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Produzido por Produced by Almir Chediak a... = BUARQUE Idealizado, produzido e editado por Created, produced and edited by Almir Chediak tr Hee we BUARQUE 56 musicas contendo melodia, letra e harmonia (acordes cifrados) para violao e guitarra. 56 songs containing melody, lyrics and harmony (numbered chords) for acoustic and electric guitar. ™@ Todos os acordes cifrados estéo representados graficamente para violdo e guitarra. @ All numbered chords are represented graphically for acoustic and electric guitar. Volume 1 a" as etna EDITORA 4" edition Songbook (1 Chico Buarque Volume 1 Chico Buarque: © mestre da cangio / Chico Buarque: the master ‘of song Almir Chediak 6 Ocraque Chico / All-star Chico Sérgio Cabral 38 MUSICAS SONGS banda 388 Acalanto para Helena 231 ‘Afotoda capa 236 ‘Agora falando sério.« ‘Almanaque ‘Ano Novo ‘Annoiva da cidade Aostraeo vento. Apesar de voc’ . ARosa «+ AE pensei... Bancarrota blues Benvinda .. Bom conselho Cala a boca, Barbara Cantando no tors. Deixe a menina Desalento De volta ao Samba’: Ela e sua janela. Estagio derradeira Fantasia’... Geni e 0 zepelim . Grande hotel Hino de Duran Imo. Sr. Ciro Mont JImagina J6 passou Leve Mare lua . Meninos, eu vi. Nao existe pecado ao sui do equator”. Nao sonho mai Occio da terra . 168 O futebol att 155 Onde & que vocé estava. +159 Outra noite 0 Velho Frat Pedago de mim Pedro pedreiro. Realejo . 3 Retrato em branco e oreo Rio42 ... Samba e amor . 1187 Sem agicar 190 Seri que Cristina volta? 184 Sonhos sonhos so +193 Tango do covil . . 2197 ‘Tem mais samba - 200 Trapagas « eee 202 Uma cangio desnaturada.... 22. 204 Valsinha Vence na vida quem diz sim Vida... oa Discografia Discography .....-0220eseseverereereess Volume 2 Chicd Buarque: 0 mestre da cangio / Chico Buarque: the master ‘of song Almir Chediak . c O artista e 0 tempo / The artist and time José gue Guilherme Wisnik MUSICAS SONGS: Acorda amor ‘Armais bonita ‘ ‘Amando sobre 0s jomais ‘Anos dourados . A permuta dos sant Aquela mulher . ARita ‘As minhas meninas Assentamento AS vitrines Attelevi Barbara Biscate . Bom tempo Cagada . Cilice Cara a cara Cecilia . Giranda da bailarina . Cobra de vidro ....- ‘Como um samba de adeus Desencontro .... Dueto Feijoada compl Folhetim.... Fortaleza... Injuriado Iracema voou . Januria Lola. Meu reftdio Mil perddes .--- Moto-continuo (© meu amor O iiltimo blues Palavra de mulher ido alto... Passaredo . ‘Pelas tabelas Quando o carnaval chegar Romance ... Rosa-dos-ventos . SabI6 Loose eee Samba de Orly... Sem fantasia... 4+. Sentimental Sob medida Tanto amar . Teresinha : Todo o sentimento « ‘Uma menina Vai passar Valsa rancho Viver do amor Discografia Discography Basta um dia ‘Songbook (1 Chico Bus Volume 3 ‘Chico Buarque: o mestre da cangio / Chico Buarque: the master ‘of song Almir Chediak ; TOG ee Chico Buarque: criador ¢ revelador de sentidos / Chico Buarque: ‘ereator and revelator of meanings Adélia Bezerra de Meneses . .C) MUSICAS SONGS Ai, se eles me pegam agora... Amant, ninguém sabe Amor barato . ‘Ana de Amsterdam Angélica... ANG ofim - Até segunda-feira Avioleira ... Baticum ... Bemquerer .. 0+. Brejo da Cruz. Cho de esmeraldas - Cordio Cotidiano - De todas as manei Doze anos... Ela desatinow By te amo Flor da idade Homenagem a0 malandro « Joana francesa Juca... Las muchachas de Copacabana : Ludo real. ‘Mano a mano Meia-noite . Meu caro amigo Morena de Angola Nio fala de Maria... Nego maluco ..-.+. Noite dos mascarados . Nosso bolero Omatandro . O meu guri Qualquer cangiio Roda viva... i ‘Samba para Vinicius Secu fosse 0 teu patrio . Sobre todas as coisas. Suburbano corago . ‘Tanto mar . ‘Tempo e artista . ‘Tra as mflos de mim” ‘Trocando em mitidos .. Um chorinho Umas e outras Vai levando alsa brasil 4 Vooé niio ouviu 6c. b bbbbbbbbbbbdbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbobbbboboo Discografia Discography Volume 4 Chico Buarque: o mestre da cangio / Chico Buarqué ‘of song Almir Chediak . Entrevista — Fala, Chico Buargue 7 Interview — Talk to me, Chico Buarque ......... ae ; the master MUSICAS SONGS A Histéria de Lily Braun. ‘A mulher de cada porto Aris da porta. A volta do malandro . . Avoz do dono ¢ 0 dono da voz. Baiogue ......- Bastidores Beatriz ; Boi voador nio pode i Bye bye. B Bra Com agicar, com Construgio . Corrente . Deus the pague « Ela 6 dangarina - Bers Essa moga té diferente Fado tropical. Fica Futuros amantes Gente humilde Gota d'égua . Joo Maria. Levantados do chiio . Luacheia ... Madalena foi pro mar « Maninha .. . Morena dos olhos d'égua Morro Dois Irmiios . . Mulher, vou dizer quanto te amo Mulheres de Atenas . Na carreira Nicanor . © casamento dos pequenos burgues Ole, olf. ‘Otha Maria « Olhos nos otios O que seri — Abertura /A flor da Pele) TR flor da terra « Ovelho . Paratodos | Pivete . Quem fe viv, quem te vé Samba do grande amor Soneto ...-..+ Sonho de um eamaval Tanta saudade . ‘Tantas palavras « Tatuagem . Uma palavea « Vai trabalhar vagabundo 4 Shhbbbbot ae Xote de navegagao - Discografia Discography , Songbook [Chico Buargue [Capa e diagramagio ICover and Graphic Layout: Bruno Liberati e Chris Magalhdes each he Editor: * ech (1) Versiio/English Almir Chediak Translation: OPrijeto Ch hie Claudia Guimardes Project: oO de ‘Almir Chediak Pearesrecmest Nerval Goncalves / Raquel Zampil ()Revisdo de letras/Lyries Revision: Fatima Pereira dos Santos yosicao Grafica das ras/Music type-setter: (1) Composigao Gréfica das Letras/ Graphic Jomposition of Lyrics: ticia Dobbin )Assistentes de Produgio deste Songbook/ Songbook Production Assistant Brenda Ramos / Anna Paula Lemos ( Direitos de Edigso para Brasil/ Publishing rights fo Brazil: Lumiar Editora ~ R. Bardo d Bananal, 243 - CEP 21380- 330 — Rio de Janeiro, RJ Tel.: (21)597-2323 Home page: lumiar.com.br E-mail: lumiarbr@uol.com. Songbook (1 Chico Buargue Chico Buarque: o mestre da inha admiragdo por Chico Buar- que vem desde os anos 60, quan- do ouvi suas primeiras mtisicas no ridio. Lembro-me de ter ficado emocionado ouvindo cangées co- mo Tem mais samba, Sonho de um carnaval, Olé, old, Pedro pedrei- ro, A Rita, Quem te viu, quem te vé e A banda. Essas maisicas me marcaram muito, senti uma identificagio imediata, havia um estilo bem definido de compor. Tu- do era muito bem-acabado, mtisica e letra se encaixan- do, isto é, 0 som da palavra em integragdo absoluta com a miisica, uma caracterfstica marcante na obra de Chi- co Buarque. Por ser um compositor essencialmente can- cionista, talvez a melhor maneira de ouvi-lo seja em forma de cangdo: miisica e letra sempre juntas. Além de ser um mestre em unir esses dois elementos fun- damentais na miisica popular, Chico é também primo- Toso em harmonizar suas cangdes, habilidade que ele foi desenvolvendo com o passar dos anos Nessa época eu comegava a dar as minhas primei- ras aulas de violao e havia criado uma espécie de song- book particular para poder ensinar aos alunos. Chico Buarque era 0 compositor que tinha o maior nimero de misicas, o que jé demonstrava a minha enorme ad- miragio por ele. Sempre comprei