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5 Algumas Nocées Topolégicas A Topologia é um ramo da Matematica no qual sao estudadas, com grande generalidade, as nogdes de limite, de continuidade e as idéias com elas relacionadas. Neste capitulo, abordaremos alguns conceitos topolégicos elementares referentes a subconjuntos de R, visando estabe- lecer a base adequada para desenvolver os capitulos seguintes. Adota- remos uma linguagem geométrica, dizendo “ponto” em vez de “mimero real”, “a reta” em vez de “o conjunto R” 1 Conjuntos abertos Diz-se que 0 ponto a é interior ao conjunto X CR quando existe um mimero € > 0 tal que o intervalo aberto (a ~sate) esté contido em Xx. © conjunto dos pontos interiores a X chama-se 0 interior do conjunto X e representa-se pela notagao int X. Quando a € int X diz-se que 0 conjunto X é uma vizinhanca do ponto a. Um conjunto ACR — se aberto quando A = int A, isto é, quando todos os pontos de A sao interiores a A. yalo aberto (a, 6) € um ponto interior Exemplo 1. Todo ponto ¢ do intervaio 200) ado [2,8] ndo so a (a,b). Os pontos a e 6, extremos di tesran racionais 6 interiores a [a,b]. © interior do conjunto Q cua [a,0] ndo vaio. Por outro lado, int{a,2] = (2,0). O intr conjunto uma vizinhanga de a nem de b. Um intervalo al 50 — Algumas nogées topolégicas Cap. 5 aberto. O conjunto vazio é aberto. Todo intervalo aberto (limitado oy nao) 6 um conjunto aberto. O limite de uma seqiiéncia pode ser reformulado em termos de con. juntos abertos: tem-se a = lim» se, € somente se, para todo aberto 4 contendo a existe ng € N tal que n > 9 = ain € A. Teorema 1. a) Se A; € Ag sao conjuntos abertos entdo a intersegdo AiNA2 é um conjunto aberto. b) Se (Aa), é uma familia qualquer de conjuntos abertos, a reuniéo A=Uher An € um conjunto aberto. Demonstragao: a) Se x € A Az entéo ¢ € Ay e x € Ap. Como Ay © Ap so abertos, existem €1 > 0 €, > 0 tais que (x — €1,2 +61) C Ar e (w—&2, +62) C A. Seja € o menor dos dois miimeros €1, €2. Entao (e@—e,2 te) C Are (a—€,2-+6) C Ap logo (zx —€,2 +€) C ALN Ad. Assim todo ponto x € A; M A2 é um ponto interior, ou seja, 0 conjunto Ai Ap é aberto. b) Se x € A ento existe A € L tal que x € Ay. Como Ay é aberto, existe € > 0 tal que (x — €,r + €) C Ay C A, logo,todo ponto x € Aé interior, isto é, A é aberto. o Exemplo 2. Resulta imediatamente de a) no Teorema 1 que a in- tersegdo Ay N--- An de um niimero finito de conjuntos abertos é um conjunto aberto. Mas, embora por b) a reunido de uma infinidade de conjuntos abertos seja ainda aberta, a intersegéo de um mimero infi- nito de abertos pode nio ser aberta. Por exemplo, se Ay = (1,1). Az = (-1/2,1/2),..-)An = (—I/n,1/n),.. entdo Ar Ag A An = {0}. Com efeito, se x # 0 entao existe n € N tal que |z| > 1" logo 2 ¢ An, donde x ¢ A 2 Conjuntos fechados Diz-se que um ponto a é aderente ao cor de alguma seqiiéncia de pontos 1, ¢ X a€ X éaderente a X: basta tomar ry, Chama-se fecho de um conjunto X ao conjunto X formado por todos 08 pontos aderentes a X. Tem-se X CX. Se X CY entao ¥ CY. Um conjunto X diz-se fechado quando X = X, isto 6, quando todo ponte junto X CR quando a ¢ limite Evidentemente, todo ponte @ para todo n € N Serio 2 Conjuntos fechados 51 aderente a X_pertence a X, Seja X C Y. Diz-se que X 6 denso em Y quando Y CX, isto é, quando todo b € Y 6 aderente a X. Por exemplo, Q 6 denso em R. Teorema 2. Um ponto a é aderente ao conjunto X se, ¢ somente se, toda vizinkanga de a contém algum ponto de X Demonstragao: Seja a aderente a X. Entao a = lim, , onde x, € X para todo n € N. Dada uma vizinhanga qualquer V 3 @ temos ary © V para todo n suficientemente grande (pela definigéo de limite), logo VX #®. Reciprocamente, se toda vizinhanga de a contém pontos de X podemos escolher, em cada intervalo (a ~ 1/n,a+1/n), n € N, um ponto tn € X.~Entao |2q—a| < 1/n, logo lim, = ae a é aderente aX o Pelo teorema acima, a fim de que um ponto ¢ nao pertenga a X 6 necessério e suficiente que exista uma vizinhanga V > a tal que vnx Corolario. 