You are on page 1of 24
UM BALANGO DEZESSEIS ANOS DEPOIS Qual a situagdo de um pas de estrutura capitalise dependenre, onde a revolugéo nacional demoeratica-bur guesa nao conseguiu se processar, que entra na industriali- zacio com restos de estruturas oligérquico-nacionais ? © Brasil cna em diltimo na histéria da induscrializa- cao de marco acidental, portader de elementos da pré~ histéria e da Africa, rico de seiva popular. Todas as contradigées do grande equivoce ocidental se apresentam, contemporaneamente, ati em tempo CUFto, No seu pracessa, de modernizagao, com os tragos violentos de uma situagag falimentar. Um processo que nas nagdes industeializadas: demorou séculos para se processar, leva aqui pouca: anos. A industrializagao abrupta nao planificada, estruty- ralmente importada, leva o pais a experiéncia de wm incontrolavel acontecimento natural, ¢ nie de um process criado pelos homens, Os marcos sinistros da especulagia imobilidria, 0 nao-planejamento babitacional-popular, proliferagao especulariva do desenho industrial ~ gadgets, objetos - na maioria supérfluos - pesam na sicuagao cultural do pals, criando gravissimos entraves, impossibilicande desenvolvimento de uma verdadeira cultura autéctone. Uma tomada de consciéneia coletiva é necessiria, qualquer di gacao € um delito na hora acual. A desculturagao esta em curso. Se o economista ¢ 0 socidlogo podem diagno: P AOC TO ANE “ Este bailar 4 lange do folklore, sempre paternalisticamente amparado. pela cultura clevada, ¢ © balange “visto do outro lado”, o balange participante, Eo Aleijadinhe ca cultura brasileira antes da Missio Francesa. E @ nordestina do couro e das latas vazias, ¢ @ habitante das vilas, € 0 negro ¢ o indio. Uma massa que invenra, que craz uma contribuigao indi- gesta, sea, dura de digerir, Esta urgéncia, este niio poder esperar mais, € a base real do trabalho do artista brasileiro, uma realidade que 10 precisa de estimulos artificiais, uma farcura culeural wo al- cance das maos, uma riqueza antropoldgica tinica, com acentecimentos histéricos eragicos ¢ fundamentais. © Brasil s¢ industrializou, a nova realidade precisa ser aceita para scr estudada, A volta a corpos sociais extintos é impossivel, a criagdo de centros artesanais, © retorno a um artesanaro come antidote a uma industrializacio estranha aos princi- pios culturais do pais € errada. Porque o artesanaro como corpo social nunca existiu no Brasil, o que existiu fol uma imigragio tala de artesaos ibérices ou italianos e, no século XIX, manufaruras, O que existe ¢ um pré-arresanato do- méstico esparso, artesanate nunca. © levantamento cultural do pré-artesanaro brasileiro poderia ter sido feito antes do pais enveredar pelo caminho do capitalismo dependente, quando uma revolucao demo- enitico-burguesa era ainda possivel. Neste caso, as opgdes culturais a0: campo do Desenho Industrial poderiam ter Grelhise de Fer. Didiicne 20 Troveniéneia Mereside de Aguw de Meninas. 1260, Salvador, Dalia. Diy Figs bnsivesios: Baers ‘Alera 10 cm, Sane Amman sa sido ourras, mais aderentes ds necessidades reais do pais (mesmo se pobres, bem mais pobres que as opgdes culru~ rais da China e da Finlandia). © Brasil tinha chegado num “bivia”. Escolheu a finesse. A arte nao é tao inocente: a grande rentativa de fazer do Desenho Industrial a fora regeneradora de coda uma sociedade faliu e transformou-se na mais estarrecedora dentincia da perversidade de todo um sistema. A romada de consciéneia coletiva de mais dé um quarto da popula $40 mundial, aquela que acreditou no progresso ilimita- do, jd comegou, A desmistificagao do design como arma de um sistema, a procura ancropolégica no campo das artes conta a procura estética, tem informado tado o desenvolvimento da cultura artistica do ocidente, desde a antiguidade até as vanguardas, esté em curso, num debare liicide que exclai das situagdes romantico-artesanais as visGes de Ruskin ¢ Morris: um reexame da histéria recenre do “fazer” nas artes. Nao