R' - - - - - - - -
T' - - - - - - -
T’ - - - - - -
R’ - - - - - - - - - - - - -
S’ - - - - - - - -
65
Tabela 7.5 - Contornamentos na linha não uniforme 1 (apoio 69 a 81) para o caso 6.
Sem Descarregadores
Fase 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81
S' - - - - - - - -
R' - - - - - - - - -
T' - - - - - - -
T’ - -
R’ - - - - - - -
S’ - - - - - - - - -
66
Tabela 7.6 - Contornamentos na linha não uniforme 2 (apoios 236 249) para o caso 7.
Sem Descarregadores
Fase 236 237 238 239 240 241 242 243 244 245 246 247 248 249
S' - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - -
T’ - - - - - - - - - - - - -
R’ - - - - - - - - - - - - - -
S’ - - - - - - - - - - - - - -
67
Tabela 7.7 - Contornamentos na linha não uniforme 2 (apoios 236 249) para o caso 8.
Sem Descarregadores
Fase 236 237 238 239 240 241 242 243 244 245 246 247 248 249
S' - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - -
T’ - - - - - - - - -
R’ - - - - - - - - - - - - - -
S’ - - - - - - - - - - -
68
Tabela 7.8 - Contornamentos na linha não uniforme 2 (apoios 236 249) para o caso 9.
Sem Descarregadores
Fase 236 237 238 239 240 241 242 243 244 245 246 247 248 249
S' - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - -
T' - - - - -
T’ - - - - - - -
R’ - - - - - - - - -
S’ - - - - - - - - -
69
Dada a complexidade dos resultados dos casos analisados, optou-se por simular uma
linha que apresenta todos os apoios com resistência de terra de 22 Ω, excepto o apoio onde
incide a descarga que é caracterizado por resistências mais elevadas, representadas na
Tabela 7.9. Este estudo é efectuado para determinar o valor de resistência que leva a que seja
necessário instalar descarregadores nos apoios adjacentes, além dos apoios com resistências
elevadas, de forma a eliminar os contornamentos no circuito R’S’T’, de acordo com o que se
verifica nas tabelas apresentadas anteriormente.
Tabela 7.9 - Casos simulados para estudo de linha não uniforme simplificada.
Resistência de Terra do
Resistência de Terra dos
Caso Apoio onde Incide a
Apoios Adjacentes (Ω)
Descarga (Ω)
1 22 31
2 22 40
3 22 54
4 22 80
5 22 136
6 22 338
70
Tabela 7.10 - Contornamentos na linha não uniforme simplificada para o caso 1, RN = 31 Ω.
Caso 1 – RApoiosAdjacentes = 22 Ω, RN = 31 Ω
Sem Descarregadores
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
71
Tabela 7.11 - Contornamentos na linha não uniforme simplificada para o caso 2, RN = 40 Ω.
Caso 2 – RApoiosAdjacentes = 22 Ω, RN = 40 Ω
Sem Descarregadores
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
72
Tabela 7.12 - Contornamentos na linha não uniforme simplificada para o caso 3, RN = 54 Ω.
Caso 3 – RApoiosAdjacentes = 22 Ω, RN = 54 Ω
Sem Descarregadores
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
73
Tabela 7.13 - Contornamentos na linha não uniforme simplificada para o caso 4, RN = 80 Ω.
Caso 4 – RApoiosAdjacentes = 22 Ω, RN = 80 Ω
Sem Descarregadores
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
74
Tabela 7.14 - Contornamentos na linha não uniforme simplificada para o caso 5, RN = 136 Ω.
Sem Descarregadores
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
75
Tabela 7.15 - Contornamentos na linha não uniforme simplificada para o caso 6, RN = 338 Ω.
Sem Descarregadores
Fase N-8 N-7 N-6 N-5 N-4 N-3 N-2 N-1 N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5 N+6 N+7 N+8
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - -
T' - - - - - - - - - - - - - - - - -
R' - - - - - - - - - - - - - - - - -
S' - - - - - - - - - - - - - - - - -
76
Na Tabela 7.16 são apresentadas as resistências de terra que tornam necessário
colocar descarregadores também nos apoios adjacentes, considerando que estes têm
resistências de 22 Ω. Para correntes de descarga baixas apenas se verificam contornamentos
no apoio atingido pela descarga, independentemente do valor da sua resistência de terra, pelo
que apenas são necessários descarregadores nesse apoio. Assim, apresentam-se os
resultados para as correntes superiores a 39 kA.
