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44 Literate © Artes Plistcas Ut Pictura Poesis e a Critica contemporénea esa poesia secreta, laco comum entre todas as artes. Roland Barthes, $/Z Tratando do que ele chama o duplo problema da mimese literdria, Roland Barthes indaga: _, ¢ 2 literatura ea pintura jé no sio mais consideradas numa relagio hierarquica, uma sendo os ‘a0. mesmo. tempo unos © Tesumo, clasificados juntos? Por que no Siferenga entre elas” (que ¢. puramente Por que nio renunciar &. pluralida afr tio mais fortemente a pluraldade nos convidam a relembrar a longa jc que toma como ponto de partida specialmente a literatura e as artes antecipa a pritica aconselhada pelo tedrico se as artes do sio separadas por abismos intransponiveis, toma-se possivel procurar entre elas relagdes mtituas, esclarecedoras de sua estruturagao. A tradigao remonta a frase de Horacio em Ars Poetica, Ut pictura poesis: "o poema deve ser como um quadro...” Essas palavras tm tempos, as fezes com ecos muito diversos do original, que ido apenas a chamar a atengao para principios da ssica, como, por exemplo, o da unidade dentro da . Retomada na Renascenca, a frase adquire forga especial nos séculos XVII e XVII, inspitando uma lista interminavel de comparagées entre obras literérias e ss. Renovada no (© Kanserromen m Fegio Contemporines 45 século das luzes por Lessing (em Laocoon) e Diderot (em Les Salons), a tradigiio chega aos nossos dias, quando se encontra ‘com os estudos semidticos - que também buscam interrelagdes entre os sistemas constituides pot signos diferentes. Situam-se esse vasto campo os trabalhos de Roland Barthes, Michel Butor, J. Greimas, Jean-Marie Floch, Louis Marin, Jean-Louis Schefer, Marcelin Pleynet, Max Loreau, Gaston Bachelard, Gilbert ‘Durand, H, Baudrillard e Henri Lefebvre. Para esses pesquisadores, © estudo do signo teria uma abrangéncia que possibilitaria encontrar denominadores comuns entre os varios cédigos semisticos, permitindo superar as diferengas de meios materiais empregados pelas diversas artes. Entretanto esses mesmos tedricos mio desconhecem os petigos do terreno palmilhado. No campo especifico da literatura, a abordagem Ut pictura poesis encontra adversatios ponderaveis. A esse respeito, Paul Maury, comentando o fato de O Pensador de Rodin tet sido inspirado por uma estrofe de Bijoux de Baudelaire, fala do perigo das analogias meramente tematicas: Desconhecer 0 abismo que separa o mundo das formas habitado pelo poeta ‘do mundo das. formas. habitado pelo escullor seria dar um exemplo desse género estérl; seria cai foras - Dante escultor ~ ou nos paralelos ingelo cares i i com justiga por Benedito {0920}. Rodin nio fez uma ilustragio de Baudelaire - ele o repensou como escultor.? E precisamente influéncia de Croce que Gyorgy M. Vajda atribui a oposigio de René Wellek - oposigio, a nosso ver, relativa - & abordagem Ut pictura poesis. tendéncia de letras ¢ as artes ou lade de expressio de 'Sleus pontos de vista ndo deicaram, sem divida, de influenciar Austin Warren e René Wellek, quando, também cles, chegaram & conclusio de que a tarefa dos historiadores da arte e dos historiadores da literatura e da misica sera deserever rroce s¢ opunha por pri 46 Literatrn © Artes Pitcse © sistema expressive dos diferentes dominios artisticos com as arateristicas especifieus que os distinguem uns dos outros, > As objegiesde Warren e Wellek baseiam-se, pois, num ponto central, que ja havia sido enfatizado por Lessing no século » XVIIL os diferentes meios materiais usados pelas diversas artes ctiam entre elas barreiras que nio podem ser