0 fecho de qualquer conjunto € um conjunto fechado. (Ou seja, X para todo X CR.) Com efeito, se a é aderente a X entao todo conjunto aberto A con- tendo a contém algum ponto b € X. A é uma vizinhanga de b. Como b é aderente a X, segue-se que A contém algum ponto de X. Logo qualquer ponto a, aderente a’X, 6 também aderente a X, isto 6, a € X. a Teorema 3. Um conjunto F CR é fechado se, e somente se, seu complementar A= R - F é aberto. Demonstragao: Sejam F fechadoe a € A, isto 6, « ¢ F. Pelo Teorema 2, existe alguma vizinhanga V 3 @ que nao contém pontos de F, isto é VCA. Assim, todo ponto a € A é interior a A, ou seja, A 6 aberto. Reciprocamente, se o conjunto A é aberto ¢ o ponto a é aderente a F =R — A entao toda vizinhanga de a contém pontos de F, logo a nao é interior a A. Sendo A aberto, temos a ¢ A, ou seja, a € F. Assim, todo ponto a aderente a F pertence a F, logo Fé fechado. Teorema 4. a) Se Fy € Fy sao fechados entdo FU Fy € fechado. b) Se (Fy)aen € uma familia qualquer de conjuntos fechados entéo a intersegdo F =(\yep, Fx € um conjunto fechado. 52. Algumas nogées topoldgicas Sp. 5 Beem eas = a os 2) O Togo, plo Trem L 4142 = R~(FLUR) abertos, pelo Teoret 1 eorema 3, Fi U Fi € fechaddo at ae Ay = RF éaberto, Seguese ane A= Urey Ay ree eR F. Logo Fé fechado. ‘ Exemplo 3. Seja X Demonstragio: a) 0s conjunt CR limitado, nio-vazio. Entéo a = inf X ¢ b= sup X aio aderentes a X. Com efeito, para ‘todo n € N, podemes ccolher tr» € X com aS Zn ah A decomposigio Q = AUB é uma cisio do conjunto Q dos racionais. Por outro lado, se a < ¢ HOC #ja c 0 ponto médio do i 4 Ao cE B. Sece A lo intervalo [a,b]. Entao ¢ € ¢ by €€ A, poremos ay = ¢,b = b, Sec e B os ay = 1 = ¢ Em qualquer caso, obteremos um inter eee [a8 com bh ay = (ba) eos eens ntervalo fanbil ¢ [ok amo de a,b] decompse em dove es rot StS Me Oe comprimento (b— a)/4. Um deca nesrv alos fechados justapest tem a2 € Ach € B. Promegui tigen que chamaremes [42° seqiiéncia de intervalos eneaixades le sis analogamente, obteremes w om bn dn = (b~a)/2", a, ie 4 D [arbi] D+ > fans bn) am Feorema 4, Capitulo 2, existe dc pci, © 2 Pata todo n € . ER tal que an < d < by pare NEN. O pontode tod€ 1 = AUB no pode Secao 3 Pontos de acumulagso 53 Corolario. Os tinicos subconjuntos de R que sao simultaneamente aber- tos ¢ fechados séo 2 eR Com efeito, se AC R é aberto e fechado, entao R = AU(R- A) é logo A=@eR-A=RouentioA=ReR-A=o. O uma 3. Pontos de acumulacao Diz-se que a € R € ponto de acumulagéo do conjunto XC R quando toda vizinhanga V de a contém algum ponto de X diferente do préprio a. (Isto 6, V(X — {a}) # @.) Equivalentemente: para todo « > 0 tem-se (a — €,a + €)(X — {a}) # @. Indica-se com X’ 0 conjunto dos pontos de acumulagao de X. Portanto, a € X’ 4a X— {a}. Se a € X nao é ponto de acumulagao de X, diz-se que a é um ponto isolado de X. Isto significa que existe ¢ > 0 tal que a é 0 tinico ponto de X no intervalo (a ~ ¢,a + €). Quando todos os pontos do conjunto X sio isolados, X chama-se um conjunto discreto. Teorema 6. Dados X C R ea € R, as seguintes afirmagées sdo equivalentes: (1) a é um ponto de acumulagdo de X. (2) a € limite de uma segiiéncia de pontos rn € X ~ {a}; (3) Todo intervalo aberto de centro a contém uma infinidade de pontos de X. Demonstragao: Supondo (1), para todo n € N podemos achar um Ponto zy € X, xwr¢ a, na viinhanga (a~1/n,a+1/n). Logo lim zn = a, © que prova (2). Por outro lado, supondo (2), entao, para qualquer no € N, 0 conjunto {zn;n > no} é infinito porque do contrério existiria um termo z,,, que se repetiria infinitas vezes ¢ isto forneceria uma seqiiéncia Constante com limite q, # a. Pela definicio de limite, vé-se portanto Que (2) = (3). Finalmente, a implicago (3) => (1) 6 ébvia. o Exemplo 6. Se X é finito entdo X’ = & (conjunto finito no tem ponto de acumulagao). Z é infinito mas todos os pontos de Z so isolados. R. Se X = (a,6) entdo X’ = (a,). Se X = {1,1/2,...,1/n,...} entiio X’ = {0}, isto 6, 06 0 nico ponto de acumulagio de X. Note ‘ue todos os pontos deste conjunto X sao isolados (X € disereto) Segue-se uma versio do Teorema de Bolzano-Weierstrass em termos de ponto de acumulagao.

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