Tabela 7.16 - Valor de resistência de terra do apoio onde incide a descarga a partir dos quais é
necessário instalar descarregadores nos apoios adjacentes para diferentes correntes de descarga.
Resistência de Resistência de
Correntes de Terra do Apoio Terra dos
Descarga (kA) onde Incide a Apoios
Descarga (Ω) Adjacentes (Ω)
39 170 22 13%
55 77 22 29%
72 49 22 45%
90 37 22 59%
77
78
8 Conclusões e Propostas de Trabalhos Futuros
Quando uma fase contorna verifica-se que a tensão aos terminais da cadeia de
isoladores diminui para valores muito baixos, passando a existir corrente a atravessar o
intervalo de ar. Além disso, existe um aumento da tensão nas restantes fases devido ao efeito
do acoplamento entre elas, o que resulta numa diminuição da tensão das cadeias de isoladores
das fases referidas, voltando a aumentar de acordo com o potencial do apoio que segue a
característica da onda de corrente da descarga. A ocorrência de contornamentos na mesma
fase em apoios adjacentes gera reflexões que, ao chegarem ao apoio atingido pela descarga,
provocam um aumento da corrente que passa a existir no intervalo de ar da cadeia. Por outro
lado, os apoios adjacentes provocam uma diminuição da tensão do apoio onde incide a
descarga atmosférica reduzindo a queda de tensão aos terminais dos isoladores e podendo
assim evitar os referidos contornamentos.
79
descarregador de sobretensões instalado na fase T’ apresenta o valor de corrente mais
elevado, resultante do facto de ser a fase que apresenta uma maior queda de tensão na
cadeia, pois optou-se por corresponder a esta fase a pior situação do ângulo da tensão da
rede. Como a energia que é descarregada pelos descarregadores depende da corrente e da
tensão que se encontra aos seus terminais, verifica-se que a energia do descarregador
instalado na fase T’ é a maior.
Nos resultados obtidos na simulação da linha não uniforme é evidente a redução dos
contornamentos registados ao se instalar os descarregadores nos apoios que apresentam
resistências de terra elevadas e nos apoios adjacentes a estes. Constata-se que com este
procedimento não existem contornamentos no circuito onde são instalados os
descarregadores, situação muito desejável pois evita a saída desse circuito de serviço, não se
verificando o mesmo quando os descarregadores são instalados apenas nos apoios com
resistências de terra de valores elevados. Ao simular linhas que apresentem apenas um apoio
com resistência de terra elevada, o apoio onde incide a descarga, conclui-se que até ao valor
da resistência do apoio atingido de 54 Ω basta colocar os descarregadores nesse apoio para
eliminar os contornamentos no circuito R’S’T’, sendo necessária a instalação destes
dispositivos para resistências de terra acima dos 80 Ω, inclusivé. Isto verifica-se porque a
instalação dos descarregadores aumentam a tensão da fase onde se encontram instalados,
sendo esse aumento maior com o aumento valor da resitência de terra, o que implica que se
atinja o nível de tensão que leva à disrupção das cadeias de isoladores mais facilmente. Na
simulação de uma linha não uniforme simplificada, onde apenas o apoio atingido pela descarga
apresenta uma resistência de terra elevada, verificou-se que com o aumento do valor de pico
da corrente de descarga a diferença entre a resistência de terra de valor elevado e as dos
apoios adjacentes aumenta também.
80
8.2 Propostas de Trabalhos Futuros
81
82
Referências Bibliográficas
[1] CIGRÉ Working Group 33.01, Guide to Procedures for Estimating the Lightning
Performance of Transmission Lines, 1991.
[2] IEEE working group on Estimating the Lightning Performance of Transmission Lines, A
simplified Method for estimating lightning performance of transmission lines, IEEE
Transactions on Power Apparatus and Systems, Vol. PAS-104, Nº4, 1985.
[4] M.T. Correia de Barros, Folhas de Apoio à Disciplina Alta Tensão do Perfil de Energia do
Curso de Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, IST, Lisboa,
2009.
[7] A. J. Oliveira Coelho, Desempenho das Linhas Aéreas AT e MAT Perante Descargas
Atmosféricas, Dissertação de Mestrado, FEUP, Porto, 2009.