uma recusa em bloco, mas um cuidadoso processo de revise. O esforgo contra a hegemonia tecnoldgica, que sucede ne acidente, ¢ 6 “com plexo dé inferioridade tecnolégice” ne campe das artes, esbarram na estrutura de um sistema: © problema é fin- damentalmente politico-ccondémice. A regeneragao atra- vés da arte, credo da Bauhaus, revelou-se mera utopi equivoco culvural ou tranquilizanre das consciéncias dos que nao precisam, A metistase cle sua incontrolivel proli- feragao arrastou consige as conquistas. biisicas do Movi- nro: Moderno, transformando sua grande idéia ' wud Fale oeionulidude”, num ferichismea de modelos abstratos que encara como iguais o mundo das cifras e 9 mundo dos homens, Se o problema é fundamentalmente politico-econd- mico, a tare do “atuante” no campo do “desenhe” <, apesar de tudo, fundamental, E aquilo que Brecht chamava » A liberdade do artista foi sempre “individual”, masa verdadeira liberdade s6 pode ser “a capacidade de dizer nao’ coletiva. Uma liberdade ciente da responsabilidade social, que derrube as fronteiras da estética, campo de concentra- sao da civilizagao ociental; uma liberdade ligada as limita- Ges © As grandes conquistas da Pravica Cientifica (Pritica Cientifica, nao tecnologia decaida em recnocracia). Ao sui- ¢fdio romantico de “nao-planejamenro”, reagio ao fracasso tecnocnitico, ¢ urgente contrapor a grande tarefa do Plane- jamenco Ambiental, desde 0 urbanisme ¢ a arquitetura, are © desenho industrial ¢ as outras: manifestagdes culeurais. Uma reintegracao, uma unificacao simplificada dos farores componentes da culeura. ‘Armirig de baneca, bringucd, ‘Arame e fia eléerica, Altura 20 em. Praveniénela Maceid, Alagoas. a Abia Ml A dircita, Mestre Vitalino, ceramista, trabalhande em compantia des filhos. 1948..A produgio era pars vender, mus quem a comprava nto ‘cram 9 airistas; era mesmo @ Pove (Caruani, Pemambuco, Fave Aoi an at Roups para crianga. Recorves de sedis ani Je algodio emendados cia Caruan, Permambues, He i SE Ss ee PALAVRA ARTESANATO: © artesanato popular corresponde (@ artesanaro € sempre popular, vamos excluir de nossa conversa as di- versas boutiques que se reelamam do artesanato) a uma forma particular de ag enviagao social, isto ¢, As unides de trabalhadores especializados reunidos por interesses comuns de trabalho ¢ miitua def a, cm assaciagds que, OES. A no passado, tiveram o nome de CORPORAG palavra ARTE, que hoje define a atividade artistica, in- dicou no passado a atividade artesanal de qualquer tipo: pintores ¢ escultores foram, no passado, incluidos tam- bém no artesanaro, nas assim chamadas ARTES ME- As Corporagées existiram na Antiguidade ica, isto é, na Grécia ¢ Roma, ¢ tiveram o maximo Abanos de pralha de-coqucirm brochas de Cancla-desEma pura armeleita esplendor na Idade Média, quando a Europa inteira se constituiu em Corporagées. eer eed data JA palavra Artesanato vem da palavra ARTE equiva- lente de Carpe \Praticamente toda a grande produgao popular do passadlo pertence ao artesanato, [No séeulo XVITL, com a mudanga das velhas estru- turas econdmicas, consequéne! ia da Revolugao Francesa & da introdugao.da maquina no trabalho do homem, as Corporagées foram abolidas: a estrutara individualisca do Capitalismo era antagdniea a estrutura coletivista das Corporagées. Desde 6 fim do séeulo XVIII os artesios mats come parte vive de uma eseronera social] JO arresanace popular deixa de ser artesanate papi lar quando sc esgoram as condig6 4 sociaix que o condicionam. © corporativismo da Iuilia no tempo do Pascismo, forma artificial de associagao entre donos ¢ trabalhadores, foi um exemplo tipice desse “artesanato”, muito estimulado em geral nas paises de regime divacori- al de base nacionalista4 = aqui queremos ressaltar a distingao, Feira por Anto- nio Gramsci, enue NACIONAL «© NACIONALIS" nA, ional € diferente de Nacionalista. Gocthe cra nacio- nal alemao, Stendhal nal francés, rr snem um nem outro foram nacionalistas. Nacionais sao os