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TERCEIRIZAÇÃO - Esclarecimentos Necessários

CONTEXTUALIZAÇÃO

O cenário produtivo e de negócios vem sofrendo contínuas transformações que ampliam o grau
de competição entre as organizações, especialmente com a abertura de mercados. Diante disso,
as empresas buscam melhorias na gestão e avanços tecnológicos, o que possibilita oferecer
uma gama maior de produtos e serviços, com maior qualidade e menor preço. Isto permite o
acesso por uma camada crescente de consumidores dos diferentes níveis de renda, gerando
efetiva inclusão social.

Um exemplo claro são os serviços de telecomunicação móvel, que há poucos anos eram caros e
precários. Hoje, toda a população tem acesso à telefonia celular, com qualidade e custo reduzido
em comparação aos valores inicialmente cobrados.

Nesse contexto, foi necessário que as empresas direcionassem seus esforços no


desenvolvimento do modelo de negócio para obter melhoria de seu desempenho.

A terceirização (outsourcing) é uma solução que possibilita que se contrate empresas


prestadoras de serviços, permitindo incorporar melhor técnica e tecnologia, obtendo
produtividade e qualidade e diminuindo custos.

Trata-se de um círculo virtuoso, onde menos custo gera maior demanda e, portanto,
necessidade de maior investimento das empresas, criando-se também mais oportunidades de
emprego. Assim, há dois ganhos claros para toda a sociedade: mais inclusão social pelo
consumo e mais empregos.

Dessa forma, é imperativo reconhecer que a terceirização é muito importante para a


competitividade da Indústria. Sondagem Especial1 realizada pela CNI aponta que 54% das
empresas industriais contratam ou contrataram serviços terceirizados nos últimos três anos,
sendo que a participação dos trabalhadores terceirizados na Indústria é de 14%. Também foi
revelado que 46% dessas empresas teriam redução da competitividade sem a terceirização, e
que mais de 20% das indústrias (cerca de 80.000) seriam fortemente prejudicadas, o que
impactaria negativamente no nível de emprego.

1
Sondagem Especial CNI – Terceirização. Ano 7, nº 2, abril 2009, Brasília

Confederação Nacional da Indústria


DEFINIÇÃO

Refere-se à transferência de atividades para outras empresas, detentoras de melhor


técnicas e tecnologias. Isto permite que a contratante concentre e organize a
produção da melhor forma, focando-se nas atividades pertinentes para seu modelo
de negócio funcionar adequadamente, evoluindo em qualidade e produtividade,
reduzindo custos e ganhando competitividade.

Na terceirização é buscada a melhoria da qualidade, maior acesso à tecnologia e a


redução de custos. Sondagem Especial realizada pela CNI revela que 75% das
indústrias considera importante para a decisão de terceirizar a utilização de novas
tecnologias, 86% buscam a melhoria na qualidade para a decisão de terceirizar e
91% visam à redução de custos.

VANTAGENS PARA A CONTRATANTE VANTAGENS PARA A SOCIEDADE

» Concentração nos esforços estratégicos, com » Com a maior competitividade das empresas,
maior eficácia organizacional, melhor qualidade são necessários mais investimentos, gerando
de processos e produtos, maior produtividade e mais empregos e produtos com menor custo e
maior competitividade. maior qualidade.

Sustentabilidade
Empresarial
(Emprego, Renda,
Eficiência Investimento e
Desenvolvimento)

Qualidade Custo

Tecnologia
Inclusão Social
Especialização
(Mais acesso a
bens e Serviços –
Ex: Telecomunicações)
TERCEIRIZAÇÃO TANTO DA ATIVIDADE MEIO QUANTO DA ATIVIDADE FIM

Diante do vácuo legal sobre o tema, o Tribunal Superior do Trabalho editou há mais de 10 anos
a Súmula n. 331, que estabeleceu uma limitação à terceirização das atividades denominadas
“fim”, permitindo apenas a terceirização das atividades “meio”.

A inexistência de uma conceituação e possibilidade de verificação objetiva do que efetivamente


seja atividade meio e atividade fim causa insegurança jurídica e uma série de transtornos às
empresas, com fiscalizações e decisões judiciais extremamente discrepantes.

Contudo, difícil justificar o fato de ser permitida apenas a terceirização de atividades-meio. É


importante notar que várias vezes a decisão de terceirizar atividade-fim é determinante para
garantir eficiência e competitividade e, portanto, a sobrevivência do negócio.

Em todo mundo, a busca pela competitividade envolve o trabalho das empresas por meio de
redes de produção sólidas, otimizando-se a gestão do negócio e obtendo-se produto final com
maior qualidade e menor custo. A inexistência de marco legal para regular as transações nas
redes de produção é um elemento de insegurança jurídica e, portanto, inibidor de investimentos.

Contrato de
Meio e Fim Meio e Fornecimento
Fim

Meio e Fim

Meio e Fim Meio e Fim Produto

Contrato de
Terceirização
Meio e Fim Meio e Fim
ENTENDENDO A RESPONSABILIDADE NA TERCEIRIZAÇÃO

Um tema que suscita dúvidas e controvérsias nos processos de terceirização se refere à


responsabilidade da empresa contratante nas hipóteses de a contratada faltar com cumprimento
dos direitos trabalhistas dos seus empregados.

