You are on page 1of 15
FAVERO, Luigi. As cartas pastorais de Dom Francisco de Aquino Carréa. Cam. po Grande, MS, 1996, (Colegio Centenario). FERREIRA, Joao Catlos Vicente. Mato Grosso ¢ seus municipios. Cuialsé: Buriti, 2001. JENKINS, Keith, istiria repensada, Sio Paulo: Contexto, 2004. MAGALHAES, Hilda Gomes Dutra. Literatura e poder em Mato Grosso, Brasilia: Ministério da Integragio Nacional; Cuiabé: UFMT, 2002. SILVA, Antonio Carlos. Vager do ceste: a radiodifusio cuiabana entre a antena ¢ a lei (1939-1949), Dissertagio (Mestrado em Historia) - Univer. sidade Federal de Mato Grosso, Cuiabé, 2004. 1856 Divisio de opinides: a saga do divisionismo sulista em Mato Grosso Vinicius de Carvalbo Arai. Este texto trata dos principais acontecimentos que envolveram a aga do divisionismo sulista em Mato Grosso, Destaca as primeiras mani- " festagdes neste sentido ainda no final do século XIX, como a “Repiblica “Transatlantica de Mato Grosso” e os movimentos separatistas liderados por Jango Mascarenhas ¢ Barros Cassal, vindos do Rio Grande do Sul ‘Ao longo do século XX momentos importantes desta Inta sio destaca- dos, como a participacao da regiio sul de Mato Grosso no apoio a Sio Paulo na chamada “Revolugio Constitucionalista” de 1932, a campanha “dividir para multiplicar” entre as décadas de 1950 e 1960 e, por fim, - edigio da Lei Complementar 31/77, que conctetizou o antigo sonho. O trabalho procura também compreender as raizes do divisionismo sulis- “ta na rea econdmica, ressaltando a difetenciagio geogrifica das duas regides ¢ a visio de drgios federais como Ipea, Sudeco, Ministério do Planejamento ¢ a propria Presidéncia da Republica. Por fim, sio obser- vadas as raz6es de natureza politica envolvidas no separatismo ¢ os im- actos na eleigio de 1978, primeira realizada com os estados separados, (Os posicionamentos de Arena e MDB e a votagiio destes dois partidos - olhada sob o prisma da tegionalizacio sfio fatores centrais para entender decisio tomada pelo entio Presidente Ernesto Geisel. © objetivo deste texto é identificar as principais manifestagdes ta divisionismo sulista em Mato Grosso, culminando com a criagio de Mato Grosso do Sul em 1979, Para tanto, foram utilizados conceitos __ de -virias disciplinas, como Geografia, Economia e Ciéncia Politica, para compreender a diferenciacio entre as duas regides de Mato Grosso uno, aiz dos movimentos separatistas emanados do sul. A Geografia, em particular a Geopolitica, focaliza variveis como extensio territorial, solo, relevo, clima, vegetacio, hidrografia e demogra- fia, que fizeram de Mato Grosso um caso tinico na federagio brasileira e engendraram sua divisfo. A Economia abordou grau de complexidade alcangado pela estrutura produtiva das duas regides, sua articulagio com © centro-sul industrializado ¢ as estratégias distintas de desenvolvimento regional a serem adotadas em ambos os casos. Jaa Ciéncia Politica forneceu categorias como elites politicas, eleigdes, partidos e disputas de poder, que adicionam mais uma cama- da explicativa a0 fenémeno. No que tange & documentagio trabalhada pelo artigo, vale destacar 0 uso das mais variadas fontes, com inclusio de depoimentos, imprensa, documentos oficiais, pronunciamentos de parla- mentares, videos, e também as bibliogrificas. Primeiras manifestagdes do divisionismo ‘Uma dimensio importante da lta politica em Mato Grosso, que vinha desde o final do século XIX com a movimentacio de alguns lideres no sul do estado e da tentativa de proclamagio de uma “Repiblica Tran- satlintica de Mato Grosso”, é 0 divisionismo. Apés o final da Guerta com o Paraguai (1864-1870), 0 sul do estado foi articulado 4 economia brasileira e teve © contingente de populagdes de origem europeia acele~ rado pela vinda de migrantes dos estados vizinhos. Destacaram-se neste momento Minas Gerais, Sio Paulo, Parana e Rio Grande do Sul, bem como imigrantes de varias regides do planeta, com destaque para japone- ses ¢ Oriente Médio, Oliveira Neto (2003, p. 52) lembrou de uma piada comum em Campo Grande que se refere & cidade como uma “itha de turcos cercada de japoneses de todos 0s Iados”. A expressiio deriva das atividades comerciais e, portanto, urbanas exercidas pelos “turcos” (que __denominam todos os egressos do Oriente Médio e proximo) e as agrico- Jas, dos japoneses (habitando a zona rural). De acotdo com Silva (1996), os primeiros movimentos divisio- istas aconteceram ainda no comego do século XX, em decorséncia da migragao gaticha para a regito de Ponta Pori, fronteira com 0 Paraguai, les vieram em virtude da guerra civil no Rio Grande do Sul, no inicio da Republica (Revolugio Federalista), O movimento foi liderado por Jango Mascarenhas (2° vice-presidente do Estado) ¢ contou ct 2 patticipacio ie Joao Caetano Muzzi, Joio Barros Cassal ¢ Bento Xavier. Eles funda- mo Partido Autonomista, em 1901, sob a bandeira do separatismo da glo sul de Mato Grosso e do cancelamento do contrato com a Com- ~ panhia Mate Laranjeira. Bles viam a Mate Laranjeira como representante lo Governo estadual na regiio e, portanto, do poderio nortista. A revolta la pelo entio Presidente do Estado, Generoso Ponce. Cassal assassinado em Nioaque ¢ os outros se exilaram no Paraguai. E in- ressante observar a relacio entre o discurso autonomista e separatista ticho (que eles sempre tiveram e cultivam ainda hoje) ea argumentacio A ferrovia Noroeste do Brasil (NOB) chegou a Campo Grande 1914 e transformou a paisagem econdmica da regio, Em 1921, foi _tansferida a Regido Militar de Corumba para Campo Grande, pela faci- idade de deslocamento proporcionada pela ferrovia ¢ sua posigio mais : central, também em relagio as fronteiras com a Bolivia e 0 Paraguai. Os listas passaram a se sentir, portanto, sub-representados nos espagos lc poder estaduais (Executivo, Legislativo, Judiciitio, partidos e cargos -derais). Bles responderam com discusso ¢ militincia politica pela mu- lanca da capital para Campo Grande, em face da decadéncia econémica Um momento importante deste movimento foi a adesio ao esta do de Sio Paulo, na ocasido da “Revolucio Constitucionalista” de 1932, O General Bertoldo Klinger, chefe militar da Revolugio, era comandante da Regio Militar em Campo Grande. Antes de pattir pata Sio Paulo, ele nomeou para Governador do “estado de Maracaju”, em 28/07/1932, 0 entio prefeito de Campo Grande, Vespasiano Barbosa Martins. Durante 82 dias a dualidade foi mantida, com confronto entre as tropas d estados” na margem do Rio Coxim, O interveator em Cuiabé (Leénidas de Matos) se manteve na posicio de apoio a