valores reais de um Pafs, ao passo que nacionalistas sao as aticudes politicas q ¢ visam impér cercas particularidades de um pals com tados os meios, As vezes com a violéncia, Na nalistas foram Hitler ¢ Mussolini, a tiltima guerra mundial foi provocada pelos ufanismos nacionalistas. PPS. iedidis Sains Weseok Vipica ¢, a esse respeito a polémica italiana ne tempo Mises Se ccm avatar bakin do Fascismo, entre Strapaese e Stracitta, isto ¢ a apologia do Colegio Mario Crave Ir “campo” contra a apologia da cidade. A apologia do campo era nacionalista, isto é, profund. te reaciondria. Os ver- me! sos seguintes de um dos mais acesos participantes da polémi- ca, Mino Macca . 0 ilustram perfeitamente: Mais vale 0 arréte da ren vigévio Que as Américas ¢ sua prosa Atrds do tiltimo italiano It com séculos de bistéria Mas, voluinde as esanate'y taimbeoy na Rabsvia pouco havia a ser aproveitade no que canigia \ Arte Popular, > dem era puro Folklore. Lenin tinha ra > se oeupar do assunto, ¢ Majakouskij tinha © quando ria das botas € das camisas bordadas em ponto de cruz de Essenin, e estig- matizava o “Artesa Em casa faltava dinhciro, Fui obrigado a fazer gravuras ¢ des enhos. Lembro em particular os oves de Pascact. Redondos, redavant sobre si mesmos ¢ rangiant come partas. Vendia-os numa boutique de artesanato na rua Ne De linnaja. quinze copecas a peca. Desde entéo, odcio sem limites as aquarelas das Senhoras, 0 estilo Russa e 0 “artesanal” a era N alive 1) largura mt, Praveniéneia Salvador, Bahia, ‘Calesao Mario Crave CU cae pee pees ek ‘ee Y GS a bs Estas notas nao siio uma alavanea para levantar a simpatia politica nacional ¢ internacional, nem querem apro- veitar a atualidade que o objeto pobre © marginalizado desfrura no campe da arte. Também nao exalam a aura estéti co-primitiva que sempre fascina a alta cultura E: tas noras s#6 apenas uma documentagto. Dezesseis anos se passaram do fim de nossa rentativa de realizar (em condig6es excepcionalmente favoraveis) uma experiéncia po- pular direra. No Nordesre, no Poligono da Séca. Hoje, no balango da faléneia cultural, quando as pre~ missas de toda uma cultura jd respeitada atingem quase 0 ridi ilo, ¢ pre ar sem medo a verdade. 0 act Nem todas as culturas sie “ricas”, nem cadas sao herdeiras diretas de grandes sedimentagées. Cavocar pro- fandamente numa civilizagio, a mais simples, a mais pobre, chegar até suas rafzes populares é compreender a histéria de um Pais. Eo um Pafs em cuja base esta a cultura do Pove € um Pafs de enormes possibilidades. Esed fora de causa o folklore, que serve aos turistas € eficéncia, Folklore é as “Senhoras” que acreditam na bes uma palavra que precisa ser eliminada, & uma classificagaie em “caregorias”, prépria da Grande Cultura central, para climinar, colocando ne devido lugar, incémodas € perigo- sas posigdes da cultura popular periféric Ex-vote, Madeira de pitm Almera 35 ld, Sa fori Pobrrentengse Cat Fransisgo abe Chagat, cite. Bich, Ex-varo. Mad Altura. 10 em, larguea 20 cm, Provenigncia Juazeiro do Nore, Cea lestio Livie Navies, ELC OOO eee eee _aaaa oy ase sucuilentas 1 Quando a produgio popular se petrifica em folklore, ws verdacle ves cultuirais de um Mais seeam: ésinal de que “interesses” internos au de importagae toma des de culty mo pode central, e as possibilid at ntéerone sido substituidas por “frases feitas”, pela “ e upina repeti¢ac pela definitiva sujcigao a esquemas esvaciados. E 0 case da scisme. Nao foi o folklore Idlia popular petrificada pelo F: que desapareceu - era a Alma Popular que ia embora. Procurar com ateng&o as bases culeurais de um P. (sejam quais forem: pobres, miseras, popularcs) quando r ais, nao significa conservar as formas ¢ os mate: is, signif ca avaliar as possibilidades criativas originais. Os materiais modernos e os modernos sistemas de produgao toma ao depois o lugar dos meios ptimitives, cons ervande, nao as formas, mas a estrutura profunda daquelas possibilidades. Muther g de Umburana, Altura 70 cm. Proventéncia Canine, San Fraichrea Chagas, Coord, Adircita, Privada, Barro natural Viele, Proveniencin Mereado dle Agua ide Meninos; 1260, Salvaden, Balin, oie no a populistas, cas falsas. 