todos os seus discos. Alias, é de se observar que muitos deles langados nos anos 60 e 70 tinham cinco ou seis misicas executadas nas rddios, tor- nando-o um dos compositores com 0 maior nimero de Sucessos nestes tiltimos trinta anos. E todos esses su- ‘cessos.aconteceram principalmente em fungao da qua- lidade de suas miisicas, que vao ao encontro do gosto popular. Chico é um dos compositores mais queridos e respeitados em todas as classes sociais, uma conquista que se deve niio s6 ao seu talento e carisma, mas, tam- bém, aos seus atos como cidadio. Na série Songbook, este é o que contém o maior ntimero de miisicas. So 222 cangGes divididas em qua- tro volumes, todas escritas exclusivamente para este trabalho e revisadas por Chico Buarque ou por seus parceiros, fazendo com que este Songbook seja o mais fiel possivel ao que Chico gostaria. Sérgio Cabral, escritor e jornalista; Adélia Bezer- ra de Menezes, professora de Teoria Literaria da USP eda Unicamp e autora do livro Desenho magico. Poe- 6 can¢do sia e politica em Chico Buarque; José Miguel Wis. nik, professor de Literatura Brasileira da USP, com- positor e mtisico; e seu filho, Guilherme Wisnik, quiteto ¢ miisico, colaboraram na elaboragio dos tex- tos deste Songbook. Os oito CDs do Songbook Chico Buarque lan- ¢ados pela Lumiar Discos contaram com a partici- pacdo de mais de 100 artistas da MPB, interpretan- do as 119 cangées escolhidas para este projeto, tor- nando-o assim o maior songbook realizado na mi- sica popular brasileira. Agradeco a todos aqueles que colaboraram direta ou indiretamente para a realizagdio deste trabalho. Almir Chediak Com Almir Chediak, 1999 ‘ve greatly admired Chico Buarque since the 60's, when I heard his very first songs on the radio. I remember feeling quite moved upon hearing songs such as‘Tem mais sam- ba, Sonho de um carnaval, Olé, old, Pedro pedreiro, A Rita, Quem te viu, quem te vé and A banda. They left their mark in me. The identification was immediate; there was a very de- finite way of composing. Everything was very well finished, music and words fitted perfectly into one another, which is to say, the sound of the words was completely integrated with the music, a remarkable characteristic in Chico Buarque. Since he is essen- tially a songwriter, perhaps the best way of listening to him is precisely in the form of song: words and Frederico Mendes ‘With Almir Chediak, 199 Songbook ( Chico Buarque Chico Buarque: the master of song music, always together. Besides being a master at Joining these two crucial elements of popular mu- sic, Chico also excels in harmonizing his songs, abi- lity he’s developed throughout the years. I was beginning to give guitar lessons at the ti- me and had created a sort of private songbook for my students, Chico Buarque was the composer with the greatest number of songs, which already sho- wed my great deference toward him. I’ve always bought all of his records. In fact, ma- ny of the ones released in the 60's and 70’s had five or six of their songs aired on the radio, ma- King him one of the composers with the greatest num- ber of hits in the past thirty years. These songs we- re big mainly due to their quality; they satisfy the public's taste. Chico is one of the dearest and most respected composers in all social classes, a suc~ cess that can be attributed not only to his talent and charisma but also to his actions as a citizen. In the Songbook series, this one contains the grea- test number of songs. There are 222 of them divided among four volumes, all of them transcribed exclusi- vely for this project and revised by Chico Buarque or by his pariners, making this songbook as close as pos- sible to Chico’s wish. Writer and journalist Sérgio Cabral; Adélia Be- zerra de Menezes, professor of Literary Theory at USP (University of Sado Paulo) and Unicamp (U- niversity of Campinas) and author of the book De- senho magico. Poesia e politica em Chico Buarque [Magical design. Poetry and Politics in Chico Buar- que]; José Miguel Wisnik, professor of Brazilian Literature at USP, composer and musician; and hi: son, Guilherme Wisnik, architect and musician, par- ticipated in the elaboration of the texts included in this songbook. The eight CDs of the Songbook Chico Buarque released by Lumiar Discos had the participation of over 100 Brazilian artists, performing the 119 songs included in this project-which makes it the biggest songbook ever produced in Brazilian po- pular music. I thank all of those who participated directly or indirectly in this project. Almir Chediak vs O hico Buarque de Hollan- da tinha dois sonhos: ser jogador de futebol —de pre- feréncia, um centroavante como Pagio, do Santos ~ ou can- tor de rédio. Chegou até a pensar em submeter-se a um teste, treinan- do no Juventus, de Sao Paulo, mas desistiu. Mal saiu da adolescéncia, porém, dew inicio a carreira de com- positor e cantor, sendo logo apon- tado como “a tinica unanimidade na- cional” e, trinta anos depois, esco- Ihido como o miisico brasileiro do século, segundo pesquisa da revis- ta IstoE. Trata-se de uma historia inteiramente vitoriosa, apesar das muralhas colocadas 3 sua frente pe- Ja ditadura militar e da sua falta de aptidio para conquistar popularida- de através de instrumentos que nao sejam as suas obras. Chico nunca procurou a publi- cidade. Quando se viu obrigado a apresentar-se em ptiblico, pelo me- nos nos primeiros anos, parecia en- trar no palco apenas por obrigagio. Naquela época, falou-se muito em “timidez”, mas coube ao seu pai, 0 historiador Sérgio Buarque de Hol- Janda, discordar do diagnéstico, num artigo escrito em 1968 para o pri- meiro mimero da revista Pais & Fi- thos: “De fato, meu filho nao € ti- mido. E bem diferente a imagem que temos dele. Trata-se de uma pessoa normal, alegre, sem problemas gra- ves de personalidade, Eu sei o que estou falando, Sou seu pai hé 25 anos”, escreveu Sérgio, que, por si- nal, acompanhou desde jovem a mé- sica popular brasileira, sendo ami- go de personagens como Pixingui- nha, Donga e Ismael Silva. Para mos- trar que Chico nada tinha de timi- do, lembrou ter sido ele 0 orador da Songbook craque Chi Chico Binaraue 8 _Songhook Chico Buargue Tom Jobim, Pixinguinha, Jodo da Baiana e Chico Buarque, 1967 quando se formou no curso » fez. 0 classico por- que achava que era um curso de mu- Iher): “Foi um discurso muito en- gragado, Todo mundo ri, Eo jeito dele. Nao procura jor- nalistas para dar entrevista — fo- ge deles, isso sim —, nunca per- correu emissoras de radio para pro- mover seus discos, quase no apa- rece na televisdo e quase entrou em pinico quando quiseram atri- buir-Ihe uma lideranga politica na luta contra a ditadura militar ¢ Glauber Rocha 0 classificou de ‘ nda esquerda”, No en- tanto, mesmo sem cortejar a po- pularidade poucos sao tao queridos durante tanto tempo do publico, em toda a hist6ria da mi- sica popular brasileira. O segredo de tanto éxito, sem d vida, € um s6: talento. Um talento muito especial para casar a letra com a mtisica e produzir algumas das mais belas pegas musi feitas no pais. Ea vocagao