[8] IEEE Working Group on Modeling and Analysis of System Transients, Fast Front Transients
Task Force, Modeling guidelines for fast front transients, IEEE Transactions on Power
Delivery, vol. 11, nr. 1, January 1996, pp. 493-501.
[9] J. R. Carson, Wave Propagation in Overhead Wires with Ground Return, Bell Systems
Technical Journal, Vol. 5, pp: 539-554, 1926.
[12] M. Ishii, T. Kawamura, et all, Multistory Transmission Tower Model for Lightning Surge
Analysis, IEEE Transactions on Power Delivery, Vol. 6, pp. 1327-1335, 1991.
[15] Oscar Kastrup, Luiz Cera Zanetta Jr., Lightning Performance Assessment with Line
Arresters, Transmission and Distribution Conference, pp: 288, 1996.
[16] Karthik Munukutla, Vijay Vittal, Gerald T. HEydt, Daryl Chipman, Brian Keel, A Practical
Evaluation of Surge Arrester Placement for Transmission Line Lighntning Protection,
IEEE Transactions on Power Delivery, Vol. 25, pp: 1743, 2010.
83
[17] E. J. Tarasiewicz, F. Rimmer, A. S. Morched, Transmission Line Arrester Energy, Cost,
and Risk Analysis for Partially Shielded Transmission Lines, IEEE Transactions on Power
Delivery, Vol. 15, nº 3, pp. 919 – 924, 2000.
[18] Jig-Liang, Rong Zeng, Jun Hu, Shui-Ming Chen, Jie Zhao, Design and Application of
Line Surge Arresters to Improve Lightning Protection Characteristics of Transmission
Lines, IEEE/PES Transmission and Distribution Conference and Exposition, pp: 1, 2008.
84
Anexos
85
86
Anexo A Modelização dos Componentes do Sistema Eléctrico
(A.1)
87
em que r e l correspondem aos parâmetros longitudinais da linha, denominados por resistência
e coeficiente de auto-indução, respectivamente, expressos por unidade de comprimento e g e
c, condutância e capacidade, são designados por parâmetros transversais, que também são
expressos por unidade de comprimento. Os parâmetros referidos são determinados
analiticamente com base nas características dos condutores, ou seja, forma e tipo de materiais
utilizados, das propriedades do dieléctrico em que estão inseridos e das propriedades do solo,
bem como da posição que cada condutor ocupa relativamente aos restantes condutores e ao
solo.
(A.2)
(A.3)
em que FV, BV, FI e BI são constantes de integração independentes de x definidas através das
condições limite, isto é, atendendo aos regimes exteriores existentes nas extremidades da
linha.
No caso geral de uma linha multifilar com n condutores é possível escrever um sistema
de equações matriciais equivalentes a (A.1), dadas por (A.4).
(A.4)
Com base nos fasores de tensão, V, e de corrente, I, o sistema anterior pode ser
escrito sob a forma de (A.5).
88
(A.5)
em que [V] e [I] são as matrizes n x 1 das tensões e intensidades de corrente de fase das
linhas, [Z] é a matriz das impedâncias longitudinais n x n e [Y] a matriz das admitâncias
transversais, também n x n. As últimas são matrizes complexas e dependentes da frequência.
(A.6)
Tendo em conta que as matrizes [Z][Y] e [Y][Z] não são diagonais, as equações do
sistema (3.6) traduzem sistemas de n equações diferenciais de segunda ordem acopladas
entre si. Este sistema pode ser transformado num sistema de equações equivalentes
desacopladas utilizando a decomposição modal.
No domínio modal, uma linha polifásica de n fases pode ser separada em n modos de
propagação e cada um destes modos se comporta como uma linha monofásica. Desta forma,
pode-se dizer que, no domínio modal, uma linha polifásica pode ser representada como um
conjunto de linhas monofásicas, independentes umas das outras.
(A.7)
(A.8)
89
(A.9)
(A.10)
Para determinar a matriz [TV] para diagonalizar as matrizes [Z] e [Y] é necessário
determinar os valores e vectores próprios. A impedância característica associada a cada um
dos modos de propagação de uma linha de transmissão e a matriz de impedâncias
características no domínio modal são dadas por (A.11) e (A.12).
