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política municipal
municipal, que têm o dever de desenvolver uma política para
garantir os direitos dessas pessoas. O município, espaço de estreita
interação, deverá progressivamente pautar as políticas públicas pela
inclusão e reconhecer a diversidade como um aspecto principal de dos Direitos da Pessoa com Deficiência
desenvolvimento socioeconômico e humano.
Governo do Estado de São Paulo
José Serra
Colaboração
Cassia Tuboni – Secretaria da Saúde
Maria Elizabete da Costa – Secretaria da Educação
Marinalva da Silva Cruz – coordenadora do Programa de Apoio à Pessoa com Deficiência (Padef)
Yara Savini – Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social
CDU: 316.42-056.2:352
apresentação
Prefeito Cidadão...
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, marco histórico do respeito à diversidade, proclama a igualdade de
todos os seres humanos em direitos e dignidade. No mundo de hoje, sob essa inspiração, governos e organismos
internacionais combatem a exclusão e tentam criar sociedades para todos. Mas as tendências à desigualdade e a
lentidão das mudanças impõem estratégias muito determinadas para garantir os avanços mínimos aos setores mais
vulneráveis da sociedade.
Dos 25 milhões de brasileiros com deficiência, pelo menos 4 milhões estão no Estado de São Paulo. Para que as
políticas públicas cheguem a essas pessoas de forma resolutiva, o governo de São Paulo criou, no início deste ano,
a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Seguiu o exemplo da Prefeitura da Capital paulista, onde, em
2005, foi criada uma secretaria municipal voltada ao mesmo propósito.
O caminho percorrido até aqui não foi tão longo. Embora os registros históricos no Brasil nos remetam ao século 19,
quando da fundação do Real Instituto de Meninos Cegos (1857), somente na década de 1980 foi definido o Ano In-
ternacional da Pessoa Deficiente (1981), seguido pela Década da Pessoa Deficiente (1982-1992). Desde então, houve
um efetivo amadurecimento do Estado na definição de políticas voltadas à inclusão social.
A inclusão da pessoa com deficiência tem mão dupla. De um lado, a sociedade deve prover a todos as condições
para o exercício da cidadania; de outro, a pessoa com deficiência deve ter efetivo poder em relação ao seu direito
de acesso a bens, produtos e serviços. Inclusão é um valor de toda a sociedade que acolhe pessoas com e sem
deficiência. Só haverá cidadania a partir do reconhecimento de que somos todos diferentes. O acesso igualitário aos
serviços, à tecnologia, ao mercado de trabalho e à garantia da integralidade na saúde, na educação e na moradia
acessível não é um favor: é um direito.
E para garantir esse direito, o gestor municipal deve criar uma secretaria, uma coordenadoria, um grupo de apoio ou
designar um representante voltado ao segmento das pessoas com deficiência. Dessa forma, o prefeito trilha o caminho
seguro que leva à construção de uma efetiva sociedade inclusiva.
Nesta publicação, oferecemos subsídios fundamentais para facilitar o início de sua ação. Conte com o amplo apoio
do corpo técnico da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, formado por especialistas na área,
que se colocam à sua inteira disposição.
Linamara Rizzo Battistella
Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência
prefácio
O Cepam, em suas mais de quatro décadas de trabalho, vem prestando assessoria, assistência e consultoria para
fortalecer os municípios. Mais do que qualificação da gestão pública municipal, apoiamos o desenvolvimento de
políticas públicas que construam/resgatem uma sociedade brasileira verdadeiramente justa e solidária.
Entre nossos objetivos, é destaque oferecer aos gestores municipais e às instituições envolvidas em políticas pú-
blicas subsídios de como fazer políticas sociais voltadas à criação de condições materiais para uma sociedade
inclusiva. Esta deve considerar e respeitar a diversidade, reconhecer o direito de igualdade de oportunidades, não
discriminar com base na diferença e estar preparada para atender a todos, de forma que todos possam ter acesso
aos serviços e bens públicos.
Com mais de 16 anos de trabalhos ligados à acessibilidade, o Cepam teve o privilégio de desenvolver, em conjunto
com a Secretaria de Estado dos Diretos da Pessoa com Deficiência, recentemente criada por iniciativa do governador
José Serra, o projeto de Assessoria à Gestão de Políticas Destinadas às Pessoas com Deficiência, considerando
que as cidades constituem um lugar para todos e deve contar com a contribuição da totalidade de seus cidadãos
para construir seu desenvolvimento.