talvez possa ser explicada pela genética, j4 que Glauber Rocha o classificou de "Errol Flynn da esquerda” ele é sobrinho-neto do maestro Luts Moreira (1872-1920), autor de vé- rias operetas (a primeira delas composta quando tinha 15 anos de idade), parceiro musical do grande Paulino Sacramento ¢ teatral de nin- guém menos do que Artur de Aze- vedo e Bastos Tigre, e que morre- A ria em pleno paleo do Teatro Car- los Gomes, de batuta na mao, regen- do uma orquestra durante um ensaio. Carioca do bairro de Laranjeiras (Maternidade Sao Sebastidio), on- de nasceu no dia 19 de junho de 1944, Chico € o quarto filho de Ma- ria Amélia e Sérgio Buarque de Hol- landa, Aos 2 anos, mudou-se com a familia para Sao Paulo , aos 9, foram todos para Itilia, acompanhan- do Sérgio, que assumiu uma cadei- rada Universidade de Roma. “V6, vou para Roma. Quando eu yoltar, vocé ja deve estar morta, Mas nao se preocupe comigo nao, que eu vou ser cantor de ridio e, quando a s nhora quiser me ouvir, é s6 ligar 0 radio lé do céu”, foi o bilhete que deixou para a av Helofsa, Viveu dois anos na Itilia, onde estudou, e, na 9 Songbook ("1 Chicw Buargue Turma de formandos do Colégio Santa Cru: volta para Sao Paulo, felizmente, en- controu a av6 viva. Fez 0 curso de admissio no Externato No: nhora de Lourdes ¢ 0 gindsio e o cientifico no Colégio Santa Cruz, onde ganhou o apelido de Carioca. O gosto pela leitura comegou cedo, tanto que, antes de ingressar na uni- versidade, jé havia lido Tolstoi, Dos- toievski, Kafka, Mario de Andrade, Machado de Assis, José Lins do Re- 0, Graciliano Ramos e, principal- mente, Guimardes Rosa (em Pedro pedreiro, inventou a palavra pensei- ro. “Talvez inspirado em Guima- res", especulou 0 pai). Mas outras tendéncias marcavam sua adolescén- cia, Aos 14, 15 anos de idade, tor- nou-se muito religioso e chegou a integrar um grupo de cat6licos con- servadores chamados de Ultra- montanos. Comungava todos os dia © até deixou de jogar futebol. Foi 10 1962 membro também de outro grupo ca- t6lico, a Organizagao de Auxilio Fra- terno, que, durante o inverno, dis- tribuia cobertores para os mendigos abrigados na Estagao da Luz. Os pais, temendo o fanatismo do ga- roto, trataram de internd-lo duran- te alguns meses no colégio da ci- em Pedro pedreiro, inventou a palavia penseiro. dade de Cataguases, na Zona da Ma- ta, em Minas Gerais. No outro ex- tremo das tendéncias da juventude, foi preso por roubar um automdvel, apenas para dar uma passeio com amigos, na noite em que seus pais jantavam num restaurante, comemo- rando as bodas de prata. Sua irma Miticha foi quem o retirou da de- 4 policial. Quanto & musica, era ouvinte ass{duo de radio, sabia cantar tudo 0 que ouvia, principal- mente os sambas de Ismael Silva e de Ataulfo Alves, as mtisicas de c naval, além das que Vinicius de Mo- raes, amigo de Sérgio Buarque, can- taya.em sua casa. Chico gostava de imitar Paul Anka e Elvis Presley. Adorava também as mtisicas de Jac- ques Brel. Quando decidiu apren- der violdo, Miticha foi a sua pro- fessora. Aas 16 anos, ouviu Jodo Gil- berto pela primeira vez e passou a imaginar-se cantando e tocando vio- Kao como ele. Compds nessa épo- ca as suas primeiras mtisicas— uma delas com o nome de Anjinho de pa- pel ~ e, ainda no curso cientifico, antou pela primeira vez em puibli- co, num show realizado no Colégio anta Cruz, uma miisica de sua au- toria, Cancdo dos olhos Orador da turma na formatura do Colégio Santa Cr Sabendo que dico, engenheiro ou advogado, achou que poderia ser arquiteto, sen- do aprovado, em 1963, no vestibu- Jar da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Sao Paulo. Segundo confessaria mais tarde, escolheu aquele curso mais pelo urbanismo do que pela arqui- tetura, pois uma das manias que manteve a vida inteira é a de inven- tar cidades em seus desenhos. No fim do primeiro ano, 0 que mais 0 atrafa na FAU, porém, néo eram os estudos curriculares, mas as reunides os que também gostavam de tocar violao, realizadas no-bar do grémio da faculdade, sempre ani- madas pelas garrafas de cachaga le- vadas pelos estudantes. O grupo ti: nha até um nome: Sambafo. Veio o golpe de 1964, 0 grémio foi fechado e a FAU ficou sem a sua Jo queria ser mé- Songbook [1 Chico Buargue SP, 1962 nica atragao para Chico, que a abandonou de vez. Nada feliz com essa decisdo, sua mie teve 0 cui- dado de trancar a matricula, na es- peranga de que ele se arrependes se. “Quando vocé quiser voltar, a matricula estaré 14”, disse ela. Ele, © piiblico achou que ele imitava Juca Chaves. ndo tinha a menor vontade de voltar, pois, antes mesmo do gol- pe, ja pensava em trocar a faculda- de por um curso de ciéncias sociais ou de jornalismo. Mas nada disso era mais forte do que a paixao pe- Ja mtisica. Chico Buarque de Hol- Janda, que jé fizera uma tentativa de ser cantor de radio, apresentan- do-se num programa de novos di porém, 0 Gil- O publico achou que ele imitava Juca Chaves), Radio América imitando Jo: berto (um fracasso. apareceu pela primeira vez na te- levisdio em outubro de 1964, quan- do a TV Record gravou um show realizado no Colégio Rio Branco e que marcou a estréia do programa Primeira audigao, criado por Nil- ton Travesso, Joao Leo e Horacio Berlink. Chico cantou Marcha pa- ra um dia de sol, que seria a sua pri- meira miisica gravada (pela canto- ra Maricene Costa). Em novembro, seu nome estava nos cartazes que anunciavam 0 espeticulo Mens sana in corpore samba, de Valter Silva, o Picapau, produtor dos grandes shows realizados em Si0 Paulo e que serviram para langar e consagrar varios nomes de nossa musica, O show foi realizado no Tes tro Paramount e Chico participou da primeira parte, ao lado de Toqui nho, Taiguara e outros novatos. Na segunda parte, apresentaram-se Silvinha Telles e os conjuntos de Ro- berto Menescal e Oscar Castro Ne- ves. Em dezembro, Chico Buarque compos Tem mais samba para 0 es- petéculo Balango do Orfeu, pro- duzido por Luis Vergueiro. ‘stava iniciada a carreira do compositor e cantor Chico Buarque de Hollanda. Mais de compositor do que de cantor, jé que, sempre que po- dia, evitava apresentar-se em pibli- Co. Foi o que ocorreu em abril de 1965, quando concorreu com o samba So- nho de um carnaval ao | Festival de Miisica Popular Brasileira, promovi- do pela TV Excelsior. Quem cantou a miisica foi Geraldo Vandré. Mas, Jogo em seguida, a RGE 0 contratou foi ele mesmo quem cantou, num compacto simples, Pedro pedreiro e Sonho de um carnaval, Naquele mes- mo ano, foi contratado pela TV Re cord como um dos integrantes do pro- 11 Nara Ledo e Chico Buarque grama O fino da bossa e recebeu 0 convite de Roberto Freire para colo- car miisica nos versos de Vida e mor- te severina, de Joi Cabral de Me- lo Neto, para um espetéculo a ser apre: sentado no Teatro da Universidade C: {6lica de Sao Paulo (Tuca), sob a di- regio de Silnei Siqueira. No ano se- guinte, Morte e vida severina seria © grande vencedor do Festival Uni- versitério de Naney, na Franga, vit6- ria que proporcionou a Chico uma das maiores emogdes da sua vida mbém em 1966 fez miisica pa- raa pega Os inimigos, de