(A.11)
(A.12)
(A.13)
Deste modo, apenas é necessário calcular um deles. Assim, para o modo i, isto é para
a equação número i do sistema (A.10), obtém-se a equação (A.14).
(A.14)
(A.15)
(A.16)
90
Aplicando a transformada inversa à equação anterior obtém-se a solução no domínio
das fases dada pela equação (A.17) para qualquer ponto x compreendido entre as
extremidades emissão e recepção da linha.
(A.17)
onde e .
(A.18)
onde IF é a onda de corrente que se propaga no sentido directo, IB a onde de corrente que se
propaga no sentido inverso e YC a admitância característica da linha.
Segundo Carson [9], assumindo que os condutores estão inseridos num espaço
homogéneo e sem perdas, com permeabilidade magnética e permitividade dieléctrica iguais às
do vazio, os elementos da matriz das impedâncias série da linha poderão ser calculados com
base nas equações (A.19) e (A.20), que inclui termos correctivos relacionados com a
resistência e com a componente imaginária da impedância.
(A.19)
(A.20)
(A.21)
91
O parâmetro a depende da frequência f, da resistividade do solo ρ (Ω.m) e de uma
distância D. Esta distância é calculada de acordo com a teoria das imagens e toma o valor 2hi
para a equação (A.20) e tem o mesmo valor que a distância entre o condutor i e a imagem do
condutor k, para os elementos não pertencentes à diagonal principal.
(A.22)
(A.23)
(A.24)
92
condutores relativamente ao solo com a carga por unidade de comprimento dos mesmos,
segundo (A.25).
(A.25)
Assumindo que o dieléctrico não tem perdas, que o solo pode ser considerado uniforme
e com potencial nulo e que o raio de cada condutor, ri, é muito menor que as distâncias entre
os diversos condutores, os elementos da diagonal principal são calculados segundo (A.26),
sendo hi a altura condutores relativamente ao solo e ε0 a permitividade do dieléctrico.
(A.26)
(A.27)
De acordo com as equações anteriores, a matriz [P] é real e simétrica, tal como a
matriz das capacidades obtida através da inversão dos coeficientes de potencial, segundo a
equação seguinte.
(A.28)
(A.29)
A.3 Apoios
93
uniformes, pelo facto de serem estruturas que se encontram colocadas perpendicularmente ao
solo. A representação dos apoios por parâmetros concentrados apenas é valida se o tempo de
subida da corrente de descarga for muito superior ao tempo de propagação nesta estrutura.
Tendo em conta os valores típicos dos tempos de subida das correntes de descarga e as
dimensões físicas dos postes, a maioria dos modelos assume apenas o modo transversal
electromagnético (TEM) de propagação no campo eléctrico, desprezando-se quaisquer tipos de
radiação. No entanto, a necessidade de integrar modelos de apoios com as ferramentas
computacionais baseadas na teoria dos circuitos tem motivado o estabelecimento de modelos
equivalentes, mais ou menos complexos, baseados no conceito de linha de transmissão
vertical. Desta forma, as torres poderão ser representadas como linhas de transmissão
verticais, com uma impedância característica (impedância de onda) e uma velocidade de
propagação [11].
Em [2] é proposto que as torres sejam modelizadas com recurso a uma linha de
transmissão caracterizada por uma impedância característica de onda, tendo um tempo de
propagação dada pela equação (A.30).
(A.30)
94
As impedâncias da torre podem ser calculadas com base nas expressões
apresentadas de seguida, com as respectivas figuras, para as formas de torres mais comuns
[11].
Cilindro de Hileman
(A.31)
Cone de Sargent
95
(A.32)
Como h > r, a expressão anterior pode ser aproximada pela apresentada de seguida.
(A.33)
Cintura de Chisholm
(A.34)
onde,
(A.35)
(A.36)
96
Forma de H
(A.37)
onde,
(A.38)
(A.39)
Um dos modelos mais citados na literatura da especialidade é o proposto por Ishi et al.
[12], denominado por Multistory Tower Model. Devido à aplicabilidade a diversos tipos de
torres, o modelo desenvolvido por Hara et al. [13] apresenta-se como uma alternativa válida ao
modelo anteriormente referido.
97
Multistory Tower Model
(A.40)
(A.41)
(A.42)
98
onde corresponde ao coeficiente de propagação e ao coeficiente de amortecimento. Os
valores estipulados para o coeficiente de propagação encontra-se entre 0.7 e 0.8, sendo
normalmente utilizado o valor unitário para o coeficiente de amortecimento [11].