Getiilio Vargas. Bittar (1999) ressalvou que esta nfio foi uma tentativa divisionista, j4 que Vespasiano “Martins se considerava Governador de todo 0 estado, e iio apenas da regio sul. Apés encerramento do confit, ele se elon no Paraguaie foi trazido de volta em 1934, para equilibrar mais a representacio politica da regio sul. A este respeito, 0 ex-deputado estadual e federal de Campo Grande Ruben Figueité observou que: No periodo Vargas, houve um cesto equilibrio, por- que 0 Vargas teve a inteligéncia de escolher & Dow tor Vespasiano Martins para ficar aqui no sul. Entio, © Governador (politico, nfo 0 Administrador), 0 po- Iitico, era 0 Vespasiano Martins, Entio, nada se fazia juino sul sem consultar 0 Vespasian a depois de 34, Ble foi cleito senador, tem aquele episédio do atentado dele ¢ do Villasbéas e tal. | Neste periodo, houve um certo equilibrio, politico apenas, nfo em termos de administragio. Ainda no final de 1932, estudantes da regio sul, que estavam n0 Rio de Janeiro, fundaram a Liga Sul-matogrossense, que editou - mentos enderegados aos habitantes locais ¢ também aos constituintes de 1934, Eles expuseram as azdes em favor da dvisio do estado € on Jaram um forte discurso contra o “centro” e o “norte”, denominado de modo genérico como “cuiabanos”. Este discurso seri, inclusive, um dos meios definidores da identidade sul-matogrossense. 1 Batrevista com Ruben Figueitd, Campo Grande, 29 set, 2006, Os esforcas para definigio de uma identidade mato-grossense tensificam-se no contexto da disputa divisionista. Quando o IHGMT formulou o papel de Cuiabé, por ocasiio das comemoracées do bi- menitio de fundacio de Cuiabé (1919), no Governo de Dom Aquino Corréa (1918-1922), os sulistas responderam, na década de 1930, trans- Pondo o confit norte-sul existente em nivel nacional, que reivindicava supetioridade econdmica e social, bem como a opressio politica do sul pelo norte, O tema da divisto do estado foi quase uma constante nas dis- cuss6es politicas em Mato Grosso, Neves (20012) salientou que em de- fterminados momentos, de acordo com a conjuntura nacional, ele aflora- va mais, como foi o caso das assembleias constituintes de 1934 ¢ 1946, a constituinte estadual de 1947 ¢ a eleigio de 1960 para a Presidéncia da Repiiblica, na qual Janio da Silva Quadros, nascido no municipio de ‘Campo Grande, era candidato com apoio da UDN. Em 1959, quando ja -despontava o nome do ex-Governadot de Sio Paulo (1955-1959) para a __ Sucessio de Juscelino Kubitschek, surgiu a campanha “dividir para mul- Splicar’, que prosseguiu até durante a visita de Jinio a Mato Grosso, ¢ fambém na campanha. Janio prometeu que, caso eleito, asfaltaria a estra- da entre Cuiabé e Campo Grande, como auxilio a integragio do Estado, Diante de sua rentincia Precoce, com menos de sete meses de mandato, # esperangas imediatas neste sentido adormeceram. Ao vet os cartazes om uta tesoura cortando o mapa do estado a0 meio, simbolizando a “Spetada divisio, Jénio teria afirmando que sentia como se seu proprio gio estivesse sendo mutilado. Estes momentos foram manifestagées puiblicas do movimento isionista, que em geral mantinha as articulagdes em circuitos mais fe- os. A dimensio regional das disputas politicas descritas por Neves 01a) evidencia que jé eram dois estados convivendo em Mato Grosso, ;_, 'Fetanto, o pragmatismo das forcas politicas recomendava que o tema Se evitado, Como os resultados eleitorais eram muito préximos, em particular para as eleigdes majoritérias, qualquer candidato que se com. prometesse de modo aberto com um dos lados da cerca perderia o ele. torado do outro, Ninguém poderia prescindir de uma das regides do es. tado, em funcio de delicado equilibrio vivenciado no periodo 1945-1965, Como Martins (1944) demonstrou em sua obta.A Defisa Nacional a separacio da porgio meridional de Mato Grosso constava das propos. tas de redivisto territo 1, bem como do préprio pensamento geopolit co, pelo menos desde a primeira Assembleia Constituinte, em 1823, Por suas caracteristicas geofisicas diferenciadas do centro ¢ norte do estado, como solo, clima, relevo, vegetacao e hidrografia, esta area deveria set objeto de atens stinta, Assim como a interiorizagio da capital, a cria io de unidades subnacionais de menor porte acompanhava 0 padrio europeu € norte-americano. Uma capital situada no litoral era considerada muito vulnerivel 2 ataques anfibios de navios estrangeitos (com possivel desembarque de tropas terzestres) ¢ dificultava uma articulacio introvertida das diferentes artes que compdem o territério nacional. Em ambos os casos, deveria se esperar por uma conjuntura favorivel para a efetivagio de tais reco- mendagdes. Assim aconteceu com a construgio de Brasilia, durante 0 mandato presidencial de Juscelino Kubitschek (1956-1961), depois de intimeras tentativas ¢ de garantia nas trés Constituiges promulgadas na Repiblica (1891, 1934 1946). Razées econémicas da divisiio do Estado “Aqui cabe um paréntese acerca da participagio do Ministério do Intetior (Mintet) ¢ da Sudeco nos bastidores do processo divisionista, que apontam para as dimensGes econémica e espacial da medida, muitas vvezes relegadas 20 segundo plano por aqueles que acreditam que a deci- sio foi apenas um capricho dos Generais Geisel e Golbery do Couto ¢ Silva. Abreu (2001) abordou a importincia dessa agéacia para a confor- macio do que ela denominou de “espago mato-grossense”, categoria que brange 0 tettit6tio dos dois estados atuais. TIT Plano de Desenvolvi- mento do Centro-Oeste (Pladesco), que acompanhava o terceizo PND 1980-1985), articulava a divisio do estado & politica aacional de integra- 0 espacial do desenvolvimento nacional, apontando algumas diretrizes de definicio ¢ especializacio regional entre sul e norte de Mato Grosso. O norte era visto como vazio demogrifico, por seus baixos indi- ces populacionais, ¢ jé vinha tecebendo incentivos da Sudam (Pin, Pola- maz6nia e Proterra), por compor a denominada Amazénia Legal, acima lo Paralelo 16. O sul, por seu turno, jé estava incorporado ao Centro-Sul obteve 2 colaboragio de programas como o Polocentro (Cerrados) € Prodegran (Grande Dourados) € 0 Prodoeste, que incluiam areas no alcangadas pela Amaz6nia Legal, como sul de Gols e Mato Grosso, ¢ 0 ~entorno de Brasilia. A especializagio das politicas regionais de desenvol- | vimento tinha por objetivo, portanto, instrumentalizar melhor a rearti- sulagio do espago mato-grossense ao grande capital industrial monopo- sta, instalado na regio Sudeste. A este respeito, Abreu (2001) salientou ue Sudeco entendia