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Internet, imagens e escritos de si entre jovens emos Raphael Bispo! Introdugio, Uma das caracteristicas mais marcantes da juventude contem- pordnea ¢ a intensa vivencia on-ne, isto 6, odia adia que € passado rnavegando” pelas paginas da internet por meio de dispositivos mo- ‘ves ou plataformas mais Fixas de comunicacao. Devido a tas experi- éncias, varios jovens tém deixado pola rede registros de seus cotidia- ros, bem como de suas inquietagoes mais pessoas, estabelecendo a panirdessasatitudes formas espectficas e um tanto dliferenciadas de relacionamentos sociais na atualidade. Na opinido dos que possuem ppouca familiaridade com a web — ou que perceberam nela a dse- Iminacao de um “problema social” devido a suposta fragilidade das relagdes interpessoais mantidas 2 distancia e ao “show do eu” por cla propiciado (NICOLACDA.COSTA, 2006, p. 54) —taisjovens se fexporiam por demais nesses ambientes, revolando particulaidades {que outrora deveriam ser debatidas apenas na esfera privada, mais pprecisamente aos ouviclos das pessoas intimas. No entanto, seguindo ‘Almeida © Eugénio (2006, p. 174), podemos observar tais recentes “al ipo dc Ang Socal el Mey Nason UR pq do cot ee cam configuragdes como uma “camada adicional de sociabilidade” dis- pponivel aos jovens, que ampliam suas redes de amizade e amorosa por meio de uma nova maneira de estar no mundo garantido por ais, ‘entranhamentos do “cal” no “virual” e vice-versa, A disseminagao das novas tecnologias de comunicacao os temores acerca de seus usos sempre foi algo bastante recocrente entre (05 jovens emos por mim estudados durante os anos de 2007 e 2008, ‘cujas experiénciasprivilegiaremos neste trabalho. Ao longo de minha ‘pesquisa de campo junto a um grupo de amigos adeptos dessa young culture, eles pradativamente tornavam as paginas da internet uma e=- pécie de dirio de suas intimidades, publico e aberta a frequentacao de amigos e desconhecidos, conforme ais tecnologias ganhavam ppopularidade em seus cotidianos. Em contraparida, pude também acompanhar as constantes criticas de seus familiares 20 uso de tis ‘meios, preocupados com os “vcios vituais" de seus filhos e a expo- sisd0 da vida intima a um pablico pouco controlavel. Conforme con- vivia com esses jovens pela cidade do Rio de Janeiro, note! o quanto eles transformaram aos poucos 0 mundo virtual em um espace priv legiado para a expresso de seus sentiments, 0 que provecava um relativo impacto no plano da subjetividade e das formas de expresss0. dos afetos dessa geraco em particular. A internet era um veiculo de ‘comunicagao de grand interesse entre os emos, dedicando parte do tempo que tinham dante do computador a atualizar suas fotogratias ‘ea excrever sobre o seu dia a dia nas redes sociaisviruais bastante dissominadas até enta0, como 0 Orkut e 0 Fotolog. Diante dessesfatos, 0 objetivo deste artigo € compreender 0s \usos socials © 05 sentidos que possuuem os textos @ as imagens dis- pponibilizados na internet pelos jovens emos pesquisados. Como ve- ems ao longo do trabalho, a combinagao de escrtos e fologelias Ccontibuem para a constituicao de um ethos emo virtual caracteris ‘O concen the hoje rainamente iio em eben sep de marca bana recrdter ao numa epee de vocal cosy ds decipins Ne eran 2m de otecer wm sro ma epee foment dos como he expres scl sri jn of raaton a ine ans an enor of endl” BATESON, 008, p17), Cee 9 do apes exe ang bilzate pst {torso os mpecten mace eas den eee fp au els bm com Sos ‘het wlan: Cl que“ am aaa sae Seis” GREAT. 