A pessoa com deficiência faz parte da diversidade da sociedade. Sua deficiência é atributo pessoal, mas seus direitos
e deveres são sociais e envolvem os direitos humanos como igualdade de oportunidades e não de discriminação.
É clara a responsabilidade dos governos federal, estadual e municipal, que têm o dever de desenvolver uma política
para garantir os direitos dessas pessoas. O município, espaço de estreita interação, deverá progressivamente pautar
as políticas públicas pela inclusão. Esta expande a acessibilidade, reconhecendo a diversidade como um aspecto
principal de desenvolvimento socioeconômico e humano.
As 18 oficinas realizadas no Estado de São Paulo para oferecer subsídios à elaboração do Plano Municipal de Aces-
sibilidade contaram com mais de 600 participantes, vindos de 218 cidades (34% do total dos municípios paulistas).
O Observatório das Experiências Municipais de Inclusão da Pessoa com Deficiência, disponibilizado na Internet,
criou um espaço de disseminação e intercâmbio de experiências que caracterizam programas, projetos e ações na
defesa dos direitos dessas pessoas.
É a sinergia entre o Cepam e a Secretaria que permite também oferecer aos prefeitos, secretários, vereadores,
agentes públicos em geral, esta publicação, que está baseada na perspectiva de que tornar acessível é criar opor-
tunidades para a inclusão da pessoa com deficiência.
Felipe Soutello
Presidente do Cepam
sumário
APRESENTAÇÃO
PREFÁCIO
Introdução 9
Educação Inclusiva 15
Saúde 21
Assistência Social 29
Obras e Planejamento 33
Transportes 39
Habitação Acessível 43
Emprego e Trabalho 47
Esportes e Cultura 53
Informação e Comunicação 57
Estruturação da Política 61
ANEXO
introdução
Na Lei, o Começo
Em 2006, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Convenção sobre os Direitos das Pes-
soas com Deficiência. E o Brasil ratificou esse importante tratado elaborado internacionalmente. Em
julho de 2008, o texto foi incorporado à Constituição Federal.
Nosso país é signatário de mais de duas dezenas de documentos internacionais que reafirmam
os direitos das pessoas com deficiência. E a garantia legal para o cumprimento existe e é clara. Há,
desde 1968, instrumentos legais federais, entre decretos, portarias, leis, e instruções normativas, que
se referem à defesa desse segmento de brasileiros que também pagam seus impostos, cumprem
seus deveres, e devem, portanto, contar com a equiparação de oportunidades.
Os direitos documentados selam o início de uma história que pode ser um sólido caminho para
promover, proteger e assegurar às pessoas com deficiência o desfrute pleno e equitativo de todos os
direitos humanos e das liberdades fundamentais. O aparato legal, entretanto, não garante que deixem
de enfrentar a violação de seus direitos humanos e encontrar barreiras contra a sua participação como
membros iguais da sociedade.
Além do reconhecimento da exata medida da importância e utilidade da legislação, a luta das pes-
soas com deficiência extrapola esse segmento da sociedade. Suas conquistas questionam valores e
comportamentos e acabam por provocar mudanças também na vida de toda a população.
No Município, a Prática
No Estado de São Paulo, são 4,2 milhões de pessoas com deficiência que têm direito a exercer a
cidadania plena.
Apesar de a diversidade humana ser uma temática nova na lida da maioria dos gestores públicos,
inclusive daqueles que administram os municípios, as questões das pessoas com deficiência estão cada
vez mais presentes. Essas políticas públicas que adquirem destaque passam por todas as áreas.
Para garantir a inclusão social das pessoas com deficiência, o município, de qualquer porte, deverá
definir estratégias e metas de programas, projetos e ações que envolvam as diferentes áreas: atenção à
saúde e à reabilitação; capacitação e garantia de vagas no mercado de trabalho; melhoria da educação
inclusiva; direito de acesso e prática no esporte, na cultura e no lazer, além da acessibilidade no trans-
porte, no espaço público, nas edificações e na habitação. Essas ações nem sempre são simples ou de
fácil execução, mas levam à participação e melhoram a qualidade de vida dessa população.
Um Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência é fundamental para a participação.
Atuante e representativo, deve ser criado de acordo com as orientações do Conselho Nacional dos
Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade) e do Conselho Estadual de Atenção às Pessoas
Portadoras de Deficiência (CEAPPD). Cabe à gestão oferecer capacitação permanente para os conse-
lheiros municipais e a infraestrutura necessária para seu funcionamento adequado.