2a of romantismos: tradigdes, todas as formas de enlanguescimento cultural, assim come as atitudes da recnocracia ideoldgica. Ba rede de Che-Guevara, s20 0s “buracas” e as fle- chas do Vietna contra o requinte do mundo ocidental. Em °50- "60, comegames (éramos muitos) a procurar um caminho, um caminho pobre, que nao fosse o da “con- solagio dos Gadgets”. ‘O que segue, textos e ilustragses, sto rrechos daquele caminho, que nao tinha protagonistas individuais, mas uma tinica forea coletiva. Era o Nordeste. Com certeza, a apresentagio de alguns objeros de “sobrevivéncia desesperada” pode fazer sorrir 0 economista eo planejador que se “especializa” . Mas é a observagao atenta de pequenos cacos, fiapos, pequenas laseas € pequenos restos que rorna possivel reconstituir, nos milénios, # hist6ria das Civilizagoes. © Desenho Industrial ¢ a Arquiterura de um Pais baseados sobre o nada sao nada. Num Pais que, sobre uma pseudo-arquitecura m: especulagao-da-construgao, sobre um “Pseudo-Industrial Design”, desfralda um pres- suposto ingresso no convivio das grandes nagoes, essas notas querem ser um repensamento, nfo apenas para quem conhece 6 caminho, mas cambém para quem, em boa fé, pensou que o caminho aparentemente mais ficil fosse o caminho valide. (Ongar devasadon: Erewto, Made. Pineada. Cmprimenter 30 ema, sleura 2 em, Pranenigaeia Ilo Gieande do Nae. Batre crs pineados com tints Xailros Abies 2 erm Prosetiiinals Gaanpa, Count OO ARTE POPULAR FE PRE-ARTESANATO NORDESTING Arte popular € 6 que mais longe esta daquilo qu costuma chamar Arte pela Arte. Arte popular, da necessidade de cada dia, NAQ-ALIENAGAO, passibi te ntido, € 0 que mais perto esta dade em todos os sentidos. Me s esta ndo-alienagio artistica coexiste com a mais baixa condi com a mais miserdvel das condi- gées humanas. Assim, nao ¢ a apologia da arte popular que cumpre Fizer se esta arte, ara sobreviver, necessita da con- servagao do star -quo, nem tampouco a consolagao através da arte em lugar da solugae técnica e do planejamento eco- némico. Precisamos desmistifiear imediacamente qualquer romantismo a respeito da arte popul: pos liber amo: prec tar de toda micologia parernalista, precisamos ver, com frieza critica e objetividade histérica, denero do quadro da cultura brasileira, qual o lugar que a ai © popular compete, qual sua verdadeira significagao, qual © seu aproveitamento fora dos esquemas “romanticos” do perigoso folklore popular. |INao existe um artesanato brasileiro importante. Nao Abaiea ea direits Moneta © Carrancac. Madeira mazural existe um artesanaro importante em nenhum pais do mun- © madeies policromada, Alnus media 150 mn, Proveniéncia Vale do Rio do que esteja no eseigio de civilizaggo industrial, indepen- Sao Francisoo denremente do grau de desenvolvimento atingido. A organi social artesanal perrence ao passado, 0 que temos hoje sio sobrevivéncias nacurais em pequena escala, camo heranga de oficio, ou (¢ 0 caso mais conhecido ¢ 0 da Indlia), por dererminagGes arrifi como exigéncias turis- ricas ou a crenga difundida, de que 0 objeto feito a mao é mais prezado do que a “feito a maéquina”) Em geral, este tipo de artesanaco é responsivel por uma produgao que poder se constituir num importante “Museu des Horro- res” internacional; ¢ © caso da Itilia e de quase toda a Furopa excluindo parte da produgao Finlandesa ro, existem produgées ser obrigado a enfrentar 0 problema da verdac iracao diretamente. As corpora artesanais nao entram em sua formagio histérica No Nordeste existe, se queremos continuar a usar a pala : ato, sendo a produgao nordestina exeremamente rudimentar. A estructura familiar de algumas produgées como, mplo, as rendeiras do Ceatd ou os ceramistas de Pernambuco, podem ter uma aparéncia artesanal, mas so grupos fos, ocasi