Dessa forma, é necessário efetuar alguns esclarecimentos:

Definições:

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA

Contratada Contratante Contratada Contratante

Trabalhador Trabalhador

» O empregado aciona, em conjunto, a » O empregado escolhe acionar a contratada ou


contratada e a contratante, na mesma ação a contratante, em conjunto ou isoladamente, a
trabalhista. seu exclusivo critério.
» Tendo o empregado êxito na ação, a execução » Movida a ação contra a contratante e tendo o
se inicia contra a empresa contratada. Não empregado êxito, a execução será direcionada
sendo localizados valores ou bens suficientes exclusivamente contra a empresa contratante,
da contratada, no mesmo processo o juiz do sem qualquer responsabilidade da contratada.
trabalho automaticamente passa a executar a
contratante.

Tanto na responsabilidade subsidiária quanto na solidária, a garantia para o trabalhador de que


terá seus direito assegurados é exatamente a mesma, já que a contratante será
responsabilizada caso a contratada não possua recursos ou bens suficientes.

A única diferença é que na responsabilidade subsidiária, necessariamente deverá se tentar


executar primeiro a contratada, em seguida a contratante. Entretanto, esse procedimento é
direto, visto que, não localizando valores ou bens suficientes da contratada, no mesmo processo,
sem necessidade de requerimento das partes, o juiz do trabalho automaticamente passa a
executar a contratante.
Assim, fica caracterizada a existência de celeridade para resolução das ações e satisfação do
crédito do trabalhador com a responsabilidade subsidiária, com segurança jurídica para a
empresa contratante.

Portanto, o primeiro ponto que fica claro é que não há prejuízo algum ao trabalhador.

Por outro lado, a responsabilidade solidária inviabiliza completamente o processo de


terceirização, por implicar em grande insegurança jurídica para o contratante.

O fato de o contratante poder ser acionado pelo trabalhador sem participação da contratada no
processo, mesmo tendo efetuado os pagamentos ajustados com regularidade, inibe qualquer
tentativa de terceirizar determinada atividade.

Em razão da contratante não ter a posse dos documentos que poderiam comprovar a
regularidade do cumprimento das obrigações dos pagamentos ao trabalhador (documentos
exclusivos da contratada), a terceirização se torna muito insegura, pois a contratada, não sendo
parte necessária em eventual processo trabalhista, não terá obrigação de apresentar
documentos.

A título exemplificativo, no caso de trabalhador por prazo determinado, a contratante poderia ser
condenada a pagar aviso prévio ou multa rescisória que não seriam devidos.

Do mesmo modo, pelo fato de a contratante não ter um histórico da saúde do trabalhador, como
exames admissional e periódicos, pode ter sua defesa prejudicada em ação trabalhista que
questione, por exemplo, indenização por dano material e moral em virtude de doença
ocupacional.

Não há razão para penalizar, injustificadamente, a empresa contratante que agiu de forma
correta.

Hoje funciona a responsabilidade subsidiária da contratante de serviços, conforme previsto na


Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho. Através dessa forma de responsabilidade as
contratadas mantêm-se compelidas a responder ações trabalhistas e, portanto, a cumprirem as
obrigações legais; as empresas contratantes têm sido induzidas a acompanhar o cumprimento
do direito dos trabalhadores e punidas quando não contratam regularmente; e os trabalhadores
estão protegidos, pois se a contratada não cumprir as obrigações, a contratante estará obrigada
a cumpri-las.
A Sondagem Especial citada revelou que 90% das grandes empresas que contratam serviços
terceirizados e 84% das médias fiscalizam o cumprimento das obrigações trabalhistas. Verificado
também que o cumprimento das normas de saúde e segurança no trabalho pelas contratadas
era acompanhado por 86% e 75% das grandes e médias empresas, respectivamente. Outros
47% das empresas entrevistadas relacionaram a possibilidade de formação de passivos
trabalhistas como um dos principais problemas enfrentados com a terceirização. Destaca-se
também que 46% das empresas que terceirizam declararam que teriam sua competitividade
reduzida, caso deixassem de utilizar serviços terceirizados. As conseqüências se refletiriam,
automaticamente, em enfraquecimento empresarial, em menos postos de trabalho e, enfim,
prejuízos para toda a sociedade.

REPRESENTAÇÃO SINDICAL PELA CATEGORIA DO PRESTADOR DE SERVIÇOS

A representação dos empregados da contratada pelo sindicato da categoria do prestador de


serviços se revela como a forma mais adequada para reger as relações de trabalho.

É impossível uma empresa terceirizada que atende a diversos tomadores de serviços praticar
salários distintos para a mesma função.

O mesmo funcionário pode terminar um serviço pontual em uma empresa e ir para outra realizar
o mesmo ou diverso serviço, não sendo possível a redução de salários e benefícios caso o
contrato coletivo da primeira tomadora seja divergente do vigente na segunda

CONDIÇÕES FUNDAMENTAIS PARA A TERCEIRIZAÇÃO

► Não confundir e não contratar serviços de terceirização como simples cessão de mão-
de-obra, que poderá ser interpretado como contratação por empresa interposta, e
configurar o vinculo de emprego dos empregados da contratada diretamente com a
contratante.

► Fiscalizar intensamente o cumprimento, pela contratada, das obrigações junto aos seus
empregados, para se evitar possíveis passivos.

► Necessário que seja assegurada pela contratada adequação do ambiente de trabalho


às normas de saúde e segurança no trabalho.

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Texto elaborado por Emerson Casali, Marcus Vinicius Mendes Mugnaini e Pablo Rolim Carneiro – Unidade de Relações do Trabalho e
Desenvolvimento Associativo, em 07/08/2009.

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