que: AA divisio do Estado de Mato Grosso deverd se cons- tituir mum proceso de longa maturagio e consolida- «que nio havia uma linha divis6ria indiscutivel ue identificasse duas regides distintas, ndependen- tes, auto-sustentiveis e cujas diferencas fossem visi vveis e sugerissem a separagio geogréfica [.] A t certeza que ficou caracterizada quando da decisio foi sobre as diferencas de condigdes de desenvolvi- mento das regides norte e sul, das potencialidades di- fetenciadas a curto e médio prazo, das desigualdades quanto & capacidade de geracio de receitas piiblicas, e consequentemente, das condigdes de dependéncia das transferéncias de recurso federal Um diagnéstico preparado pelo Instituto de Pesquisas Econd- ‘micas Aplicadas (Ipea), jé em 1977, sinalizava na mesma diregio que os trabalhos da Sudeco. Apontou a criagio do novo estado (chamado ainda de “Campo Grande”) como um imperativo geopolttico, pelas dimensdes, cariter fronteitico ¢ riqueza potencial, Lembrava da diferenciagio das duas regides, em fungio de sua articulagio com 0 Centro-Sul do pais, ¢ indicava também que 0s dois estados dependeriam de auxilio federal por algum periodo, sendo o norte mais do que o sul. Destacava Rondong. polis e Barra do Garcas como freas dindmicas na regiio norte do estado € 0 seu grande potencial de ocupacio.? O trabalho relacionava ainda os programas federais j4 existentes e a serem ctiados (Promat ¢ Prosul), que poderiam contribuir para a dinamizagio das duas regides, assim como a transferéncia da sede da Sudeco, de Campo Grande, para Cuiaba. No caso do sul, a Unio deveria transferir recursos para instalagio dos po- deres na nova capital (Campo Grande), federalizacio da universidade, assungio da divida estadual etc. No caso do norte, pela perda de arreca- dacio, a Unio deveria aportar um valor mensal que cobtisse 0 dic ‘Almeida (2005) apontou que 0 Ministro do Interior Mauticio Rangel Reis destacou esta questio na época, ao dizer que: ‘A regio Sul, com extraordinéria potencialidade aga cola, de colonizacio relativamente recente, tendo ‘como ptincipsis polos Campo Grande, Douracdos, Corumbi e Ponta Por, liga-se aos grandes centros de ptoducéo da regio Sudeste © a0 Parand e 20s cotredotes de exportacio de Santos ¢ Paranagué. A regio Norte apresenta caracteristicas pré-amaz6- nicas e retine grandes possibilidades nas atividades 2 O eatio Ministto do Planejamento Joo Paulo dos Reis Velloso destacou a partici: pacio do Ipea na “descoberta” do potencial agricola dos cerrados. “$6 para lembrat, ‘em 1960 em Brasflia nio havia nem gramados, e estava mais ou menos consolidada & nogio de que os Cetrados nfo eram bons para a agricultura. No Ipea, comegamos & ‘eabalhar com 4 ideia contsita, do enorme potencial dos Cerrados; esses estucos «5 tio resumidos no trabalho chamado Aproveitamento atual ¢ potencial dos Cerrados, claborado e publicado pelo Ipea em 1973. Na verdade, tais estudos vinham sendo feitos desde 0 final dos anos 60 ¢ foram encerrados no inicio da década seguinte, sob a coordenagio de Mauricio Rangel Reis, coordenadot de agricultura do Ipea, que depois veio a ser ministro do Interior do governo Geisel”. (D'ARAUJO, 2005). agropecuitias,florestais € de mineragio, O Estado de Mato Grosso apés 0 desmembramento de par- te de sex territério, pata formar o Estado de Mato Grosso do Sal, conserva cerca de 880 mil km#, uma ‘vez e meia 0 Estado de Minas Gerais, e sua posigio geogrifica lhe confere importincia vital para o de- senvolvimento integrado da nacio brasileira. Portal da Amazénia, centzo polatizador dos troncos £0- dovidrios que demandam ao Norte, a0 Oeste até as fronteiras, a0 Sul ¢ ao Sudeste, seri, sem diivida, um dos principais alicerces do desenvolvimento econd- ico e social do pais. (2005, p- 379). De fato, Mato Grosso era um caso tinico na federaio, mesmo _quando so observados outros separatismos regionals. Era 0 segundo ‘maior estado em 4rea, com 1.231.749 km? e distincias de 2.500 km den- tro de seu tertit6rio, espalhando-se no sentido norte-sul ¢ fazendo fron- oe -teira com sete estados (Parana, ‘So Paulo, Minas Gerais, Goids, Rond6- 4 i, Pari ¢ Amazonas) e dois paises (Bolivia € Paraguai), o que sempre Ihe aferiu papel de articulagio das regides Sudeste, Centro-Oeste ¢ Norte, melhante 20 desempenhado por Minas Gerais. Quando se observa a distribuicio demogeifica, fica ainda mais clara a diferenciacio de Mato Grosso em relacio a0 outros casos de separatismo no Brasil. Em 1970, 5% da populacio, estavam na sua regio sul, que tinha uma cidade ‘ampo Grande) com populagio superior & capital do estado (Cuiabé), iim da existéncia de cidades-polo em cada uma das microrregiées. Vale dizer, portanto, que se Campo Grande nfo existisse, teria .¢ ser inventada, como o foram Brasilia, Goiinia, Belo Horizonte ¢ .esmo Cuiabé, que sofreu reformulagao importante a partir da déca- la de 1960. A historia de Campo Grande pode ser dividida em antes pois da passagem da ferrovia, que aproximou a regiio de So Paulo, = -deslocou o eixo econémico da hidrovia (Corumb), “tirou” Mato Gros- | so, Bolivia e Paraguai da zona de influéncia argentina ¢ fortalecen 0 papel = de entreposto comercial e centro utbano de apoio is atividades agrope- = cudtias ja exercido por Campo Grande desde a sua fandagio, em 1872, como lembra Oliveira Neto (2003). Estas cinco capitais citadas ficam situadas entre os paralelos 15 ¢ 20° sul, proximas as nascentes dos tiog que compdem as trés grandes bacias hidrogrificas braileiras e, por qug sii, sul-americanas, quais sejam: Amaz6nica (Ataguaia-Tocantins), Sig Francisco ¢ Prata (subdividida em Parand, Paraguai e Uruguai). A tendén, cia fragmentéria em trés partes do territério brasileiro era muito grande localizagio das capitais nas fronteitas (ltoral € Amaz6nia). Dai a importincia de capitais interioranas que pudessem “articular o Brasil por dentro”, em conjunto com outras cidades de porte menor que ajudariam neste objetivo. conforme esta logica e pel Pela forma, portanto, como se deu o crescimento econdmico ¢ demogrifico de Mato Grosso, no século XX, surgiu a situacio inusitada de existirem duas regides distintas no mesmo estado, com pouca asticu- lacio econémica entre sie “duas capitais”, dificultando as relagSes poli- ticas internas e extravasando para o cenftio nacional. Para caracterizar a cexisténcia de “duas capitais” vale apontar, além dos dados ja menciona- dos, a duplicacio do apatelho do estado nas duas cidades, com duas uni- versidades piblicas (UFMT e UEMT) de porte equivalente, bem como Orgios estaduais ¢ federais, que tinham