Figura A.6 – Representação gráfica do modelo por andares de Hara et al. [28].
99
(A.43)
(A.44)
Para casos específicos, a impedância de onda dos braços pode ainda ser calculada
considerando n condutores horizontais de raio rC, dispostos numa circunferência de geminação
de raio RG, sendo o raio equivalente determinado por (A.45).
(A.45)
(A.46)
Pode existir uma elevação da tensão aos terminais dos componentes de uma linha de
transmissão de energia eléctrica quando um cabo de guarda ou um condutor de fase é atingido
por uma descarga atmosférica. Se a descarga atinge a torre ou o cabo de guarda, então esta
deve ser conduzida para a terra e dissipada. A condução da energia dessa descarga para a
100
terra é da responsabilidade do eléctrodo de terra, isto é, grande parte da energia da descarga
atmosférica deve ser dissipada pelo eléctrodo sem provocar a elevação da tensão nos
componentes do sistema. A impedância depende da área da torre de aço ou do eléctrodo de
terra em contacto com o solo e da resistividade do solo.
Para transitórios rápidos, como é o caso das descargas atmosféricas, é necessário ter
em conta diversos aspectos que determinam a amplitude e a forma da onda de tensão que
surge na base da torre. Um dos aspectos mais importantes é a ionização do solo.
Os valores para o campo eléctrico crítico a partir do qual ocorre a ionização do solo,
encontram-se, aproximadamente, entre 300 e 400 kV/m. Em certos tipos de solo o valor do
campo eléctrico crítico pode atingir os 1000 kV/m [11].
101
Como já foi anteriormente referido, a ionização do solo provoca uma diminuição na
resistência de terra. A injecção de corrente no eléctrodo pode provocar a ionização do solo
circundante, no caso de se ultrapassar o valor do campo eléctrico crítico do solo. Nessas
regiões são formados canais de descarga com baixa impedância, sendo o valor da resistência
da zona ionizada reduzida a um valor desprezável. A resistência de terra de um eléctrodo
mantém-se num valor constante, determinado pela geometria do eléctrodo e pela resistividade
do solo até ocorrer a disrupção do solo. Após a disrupção, a resistência varia. A disrupção do
solo pode ser interpretada como uma alteração da geometria do eléctrodo. Para um eléctrodo
com a forma de estaca, a alteração de geometria pode ser representada de acordo com a
Figura A.7.
À medida que a ionização aumenta, a forma da zona torna-se cada vez mais esférica.
Quando o valor do campo eléctrico excede o campo crítico, ocorre a disrupção do solo e o
eléctrodo que apresenta uma forma em estaca pode ser modelada como um eléctrodo
hemisférico.
São propostas por [1] e [3], para um eléctrodo de terra formado por uma estaca, as
expressões (A.47) e (A.48) para contabilizar a variação da resistência de terra com a corrente.
(A.47)
(A.48)
(A.49)
102
As expressões (A.47) e (A.48) traduzem os efeitos que ocorrem na realidade, isto é, a
resistência de terra mantém-se no valor determinado pela sua geometria e pela resistividade do
solo até que se comece a dar a ionização, após se ter ultrapassado o campo eléctrico crítico no
solo. De salientar que este fenómeno acontece para pequenos valores de corrente. Após o
início da disrupção, a resistência decresce com o logaritmo da corrente até que a zona de
ionização se torne tão grande que a geometria original deixa de existir. Para correntes de
valores superiores a dependência da resistência com a corrente é a mesma da de uma esfera.
Os isoladores têm como objectivo o isolamento entre dois pontos com potenciais
diferentes. Nas linhas aéreas de transmissão de energia esta função é realizada através do
encandeamento de vários isoladores, permitindo, desta forma, o isolamento entre os
condutores de fase e os apoios metálicos que os suportam. No dimensionamento das cadeias
de isoladores são considerados os valores mínimos de diferença de potencial a suportar pelas
mesmas, normalmente o valor instantâneo entre uma fase e a terra, assim como as máximas
sobretensões esperadas, resultantes de regimes transitórios associados a manobras de
disjuntores e descargas atmosféricas, entre outros. Quando estas situações ocorrem, as
cadeias de isoladores podem ser submetidas a diferenças de potencial muito superiores às
registadas em regime normal de funcionamento.