No Estado de São Paulo, registra-se a preocupação em criar um órgão articulador dessa política. Algu-
mas cidades paulistas abordam a questão conjuntamente com outros temas, como é o caso da Secretaria
Municipal dos Direitos e Políticas para Mulheres, Pessoa com Deficiência, Raça e Etnia, criada em São José
do Rio Preto. Há ainda as que buscam outras formas, como São José dos Campos, que criou a Assesso-
ria de Políticas para Pessoa com Deficiência (APDE). O Município de Santos criou uma Coordenadoria de
Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, na Secretaria de Assuntos Jurídicos.
Esta publicação foi elaborada como referência básica para os municípios, e por isso disponibiliza
informações para que prefeitos, legisladores municipais, cidadãos e parceiros, como o próprio Ministério
Público, possam formular ações, implantá-las, gerenciá-las e fiscalizá-las em conjunto.
O objetivo é subsidiar os municípios que estão estruturando ou aperfeiçoando uma Política de Aten-
dimento às Pessoas com Deficiência.
Atentando para as atribuições do município, há informações para as diversas áreas da gestão pública e
as providências estão vinculadas à realidade de cada local. Reitera-se que a Política dos Direitos da Pes-
soa com Deficiência exige que os planos, projetos e ações sejam implementados de forma gradativa.
São focadas as seguintes áreas: Educação Inclusiva, Saúde, Assistência Social, Obras e Planeja-
mento, Habitação Acessível, Emprego e Trabalho, Transporte, e Informação e Comunicação.
N o desempenho de sua função social transformadora, que visa à construção de um mundo melhor
para todos, a educação escolar tem clara tarefa em relação à diversidade humana: trabalhá-la
como fator de crescimento das pessoas no processo educativo, na valorização das diferenças, criando
e construindo uma sociedade mais justa e democrática.
A educação inclusiva constitui um paradigma fundamentado na concepção de direitos humanos,
que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, além de avançar em relação à ideia
de equidade formal, ao contextualizar as circunstâncias históricas da população excluída dentro e
fora da escola.
Cabe ao Município:
Reserva de recursos
• Garantia do investimento de 25% do orçamento na área de educação.
Benefício de Prestação Continuada - BPC na Escola
• Cadastro das pessoas com deficiência de até 18 anos para o acesso ao BPC;
• Avaliação das crianças e dos jovens para matrícula nas escolas dos seus respectivos bairros.
Cursos de Libras
• Estabelecer parcerias com instituições para organizar cursos de Língua Brasileira de Sinais (Libras),
destinados aos familiares de pessoas com deficiência auditiva, aos professores e aos recursos
humanos de atendimento ao público.
Capacitação em braile e recursos tecnológicos
• Garantir à pessoa com deficiência visual a oportunidade de aprender o braile e a utilizar os recursos
tecnológicos, como os leitores de tela.
Transportes sem barreiras para alunos
• Disponibilizar veículos com recursos de acessibilidade para o transporte de alunos com deficiência.
Acessibilidade nas escolas públicas e privadas
• Manter escolas com acessibilidade em suas instalações, como salas de aula, biblioteca ou centro de
leitura, sala de informática, laboratórios e refeitórios (âmbito da pasta de planejamento e obras);
• Manter sala de recursos, para reforço e acompanhamento dos alunos, com equipamentos ade-
quados e professores capacitados.
Capacitação continuada para professores da rede de ensino regular
• Garantir suporte pedagógico, orientação curricular e sistemas de avaliação e inserção no sis-
tema educacional.
Trabalho integrado entre escola, família e médico
• Manter contato permanente com as famílias;
• Garantir contato permanente com o médico responsável pelo aluno (questão a ser tratada também
na pasta da saúde);
• Promover reuniões com a comunidade escolar para esclarecimentos sobre a inclusão;
• Formar rede de atendimento ao aluno.
Atendimento Especializado Educacional (AEE)
• Garantir salas multifuncionais, com atendimento escolar específico na deficiência do aluno;
• Garantir equipamentos adequados para cada deficiência;
• Garantir recursos tecnológicos de apoio a cada deficiência.