que estar também em Campo Grande para atender aos municipios da regio sul. Como Campo Grande ja era a capital politica e econdmica do estado, havia um “bloqueio”, ou, pelo menos, um condicionamento de Proporcio dos investimentos direcionados a entio regio norte. Isso se dava pela afirmagio dos sulistas de que Cuiabé jé era beneficiada pela condiigio de capital administrativa e sede dos principais Srgios federais estaduais, e que qualquer mudanga na situagao prejudicaria o sul, respon- sivel por 70,45% da arrecadacio estadual e 66,22% da despesa com pes- soal, em 1976 (CAMPOS, 1977). Isso obrigava a Unio e os empresitios a negociarem com as “duas capitais”, o que dificultava a realizagio dos investimentos em Cuiabi e regio, para viabilizar 0 projeto formulado lo regime civil-militar de rearticulagio econémica da Amazénia e do ferrado, baseado na grande propriedade agropecussia ¢ mineradora, |A tese da existéncia de duas capitais para justficar a divisio do ado consta do documento oficial elaborado pela Assessoria de Rela- oes Pablicas da Presidéncia da Replica no momento da sancio da LC 4.31/77. Um trecho de tal documento diz, a este respeito, que: ‘Além das referidas diferenciagbes de ordem fisica, hiist6riea e econdmica, também do ponto de vista administrativo a divisio, na pritica, jf se processa em tal grau que se poderia falar na existéncia, de fato, de dois Estados. Ocorren que as dificuldades em gerir fzeas geograficamente tio distantes levaram 0 Go- verno mato-grossense a descentralizar progressiva- mente 2 estrutura administrativa, prineipalmente no que se refere a entidades autérquicas, empresas ou fandagées, que foram paulatinamente bipattindo-se, de maneita a melhor situar-se nos ptincipais polos do Estado, Por exemplo, a companhis estadual en- carregada de geracio e distribuigio de eletricidade, a Cemat, possui duas regionais ~ norte ¢ sul ~ de operagies e obras; 0 Departamento de Estradas de Rodagem, o Banco do Estado, a empresa telefénica também se subdividiram, e até no campo do ensino universititio existem duas universidades: uma fede- salem Cuiabé, ¢ outra estadual, em Campo Grande, Outro aspecto a ser observado nas razBes para a divisio do esta- é a tendéncia autonomista apresentada pelas elites politicas da entio io sul de Mato Grosso, no apenas em relagio a0 norte, mas nas “questdes politicas nacionais. Cabe lembrar 0 apoio dado & Alianga Li- eral, em 1930, a adesio 4 “Revolucao Constitucionalista” de 1932 € o ‘esforco para garantit 0 apoio a0 golpe militar de 1964. Quer dizer, tais lites, embora fossem reconhecidas como conservadoras no plano polit estadual, tinham comportamento mais agressivo em temas nacionais, fungio do separatismo. Para “convidé-las” a participar melhor do jogo politico, os estra. tegistas do regime civil-militar recorreram velha formula do Ato Agi. cional n. 1 (1834), descrita por Guimaries (2006, p. 198), que dotou as lites politicas regionais de um espaco politico em que pudessem disputar entre si e desviasse 0 foco da corte imperial, com “significativa parcel, de autonomia para administrar suas provincias, ao mesmo tempo em que obtiveram garantias de participagio efetiva no processo de« de suas representagdes na Camara dos Deputados.” Essa foi a maneita encontrada de administrar a situagio do Mato Grosso uno, considerada por Paulo Roberto Cimé (2006) como uma “batata quente” na federa. através do, na medida que reproduzia, neste microcosmo estadual, 0 confito norte-sul verificado no Brasil, em torno das condigdes socioeconémicas ¢ participacio politica. Vale dizet, portanto, que a divisio do estado aconteceu apenas num contexto autoritirio, quando as forgas politicas e econémicas nacio- nais elaboraram um projeto para a Amaz6nia e os Cerrados, expresso no binémio “seguranca ¢ desenvolvimento”, de autoria da Escola Superior de Guerra, Até entio, se a regidio sul de Mato Grosso fosse emancipada, que seria feito com a regio norte? Continuatia dependente de recursos federais e poderia até ser transformada num territério federal, o que seria considerado um “rebaixamento”, ¢ enfrentaria problemas diante do apa- relho estadual existente em Cuiaba. Bla 56 aconteceu quando ficou clara, inclusive para as elites poll ticas do notte, a superioridade politica, demogrifica e econémica da re- gio sul ea necessidade de “emancipar” o norte, para que fosse possivel implementar um projeto de desenvolvimento que tivesse em Cuiabé um ponto de apoio importante. gul versus Norte na politica de Mato Grosso 3 'A sucesso de Fragelli é uma das mais interessantes ¢ obscuras este perfodo, por ter sido a tiltima com o estado ainda unificado € pela seolha tet tido forte participacao dos militares. Como era habitual, a ena estadual elaborou uma lista com dez nomes, sendo os seis primei- ‘93 do sul e 0s quatro dtimos do norte. Martins (1981) recordou-se que, ma vex fechada a lista dos candidatos, veio um pedido do Diret6tio Na- ional da Arena para que 0 nome do deputado federal Garcia Neto fosse incluido. Enio Vieira, correligionario de Garcia Neto, retirou seu nome Ihe dar espaco. Garcia Neto era um dos vice-lideres da Arena na Jimara dos Deputados muito préximo ao lider, deputado 1ém disso, fora o deputado mais bem votado do estado em duas elei- es consecutivas, com forte concentragio de sufrigios na tegiio norte Célio Borja argumentou que, depois de aprovada a fusio dos Es- ados do Rio de Janeiro ¢ da Guanabara pela Lei Complementar n, 20/75, Presidente Geisel dedicar-se-ia 4 divisio de Mato Grosso. O préximo Governador deveria, portanto, estar alinhado com a missio de preparar tado para receber a divisio, Diante disto, se fosse escolhido um nome 1 sul, como a maioria daqueles que estavam na lista da Arena, poderia + forte reacio do norte, pela tradicional militincia que aquela regiio ra em favor do divisionismo. A melhor opgio seria, portanto, um dro aceito no norte, para amortecet o impacto da divisio na regio a sentiria como “perda” de uma faixa territorial (porque ao sul, o sen- to majoritério seria de vit6ria pela concretizagio da causa histérica). Borja teria sugerido a Geis a Governador de Mato Grosso. entio, o nome de José Garcia Neto Ruben Figueiré ressaltou que a eleigio de Gatcia Neto foi uma scolha estratégica, “[...] para no traumatizar o norte com a divisio do tado”. Ble considerou ainda que Garcia Neto sabia da divisio desde 0 Finc{pio ¢ teria assumido 0 compromisso com Geisel e Golbery de nio ‘teyclar tal conhecimento. Para Figueit6, Garcia Neto foi o “Governador dla divisio” © manteve-se equidistante da