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ABINTURA Colegio em 14 volume 1.0 mio da pints 2. Aelia doe eo esa da pitas SARE ea pars da pinurs 4.0 5, Damas aeapessio, 6-Afiguea bumane 7.0 patel dace 8. Deri ierpreaso 9.0 dosnbo eacor 0. nea iris TAs 0 problema do elo 12, O anita, alamo ea quero soc 15. Oat dopo 1. Vanguudaerpera Dine getde Jacquin been Colaba de lean Fangs Grote, A PINTURA Testo enenciais Vol. 7 © paralelo das ares, Aprons Jacquie Lichen Coordenae da radio Mardi Cans editoralll34 O paralelo das artes Jacqueline Lichtenstein A partir do Renascimento, a maioria das pessoas que ‘ecrevem sobre pincura iti se dedicara um exerelio lterd- io que, puta além do artificia rexéricn tipico do diseurso declogio, adquite muito rapidamenceo esarato deum gé- nero: a comparagio encre as artes. Essa comparagio se de- senvolve de duas maneiras.A primeira, de ordem geral ou, ‘mais precisamente, genética, aproxima as artes conforme es 1s relacionam 20 sentido da visio ou 20 sentido da au- igo, Bla seinsere numa longa tradicSo que, segundo Pla- do, remontaria a Simbnides de Ceos, ¢ que nos fei trans: ida através da formulagio feta por Hordcio, no século em sua Epiola aos Pies: “O espirto & menos vivamen- ‘cimpressionade por aquilo que o autor confia 20s owvidos ‘que por aquilo que este poe diante dos olos, essa cste- -munhasirrecusiveis”. Desde o inkcio, esa oposicao tomou ‘forma de uma comparagio entre duas artes em particular, a pincura ea poesia —~ "Ur picsura poess", “um poeta & ‘como um quadio”, esteve Horicio, ainda na Fpiirola aor Piudos. Retomada pelos csricos do Renascimemto, esa com- paragio tradicional estaria na origem da chamada dowtsi- na do Ut pictura poes " Set iii dows duis oe adam de BW Ja segunda comparacio, mais reste ¢, ao contrdti, intinseca as artes da visio, uma ver que ela se refere 4s re- lagbes entre a pineura e escultara. E 0 que foi chamado, no Renascimento, o problema do “paragone”.? Albert foi primeizo a coe: eracio seguimte, a questio daria ensejo a um grande deba- ‘c, do qual extraimos alguns dos textos aqui apresentados. Embora difecences em muitos pontos, eas duas com- Js termos novos do humanismo. Na paragées eso, entretanto,fundamentalmente ligadas. Co- mo se poderd ver letara dos extos, 0 puragone s6 adqui re verdadelramente sentido, no intetiot da problemtica sera do Ut piceura pes, na medida em que a condigio ati- Duida 3 pintura, em eelagio & poesia determina a condigao concedida & escultura em relacio A pintura A doutrina do Ut piceura poess, tl como se constituiu no Renascimenco e se desenvolven ao longo da época clis- sica, baseia-se num contra-senso, num erro de interpreta so da frase da Eps aus Psdors “Ut picruna poesis ert”, Em Horicio, esa frase compara » poesia pintur, fazen- do desta ita o term referencial da comparasior ura poe- rmaexiste cl como um quadeo, Dess forma, frase cia um prvilégio om favor das artes da imagem, com as Guais 0 relacionadas as arws da linguagem. Ao tetomarer a frase de Horicio, os tebricos do Renascimento inverteram 0 se tido da comparagio: a poesia vornou-se o terme compari- tivo e pintura 0 temo comparado, Ur picuura poets ert Lee, Ut pe poche bam hry of pining, Nova York W. W. Norn 8 Cx, 1967; dig frances pica pot or i Maca 1991 aie dee petra pr M Brock, Pt ® Emo pals th iano eid de compar em snl aa Hinds da Ane de remete dictate a dbus sb le set come a ccaane pur, Oo paraele ds ates toxnou-se, para eles, Ut poesis pictur, a pintura & como 2 poesia, o quadro é como um poema. E foi ese sentido, ou melhor, ess inversio de sentido, que a tradigio conservou. Entrou para a histéria fandando uma douerina que nin. guém ousara realmente contestar antes da segunda metade do século XVIII, embora algumas rservas, ou mesmo cr ticas,tenham se manifestado desde muito cedo, Seria pre- cso esperar Lessing para que a doutrina do Ut pieaur poesis. fosse Finalmente questionads de mancira radical. Mas essa ‘tadigiointerpretativa,cuja eeundidade parecia defnitiva- mente esgotada, ainda vivetia alguns belos dias. Se 0 Lao- coonte de Lessing constitui uma data fu tétia do Ur pina poess, no assinala seu fim, Violenta- mente eiicada a longo do século XIX pelos defensores da ‘modernidade, essa doutrina renasceria virias