Maksim Gorki, apresentado no Teatro Ofi- cina, e conheceu a cantora Nara Ledo durante um show na cidade de Cam- pinas. Encantada com 0 composi- tor, Nara tratou de gravar imediata- mente, num compacto, Olé, Olde Madalena foi pro mar. Em outubro 12 __ Songbook Chieo Buargue daquele ano, Chico Buarque de Hol landa tornou-se um nome popula- rissimo no Brasil, gragas ao suces- so de sua mtisica A banda, que di- vidiu com Disparada, de'Téo de Ba 10s e Geraldo Vandré, 0 primeiro lu- gar do Festival de Misica Popular da TV Record. A banda, interpre- "St uma barba postiga pudesse, colocaria tada por ele e Nara Leao no festi- val, foi a musica mais tocada no pais no segundo semestre de 1966, além de vender centenas de milhares de discos. A popularidade, tio ambicio- nada pelos artistas de um modo ge- ral, trouxe inconvenientes que dei- xaram Chico preocupado, pois aon de quer que fosse era abordado por jornalistas em busca de entrevistas ¢ admiradores com pedidos de au- t6grafos, abragos, beijos etc. Aca- bou a trangiiilidade. Apavorado com tudo aquilo, refugiou-se na Ba- hia, onde desabafou diante do fot6- grafo Valter Firmo: “Se eu pudes- se, colocaria uma barba postiga pa- ra que ninguém me reconhecesse.” Mudou-se para 0 Rio de Janei- 10 € foi logo convocado por Ant6- nio Carlos Fontoura ¢ Hugo Car- vana para um show na boate Arpege, ao lado do conjunto MPB- 4e da atriz e cantora Odete Lara. No show, pretendia apresentar a sua nova miisica, Zamandaré, mas a cen- sura vetou por pressio da Marinha, derou a letra desrespeito- que c sa ao almirante Tamandaré. No en- tanto, Chico fazia apenas uma brineadeira com a desvalorizagio Songbook Chico Buarque Cena da peca Roda viva, que provocou reacdes violentas por parte do Comando de Caca aos Comunistas, 1968 erescente da nota de um cruzeiro, que apresentava a efigie do patro- no da Marinha. Foi o primeiro gol- pe da censura contra o compositor. Em cinco dias, ele compds Noite dos mascarados para substituir Ta- ‘mandaré. Em 1966, a RGE lancou 0 seu primeiro LP, intitulado Chi- co Buarque de Holanda. No ano seguinte, ganhou o Golfinho de Ouro, prémio atribui- do pelo Conselho de Miisica Popu- lar do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro ao maior desta- que do ano anterior, prestou depoi- mento ao MIS (tinha 22 anos. Foi oma is jovem depoente de toda a historia do Museu) e chegou em ter- ceiro lugar nos dois grandes festi- na TV Re- cord, concorreu com Roda viva, que cantou ao lado do MPB-4, ¢ no Fes tival Internacional da Cangao, com Carolina, apresentada pela dupla Cynara e Cybele. “Muito prazer, eu vais de miisica do pa sou o Chico Terceiro”, dizia el brincando com a coincidéncia de resultados. Nada bem-humorada, porém, foi a receptividade de um rupo denominade Comando de Ca- ca aos Comunistas 4 sua pega Ro- da viva, um dos grandes éxitos tea- trais do ano: em Sao Paulo e em Por- to Alegre, o elenco foi agredido pe- los terroristas. Solidaria com o ter- ror, a censura decidiu proibir a apre- sentagiio da pega. Também em 1967 foi langado 0 LP Chico Buarque de Hollanda, volume 2. No inicio de 1968, Chico, Na- a Led e Vinicius de Moraes apre- sentaram-se no Teatro Vilaret, em Lisboa. Foi também o ano em que o compositor despedi dos festivais, participando de trés deles: na Record, seu samba Ben- vinda foi 0 vitorioso no juiri po- pular, mas, no jiri oficial, nao che- gou nem entre as cinco finalistas; na Bienal do Samba, também da Record, foi o segundo colocado com Bom tempo; e no Festival In- ternacional da Cangao, a mtisica vencedora foi Sabid, dele e de An- tonio Carlos Jobim, uma parceria que produziria varias obras-primas para a musica popular brasileir ARGE langou o disco Chico Buar- que de Hollanda, volume 3. Tam- bém naquele ano fez a misica do espeticulo Romanceiro da In- confidéncia, baseado na poesia de Cecilia Meirelles, com diregio de Flavio Rangel. As vésperas da as- sinatura do Ato Institucional n° 5 pela ditadura militar, Chico apro- veitou uma viagem a Cannes, on- 13 de participou da feira internacio- nal de discos denominada MIDEM, € permaneceu em Roma com a fa- mi Foi como um recomego da carreira, tendo de enfrentar difi- culdades para encontrar trabalho e aceitar cachés bem abaixo da- queles que recebia no Brasil. Mas gravou um disco e, durante 45 dias, atuou com o violonista To- quinho num show da legendaria Jo- sephine Baker, que se apresentou em varias cidades da Italia. Voltou ao Brasil em 1970, quando a sua nova gravadora, a Philips, langou o LP Chico Buar- que de Hollanda, volume 4. Em abril, fez um show na boate Su- cata com 0 conjunto MPB-4 e, em agosto, foi novamente para a Ité- lia, retornando em novembro. Um A censura é que parecia querer destruir a sua obra compacto simples com Desa- lento e Apesar de vocé, langado no final do ano, foi apreendido pe- la policia, embora tenha sido li- berado pela censura. No ano se- guinte, o samba Bolsa de amores — uma letra bem-humorada na 6poca da explosio da Bolsa de Va- lores -, que Chico compés espe- cialmente para o veterano cantor Mario Reis, foi vetado pela cen- sura. Em setembro, fez. um show no Canecio com 0 MPB-4 ¢ 0 maestro Isaac Karabtchevsky. No fim do ano, foi langado 0 LP Construgdo. Sua estréia no cine- ma ocorreu em 1972, cantando atuando como ator no filme Quando 0 carnaval chegar, de Ca- cd Diegues, ao lado de Nara Leao, Maria Bethania, Hugo Carvana outros. “Nao me considero um bom ator. Ao contririo, sou mui- Songbook () Chico Buarque to canastrio”, foi a sua autocri- tica. Em novembro, ele e Caeta- no Veloso fizeram no Teatro Castro Alves 0 memordvel show eternizado em disco. A censura é que parecia que- rer destruir a sua obra, A pega Ca- labar, 0 elogio da traigao, escri- ta por ele e Ruy Guerra, foi proi- bida, em 1973, pelo proprio dire- NB/Evandho Teer Chico Buarque e Ruy Guerra langam 0 livro Calabar na PUC tor-geral da policia federal, ape- sar de jé ter sido liberada com cor- tes, Chico recorreu ao Tribunal Fe- deral de Recursos, que manteve © veto sob a alegagdo de que a obra fazia “apologia a traigo, distor- cendo de maneira capciosa os fa- tos hist6ricos”. Para agravar a si- tuaco, os jornais e as emissoras de radio e TV foram proibidos de noticiar o veto a pega. E 0 disco programado para sair com o titu- lo de Chico canta Calabar teve de ser chamado de Chico canta. Na- quele ano, ele também foi pro bido de cantar Célice (dele e de Gilberto Gil) num show promo- vido pela Philips em Sao Paulo. Em outubro, foi detido por sete po- liciais depois de um show no Tu- ca em que o puiblico cantou Ape- sar de voce. A policia 0 acusou de ter provocado 0 coro ao des- pedir-se do ptiblico dizendo que “amanha serd outro dia”. Enfim, a censura era to violenta que, em 1974, Chico Buarque de Hollan- da foi obrigado a gravar um dis- co, Sinal fechado, com miisicas de outros compositores. Para ludibriar censores, inventou uma dupla de compositores, Leonel Paiva e A pega Calabar foi proibida em 1973 Julinho da Adelaide, para assinar © seu samba Acorda amor. Apre- sentou-se com Maria Bethinia no Canecio, num show que também