luta norte-sul (tanto que o es. cothes, como divisionista convicto, para ocuparalideranga do Exccutivy ‘2 Assembleia) Ble relatou ainda que, em 1976, estiveram em Cuiabyé os Iministros do Plancjamento (Reis Velloso) e Interior Rangel Res), come Parte dos preparativos para a divisiio que ocorreria no ano seguinte Eles fraquecimento da oposicio ao regime civil-militar na sequéncia do AI- das medidas de combate aos dissidentes ¢ ao crescimento econémico Nas eleigdes proporcionais, vinha acontecendo certa “reacio” do rte & hegemonia sulista. Enquanto o eleitorado da regio norte cresceu de 36,29%, em 1966, para 36,53%, em 1970, ¢ 40,4%, em 1974 (ADESG: cao desta regiio na bancada estadual (Assembleia Le- sativa) evoluiu de 30%, em 1966, para 38,88%, em 1970, © 45,83%, 1974, iltima eleico antes da divisio. Ao mesmo tempo e de modo everso, a participagio do sul decrescia de 70%, em 1966, para 61,11% #,16%, em 1974. No caso da Cimara dos Deputados, o mesmo fené- meno poderia ser observado. A pasticipagio do norte na bancada fede- urais alegadas para a divisio foi aumentar a ban. | “ral subiu de 37,5%, em 1966, para 50%, em 1970, e 50%, em 1974, ao cada da Arena na proxima legislatura, que se previa que, das dezesses jesmo tempo que os sulistas cafram de 62,5%, em 1966, para 60%, em vvagas, ficariam 13 para a Arena e duas para o MDB, com uma de duvida, 970, © 50%, em 1974.* Estas tendéncias apontavam para um acirramen- Haveria também mais um Senador indireto, garantido pela maioria da = 10 da disputa regional pelo desencontro entre candidatos majoritérios de origem sulista (que concentrava a maior parte do ¢ itorado), convivendo bancadas estaduais e federais com participagio ampliada da regio Esta configuragio é mais uma evidéncia de que, do ponto de vista Politico e econdmico, o norte, mantido no Mato Grosso remanescente, i foi emancipado do sul, ¢ nio 0 contritio, como muitos pensam, foram até a Assembleia Legislativa e Pigueiré fez um Pronunciamento afirmando que, se fossem concretizadas as obas previstas para a tegiio norte do estado, como a BR-163, haveria mais duas divisdes em fungio do desenvolvimento gerado,> © peso do MDB na entio regio sul de Mato Grosso (herdando © cleitorado petebista estado de certo jor 20 golpe de 1964) e desta no conjunto do influenciaram na decisio que resultou na divisio deste Uma das raz6es conj Arena na Assembleia Legislativa, Os resultados negaram esta previsio, quando foram eleitos dez para a Arena (6 do norte e 4 do sul) ¢ 6 pata OMDB 2 do norte ¢ 4 do sul). Quer dizer, o sul comprovou a forca do MDB ao eleger quatro deputados federais (Anténio Carlos de Oliveira Jodo Camara, Walter de Castro e Walter Pereira). Os resultados das eleicdes para a Camara dos Deputados ¢ a As- sembleia Legislativa comprovam a maior forca do MDB na regio sul de Mato Grosso, Na bancada federal, 0 MDB obteve 19,81% dos votos no norte, contra 33,18% no sul, em 1966, caindo para 4,98% e 16,18%, em 1970, ¢ crescendo para 11,82% no notte ¢ 31,32% no sul, em 1974 Jima bancada estadual, 0 MDB atingiu resultados semelhantes ¢ com 0 mesmo perfil regionalizado, com 19,92% no norte e 27,31% no sul, em 1966, 5,11% no norte e 15,56% no sul, em 1970, ¢ 11,71% no norte € 33.47% no sul, em 1974. A queda na eleigio de 1970 esti relacionada 20 Outro aspecto de ordem politica, que nio deve ser desconsidera- 10 entendimento das razSes que cercaram a divisio, foi a influéncia de Paulo sobre o sul de Mato Grosso, Um dos grandes desafios do Pre- idente Geisel na area politica era “fazer Sio Paulo caber na federacao”, Orque todo o crescimento experimentado pela economia brasileira, em cular na inckistria, favoreccu a concentragio do PIB naquele estado. Foram fontes para ests informagSes a fichas dos deputados estaduaisdisponieis | fio ostinato Meméria da Assembleia Lepislativa de Mato Grosso. (Disponivel em: | btp://wnwwal mt. goube/memora). 3 Ratrevista com Ruben Figueirs. Campo Grande, 29 set. 2006, Velloso (sd), Ministro do Planejamento dos Governos Médic ¢ Geisel, expés em artigo recente as razées da fusio dos estados do Rig de Janeiro e Guanabara, bem como da criagio do Mato Grosso do Sul, como formas de redimensionar a federagio para contrabalangat o pre. dominio de Sa Paulo: podemos dizer que a motivagio da fasio foi ‘Em primeiro lugar, evitar que continuasse no Brasil uma tendéncia a uma predomindncia di ‘estado — So Paulo, A ideia era ter um segundo polo de desenvolvimento e,talvez, em Minas Gerais, om terceiro, ¢ alguma coisa no Nordeste. Ao lado da fusio, fex-se a divisio do Estado de Mato Grosso, dentro da mesma ideia. O potencial do Mato Grosso era enorme porque depois dos esforgos coordens- dos pelo Ipea, mostrando 0 poteneial dos Cerrados, am a face e abriram uma nova que realmente mu fronteira para a agricultura brasileira, a ideia era evi- tar, desde logo, que houvesse um futuro Sio Paulo. Outra motivacio era dar dinimica econdmica pro- pria a0 Estado do Rio de Janeiro, ¢ se recuperar 2 ideia de que 0 Rio nao era mais capital federal. Eu condu2i, no Planejamento, os estudos econdmicos ¢ principalmente, 0 deputado Céio Borja, que ert lider do Governo na Cmara, conduziu os estudos politico. (VELLOSO, s.4) Isto desequilibrava a federagio e apontava para uma “argentini- zacio” do Brasil, na medida em que podesia se repetit aqui um confit cemethante ao pafs vizinko, em que a Provincia de Buenos Aires, maior centro comercial, financeiro, industrial, mantinha uma disputa hist6s- cacom a chamada “burguesia pampeana”, que responde pela produgio agricola no interior do pals. Esta disputa politica provocou um “empate hhegeménico” na classe dominante argentina e tem gerado crises poliess e econdmicas recortentes, como descrito por O'Donnel (197). Como Sio Paulo exerce forte ascendéncia politica ¢ econémica sobre a porsi® meridional de Mato Grosso e esta, por sua ver, tinha grande peso 2° .esso politico estadual, um dos objetivos da divisio foi reduzie a zona influéncia paulista ao “emancipar” o norte do sul. Portanto, 0 posicionamento das forgas politicas em relagio a di- 0 seguiu ptimeiro o corte regional. Quando surgiram comentitios de Geisel encaminharia 0 Projeto de Lei Complementar para efetivar a visio de Mato Grosso, houve saudagdes por parte dos sulistas. As medi- 10 perfodo em que a divisio seria efetivada e a referéncia & divisio no I IND ji foram entendidas como sinais do compromisso federal em apto- vara ctiago de uma nova unidade federativa naquele periodo. A Arena II posicionou-se na sua maioria, de modo favoravel a isio do estado. Apds