A assistência à saúde e à reabilitação clínica são condições decisivas para incluir na sociedade a
pessoa com deficiência. Para promover a melhoria da qualidade de vida e estimular a indepen-
dência do indivíduo com deficiência na prática de suas atividades diárias, foi criado o Sistema das
Redes Estaduais de Assistência à Pessoa com Deficiência, que oferece ajuda técnica, além de fornecer
órteses e próteses.
A Política Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência, implementada em 1989, tem
como objetivo a manutenção da saúde física e mental do cidadão com deficiência. Regulamentada
pelo Decreto 3.298, prevê o auxílio na prevenção de doenças, atendimento psicológico, reabilitação,
doação de medicamentos e assistência por planos de saúde.
Cabe ao município:
Reserva de recursos
• Garantir que 15% do seu orçamento seja investido na área.
Promoção da qualidade de vida
• Garantir acessibilidade nos edifícios públicos e privados com atividades da área da saúde (questão
a ser tratada na pasta de planejamento e obras);
• Garantir a participação das pessoas com deficiência no Conselho Municipal da Saúde.
Prevenção de deficiências
• Criar uma estrutura no Atendimento Básico para detectar precocemente a deficiência e a
incapacidade;
• Implantar a reabilitação de base comunitária;
• Capacitar os médicos e os atendentes para cuidar das pessoas com deficiência;
• Acompanhar o crescimento infantil;
• Acompanhar diabéticos, hipertensos e pessoas com hanseníase;
• Promover ações para prevenção de acidentes domésticos.
Atenção integral à saúde
• Garantir o acesso às ações básicas e de maior complexidade, à reabilitação e aos demais
procedimentos, e a oferta de tecnologias assistivas;
• Garantir acesso aos Postos de Saúde e às Unidades de Saúde da Família;
• Garantir a visita dos agentes comunitários de saúde a todas as pessoas com deficiência;
• Garantir consulta médica, tratamento odontológico, procedimentos de enfermagem, acesso a
exames básicos e a medicamentos distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS);
• Garantir a vacinação dos portadores de Síndrome de Down;
• Criar Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) com equipe multiprofissional.
Organização e funcionamento dos serviços
• Garantir acesso às redes de assistência às pessoas com deficiência, incluindo a Rede de Rea-
bilitação Lucy Montoro;
• Garantir acesso aos serviços de assistência às pessoas com deficiência:
– Serviços de atenção à ostomia, assistência ventilatória às doenças neuromusculares, osteogê-
neses imperfecta, deficiência intelectual/autismo;
– Serviços de reabilitação visual / serviço de reabilitação auditiva;
• Garantir um médico responsável pelo aluno com deficiência;
• Garantir atendimento domiciliar de saúde à pessoa com deficiência grave;
• Garantir a concessão de órteses, próteses, bolsas coletoras e materiais auxiliares.
Legislação
Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Lei 7.853, de 24 de
outubro de 1989, e Decreto 3.298, de 20 de dezembro de 1999).
Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência (Portaria 1.060/GM, de 5 de
junho de 2002).
Manual de Estrutura Física das Unidades Básicas de Saúde. Ministério da Saúde, 2a edição,
Brasília, 2008.
Decreto 52.973, de 12 de maio de 2008. Institui a Rede de Reabilitação Lucy Montoro/Estadual.
Resolução Conjunta SS/SDPD1, de 20 de março de 2009. Aprova calendário vacinal para os
portadores de Síndrome de Down e dá outras providências.
A assistência social tem como objetivo a formulação de uma política voltada para a preservação, a
segurança e a dignidade de todos.
Com a implementação do Sistema Único da Assistência Social (Suas) e as definições da Lei Or-
gânica da Assistência Social (Loas), preconizados pela Política Nacional de Assistência Social, os
municípios têm que trabalhar com interlocução, intercâmbio, parceria, descentralização e demais
ações agora propostas.
Para isso, as ações de planejamento e de monitoramento devem partir do conhecimento da reali-
dade. É necessário localizar a população das pessoas com deficiência que tenham renda per capita
inferior a um quarto de salário mínimo, garantindo a eles o BPC-PcD, além do provimento dos demais
itens aqui citados.
Cabe ao município:
Garantia do Benefício de Prestação Continuada (BPC) a todas as pessoas com deficiência
• Agilizar e facilitar a tramitação do processo e a marcação de perícia médica para a concessão do
benefício pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS);
• Revisar o direito a esse beneficio a cada dois anos.
Legislação
Decreto Federal 6.564/2008. Altera o regulamento do Benefício de Prestação Continuada.