ignoradas. Os autores, na conhecidissima Teoria da Literatura, colocam o capitulo “A Literatura e as Outras Artes” entre os destinados as abordagens _extrinsecas, _ Sabendo-se fenomenolégica da obra, e de s é facil concluir que essa classi uma condenagio. Na verdade, Wellek e Wai 'variadas e complexas" relagées da literatura com as artes plisticas e a miisiea, Nao contestam 0 “1 “inegdvel sucesso” da formula Ur pictura poesis. Falam da inspiragao, fontes e influéncias miituas entre as artes. Negam, evidentemente, a possibilidade da “metamorfose literal” da poesia em escultura, pPintura ou musica, mas nao a possibilidade de uma arte tomar emprestados 05 efeitos de outra. Em maior ou menor grat, refutam abordagens centradas nas intengdese teorias dos autores ou sobre o background social e cultural das obras estudadas Julgam mais pertinentes as comparagdes baseadas em “obras de » €, portanto, em relagdes estruturais”. Sem relagses permanentes” entre a litératura e as artes, o capitulo insiste em que tais relagdesnio sio causais. Mas no descaria a hipétese de que, ums ver consepuido un Sistema adequado de fermos para a ‘anise literria ¢ para a delimitagao dos periodos, se possa indagar da possibilidade de uma evolugao paralela da literatura ¢ das artes.4 Em outro trabalho, Wellek de algum modo admite estudos relacionando a literatura e as demais artes - com uma condigao: que sejam baseados em caracteristicas estilisticas comuns. Estudando 0 conceito de barroco, conclu: A despeito de muitas ambiguidades ¢ incertezas quanto a extensio, 0 valor ¢ 0 sentido preciso do termo, barroco tem exercldo, ¢ ainda esta exercendo, uma fungio importante, Situou © problema da periodizasao e de um estilo abrangente de modo nam Wu ay analogias entre ersas artes. © de Teori recomen ideolégicos (p. 44). Maury argum comum entre as artes inclui, mas ult que harmoniza com 0 vocabi ‘espanol ou mexicano.7 Maury data o nascimento da disciplina Arte e Literatura ‘Comparadas do primeiro tergo do século XX, afirmando que fa que the faltara fe ov as nuvens do: om, para ser consageada, cla possui ent para escapar i far oo) (U}rge também CS 48 Literntum © Antes Psticas Se, yum, pode sul liares que supsem, tem, pelo menos, o poder de su eco em Ulrich Weisstein, coordenador do seminitio sobre Literatura e as Outras Artes, no IX Congresso da Associago Internacional de Literatura Comparada, e professor dessa disciplina na Universidade de Indiana, EUA, onde é ensinada h Weisstein afirma que a dis. icar, mas 36 conquistou 0 1 é devido depois de iniciado o século XX. A fect rdagem em nossos dias pode ser demonstrada por um ripido exame da Bibliografia sobre as Relagéesda Literatura e das Outras Artes, compilada por Seven is de 300 entradas. Para artes plisticas. Segundo ele, 0 papel representado parece duvidoso. Deveria ser considerado uma arte Musa? Ou deveriamos restringir " de Wellek: o pesquisador ia estudar obras de arte coneretas, onde “conexdes fortes” & "subtis dependéncias” se manifestem de maneira vi portanto, sujeitas 2 verificagao. A maior cont ‘ Weisstein para o Seminario esta no alistamento dos tipos mais frequentes de comparagio entre a literatura e as outras artes. Desses poderiamos derivar diferentes linhas de pesquisa, focalizando: 1) obras de arte que nao apenas ilustrem, mas narem e interpretem um texto; iterdrias que descrevam obras de arte arias que constit Jistica, especialm: rérias que procurem imitar estilos (© unsterroman na Figo Coutemporinea 49 5) obras que usem _ técnicas originarias das artes plisticasy como montagem e colagem; 6) obras literarias sobre artistas, ou