a morte do Senador Filinto Miller, as principais jerancas do partido eam ou se tornaram divisionistas, como Pedro redtossian e Anténio Mendes Canale, no sul, ¢ 0 enti deputado fede- Gastio Miller, na regio norte. A tinica grande excegio ficou para 0 utado federal Vicente Vuolo, que se manifestou de modo contritio i divisio num primeiro momento e, depois, reviu a sua postura, condi- jonando a mudanga & realizacio de obras importantes para consolidar ido remanescente (Pronunciamento do Deputado Federal Vicente ‘na Cimara dos Deputados em Brasilia. Diério do Congresso Nacio- 2721-2722, 06/05/1977). Jilio Campos destacou que ele e Gastio ler eram os tinicos do norte de Mato Grosso a defenderem a divisio debates piiblicos$ _ Gastio Miller fez varios pronunciamentos na Camara Federal defesa da divisio do estado, Chegou a transcrever uma matéria pu- da pela Revista Machete, em que o ex-prefeito de Sio Paulo Miguel sssuono expde as razdes da divistio. Compilou também dados ob- Nos ministérios sobre os planos existentes para a regio norte de Grosso, com o objetivo de prepari-la para exercer sua nova con- revista com iio Campos. Cuiabé, 13/09/2006, dicio (Pronunciamento do Deputado Federal Gastio Miiller na Cmary dos Deputados em Brasilia. Diario do Congresso Nacional, p. 6236-6247 06/08/1977).No primeiro discurso em plenitio nesta legislatura, relatoy, 4 sua presenga na transmissio de cargo de Govetnador, de José Frage para José Garcia Neto (15 mar. 1975), ¢ enfatizou 2 concordéncia dy OMDB posicionou-se também de forma dividida em relagio & “ erincio do estado de Mato Grosso do Sul, seguindo o recorte regional. Jeputado Anténio Carlos de Oliveira, radicado em Campo Grande, em ronunciamento no dia da sancio da Lei Complementar n. 31 (11 out. 1977), celebrou a ctiacio do novo estado € lamentou o fato de nfo tet maioria da populagio de Cuiabé com a divisio do estado que, segundy sido realizada consulta popular pata decidir sobre a questio. Esta criti- le, se avizinhava. um pronunciamento cheio de apartes, em particu. lar dos deputados Joaquim Nunes Rocha e Vicente Vuolo, da bancada do norte mato-grossense. a convinha & postura oposicionista que o MDB cxercia no Congres: ‘Nacional em relagio ao regime civil-militar (PRONUNCIAMENTO do Deputado Federal Anténio Carlos de Oliveira na Camara (MDB-MT) dos ‘Deputados em Brasilia. Dido do Congresso Nacional, p. 9778, 12 out.1977). ‘Nunes Rocha afirmava que a discussio sobre a divisio do estado era inoportuna, pois niio havia até ento qualquer manifestaclo por parte do Poder Executivo neste sentido, Seria apenas uma tentativa da oposi- Eleigdes de 1978 e os impactos politicos da divisio cio a Garcia Neto, de esvaziar seu mandato de Governadot. Gastiio con- ‘tra-argumentava que era tio amigo de Garcia Neto quanto Nunes Rocha A postura dibia de Garcia Neto na questio da divisio do esta- ¢ citava as referéncias divisionistas feitas pelos ministros Mauricio Ran jo e as pressdes do grupo da Arena I, que temia ficar fora do aparelho gel Reis (Interior) ¢ Joao Paulo dos Reis Velloso (Planejamento). Gastio Miller sintetizou de mancita otimista o sentimento que identificava na para as eleicdes de 1978. Seria a primeira apés a divisio do estado e com andes oportunidades pata os nortistas, jé que a bancada federal e esta- lual, até entio dominada pelos sulistas, ficaria livre. Muitos apontam esta Dertura de vagas no Poder Legislativo e até mesmo no Executivo como m dos principais “atgumentos” que as clites politicas do norte conside- ara apoiar a divisio. regiio norte, do seguinte modo: Essa divisio jé era esperada e aceita como necessitia ¢ inevitivel. B comparada com o que acontece nas familias, © filho crescido, homem feito, deixa o lar patemno ¢ vai formar outro lar. Na separagio ha um sentimento de tristeza, mas, também, de contentt- mento, porque o novo lar seré um prolongamento do ptimeiro © ambos estario ligados pela identidade de sentimentos. © povo da Cuiabania — chamamos assim a regio que se desenvolven sob os auspicios de Cuiaba — vai despedir-se dos sulistas sem ressen- timentos ¢ com efusivos votos de prosperidade, s¢ a divisio se concretizar (Pronunciamento do Dep tado Federal Gastio Miiller na Camara dos Deput®™ dos em Brasilia, Didrio do Congresso Nacional, p. 1062- 1067, 05/04/1975). posicionamento da Arena I sobre a divistio teve muitas nuan- pela sua forca na entio regio sul e pelo fato de 0 Governador do 'ado na ocasido (Garcia Neto) ter origem udenista, com forte lideranga Aorte. Como a maior parte dos decanos udenistas era radicada no sul id Saldanha Derzi, Ttalfvio e Liidio Coelho, Deméstenes Martins, tulo Machado, José Fragell), a posigio majoritéria foi favorivel & divi- ® (PRONUNCIAMENTO do Senador Italivio Coelho no Senado Fe- feral, em Brasilia, Didirio do Congresso Nacional, p. 1335-1340, 04/05/1977; Fonunciamento do Senador Anténio Mendes Canale no Senado Federal em Brasilia. Didrio do Congresso Nacional, p. 3363-3366, 01/07/1977; Pro, nunciamento do Senador Rachid Saldanha Derzi no Senado Federal em Brastlia. Diario do Congresso Nacional, p. 2039-2040, 24 maio1977). Gar. cia Neto se posicionou, em piiblico, de forma contriria, afirmando que certo adviriam, recursos esses que constariam da propria lei Complementar. ‘Algumas observagdes de Geisel podem ser consideradas como jos para compreender as suas razdes para a divisio. No breve co- “jpentitio feito na data da sano da Lei Complementar a, 31/77, em quem fosse favorivel estaria contra seu Governo € a “tevolugio”( Paz sob Fogo Cerrado. Revista Vaia, Sio Paulo: edigo 436, 12 jan. 1977, p, ‘cesiménia no Palicio do Planalto, Geisel destacou que pretendia dotar 0 25-27). Os integrantes do entorno do Governador, notadamente da Are. “pais de melhor divisio tersitoril, por razées de ordem geogrifica (uti- zagio das riquezas naturais) e politica (melhor equilibrio federativo). salientou ainda a necessidade de aumentar a producio das Areas da Bacia na I nortista, se tornaram defensotes de sua posicio contritia & divisio, A tespeito de seu possivel conhecimento prévio sobre a divisig do estado, Garcia Neto reafitmou a versio que difundiu durante muito ‘mazénica, como um dos fatores determinantes para esta decisio e que tempo. Ele relatou que esteve com o Presidente Geisel, em Brasilia, nas nas iniciou as atividades neste terreno, com a fusio dos estados da primeiras semanas de seu mandato (abril de 1975) e que Ihe perguntou iaabara € Rio de Janeiro (LC n, 20/75) ¢ a criago de Mato Grosso sobre a veracidade dos “boatos” sobre a divisto de Mato