veres de suas cineas ¢ sua historia ainda prosseguiria no séeulo XX, de ‘uma forma mais ou menos lente. io seria possvel compreender a forea € petmanén: cia do Ur petura poesis sem voltar 3s condigoes que deter minaram a elaboragso dessa problemdvica no Renascimen ‘06, portanto, 3 inversio de sentido cometida sobre a frase de Horlcio, Pos esse contra-senso, tio rico cm conseqiign- cas, vai muito além de um simples ero de radugso. Res pponde as novas exigencias que entio surgiam no campo da arte, Ele se inste, na teaidade, na ligica de uma transfor ‘macio da situagio dos pintores e da pincura que implica ‘questbes fandamentais. A douttina do Ur pcrurapoess, el como a compreendiam os te6ricas do Re uum dos meios — e certamente um dos mais importantes — que iriam permitie 4 pintura gozar de ur reconheci mento até entio reservado as artes da linguagem, isto &, ter acesso& dignidade de uma atividade liberal. Tratava-se nada menos do que levantar a hipoteca que uma hierae lamental na his- mento, foi «quia, 0 mesmo tempo metaficsc scala pest sobre a pintura i séculos. Implicava, por um lado, desagravar a pintua da suspeiaplaténica,demonserando que ela no ¢ sa prétca ilusériaesofstca que ofilésofo denunciava em se05 textos, mas, sim, im saber, talver até forma mais perfec do saber, Por outro lado era preciso desazer ov ‘ulo social que, dese a Idade Média, a prendia is chama- as aces “mecnicas",provar que ea no era um ofc, ‘uma ocupacio servi, mas uma arc “liberal”, isto & uma atividade digna de urn homeo live: mostar que piatot 10 6um operieo, um simples antes, mas um artista cule tw. leado:“huomo buona et dct in buon leer", com cscreveria Alberti no Della pitura. Portanto, 0 Ut pieura ‘poesséapeca essencal de um imensoemprcendimento de legiimagdo sociale teen de pineurs pa notivel esaégia que se istalaecuja Fila €exabe- lecer que a pntura provém da Ida, eno da mati; do intelecco,e no da sensibilidae; da ea io da peit- ¢2.Pois al objetivo nio poderia ser lcangado sem uma i- 2530 constitutiva entre as ates da imagem e asda ingua- gem, na medids em que a linguageen gous precsamente desde a Anciguidade, do privilégio de ser a0 mesmo cempo 2.ordem do discurso cada aro. Dess forma, 0 Ur pier pocss express 1 exigncia de uma leptimidade que api ‘ura pode obtereabelecndo sua relagi com o dscuro, Por meio dessa compacasio, a pintursreintegra finalmen- {eo universo do Logos, €0 pintor pass ate acesso 3 con: Aigio de orador ou de poet Mas 0 Ur pictur pess nto se coatenta em modifcat ‘ etaruto da pincura; ele transforma sua defniso,impon- do-the a earegorias da podtica eda erica, moa inven- <0 ou a disposigio,econcedendo-the a mesma finalidade ue ArisGtles auribuia 3 poesia dramétca: ade conta a 1a de urna patel ds artes histérin, Como no século XVIL seri infatigavelmente r- petido, o pintor deve saber “nattar com o pineel”. Desde ‘entio, pintarconsste em transpor uma seqyiéncia nae vas portano temporal, para oespago de visibildade que 4 6 do quadro: em descobrie os meios de representa fl- mente uma hstria respezando um eeeo nimezo de exc _géncias propias 3 composicao pietdrica A pineura de his {6ra, que assinala zo mesmo tempo oteiunfo do Ur picenra prise da esttia da isitagto, seria, a partir de entéo € durant séculos, considerada como mais aka expresso da are de pint. Na raidade, concrbui tho irecusivel da nobreza da pinta na medida em que pressupunha, ance no incor como no espectador, um co- nheeimeato fimo da literatura profana ou sagrada eda tradigdo interpretativa. Demonstraria que Pinraraea Poe sia sto cfcivamente iemas unidas por mips rlagdes. (Os pintores tomariam seus temas da literaeurs, eansfor smando 2 narativa em quadtos, os esritores celebrai ‘os pingores en seus textos revelanl a signiicago, por ve ses obscura, dessa teas ‘Mas esas dus rms (os imios, onforme cs) sio também rvs, Ao designarem a pintura como "poesia m- 4a” € poesia como “pineura flan”, os delensozes do Ut pictur poets nnroduaiia, na realidade, uma hierar fenguanto a poesia € apresenada com um dupla deter ago positiva — cla € uma pintura que fala —, a pineura é definida negativamente, como uma poesia & qual ilea a palavra. Ao mesmo tempo em que Ihe assegura ume nova

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