obri- gados pela miseria a este tipo de trabalho, que desapareceria logo com a necesséria clevagiio das rendax de trabalho nun Wns eutnte, Alfazn media 190 v1, Ponweriitness ¥ wa tf Quem atribuir & produgdo nordestina o carder de Kitsch esta errado, A integragio do Kitsch (palaver ale intraduzivel), que junto com a “integragao da estéiea do lixo” ¢ da assim chamada “cultura de massa” (produros iN dustriais esptirios, T.V, deteriorante, cartazes de duple sign! ficado, etc.), tem, na base, o aquiescer, o concordar supine a um statu-quo: o da civilizagao ocidental, com suas lilerdit des individualistas ¢ sua estrutura econdmica pés-capitallsth E uma adesio melancélica a um mundo que poderia nil aceito se os homens que 0 ace dissem nao aceint-le, femenclades, Proscniéncia Brofo da Maitre de Desis, Pernambuco. in Ai in hy art A.direira. Jogo de cotheres de pasts Iputedor de carne, conch. Froveniéncia Feira de Santana, Bahia Bis Ania O verdadeiro sentide do Kitsch ¢ o medo, medo di morte, a recusa a morte feita pelas donas de casa que amon- toam, contra um fanrasma, para nao ter que enfienti-lo, 6 dilivio das pequenas ternuras familiares, a hipocrisia diy rendinhas e des coelhinhos pascais, das cortinas bordadas das enfeites, ¢ lembrangas de todos os tipos. © Kitsch € irreversivel. o verdadeiro Kitseh ¢ inaproveitavel, nunea passivel de integragao. Como o Kitsch politico, o Kitsch nazista, inventado por Hitler, que tam- bém, anacronicamente, glorificava a vida da Alemanha ariae na contra uma hipotética ameaga hebraica, Era também @ medo da morte, a hipetética morte de uma Nagao. JA Arte Popular, julgada Kitsch pela classe “culta’, nunca € Kitsch: mesmo em casos extremos, ela é perfeita= mente teversivel, © verdadeiro Kirsch nao é do povo, é di nte revolta e A literatura de Cordel, sob uma apa violéncia, apresenta, na realidade, uma falsa imagem do homem do Sertao do Nordeste - simples ¢ bondosa. Assim como a ce! Amica “figurativa”, aparentemente irénica, de Caruart. O homem do Sertio que sorri com bondade dos “doutores”, das autoridades, das leis e dos “Senhores”, sim- plesmente nao existe: é uma produgio “bonitinha” que repete ad usum dos v dos. itantes, naciona s e estrangeiros, das feiras ¢ dos met Por esta razao, naio documer amos aqui as tio conhe- cidas gravuras da literacura de Cordel, nem dedicamos muito espago 4 ceramica de Caruart. Aosta Baneae r aly Madteita de Mar de Mandacara. Enfeite: Aplicacocs de omérrica de apelio, 1 da Madre de Dew as sobre cstrutica Objetos de uso, utensilios da vida cotidiana. Os ex- votos s40 apresentados como objeres ne: “esculturas colorida, feita com as sobras de tecides, ainda com as mar- . as colchas siio colchas, os panos com aplica- Ges sio “panos com aplicagées", a roupa colorida, roupa cas das grandes fabricas do Sul, que as mandam de cami nhao para o Sertio do Nordeste. A possivel “carga” de arte desta produgie neces: no € interpretada com os instrumentos da erftica de arte. E, como j4 dissemos, apenas uma documentagao limitada da capacidade de sobrevivéncia do Povo Nordestine, Um dia todos estes objetos desaparecerao. Mas, a glorificagao (especialmente ne sul do pais) ja comegou com os fifés, ceramicas ¢ latarias, enfeires das casas da classe média ¢ alta. Vantagens econdmicas (peque- has, existem intermedidrios) & parte, a totalidade coordena- dave livte da produgao nordestina acabou. Supervisio Editorial Marcelo Carvalho Ferra Coordenagio Editorial © Projeto Grifico Marcelo Suauki Apoio de Produsio Solange Aparecida Parracho Colabaradores ‘Paulo Alves da Silva Filho Fabio Ferveira Lins Mosaner Editoracae Eletrénica Sincrgy Edis Fletr © Consule Leela Foralito, Impressdo- © Acabamento Laborgraf Artes Grificas S.A. ‘Dades internacionala de Catatogapto na Pubticagse (CIP) (Chmnra Brasileira de Livre. 2 ene i 9b ‘ina i Baad So Pay” "TP akon ie Bee BM, Ml, 1984 — (ores bee Bea) Isat as a57sia9 1 Die Deg ea epboisa Design: Aries" 745.¢

You might also like