103
As fases mais importantes em termos de modelização de uma descarga atmosférica
são o estabelecimento do canal ionizado e a propagação do traçador. O tempo total para
ocorrer um contornamento é dado pela equação (A.50).
(A.50)
(A.51)
onde E corresponde ao valor máximo do campo eléctrico verificado e E50 o campo eléctrico
correspondente à tensão para a qual a probabilidade de escorvamento é 50%, ambos em
kV/m. A partir da equação (A.52) é possível calcular o comprimento do traçador em função do
tempo.
(A.52)
em que u(t) é o valor absoluto da tensão aplicada à cadeia de isoladores, E0 o valor mínimo do
campo eléctrico médio que deve existir na parte do intervalo por cobrir para que a progressão
do líder se dê, ld o comprimento do intervalo, dg a distância entre duas extremidades da cadeia
de isoladores e K é um coeficiente do traçador, denominado por “gap factor”. A expressão
(A.52) traduz a evidência experimental de vl aumentar de uma forma inversamente proporcional
com o comprimento do intervalo ainda por cobrir (dg – ld).
104
Figura A.8 - Curvas tensão-tempo para comprimentos típicos de cadeias de isoladores, obtidas
através da equação (A.53).
Em [14] é proposta uma expressão para o cálculo das curvas tensão-tempo, que são
determinadas para ondas de tensão normalizadas do tipo dupla-exponencial 1.2/50 µs. A
expressão referida é apresentada de seguida.
(A.53)
onde U(t) corresponde ao valor máximo atingido pela sobretensão que provoca a disrupção.
105
106
Anexo B Dados Referentes à Linha de Transmissão
107
108
109
110
Anexo C Resistências de Terra
111
112
Anexo D Dados Referentes à Característica dos
Descarregadores de Sobretensões
113
114
Zinc Oxide Surge Arrester PEXLIM R
Superior where low weight, reduced clearances, flexible Nominal discharge current (IEC) 10 kApeak
mounting, non-fragility and additional personnel safety is
required. Discharge current withstand strength:
Major component in PEXLINKTM concept for transmission High current 4/10 µs 100 kApeak
line protection. Low current 2 000 µs 600 A peak
Mechanical strength:
Specified long-term load (SLL) 1 000 Nm
Specified short-term load (SSL) 1 600 Nm
Service conditions:
Ambient temperature -50 °C to +45 °C
Design altitude max. 1 000 m
Frequency 15 - 62 Hz
Um Ur Uc MCOV 1s 10 s 0.5 kA 1 kA 2 kA 5 kA 10 kA 20 kA 40 kA
kVrms kV rms kV rms kV rms kVrms kVrms kV peak kV peak kVpeak kV peak kV peak kVpeak kVpeak
123 90 72 72.0 103 99.0 186 193 202 220 234 262 299
96 77 77.0 110 105 198 206 215 235 249 279 319
102 78 82.6 117 112 210 218 229 250 265 296 339
108 78 84.0 124 118 223 231 242 264 280 314 359
120 78 98.0 138 132 247 257 269 294 311 349 398
132 78 106 151 145 272 283 296 323 342 383 438
138 78 111 158 151 284 295 309 338 358 401 458
144 78 115 165 158 297 308 323 352 373 418 478
145 108 86 86.0 124 118 223 231 242 264 280 314 359
120 92 98.0 138 132 247 257 269 294 311 349 398
132 92 106 151 145 272 283 296 323 342 383 438
138 92 111 158 151 284 295 309 338 358 401 458
144 92 115 165 158 297 308 323 352 373 418 478
170 132 106 106 151 145 272 283 296 323 342 383 438
138 108 111 158 151 284 295 309 338 358 401 458
144 108 115 165 158 297 308 323 352 373 418 478
More detailed information on the TOV capability and the protective characteristics are given in Publ. 1HSM 9543 13-01en.
1) The continuous operating voltages Uc (as per IEC) and MCOV (as per ANSI) differ only due to deviations in type test procedures.
Uc has to be considered only when the actual system voltage is higher than the tabulated.
Any arrester with Uc higher than or equal to the actual system voltage divided by √3 can be selected.
2) With prior duty equal to the maximum single-impulse energy stress (2.5 kJ/kV (Ur)).
Arresters with lower or higher rated voltages may be available on request for special applications.