Pproporcionou o langamento de um disco gravado ao vivo. Em 1975, recebeu uma carta da figurinista Zuzu Angel, cujo filho fora assas- sinado pela ditadura, anunciando a sua propria morte “por aciden- te ou num assalto”. Os jornais fo- ram proibidos de publicar a car ta, Pouco depois, ela morria num “acidente” na sada do tunel Dois Irmaos, hoje, ttinel Zuzu Angel. Chico dedicou a ela a cangio An- gélica, dele e Miltinho do MPB- 4. O show Tempo e contratempo, reunindo ele e MPB-4, foi prova- velmente 0 tinico espetaculo bra- sileiro a ter um cenério (de auto- ria de Hélio Heichbauer) proibi- do pela censura. A gravagdo do Cena do filme Quando 0 carnaval chegar, de Caed Dic show também foi proibida de sair em disco. A pega Gota d’dgua, es crita por ele e Paulo Pontes, lo- {ou os teatros e deu 0 Prémio Mo- ligre para os autores. Estes recu- saram-se a recebé-lo. A pega nio concorreu com Rasga, coracao, de Oduvaldo Viana Filho, e Abajur lilds, de Plinio Marcos, que este yam proibidas pela censura. “Nao seriam melhores do que Gora d’é- gua?”, alegaram Chico e Paulo. Em 1976, foi langado o LP Meus caros amigos, seu disco de maior vendagem até entdo. Apre- sentou-se em Roma, no Teatro Sis- tina, num show que recebeu elo- gios de toda a imprensa italiana Em 1977, langou a versio bras: Ieira de Os saltimbancos, de Sergio Bardotti e Luiz Enriquez, € ficou detido durante 10 horas pela policia com o escritor Anté- nio Callado, no aeroporto, quan- Songbook Chico Buargue do voltavam de Cuba. No ano se- guinte, quando a Philips langou 0 LP Chico Buarque, foi exibida a sua pega Opera do malandro, mais tarde adaptada para o cine- ma. As misicas do espetéculo fo- ram reunidas em disco langado em 1979, Em 1980, quando Chico foi focalizado no documentirio de Mas a bomba explodio no colo de um deles, matando-o longa metragem, Certas palavras, de Mauricio Beru, saiu 0 seu dis- co Vida. No dia 30 de abril de 1981, Chico Buarque de Hollan- da foi um dos milhares de brasi leiros que escaparam de morrer no Riocentro, em conseqiléncia da explosio de uma bomba coloca- da por dois militares. Mas a bom- ba explodiu no colo de um dele: matando-o ¢ deixando o outro muito ferido, Bomba no Brasil, Prémio Luigi Tenco na Italia, atr buido por um jtiri de criticos e mé- sicos, com a seguinte justificati- va: “Sua inspiragio e a riqueza musical de sua poesia fazem de- le um autor de altissimo empenho social e de profundo valor huma- no, vinculado a cultura mais vi- va do seu pats A partir de 1983, comecou a ser divulgada em disco a sua obra em parceria com Edu Lobo. Naquele ‘ano, apresentou-se no Canecao com © compositor e cantor cubano Pa- blo Milanes e, em seguida, no E pace Balard, grande sala de con- certo ao sul de Paris. O ministro da Cultura da Franga, Jack Lang, condecorou-o com a Comenda de Cavaleiro das Artes e Letras. Em 1984, ano do LP Chico Buarque, 15 Songbook |) Chico Buargue Homenageado pela Mangueira no carnaval de1998 da gravadora Ariola/Barclay, Chi co cantou para 55 mil pessoas no estddio Centenario, de Montevidéu. Em 1986, passou a apresentar um ma na TV Globo, ao lado momentos” do programa foram reunidos em disco pela Som Li- vre. Em 1987, saiu 0 LP Francis- co, pela Ariola, e, em 1988, bateu todos os recordes de bilheteria nu- ma temporada de shows que co- megou no Canecao e foi apres: tada em Sao Paulo, Sao Lufs, Re- cife, Salvador, Niterdi, Vit6ria, Juiz de Fora, Espanha, Holanda, Por- tugal, Campinas, Araraquara, So- * 16 rocaba e novamente Rio e Sao Pau- lo. Recebeu 0 Prémio Shell por t sido apontado por uma comis: julgadora como o mais importan- te nome da misi ca popular brasi- leira naquele ano. Em 1989, ano em que saiu mais um disco intitulado Chico Buar- que, da BMG, apresentou-se no Festival Internacional de Jazz de Amiens, na Franga nith, em Paris, num show que foi e no Le Ze- gravado e langado em disco no ano seguinte, Langou em 1991 0 livro storvo, que seria traduzido em v: rias linguas, e participou do Fes- tival de Montreux com a familia Caymmi, Milton Nascimento ¢ Gz Costa. No ano seguinte, compo Piano na Mangueira com Anto nio Carlos Jobim, homenagead mba E tagdo Primeira. Uma fratura no tor no enredo da Escola de S: nozelo direito, com implicagoe nos ligamentos, afastou-o por un bom tempo do futebol, mas nao im pediu que assinasse 0 manifest encabecado por Barbosa Lima So brinho pedindo 0 impeachment d Fernando Collor. Em 1993, seu dis co Paratodos (BMG-Ariola) ba teu novos recordes de venda, En maio, deu inicio no Nordeste : uma nova temporada de shows que percorreu 0 Brasil e foi at Portugal. Em Paris, apresentou se no Olympia com 0 Trio Espe ranga, cujas integrantes (Regina Marisa e Evinha) j4 moravam n: 4 varios anos. O show Pa cidade ratodos estreou no Canecao en janeiro de 1994 e percorreu va rias cidades brasileiras. Em junh daquele ano, Chico Buarque er motivo de duas exposigoes: n Castelinho do Flamengo, cerca d 80 fotos e videos, e no Museu Na cional de Belas-Artes, inspirou 4 desenhos de cartunistas. E 1995, saiu pela BMG 0 disco Um palayra. E, no mesmo ano, mai: um livro: Benjamim Em 1998, a Escola de Samb: Esta . que havia 1 anos nao chegava em primeiro lu le, ganhou o carnava cdo Primeira gar no des com o enredo Chico Buarque d Mangueira. No fim do ano, sai 0 disco As cidades. Em janeiro deu inicio no Canecio a uma no va temporada de shows pel Br sico do século vista IstoF. Ie recebeu o titulo de “o mt conferido pela re Sérgio Cabra Cee hico Buarque de Hollan- da had two dreams: to be a soccer player —prefera- bly a center forward like Pagdo, from the Santos team — or a radio singer. He actually thought about trying out for a team. He trai- ned with Sao Paulo's Juventus but gave up. However, he'd barely left adolescence when his career as com- poser and singer began, only to be acclaimed “the only national una- nimity” soon after. Thirty years la- ter, he was chosen Brazilian musi- cian of the century, according to a poll taken by IstoE magazine. His happens to be a completely winning story, in spite of the walls erected before him by the military dictators- hip and his lack of aptitude to gain popularity through instruments be- sides his own work. Chico has never sought publi- city. When he felt compelled to per- form in public, at least in the first few years, he seemed to go onsta- ge out of pure obligation. In tho- se days, his “shyness” was cons- tantly mentioned, but it was up to his father, historian Sérgio Buar- que de Holanda, to disagree with this diagnosis in an article writ- ten in 1968 for the first issue of Pa & Filhos, a magazine addressed to parents: “My son is not shy. He is actually quite different from the image we have of him. He is a nor- mal, happy guy, with no serious personality problems. I know what I'm talking about. I've been his dad for 25 years,” wrote Sérgio who, incidentally, kept up with Brazilian popular music since his youth and was friends with notables such as Pixinguinha, Donga and Ismael Sil- 18 ___ Songbook (1 Chico Buaryue Allstar Chico With Bob Marley, 1981 va. In order to demonstrate that Chico was not