Grosso que Su circulavam pela imprensa paulista e mato-grossense. Geisel tet-lhe-ia dito Em suas memétias, Geisel identificou alguns pré-requisitos que jderava importante para a emancipacdo de estados, mencionando caracteristicas ao se posicionar contra a criago dos estados de Ron- “Tocantins, Amapé e Roraima, Lembrou-se de que o Tocantins fa- matte de seus planos, mas foi abandonado pela insuficiéncia de capital ¢ humano (auséncia de universidade) e seria, portanto, uma “ficgio tado”. Como a regio sul de Mato Grosso jé tisha uma universi- estadual (UEMT) ¢ mais uma particular (Catélica), teria alcancado. famar para emancipacio. Comentou ainda sobre os desequilfbrios que ainda no pensara no assunto € que, quando o fizesse, 0 Governa- dor seria o primeito a saber. Quando retornou para uma nova audigncia, dois anos depois, Geisel teria Ihe dito que comegara a pensar no assunto, € Garcia Neto desconfiow que o projeto de lei jé estava em elaboragio. Garcia Neto claborou ainda uma Exposigio de Motivos contritia a divi- sio, cujo contedido ressaltou em seu pronunciamento para abertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa, em 1978, iltimo antes da divisto: ‘Baseava-se ptincipalmente a minha posigio no de sequilibrio financeiro que a divisio de Mato Gros : fivos, apontando Mato Grosso como um “Estado monstro”, que por cezto provocaria, pelo fato de q ebido muito apoio em seu mandato. Por fim, salientou que 0 portariam o custeio de dois Estados [... Exteraé todos estes argumentos verbalmente € por esctit ao Senhor Presidente da Republica. Entretanto st Exceléncia, sem negar a validade dos mesmos, clarou-me, em audiéncia que me concedeu a0 dit 03 de maio, que r2z5es do mais alto interesse ional estavam a ditar-the a necessidade de dividit : ae ; se ° ee = = sere a 4 A ctiagio de Mato Grosso do Sul deve ser entendi- para atender as despesas que da ist a como reconhecimento politico de uma realidade Em seu pronunciamento na instalagio do novo estado, em Cam- ande, no dia 01/01/1979, transcrito por Martins (1981), Geisel ‘econsmico-social. Como uma decisio que vem aten, der a wontade de seu povo, que, 0 mesmo tempy, objetiva melhor integracZo nacional e @ consolida’ ‘io da ocupacio da regiio Centro Oeste, que beng. ficia, também, 0 proprio Estado de Mato Gross visto que poderé dedicar-se, doravante, com apoig da Unio, 20 melhor aproveitamento do seu imes. 0 territério e & exploracio de suas grandes poten ialidades de des [oJ Ao de de Cuiahd publicou um editorial no qual afitmava que “[..] Enquan- stava tudo decidido na esfera federal, o Governadot Garcia Neto fa- ‘0 povo acreditar na luta que o Governo do Estado estaria travando.” O editotialista prosseguiu afirmando que Garcia Neto ja sabia isio € teria feito promessas ilusérias 20 povo cuiabano, para se ansformar no baluarte do antidivisionismo e grande lider politico do rte pés-divisio. Com essa conduta, teria proibido as discusses so- ra divisio, dificultado a formulagio de argumentos contririos (MA- |FESTO a0 povo mato-grossense. Editorial. Didrio de Cuiahd, Cuiabi, 18/05/1977). Este jornal preconizou também que Garcia Neto deveria |__ fet renunciado so cargo assim que foi informado de modo oficial, sobre 4 divisio. Muitos, como Aecim Tocantins, Pedro Valle ¢ Jilio Campos, aderam que, se isso tivesse acontecido, ele teria se transformado em Estados ¢ do Centro Oeste brasileiro (+i). (MAR ‘TINS, 1981). Almeida (2005) registrou que Mauricio Rangel Reis descreveu em documento justificativo da eriagio de Mato Grosso do Sul que: lo politico no estado. Garcia contra-argumentou em documentério FF — sndo que “Me criticaram porque eu nfo renunciei. Renunciat por qué? Presidente Ernesto Geisel, o Ministétio do Interior iniciou estudos visando 4 criagio do Estado de Mato Grosso do Sul, pelo desmembramento de érea do Estado de Mato Grosso. A Superintendéncia de Desenvolvimento do Centro-Oeste SUDECO) foi encarregada de proceder a levantamentos e estudos bésicos, compreendendo aspectos geogrificos, e¢0- ndmicos, demogrificos ¢ administrativos, fazendo-o de mancira cuidadosa e reservada, de acordo com otientagio transmitida pelo Ministério do Interioe. uma decisio do Governo. Eu era 0 Governadot. Nao. Eu vou pro- r tirar proveito de tudo isto para Mato Grosso.” (GARCIA NETO, locumentirio, 1997) iidetagSes finais A leitura das segGes anteriores possibilita observat que a divisio 10 Grosso ~ ou a criagio de Mato Grosso do Sul — foi um pro- 0 que levou décadas para a sua maturacio ¢ atendeu a tendéncias turais muito fortes. Como bem lembrou Campesttini (2011), “Mato 0 sempre foi dual”. Mesmo no periodo em que ainda predominavam © Populacdes nativas naquela regio, as caracteristicas geofisicas como televo, vegetagiio, hidrografia e clima chamaram a atengio de im- tes pensadotes que discutiam uma melhor redivisio territorial no i Somavam-se a tais tragos a extensio ¢ a heterogeneidade da pro- ‘Valle (1996) relatou que a postura de Garcia Neto ficou evidente quando foi perguntado pela impzensa, em Campo Grande, logo depois de ser avisado por sua assessoria, sobre 0 envio do Projeto de Lei da divisio 20 Congresso Nacional. Sobre 0 assunto, ele diss ha 15 minutos eu era contra, mas agora vesti a camisa do Presidente ¢ jé SOU a favor”. Esta atitude passou a imagem de oportunismo e traicio da su parte em relagio ao norte do estado, o que Ihe causou um custo politic? clevado nas eleigdes seguintes, capitalizado pelos adversarios. O jorntl vincia de Mato Grosso, que tornavam muito dificil sua melhor ocupagig. ce desenvolvimento econdmico. O crescimento em Mato Grosso seguiu um padrio concentrado, ‘no tempo eno espago, no qual determinadas regiGes ligavam-se aos mex. cados consumidores externos e se diferenciavam das demais, gerando sentimentos de diferenciagio ¢, portanto, de separatismo, No antigo sul de Mato Grosso nio foi diferente, com forte desenvol mentado em fungio da pecuatia ¢ sua articulago direta cc de Sao Paulo e Minas Gerais. Vimos, portanto, como os migtantes © seus descendentes co a superioridade econdmica e demogrifica da regio cujo grande marco foi a adesio a Sao Paulo na mecaram a traduz sul em forca politica, “Revolugio Constitucionalista” de 1932. Este foi um ponto de vitada nas relagdes entre sul ¢ norte no estado, quando os sulistas assumizam a hhegemonia politica s6 deixada apés sua emancipacio, Desde esta data, 0 divisionismo foi um tema constante na agenda politica do estado, expressio das caracteristicas diferenciadas das suas das principals se sides, Na maior parte das veres as