Decreto Federal 6.214/2007. Regulamenta o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Lei Federal 8.742/1993. Lei Orgânica da Assistência Social (Loas).
P rever a acessibilidade nas construções e projetos de uma cidade significa garantir o direito cons-
titucional de ir e vir a todos os cidadãos, sem nenhuma distinção. O Poder Público deve assumir
o compromisso do cumprimento das leis sobre acessibilidade.
O município deve promover a qualificação dos técnicos de planejamento urbano e incluir a acessibi-
lidade nas legislações urbanísticas, para garantir a adequação das calçadas, praças, edifícios públicos,
principalmente das escolas e unidades de saúde. O transporte a pé deve receber atenção especial,
por ser a modalidade que predomina na média brasileira (ver: Associação Nacional de Transportes
Públicos – ANTP: http://portal1.antp.net/site/simob/Lists/rltgrl08/rltgrl08menu.aspx).
É indispensável também adequá-los às pessoas com deficiência auditiva ou visual.
Cabe ao município:
Capacitação de corpo técnico sobre os conceitos de desenho universal para garantia de
acessibilidade para todos
• Promover curso de acessibilidade aos técnicos, engenheiros e arquitetos;
• Treinar os fiscais para garantir a acessibilidade nos espaços da cidade.
Cabe ao município
Garantia de transportes acessíveis à população
• Garantir transportes com acessibilidade para as pessoas com deficiência (sinais sonoros, visuais
e eliminação de barreiras arquitetônicas);
• Garantir transportes porta a porta para as pessoas com deficiência que deles necessitem;
• Cadastrar as pessoas com deficiência para garantir-lhes a gratuidade nos transportes;
• Criar identificação diferenciada para o passageiro isento de tarifa.
Legislação
Lei Federal 10.098/2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibili-
dade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências.
Decreto Federal 5296/2004. Regulamenta as Leis 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá
prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que
estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade.
A garantia de habitação para a população tem sido uma das principais preocupações dos gestores
municipais. No Estado de São Paulo, o Decreto 53.485/2008 preconiza que a construção de
habitação de interesse social custeada com o dinheiro público deve ser planejada dentro dos princí-
pios do desenho universal. Esses princípios sustentam a concepção de espaços que visam a atender
simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e sensoriais, de
forma autônoma, segura e confortável.
Salienta-se que as pessoas podem adquirir deficiências em qualquer fase da vida, inclusive sim-
plesmente envelhecendo.
Cabe ao município:
• Garantir habitação de interesse social com projeto que respeite o conceito de desenho universal
em todas as unidades;
• Garantir a construção local de habitação sem barreiras para proporcionar a vida independente
das pessoas com deficiência;
• Construir residência inclusiva para as pessoas com deficiência.
Foto: Clóvis Deângelo
Legislação
Decreto 53.485/2008. Institui, no âmbito da Administração Centralizada e Descentralizada do
Estado de São Paulo, a política de implantação do conceito de desenho universal na produção de
habitação de interesse social.
Lei 10.844/2001. Dispõe sobre a comercialização, pelo Estado, de imóveis populares, reservando
percentagem para portadores de deficiência ou famílias de portadores de deficiência.
O trabalho é um dos direitos sociais do cidadão e cabe aos gestores municipais exigir das empre-
sas a aplicação das cotas para pessoas com deficiência. A lei de cotas já completou 18 anos, mas
ainda há empresas que desrespeitam essa exigência. É importante promover um encontro entre o
trabalhador com deficiência e o empregador para que seja observada a demanda, o perfil e o melhor
ramo para a inclusão.
Cabe ao município:
Cadastramento das pessoas com deficiência para inserção no mercado de trabalho
• Cadastrar no Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) do Programa de Apoio à Pessoa com
Deficiência (Padef) da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo;
• Cadastrar no site Emprega São Paulo, da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do
Estado de São Paulo.
Parcerias para capacitar as pessoas e inseri-las no mercado de trabalho
• Envolver a Comissão Municipal de Emprego da cidade ou similar;
• Fazer parcerias com as empresas locais para capacitação e criar espaço no mercado de trabalho;
• Fazer parceria com o Serviço Nacional do Comércio (Senac) e o Serviço Nacional da Indústria
(Senai) local ou regional;
• Pesquisar sobre os cursos profissionalizantes realizados pela Secretaria do Emprego e Relações
do Trabalho.
