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OW ensore me: 7 127.08 i | | ; Maria Célia Paoli 7 Maria Victoria Benevides- (xelt ORCTe eka acs POLICIA E CRISE POLITICA: CE ride [rele role M Talay ed De rend Marla emer Tey Copyright © Maria Célia Paoli, Maria Victoria Benevides, Pinheiro e Roberto da Matta. Capa: ‘Miguel Paiva Revisio: ‘Newton T. L. Sodré José E. Andrade Lay-out ¢ Diagramacao: ‘Jacob Levitinas Darece tref. EC e hee ; 6 saloy/are brasiliense editora brasiliense s.a. 01223 — r. general jardim, 160 so paulo — brasil 2 Paulo Sérgio Indice Apresentagao — Paulo Sérgio Pinheiro ...........4+ As Raizes da Violéncia no Brasil: reflexes de um antrop6- 16go social — Roberto Da Matta . 5 Violéncia e Espago Civil — Maria Célia Pinheiro Machado Paoli .. Policia e Crise Politica: o caso das policias militares — Paulo Sérgio Pinheiro : Linchamentos: violéncia e “justia” popular — Maria Vie toria Benevides . 7 ul 45 ST 93 fo 1 (pdgina 10) — A Policia Militar do Rio de Janeiro em acto (Ag. Foro 1 es (0 Globo). cma 2 (pdgina 46) — Violencia no estdio, durante o futebol (Coojomal, Fo? (eine 0 No Alves) s incidentes da Freguesia do O, em Sdo Paulo, em {Sab kancionaros do Estado em aco (Ag. JB, Jose Carlos Brasil). e = tentativa de fuga da Penitencidria Foto 4 (sécna 7 — Here Sao Paulo, em 1981 (fo, Mauricio Sio- neti). Foto 5 (pdgina 92) — Uma vit ° Ripper). Foto 3 (pdgina 36) — 1a do Esquadrio da Morte (Ag F4, J. R. Apresentacaio ““Ainda que consideravelmente melhorada, a poll- cia ndo goza de grande prestigio junto A populagio, sem divida por causa da lembranca de antigos abusos; 6 alids dificil conseguir que 0s policiais fagam uma dis- ‘ingdo perfeita entre a razdo e 0 erro, € sobretudo thes fazem falta 0 tato e a amenidade no trato.”" Essa era a imagem que um viajante francés, em 1912, registrava sobre a policia no Rio de Janeiro. Vinte anos depois outro observador insuspeito deixava entrever no ter havido grandes progressos: “A polfcia do Rio de Janeiro é indubi- tavelmente 0 elemento mais fraco dos servicos piblicos. ‘Mal pagos e sem preparagdo, o pessoal da forga policial € recrutado de maneira aleatoria. Como organizacio ela tem uma moral baixa, muitos de seus membros aceitam propinas quando oferecidas, ¢ recorrem a chantagem quando as propinas ndo so oferecidas. A situagio é sabi- da por todo o mundo desde o Ministro da Justiga ¢ In- terior, o Chefe de Policia até os chefes de servicos (...) No Brasil, certamente no Rio de Janeiro, 0 simples apelo & ‘protegao da policia’ é indtil — a ndo ser como prote¢ao contra a policia’’” Nao é nenhum difamador infiltrado (1) Paul Walle, Au Brésil de L’Uruguay au Rio S80 Francisco. Paris, E, Guilmoto Editeur, p. 34. (2) Harry'W. Broum, Q. M. Clerk, ‘Military Attaché, Brazil Absent", from M/A Brazil Report, n? 1335, october 11, 1934; Records of Department of State, RG 59,832.504/65, National Archives, Washington, D.C., USA. 8 Paulo Sérgio Pineiro no bom povo brasileiro ou um perverso intelectual, mas 0 proprio adido militar dos Estados Unidos da América do Norte, comentando a violéncia na represso a uma mani- festagio operdria pacifica em 1934. Para os dias de hoje no precisamos de nenhum abelhudo para nos convencer- mos de que a situag&o no mudou e, pior ainda, se agra- Seria, entretanto, ingénuo ¢ errado atribuir a ex- trema violéncia que caracteriza a sociedade brasileira & policia. Como se o aparelho de Estado fosse uma entidade ‘que pairasse descolada da populagto. A sociedade brasi- Ieira nao esta simplesmente submetida a violéncia: ndo & uma convivéncia incdmoda, mas, prética ¢ exigéncia. No basta também ficarmos nas excelsas alturas de uma so- hada homogeneidade dessa sociedade brasileira. Ja € tempo de, como diz. Roberto Da Matta, “‘discernir algu- ‘mas encarnagdes disto que chamamos de ‘violencia’, pois, ‘© fendmeno com todos 0s seus associados (e eu penso sobretudo na perversio, no pecado, no tabu, na crimina- lidade, no sagrado e na repressio) tem miltiplos aspectos e contornos, com facetas positivas e negativas”. Numa sociedade intensamente diversificada, como a brasileira, jé € hora de tentarmos dar conta dos diferentes signifi- cados e dos diversos contedidos da violéncia na estrutura de classes. regime autoritério instaurado em 1964, apesar de nao ter tido o dom da originalidade, levou ao paro- xismo praticas corriqueiras na hist6ria brasileira como & tortura, o desrespeito as garantias do cidado ¢ o enqua-

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