at all shy, he remar- ked he'd been class speaker upon graduating from high school with an emphasis on sciences (he did- n'topt for an emphasis on classics because he believed that was for women): “It was a very funny speech. Everyone laughed. That's just him. He doesn't seek out journalists to give interviews — he actually runs away from them. He never made the rounds in ra- dio stations to promote his records. He rarely appears on television and almost panicked when people wanted to confer a political lea- dership on him during the strug- gle against the military dictators- hip. Filmmaker Glauber Rocha dubbed him “the Errol Flynn of the left”. However, without ever cour- ting easy popularity, few have been as dear to the public for such a long period in the entire history of Bra- silian Popular Music. The secret of such success is, un- doubtedly, a single one: talent. A ve- 19 special talent to match words and music and to thus produce some of the most beautiful pieces ever writ- ten in this country, Maybe genet can explain his calling since his great-uncle was maestro Luts Mo- reira (1872-1920), author of various operettas (the first of them written Gaiveppoeras dubbed im: "ihe Erel Flynn of the lef’ when he was 15), musical partner of the great Paulino Sacramento and theatre partner to none less than Ar- tur de Azevedo and Bastos Tigre. He died onstage at the Carlos Gomes Theatre, baton on hand, conducting an orchestra during practice. Bor in Rio, in the neighborhood of Laranjeiras (at the So Sebas- igo Maternity Hospital) on June 19, 1944, Chico was the fourth child of Maria Amélia and Sérgio Buarque de Holanda, At age 2, he moved with his family to Sdo Paulo and at 9 the whole family went to aly to accompany Sérgio, who took a tea- ching job at the University of Ro- me. “Grandma, I’m going to Ro: me. You'll probably be dead by the time I get back. But don't worry about me because I’m going to turn into a radio singer and whenever you want to listen to me, all you ha- ve to do is turn on the radio up in heaven." He left Grandma Helot- Songbook Chico Buarque sa that note. He lived in Italy for two years, where he attended school. Fortunately, when he retur- ned to Sao Paulo, his grandma was still alive. He took the preparato- ry course for secondary school ad- mission at the Our Lady of Lour- des day-school and attended mid- dle and high school, with an em- phasis on sciences, at the Santa Cruz Graduation from Santa Cruz School, school, where his nickname was Ca- rioca [designation given to anyo- ne born in Rio]. Reading became a passion at an early age, so much so in fact that before university he'd already read Tolstoy, Dostoyevsky, Kafka, Mario de Andrade, Macha- do de Assis, José Lins do Rego, Gra- ciliano Ramos and, particularly, Guimaraes Rosa (in Pedro pedrei- ro, he made up the word penseiro [something along the lines of thin- ker]. “Perhaps inspired in Guima- ", speculated his father). But other tendencies marked his ado- lescence. Around ages 14, 15, he be- raes came extremely religious and even joined a group of conservative Ca- tholics denominated the Ultra- ‘montanes. He took Communion eve- ry day and even stopped playing soc- cer. He was also a member of ano- ther Catholic group, the Organiza- tion of Fraternal Aid that distribu- ted blankets to beggars that sought shelter at the Luz train station du- io Paulo, 1962 ring winter. His parents, fearful of the boy's fanaticism, enrolled him in a boarding school in the city of Cataguases, in the state of Minas Gerais. In the other extreme of ju- venile tendencies, he was arrested for stealing a car. His sole inten- tion had been to go for a ride with his friends on the night his parents had gone out to a restaurant to ce- lebrate their twenty-fifth anniver- sary. Sister Miticha got him out of the police station. As for music, he was a diligent listener and could sing everything he heard, particularly the sambas written by Ismael Silva and Ataulfo Alves, carnival songs and the songs Vinicius de Moraes ~ a friend of Sérgio Buarque's — sang at his house. Chico liked to imita te Paul Anka and Elvis Presley. He also loved Jacques Brel’s song. When he decided to learn to play the guitar, Miticha was his instruc- tor, At 16, he heard Jodo Gilberto for the first time and started ima- gining himself singing and playing the guitar like Jodo. During this pe- riod, he composed his first songs one of them was called Anjinho de papel. He sang in public for the first time while he was still in high school, at a show that took place at the Santa Cruz School, The song in question was written by him and was called Cangio dos olhos. Certain that he did not want to be a doctor, an engineer or a lawyer, he thought he might want to be an architect and passed the 1963 col- 20 Songbook [~ Chico Buarque lege entrance examination for Uni versity of Sao Paulo's School of Ar- chitecture and City Planning (FAU). As he'd confess much later, city plan- ning weighed more in his choice than architecture, since one of his favo- rite pastimes has always been dra- wing imaginary cities. However, af- Chico liked to imitate Paul Anka and Elvis Presley. He also loved Jacques Brel ter his first year at school, the most attractive thing about FAU were not the curricular studies but the get- togethers with friends who also li- ked to play the guitar at the univer- sity's student center — always en- livened by the bottles of cachaga they took. The group had a name: Sam bafo [a mixture of samba and ba fo, alcoholic breath]. Then came the 1964 coup. The student center was closed and FAU lost its only attraction to Chico, who leftit for good. Not at all happy with that decision, his mother was ca- reful enough to withdraw him hoping he'd change his mind someday. “When you want to go back, your registra- tion will still be valid,” she told him. However, he had no desire 10 go back for, even before the coup, he'd been thinking about trading the uni: versity for classes in social scien from his courses ces or journalism, But none of that was stronger than his passion for music. Chico Buarque de Hollan- da, who had already taken a shot at being a radio singer in a pro: gram for new talents at Rédio Amé- rica with a Jodo Gilberto imitation (a fiasco, the public thought he was imitating Juca Chaves), appeared on TV for the first time in October 1964. It happened when TV Record | taped a show at the Rio Branco school, which marked the launching of Primeira audigdo [First audition ], 4a program created by Nilton Tra- sso, Jodo Ledo and Hordcio Ber- link. Chico sang Marcha para um dia de sol, his first song to be re- corded (by singer Maricene Cos 1a). In November, his name was on the posters announcing Mens sa- main corpore samba, a show orga- nized by Vélter Silva — better known ‘as Picapau ~ producer of So Pau- {o's greatest shows, that served to launch and establish many impor: tant names from Brazilian music It was held at the Paramount Theatre and Chico participated in the first part, with Toquinho, Tai- guara and other newcomers. The ‘second half was dedicated to Sil- vinha Telles and Roberto Menes- al’ and Oscar Castro Neves” bands. In December, Chico Buar- composed Tem mais samba for ‘the show Balango do Orfeu, pro- wed by Luts Vergueiro. ___ Songbook = Chiso Busrive Thus began the career of com- poser and singer Chico Buarque de Hollanda. Actually, the composer's more than singer's, since he avoi- ded playing in public as much as he possibly could. That's what hap- pened when he participated in the 1 Festival of Brazilian Popular Mu- sic — organized by TV Excelsior — held in April 1965, with the sam- ba Sonho de um carnaval. Geral- do Vandré sang it. But soon after, he was signed by RGE and sang Pe- dro pedreiro and Sonho de um car- naval on a single. In that same year, he was hired by TV Record as one of the participants of the O fino da bossa program and was invited by Roberto Freire to compose the mu- sic for Jodo Cabral de Melo Neto's verses in Morte e vida severina — that would be performed at the thea- "IF | could, I'd put on a fake beard so no one could recognize me” tre of the Catholic University of Sao Paulo (Tuca), directed by Silnei Si- queira. The following year, Morte e vida severina would be the great winner of the Nancy University Fes- tival, in France, one of the greatest thrills of Chico's life. In 1966, he also composed the music for Maksim Gorki’s play Os inimigos [The enemies], shown at the Teatro Oficina. He met singer Nara Leao during a show in the ci- ty of Camonas. Charmed by the composer, Nara decided to record 4a single with Olé, Olé and Mada- Jena foi pro mar. In October of the same year, Chico Buarque de Hol- landa became an extremely popu- lar name all over Brazil thanks to the hit A banda, that shared the first place of TV Record’s Festival of Brazilian Popular Music with Dis- parada, by Téo de Barros and Ge- raldo Vandré. A banda, sung by Chi- co and Nara Leao at the festival, was the one Brazilian song to get the most airplay in the second se- mester of 1966. It also sold hun- dreds of thousands of copies. Po- pularity, so greatly craved by ar- tists in general, brought inconve- niences that greatly worried Chi- co. Wherever he went, he was ap- proached by journalists asking for interviews and fans asking for au- tographs, hugs, kisses, etc, That was the end of his peace and quiet. Ter- rified by all of that, he took refu- ge in Bahia, where he confessed to photographer Valter Firmo: “If 1 could, I'd put on a fake beard so no one could recognize me.” He moved to Rio de Janeiro and was immediately called by Anto- nio Carlos Fontoura and Hugo Carvana to do a show at the Arpege nightclub, along with MPB-4 and actress/singer Odete Lara. He intended to launch a new song at the show, Tamandaré, but 21 Songbook | Chico Buarque it was censored due to pressure from the Navy, that considered th lyrics disrespectful do Admiral Te mandaré. Yet, Chico was only ma king a pun with the devaluatio of the one-cruzeiro bill, emblaze ned with the figure of the Navy patron. It was the first blow th composer received from censors He composed Noite dos mascara dos in five days as a substitute fo Tamandaré, In 1966, RGE relea sed his first LP called Chico Buat que de Hollanda. He received the Golfinho de Ou 10 the following year, awarded by the Popular Music Council of Rie de Janeiro’s Museum of Image ane Sound (MIS) to the previous year’s most noteworthy name. He made é Statement at the MIS (he was 22 the youngest deponent in all the mu seum’s history) and came in thire in the country’s two greatest mu sic festivals: TV Record’s, in which he participated with Roda viva, sung with MPB-4, and the International Song Festival, with Carolina, per- formed by the duo Cynara and Cy- bele. “Nice to meet you, I'm Chi- 0, the third,” he used to say, joking about the coincidental results. The receptivity of his play Roda viva one of the year’s greatest theatri- cal hits in both Séo Paulo and Po) to Alegre ~ by a group named Com- munist Hunt Commando, was not quite as good-humored. The cast was attacked by terrorists. Sympathetic to terror, the censors decided to ban the play. Still in 1967, the LP Chi- co Buarque de Hollanda, volume 2 was released. In the beginning of 1968, Chi- co, Nara Leao aind Vinicius de Mo- raes performed at the Vilaret A Theatre, in Lisbon. It was also the Chico Buarque leaving DOPS (Brazilian Political and Labor Police) after giving year the composer bade farewell 4 statment upon his return from Lisboa, 1978 10 festivals, taking part in three 22 of them: at Record, his samba Benvinda won by popular jury vo- te but, according to the official ju- 1, didn't make it among the fi- ve finalists; at the Samba Bien- nial, also at Record, he came in second with Bom tempo; and at the International Song Festival, the winning song was Sabid, written by him and Antonio Car- los Jobim — a partnership that would produce a number of mas- terpieces for Brazilian Popular Music. RGE released Chico Buar- que de Hollanda, volume 3. In that same year, he wrote the music for Romanceiro da Inconfidéncia, based on the poetry of Cecilia Meirelles and directed by Flavio Rangel. On the eve of the signing of Institutional Act number 5 [which gave full powers to the Executive, which is to say, the mi- litary] by the military dictators- hip, Chico took advantage of a trip fo Cannes, where he would par- ticipate in an international record fair called MIDEM, and stayed “in Rome with his family. It was like starting his career all over ‘Again, struggling to find work and ‘being paid much less per gig than iin Brazil. But he recorded an al- mand worked for 45 days with witarist Toquinho for the legen- Josephine Baker, who tou- id various Italian cities He came back to Brazil in 1970, mm his new label Philips, relea- Chico Buarque de Hollanda, flume 4, In April, he played at Sucata nightclub with the PB-4 group and went back to ly in August, coming home in rember. The police seized a sin- ‘with Desalento and Apesar de , released at the end of the i; although it had been clea- iby the censors. The following Songbook "| Chico Buaraue Chico Buarque and the Songbook [- Chie Buargue Chico, Maria Betha year censors forbade Bolsa de amores ~ good-humored lyrics written during the boom of the stock exchange ~ that Chico com- posed especially for old-timer Ma- rio Reis. In September he played at Canecdo with MPB-4 and maestro Isaac Karabtchevsky. In the end of the year, the LP Cons trugao was released. He had his film debut in 1972, singing and performing as an actor in Cacé Diegues’ Quando o carnaval che- gar, along with Nara Ledo, Ma- ria Bethania, Hugo Carvana and others. “I don't consider myself 4@ good actor: On the contrary, 'm quite mediocre,” was his self-cri- tique. In November, he and Cae- tano Veloso played at the Castro Alves Theater, a memorable show eternalized on record. 