Capacitação dos agentes públicos para atender pessoas com deficiência
• Capacitação para conhecer os direitos das pessoas com deficiência e para saber como atendê-las.
Promoção de encontros com profissionais de Recursos Humanos (RH) das empresas
• Sensibilizar esses profissionais para a inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho;
• Esclarecimentos sobre a lei de cotas;
• Conhecer as deficiências.
Promoção de fórum de discussão
• Discutir com representantes das empresas, do Poder Público e da sociedade civil a Política da
Pessoa com Deficiência.
Promover o empreendedorismo das pessoas com deficiência
• Sensibilizar as pessoas com deficiência para a formação de cooperativas e associações de serviços.
Cabe ao município:
Garantia e incentivo da participação em atividades inclusivas de recreação esportiva e cultural
• Garantir, em igualdade de oportunidades, a participação nesses eventos;
• Assegurar a acessibilidade para tais atividades;
• Garantir a diversidade dessas modalidades;
• Promover campeonatos esportivos.
Legislação
Lei Federal 11.438/2006. Lei de Incentivo Fiscal ao Esporte. Dispõe sobre incentivos e benefícios
para fomentar as atividades de caráter desportivo e dá outras providências.
Lei Federal 10.891/2004. Institui a Bolsa-Atleta.
Decreto 53.603/2008. Institui o Comitê de Apoio ao Paradesporto, encarregado da elaboração do
Plano de Ação Paradesportivo do Estado de São Paulo e dá providências correlatas.
Cabe ao município:
Desenvolvimento de forma de comunicação com os munícipes
• Informar a população sobre o sistema e os serviços destinados às pessoas com deficiência;
• Cadastrar as pessoas com deficiência e os serviços disponíveis;
• Disponibilizar os serviços – como pagamento de tributos ou informação sobre concursos e con-
corrências públicas, etc. –, em sites acessíveis (dica: poderão ser testados gratuitamente no link
www.dasilva.org.br);
• Garantir salas de acesso à Internet para a população, com softwares adequados às pessoas
cegas e equipamentos adequados para as pessoas com dificuldade motora;
• Tornar o acervo das bibliotecas acessível às pessoas com deficiência visual;
• Garantir intérprete de sinais nos balcões de atendimento, nas sessões da Câmara e em audiências
públicas;
• Exigir dos bares e restaurantes a oferta de cardápios com letras grandes e em braile;
• Distribuição de material educativo e informativo das diversas áreas em formatos acessíveis, isto é,
em meio eletrônico que possa ser lido por leitores de tela e, quando necessário, em braile.
Legislação específica
Decreto 6.751/2008. Dispõe sobre o atendimento educacional especializado.
Lei 9.610/1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais.
Lei 10.753/2003. Institui a Política Nacional do Livro.
O s gestores municipais, ao estruturarem uma política de inclusão que envolva as principais reco-
mendações descritas, devem seguir alguns passos que vão permitir observar o que já foi realizado
no município, o que está por ser feito, os prazos vencidos, e o que deve ser garantido.
Passo inicial, deve ser criado um órgão ou definida a pessoa responsável para articular as ações
do município. Para facilitar a tarefa dessa nova responsabilidade, descrevemos a maneira de elaborar
um plano municipal que permite visualizar a situação atual e planejar as ações futuras; perceber a
importância da criação de um conselho municipal enquanto ator definidor de uma política inclusiva (ver,
no Anexo, modelo de projeto de lei de criação do conselho); além de conhecer o papel do Ministério
Público e do Poder Legislativo, que são fiscais e também parceiros.
A visibilidade dada ao plano municipal de desenvolvimento de políticas para a pessoa com deficiência
é importante, por isso, use todos os meios de comunicação disponíveis em seu município e região.
Busque espaços na mídia (rádio, jornal) e dê entrevistas em todos os programas que se dispuserem
a ceder espaço.
A realização de audiências públicas convocadas pelo Poder Executivo, para que todos os munícipes
tenham oportunidade de conhecer e opinar sobre o que será feito em seu município, é também um
interessante vetor de publicidade. Essas ações de visibilidade aumentam a garantia de eficiência, eficácia
e efetividade do plano, além de despertarem possíveis parceiros locais, como igrejas, associações de
bairro, comércio, usinas, sindicatos, associação de pais e mestres e quem mais chegar.