que pressuponham conhecimento hi ado; 7) géneros si 8) obras lites sobre um tema, ou temas, partilhados por obras de outras artes; 9) obras , sobretudo romances, onde arte € toricos, figurem de maneira central (The ‘outh, de Joyce Cary, The Moon and Sixpence, de Somerset Maugham), ou onde objetos de arte representem um papel significativo, como Cristo no Sepulcro, de Holbein, no Idiota, de isky , ou Melancolia, de Diirer, em Doktor Faustus, de ‘Thomas Mann. Dentre essas, Weisstein “especialmente promissoras” as anilises de _narrativas, ficadas por To the Lighthouse, de Virginia Woolf, nas ‘uais problemas estéticos e técnicos de uma arte se integrem 10) estudos das fontes de quadros, como A Queda de Icaro, de Bi 41} obras literérias que procurem imitar estilos pictéricos; 13) ilustragdes de livros; artisticos de tendéncia interdisci cita, a propésito, The Parallel of the Arts: Some and a Faint Affirmation, de James D. Merriman. Weisstein faz uma ressalva a respeito desses diferentes tipos de estudos: “concordo com o ponto de vista de [Wylie] Sypher, que considera deficiente qualquer comparagao entre as artes com base apenas no assunto ou conteido” e com [Mario] Praz, segundo quem “na verdade sé podemos falar em correspondéncia quando ha poética e intengdes expressivas a técnicos correlatos’,!! Observar que, dos treze dlise alistados por pelo menos cinco sio da "modalidade deficiente", mostrando cortelagSesmeramente tematicas (os mimeros 1, 2, 6, fissgivings $0 Literatura e Artes st a), enquanto os mimeros 4, 5 ¢ 11 parecem repetir-s esses atendem as recomendagéesde Wellek: parte de tragos es A. insisténcia na_necessidade do teaparece no estudo de Gajo Pelles, La Littérature et les Autres Systemes. Pelles parte das concepgdes de Tynianov e Jakobson, de sua nogio de literatura como sistema em cottelagao com outros sistemas. Menciona Wélfflin , que tenta encontrar 3 ‘entre sistemas artist romantica e gotica - € Likatchev, que Definindo esti ‘pondem""!2, iga tragos est como “um sistema onde forma e cot proxima bastante d a0 barroco: ficos. jone ‘Apteocupagao com os, levar & abordagem comparativa de obras reaparece no estudo de Gyorgy M. Vajda. Ele menciona pontos de aproximagio extrinsecos a obra, tais como o estrato das as, 0 estado mental de uma cultura, ou o principio da ja pesquisa, ao mesmo tempo estrutural, € um dos mais produtivos de nossa diseiplina.14 Em tltima andlise, ¢ ainda a eritérios e movimentos de doo F formas Semelhantes 4 da poesia concreta: © Kanstervoman oa Figo Conerporines $1 me réncia de mensagens Visuais para tex como encontramos, for da vanguarda radical, Vermeer, nas marinhas impressionstas de as de quadros im: © como 0. protagonista pide. Kelezas Ai wematograticas do romance de Dos Passos, Manhaniian Transfer, bem como nas numerosas inversdes do enredo denominadas “flashback” - o inematografica. Os e ‘como. ‘aBleau-péeme, —Bildgedichete, plctopoesice autollustraion. _ F Nesse texto, Flaker cit iportantes, partilhados pela literatura e as outras artes no periodo modemo: a rejeigio da mimese e conseqiiente énfase no significante; a decomposigao do objeto em suas partes, como no uso, pelos’ futuristas, de palavras desmembradas, semi- lavras, combinagdesengenhosas e arbitrérias, transposigoesde silabas (como no verso “cubista” de Majakoviskij); a tendénela geoméirica na pintura, presente no texto literério (Petersburgo, a uma série de rasgos 32 Literatura e Antes Pisticat de Belyj, representa a cidade em termos geométricos, levando ‘comparagéo do romance com a pintura Futurista italiana); o simultanismo, o deslocamento e distorgao