24 But the censors seemed to want to destroy his work. Although it had been approved with cuts, the play Calabar, 0 elogio da traigao (Ca- labar, a eulogy to treason}, writ- ten by him and Ruy Guerra, was banned by the general director of the federal police personally, in 1973. Chico appealed to the Fe But the censors seemed to want to destroy his work deral Court of Appeals that main- tained the ban claiming that the work “defended treason, distorting historical facts in a captious man- ner”. To make matters worse, newspapers, TV and radio stations were not allowed to report on the prohibition. Furthermore, the re- Nara Leao and Hugo Carvana on location for the film Quando 0 carnaval chegar, 1972 cord scheduled to be released with the title Chico canta Calabar [Chi- co sings Calabar] had to be cal- led Chico canta [Chico sings]. In that same year, he was forbidden to sing CAlice (written by Gilber- to Gil and himself) in a show spon- sored by Philips in Sao Paulo. In October, seven policemen arrested him after a show at the Tuca thea- ter in which the audience sang Ape- sar de vocé [In spite of you). The police accused him of having in- cited the chorus when he said good- bye to the public by saying “tomor- row will be another day.” Finally, censorship became so implacable that, in 1974, Chico Buarque de Hollanda was obligated to record an album, Sinal fechado [Red light], with songs written by oth- er composers. As a way to dupe Gaetano, Gil and Chico, 1985, 20th anniver ensors, he made up a duo of com posers, Leonel Paiva and Julinho da Adelaide ‘Acorda amor. He performed with to sign the samba Maria Bethania at Canecao, in a Show that also provided the relea- ie of a live album. In 1975, he re- (eived a letter from designer Zu- muAngel, whose son had been mur- dered by the dictatorship, announ- ting her own death dent or robbery”. The newspapers Wwere not allowed 10 publish the let- ler. Some time later, she died ina ear “accident” as she left the Dois Inndos Tunnel, now called Zuzu An- el. Chico dedicated the song An- BElica 10 her, written by him and Miltinho from MPB-4. The show Tempo ¢ contratempo, reuniting him with MPB-4, was probably the ‘only Brazilian music show to ha in an acci- Chico Buarque Songbook ve a stage set censored (it was do- Hélio Heichbauer). The show's release on record was al- ne by so prohibited. The play Gota ds gua, written by him and Paulo Pon- tes, crowded theatres and gave the Molidre theatre prize to its authors. They refused it. The play did not compete against Oduvaldo Viana she died time later, in a car “accident Filho’s Rasga, coragao, and Plinio Marcos’ Abajur lilés, both censo red. “Wouldn't they be better than Gota d’gua?,” was Chico and Paulo’s allegation. In 1976, Meus caros amigos LP was released, and sold better than the ones that preceded it. He be berto Gil’s career, Anhembi, SP played at the Sistine Theater in Ro- me, a show praised by the entire Ita- lian press. In 1977, he released the Brazilian version of Os saltimban- cos, by Sergio Bardotti and Luiz En- riqu Callado also spent 10 hours in po- He and writer Antonio lice custody at the airport upon re~ turning from Cuba. The following year, when Philips released the al- bum Chico Buarque, his musical Opera do malandro — /ater on adap- ted for film —was staged. The play's songs were gathered in a record re- leased in 1979, In 1980, when Chi- co was featured in the documenta- ry Certas palavras, by Mauricio Be- ru, his album Vida was released. On April 30, 1981, Chico Buarque de Hollanda was one of the thousands of Brazilians to escape death at the Riocentro exhibition center, as a re- 25 sult of a bomb set up by two men from the military. The bomb, howe- ver, exploded in the lap of one of them, killing him and seriously wounding the other. A bomb in Bra- zil and the Luigi Tenco Award in la- 1h, given by a jury made up of cri- tics and musicians with the follo- wing justification: “His inspiration and the musical richness of his poe try make him an author of the hig- test social involvement and profound human valor, bound to the brigh- test culture of his country. After 1983, the works written in partnership with Edu Lobo star- ted to be released on record. That same year he played in Canecao with Cuban composer and singer Pablo Milanes and, later on, at the Espace Balard, the great music hall south of Paris. Jack Lang, Fran- ce'y minister of culture, decorated him Knight of Arts and Letters. In 1984, year of the album Chico Buarque, released by the Ario- la/Barclay label, Chico sang for 55 thousand people at the Centené: rio stadium, in Montevideo. In 1986, he started hosting a program in TV Globo with Caetano Veloso. The “best” of the program was col- lected in an album released by the Som Livre label. In 1987, the LP Francisco was released by Ariola and in 1988 he broke all the records of public attendance during a tour that began in Canecao and trave- led Siéo Paulo, Sto Luts, Recife, Sal vador, Niteréi, Vit6ria, Juiz de Fo- ra, Spain, the Netherlands, Portu- gal, Campinas, Araraquara, Soro- caba and back to Rio and Sao Pau- lo, He received a Shell award as the year's most important name in Brazilian Popular Music In 1989, year in which another album called Chico Buarque was released by BMG, he played the In 26 Songbook © Chico Buaryy Show ternational Jazz Festival at Amiens, France and Le Zenith, in Paris ~ a show recorded and released on album the following year. In 1991 he released the novel Estorvo, which would be translated into va rious languages, and participated in the Montreux Festival with the Caymmi family, Milton Nasci- mento and Gal Costa. The follo- wing year, he composed Piano na Mangueira with Antonio Carlos Jo- bim, who had been chosen the the- me for the Estagdo Primeira sam- ba school (Mangueira) ~ a great honor. He had to stay away from soccer for a long time due to a frac- ture in the right ankle, which im- plicated the ligaments, But that did not prevent him from signing a ma- nifesto, led by journalist Barbosa Lima Sobrinho, demanding the im- peachment of President Fernando Color, In 1993, his album Para- todos (BMG-Ariola) broke new sa- les records. In May he began a new tour in the Northeast that took him all over Brazil and to Portugal. In Paris, he performed at the Olym- pia with Trio Esperanca, whos members (Regina, Marisa an Evinha) had been living in the ci ty for several years, The Paratodo show opened in Canecéto in Janua ry 1994 and traveled various Bra ilian cities. In June of the sam year, Chico Buarque was the sub ject of two exhibits: in the Caste linho do Flamengo, with approxi ‘mately 80 photos and videos, anc at the National Museum of Fine Arts, inspiring 40 cartoons by dif ferent artists. In 1995, the album Uma palavra was released by BMG. That same year, one more book was released: Benjamim. In 1998, Estagdo Primeira sam- ba school, who hadn't come in first place for 11 years, won the Carni- val parade with the theme Chico Buarque of Mangueira. In the end of the year, the album As cidades was released. In January, he star- ted a new Brazilian tour at Cane- ‘musician of the century” by Isto magazine. cao and was chosen Sérgio Cabral Songbook | ¢ 1 Album de familia Family's Album

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