O papel do legislativo
O trabalho do Poder Legislativo é de fundamental importância. Sendo o Brasil um Estado Demo-
crático de Direito, toda a atuação do Poder Público deve estar prevista em lei pelo Legislativo.
Nesse sentido é que cresce a importância das Câmaras Municipais, a quem cabe, nos municípios, a
aprovação das leis que instituem projetos, planos e programas voltados ao exercício da cidadania pelas
pessoas com deficiência. Se é nas Câmaras que a população local está representada por meio de seus
vereadores, nada mais justo que esses representantes voltem sua atuação também em busca de realizar as
prioridades reclamadas pelas pessoas com deficiência, seja na forma de apresentação de proposituras a
serem deliberadas pelo plenário, seja no atendimento às sugestões oferecidas pelo conselho municipal.
1
Fonte: Texto elaborado pelo Centro de Apoio Cível e de Tutela do Ministério Público do Estado de São Paulo, conteúdo do material didático distribuído
nas Oficinas sobre Plano Municipal de Acessibilidade – Subsídios para Elaboração, ocorridas no período de abril a setembro de 2009.
critérios para a aplicação de recursos, bem como acompanhando, junto aos poderes locais, a definição
das dotações orçamentárias destinadas à execução dessas políticas;
II. acompanhar o planejamento e realizar o controle social da execução das políticas públicas seto-
riais de educação, saúde, trabalho, assistência social, trânsito, transporte, cultura, turismo, desporto,
lazer, urbanismo, direitos humanos, desenvolvimento econômico, dentre outras, que objetivem a
inclusão social da pessoa com deficiência, mediante a apresentação de estudos, planos, programas
e relatórios de gestão;
III. subsidiar e acompanhar a elaboração e tramitação de leis municipais, estaduais e federais
concernentes aos direitos das pessoas com deficiência, emitindo parecer, quando necessário;
IV. recomendar o cumprimento e a divulgação das leis a que se refere o inciso anterior, ou quaisquer
normas legais pertinentes aos direitos da pessoa com deficiência;
V. incentivar, apoiar e promover eventos, estudos, debates e pesquisas sobre a questão das defici-
ências, de forma a possibilitar a melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência;
VI. propor e incentivar a realização de campanhas visando à prevenção de deficiências e à promoção
dos direitos da pessoa com deficiência;
VII. receber e encaminhar aos órgãos competentes as petições, denúncias e reclamações formuladas
por qualquer pessoa ou entidade sobre ameaça ou violação dos direitos da pessoa com deficiência
assegurados na Constituição Federal e nas leis, exigindo a adoção de medidas efetivas de proteção
e reparação;
VIII. promover a articulação com os demais conselhos municipais setoriais para discussão da política
municipal da pessoa com deficiência;
IX. promover intercâmbio com organismos nacionais e internacionais, públicos e privados, com o
objetivo de implementar as políticas formuladas;
X. realizar, a cada dois anos, a Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência;
XI. fiscalizar a execução das políticas públicas que assegurem os direitos da pessoa com deficiência
nas esferas governamental e não governamental;
XII. elaborar seu regimento interno.
§ 5o. As funções de membro do CMDPD não serão remuneradas, sendo consideradas como de
serviço público relevante.
Art. 5o. O CMDPD terá a seguinte estrutura organizacional:
I. Plenário;
II. Mesa Diretora;
III. Secretaria Executiva;
IV. Comissões Temáticas.
Art. 6o. As normas de funcionamento do CMDPD e as atribuições dos órgãos que compõem a sua
estrutura serão definidas no Regimento Interno, observados os termos desta lei, e será aprovado por
Decreto do prefeito, no prazo de sessenta dias após a promulgação desta lei.
Art. 7o. Toda a estrutura necessária ao pleno funcionamento do CMDPD será disponibilizada pela
prefeitura, com a cessão de espaço físico, equipamentos, recursos humanos e materiais pela Secretaria
Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Art. 8o. Fica o prefeito autorizado a abrir crédito suplementar especial destinado à efetiva implan-
tação do CMDPD.
Art.9o. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogando as disposições em contrário.
política municipal
municipal, que têm o dever de desenvolver uma política para
garantir os direitos dessas pessoas. O município, espaço de estreita
interação, deverá progressivamente pautar as políticas públicas pela
inclusão e reconhecer a diversidade como um aspecto principal de dos Direitos da Pessoa com Deficiência
desenvolvimento socioeconômico e humano.