de planos, derivado da pintura e representado na literatura pela apresentagao do objeto em contextos inesperados e pelo rompimento da cotinuidade espacial e temporal; o principio da montagem ou construsio de um novo significado resultante da justaposigao de signos ‘opostos; a projegao do texto literdrio ou pictérico contra wm fundo tradicional - como na decomposigao das Meninas de Velasquez, feita por Picasso, ou 0 uso do background clissico no Ulisses de Joyce, na Odisseia de Kazantsakis, ou nas citagdes de varias literaturas no Waste Land, de Eliot. A abordagem est » sugerida por Wellek e outros, pode ser complementada por algumas alternativas mais recentes, que contribuem para integrar 0 enfoque Ut pictura _poesis'com outras tendéncias da critica contemporinea. Erdman Waniek, & procura de um denominador comum = 0 tertium comparationis - que viabilize analogias entre a literatura e as outras artes - sugere a abordagem recomendada pela critica da recepgao : “o abandono dos critérios intrinsecos, centrados na obra, e 0 deslocamento da analise para 0 “leitor" do texto, seja ele literirio, plastico ou musical, Wellek jé deixara entrever algo semelhante : no capitulo “A Literatura e as Outras Artes” de Teoria da Literatura, mencionara os estudos baseados no efeito da obra sobre o leitor. A. proposta de Waniek ndo vai além de uma sugestao de carster muito geral: deixando de lado 0 Pesquisas recentes sobre a Kigica da leitura, especialmente de wra.a pintura e Hans Georg’ Gadamer sugerem uma semelhanca ldo: passamos de tum primeiro reconhecimento nivel de superficie para a organizagao da obra em unidades constitutivas, que relacionamos umas com as outras, de modo a transformar’ em sentido a percepgio da superficie. A comparagio de duas obrus especificns, “baseada nessa logicn de leitura, inevitavelmente gerard suas proprias —calegorias estruturais adequadas.16 (© Kansterromen ra Fiegb0 Conternporines 53 ‘A proposta. de Wellek tem presst importantes, discutidos por estudiosos da se sem formulagao definida. Supde, por exeny se considerar toda obra de arte como feita pelo receptor da “ termos podem ser considerados mais ordem muito geral, ou mesmo metaférica? ‘Subjacente 4 leitura suposta pela abordagem sei existe uma concepgio da obra de arte como um si semidtico de segundo rau, sen nguagem literaria, Para apoiar essa and citado (p. 332), alude 4 concepgao de Turi Lo Structure Artistique: 1 é, de palavras, 3s, quando inerente & estrutura de uma obra de inguagem especifiea, que écalcada ma de nignos ling te Ja que todas de formas ou mov ‘A concepgio de qualquer obra de arte como uma linguagem ‘apesar de caracteres especificos, tem semelhangas cruciais com a linguagem verbal, torna possivel estender os conceitos de denotacao e conot & obra de arte plastica. Como a inguagem verbal, a pictorica teria também um primeiro nivel de. significado, 'o denot proximo da Tinguagem cientifica que, pelo menos nominalmente, visa a0 ideal da representaga Esse nivel funcionaria, ‘como um novo sistema de signos, que teria um segundo ©. A pintura, por exemplo, poderia sugerit algo além daquilo que representa. Numa obra tradicional, paisagens campestres podem facilmente associar-se a idéia de frescura, inocéneia e beleza pristinas. Louis Marin parte do estudo de H. Damisch sobre pinturas de nuvens, utilizadas 1 54 Literatur © Ate Pistons simbolicamente na pintura renascentista e barroca, para chegar & ‘concepgiio das possibilidades conotativas do sistema pictérico: © importa na pintura renascent getiicado por le conotagio revs quadros e as épocas, na icados diferentes, trazidos 3 