discussdes davam-se em eiuitos mals fechados, como é préprio da tradigo brasileira. como Para dat um olhar estrutural e aprofundar a compreensio sob: este importante processo, foram buscadas as razSes econdmicas da dt visio, centradas nas estruturas de produsio bem distintas nas duas s fies e sua aticulagio com outros centros. Cabe destacar aqui o pabel agincias federais importantes, tis como 0 Ipea, 0 Ministério do Invent (inte) ¢ a Sudeco, que observavam tal siuagio e foram importint para identificacio da necessidade da separacio do “espago mato-Brt sense”, como chamou Abreu (2001), em dois estados, para melhor de senvolvimento de ambos. O projeto de desenvolvimento jimplementad0 pelo regime civil-milta foi decisivo para “tranguilizar” as elites ead ais do estado sobre o futuro do Mato Grosso remanescente pés-divisi Do ponto de vista politico destacou-se a tendéncia autonomista lites sulistas as diferengas no perfil de votagio entre sul ¢ norte tado, com maior peso para partidos considerados mais progressis- mo 0 PTB ¢ MDB no sul. A influéncia de Sio Paulo € um fator ie também nio pode ser descartado na decisio tomada pelo Presidente cisel, pela sua visio geopolitica de criagio de novos centros de po- 1: no Brasil. Também se demonstrou como este tema foi politizado apoca, em particular na eleicio de 1978, primeira jé com os estados eparados. © conhecimento prévio do entio Governador Garcia Neto € a partcipagio no processo dvisério foram objeto de intensa pokémica, avolvendo até 0 Presidente Geisel. Garcia Neto acabou derrotado na Jo para Senador ¢ fragilizou bastante seu grupo politico. ___ Porlanto, pode-se coneluir que 0 divsionismo foio grande acon- “tccimento e principal eixo politico do século XX em Mato Grosso, cul- indo com a ctiagio de Mato Grosso do Sul em 1979. Ao lado do das bandeiras para o século XVIII e a Guetra com o Paraguai no lo XIX, é processo de compreensio imprescind: trés estados, se consideratmos também Rondénia. J para a historia réncias TAR, M. Mato Grosso do Suk do Estado sonhado ao Estado construfdo Bim. 1997. Tese (Doutorado em Hist6ria) — USP/FFLCH, Sto ESTRINI, Hildebrando. Histénia de Mato Grosso do Sul. Campo : IHG-MS, 2011. : to, Maria Celina; CASTRO, Celso. Ernesto Geisel Rio de Janeiro: 1997, RAUJO, Maria Celina; FARIAS, Ignez. Cordeiro de, HIPPOLITO, Lu- pea — 40 anos apentando caminhos (Aepoimentos 20 CPDOC). Rio lanciro: FGV/CPDOC, 2005. EGLER, Cliudio A. G. Susie @ Caracteriggio ¢ Tendincias da Rede Ung, na no Brasit Disponivel em: wwwlagetigeo.utbt/epler/paf/redeurpe Acesso em: 18 fev. 2007. : MARTINS, Deméstenes. 4 Poeira da Jornada. Sio Paulo: Editora “Tributéria, 1981. MARTINS, Oclécio Barbosa, Pela Dasa Nasional Bstudo sobre Redivisig ‘Territorial do Brasil. Rio de Janeiro: Grifica Barbero, 1944, NEVES, Maria Manuela Renha de Novis. Leds ¢ Raposat na Politica de Matp Grosso. Rio de Janeiro: Mariela, 20012. i O'DONNEL, Guillermo, Estado e Aliangas na Argentina (1956-1976), fy PINHEIRO, Paulo Sérgio (coord). O Estado na América Latina, Sio Paulo CEDEC; Paz e Tetra, 1977. SILVA, Jovam Vilela da. A Divisio do Estado de Mato Grasse: Uma Visto Histérica. Cuiabé: EAUFMT, 1996. VELLOSO, Joio Paulo dos Reis. As Origens da Crise do Rio. Brasil Conselho Regional de Economia, 1" regio (RJ), sd. VALLE, Pedro. A Ditisio de Mato Grasso, Brasilia: Royal Court, 1996, Resenha ‘Teses ¢ Dissertagdes ABREU Silvana de. Plangiamento Governamental a Sudeco no Espaco Mato- grossense: Contextos, Propésitos, Contradicdes, Tese (Doutoramento em Geografia) — FFCL-USP, Sio Paulo (USP). 2001. ALMEIDA, Mércia Ajala. Politica de Desenvolsimento e Estruturagao Regional na sérea de Bodoquena em Mato Grosso do Sul. Tese (Doutoramento em Geograf — Unesp, Presidente Prudente, 2005. OLIVEIRA NETO, Anténio Fitmino de. Campo Grande a Rua 14 de Jullo. ‘Tese (Doutorado em Geografia) — Universidade Estadual de Sao Paulo (Unesp), Presidente Prudente, 2003. QUEIROZ, Paulo R. Cimé. Divisionismo e identidade mato-grossense ¢ sul-matogrossense: um breve ensaio, In: 23° Simpdsio Nacional de Historia - Historia: Guerra e Paz, 2005, Londtina, XXII SIMPOSIO NACIONAL DE HISTORIA, Anait... Londtina : ANPUHS Midia, 2005, ¥. 1. p. 1-8. \MPOS, Frederico Carlos Soares de. Consideagies Sobre a Possivel Dixisia [erritorial do Estado de Mato Grosso. Cuiabi, 1977. ABINETE DE PLANEJAMENTO E COORDENACAO. Reiraspecti- das eleigées em Mato Grosso: de 1945 a 1985. Cuiaba: Fundagio Candido sncion, 1988. ISTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA (IPEA). Su- endéncia de Desenvolvimento Regional. Subsidis d dito do Estado de Grosso, Brasilia, Jnho-1977. onunciamentos SEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO. as das sessdes. Pronunciamento do Governador José Garcia Neto na abertura da Abgislatina de 1978. Cuiabé, 15/03/1978. nunciamento do Deputado Federal Anténio Carlos de Oliveira na Ci- (MDB-MT) dos Deputados em Brasilia. Dir do Congresso Nacional, 12/10/1977. onunciamento do Deputado Federal Gastio Miller na Cémara dos De- itados em Brasilia, Didrio do Congresso Nacional, p. 1062-1067, 05/04/1975. Disponivel em http://wwv.camara govbr. Acessado em 02/09/2006. ynunciamento do Deputado Federal Gasto Milller na Camara dos De- tados em Brasilia. Didrio do Congreso Nacional, p. 6236-6247, 06/08/1977. Ponivel em hetp://www.camaragowbr. Acessado em 02/09/2006. clamento do Deputado Federal Vicente Vuolo na Camara dos De- dos em Brasilia. Dinio do Congreso Nacional, p. 2721-2722, 06/05/1977. *ponivel em http://www.camara.gowbr. Acessado em 02/09/2006. Pronunciamento do Senador Anténio Mendes Canale no Senado Federal em Brasilia, Dirio do Congresso Nacional, p. 3363-3366, 01/07/1977, Pronunciamento do Senador lalvio Coelho no Senado Federal, em Bras Jia. Diiio do Congreso Nacional, p. 1335-1340, 04/05/1977, Pronunciamento do Senadot Rachid Saldanha Derzi no Senado Federal em Brasilia. Didi do Congreso Nacional, pp, 2039-2040, 24/05/1977 Imprensa MANIFESTO ao povo mato-grossense. Ecditotial, Dito de Cub, Cui. ba, 8 maio 1977. PAZ sob Fogo Cerrado, Revista Veja, Sio Paulo, edigio 436, p. 25-27, 12 jan. 197, Videos ADIVISAO de Mato Grosso: um documentitio sobre 03 fatos histéricos € politicos da divisio de 1977. Directo, Produsio e Roteiro de Joel Leia ‘Cuiabé: LeoFilm; MTO*, 2000, VHS (75 minutos). Depoimentos CAMPOS, Jilio. Entrensta com fio Campos, depoimento, 13 jun. 2006. [En = ‘wevistador}: Cuiabs, 2006. FIGUEIRO, Ruben, Entrevista com Ruben Figueird: depoimento, 29 set, 2006 [Entrevistador}: Campo Grande, 2006,

You might also like