hhierarquizado, no qual o englobante, por sua ver, se delxa taglobir eo aaniieate, portih verse fob egnitcants. © Essa teoria de “encaixamento” de cédigos, observa Louis, Marin, harmoniza-se com a de Barthes a respeito da ideologia. Segundo est ja éa forma dos significados de conotagao e do o determinado do mundo e da histéria. A abordagem semistica permite estudar ainda, como sistemas de sinsis, outros ios. das linguagens artisticas, como espago, nas artes icas, tempo e ritmo na musica ¢ na poesia. Esses seriam ificos que possibilitariam —abordagens as artes. itamos que — os posicionamentos comparativos estudados neste trabalho, uiteis para o estudo de obras pertencentes a sistemas semisticos diversos, possam ser igualmente valiosos para a analise de obras literdrias que incluam, como elemento estruturador, descrigdes de obras plisticas ou musi i inspiradas nestas. A nosso ver, ‘uma abordagé incorporada & tradigao Ut pictura poesis, pode contr (© Kanstterroman na Pesto Conterportoea $8 estudo da obra dos romancistas como Virginia Woolf e William esa, e, na brasileira, de Clarice e Lya Luft. Com sugestiva incluem, além de obras de arte ficticias, a ntral. Ecos recentes das figuras provstianas de Vinteuil, o miisico, e Elstir 0 pintor, slo a escultora de A Paixdo Segundo G.H., as pintoras de Agua Viva e de To the Lighthouse, a musicista de O Quarto Fechado, 0 pintor de Reflexos do Baile. Igualmente importantes sio as técnicas cinematograficas ou impressionistas de Jacob's Room, ou 0 tratamento de espago e vertic ainda, os complexos efeitos cos Viva. Incorporada a0 esforco da semidtica, a tradigio Ut pictura poesis pode contribuir significativamente para 0 estudo destas obras, de seus autores, e de sua posicao privilegiada dentro da tradigio intemacional do Kinstlerroman. E 0 que tentaremos demonstrar, passando 4 anilise de alguns desses textos. Rolond Barthes, $2, Trad. Richard Miler (New York: Hil & Wang. 1974), p. 2 Poul Maury, Arts ot itéroture Comporgs Etat Présentdie la Question (Posi: Scoksté dalton “Lor Boles Lett any LNéroter et ungustcver 392 ‘SémiologioFicturae IN Etudes Sémioiogiaves (Pars ‘incksiack, 1971), p.31 (© Kansilerroman na Ficgio Conlemporines $7 aoe de uma Leitura: O Quarto Fechado, de Lya débeis ¢ oscilantes descricdes de sinais arbitrérios Lessing, Laocoon © Quarto Fechado, livro de estréia de Lya Luft, éclaramente \ um Kiinstlerroman, Nele, a figura do artista e a presenga de uma | juram o romance. No mundo de realidades | do pela narrativa, arte e artista constituem / ponto ful ando a criagdo estética como a tinical harmonia possivel diante do caos da experiéncia. A trama desenvolve-se em tomo de Renata, pianista talentosa que abandona a carreira para casar-se com Martim, homem risti jnador e apaixonado. O casa de “infidelidades” e “recon: e’ mulher. O interyalo de paz representado pelo nascimento de Rafael, menino saudavel e alegre, termina tragicamente. A crianga morre numa queda, possivelmente provocada pelos gémeos. Anos depois, outra queda - de um cavalo - causa a morte de Camilo. E diante de seu caixio que 0 casal, separado ha tempos, vem a se reencontrar. Asua volta adeja também a figura de Clara, irma de Martim. Mulher de meia idade, permanece fixada em um romance juvenil frustrado. Agravando a atmosfera trégica, paira ainda sobre a casa a presenga invisivel mas poderosa de Ella, ira adotiva de Martim e Clara. Confinada ao quarto, invélida hé trinta anos, a bela moga de antes converteu-se num ser disforme € mal-cheiroso, Pela campainha, solicita continuamente a mie,

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