1903, 12 ‘co, com base na valorizagao do romantismo ¢ das sensibilidades de ‘um modo geral, mediante principalmente a adocao de uma narrativa {tagica de suas experiéncias de vida. Dessa maneira, 0 Fotolog ¢ Orkut tornam-se, assim, mais do que um mostrusio de imagens. Tais plataformas transformam-se em meios de comunicacao dos selves dos emos, nos quais les passam a elaborar suas emocoes por meio de uma articulacao discursiva entre textos e fotogatias. As postagens ddescrever sentimentos que os jovens experimentam diariamente, sensibilidades estas que abordam daterminadas situagdes erelaciona- ‘mentos de sua intimidade amorosa. Como nos diz Almeida e Eugenio (2006, p. 50), tas interagdes on line nao so meramente figuratvas pra esses jovens, mais sim bastante funcionais por terem “como las- tro um coeficiente de realidade reencontrando por novos caminhos sua eficicia primelea”. Para efetuar 0 objetivo aqui proposto,selecionei algumas pro- ‘dusdes disponbilizadas na web pelo emo Machueado, um dos meus principats informantes. Trata-se de quatro fotografias © pequenos tex- tos, representativos de um momento de sua vida em que sofia por amor e emblemticos da maneira como os emos gostam de apresen- tar sua persona na inteenet, Dessa maneira, 20 tecer uma narrativa etnografica tendo como base as imagens e escrito de side Machuca- do, podernos compreender mais detalhadamente o estilo de vida dos roqueiras emos @ a maneira como procuram se exibir 20 pablico na interne, além de perceber como operam as novas configurages das subjetividades juvenis mediadas pelas tecnologias de comunicacao. ‘A pesquisa de campo com os emos ‘A pesquisa foi realizada entre os meses de julho de 2007 e junho de 2008, periodo em que o movimento emo acquiriu grande numero de fas no Brasil como um todo. No Rio de Janeiro, foram ‘riados diversos espacos ofline de coniraternizacao entee 0s javens, principalmente na Zona Norte e nos subtirbios. Apesar de existrem ‘emos de camadas médias, a maiosia dos adplos com que eu pude ter Ccontalo era oriunda dos setores mats populares da cidade, possuindo fenie 14.6 19 anos de idade, basicamente a faixaetavia relerente 20 5 ds pupa, eve de vid, ann, kt gts 103 period escolar do Ersino Meo, Convvi durante ese tempo com Eco amigos emo: moradores dn reiso da cae edo sea pc imteret, sj emespago resi procuran ecer uma etn fa que conjugase seus encorvos o line © offline (BISPO, 2012, no esabelecendo uma dingo ene tas pos de ineracio: pelo Corti, tertando tecer as complementariedades eas neorporagdc ‘boreal pelo “inl vice-versa om relago 3 interac Bes dos eros, um importante focal de socilzago alm da intent era 0 Orkont, ue acora na Quits da Boa Visa, um parque publico de grande valor storico localzado to bai de S30 ris, Comece a frequent pargue porque Flezinha, il, Cucky, Machcadoecomparhin-—os ovens ue Se toraram os mes princpasinerlacatres— eam assis aq ladores do OrkontrO evento rece esse nome pore oes lizado a pari de discusses na ede vital Orkut Por meio da eo ‘munidade Orkonv Emo Orci sho maracas data os hoi de sua ralzaga, em gel primetosabado do mes pa are Em out ugar presente dates da elsivas cs de coat 20 ma Quiia (SPO, 2010, 2012), com o propo de pnsa a Configures do espace urbano engendtadas pos ems pat de suas pies sex prormances de genero um tanto dsidetes ‘sim, o que gostria de desacarpra fins dest fgo tc os eros faze ess evento of fina concensngso de fvers tada que exc incesanterente pt pore doparando Mass topics evincando por divas desu porary verdes i ua fendia produto de tos, mesmo ena estamos pardon a Chega de tos emon a0 Orkonio ou quando no enorme no hd tyandes arativos sere cas, Cera ver, lems ue em Euro expaco de tenpo tant Florina quanto MacTucado os de 17 anosdedade, reistavam rms imagens es com sus cers digiasenquam eperavamo mas patsponeschearen 3 Quin ta da Boa Visa. Por allo, no tempo de meta hora de espera, cone Uns 30 teks de ada um Em fore fits por eles mesos Com o brag levantad eft da miqina vot para st Nos ras ad etna soca ston or mid de ae de SC tr po era con eis 04 termos de Bourie e Bourdieu (2006, p. 341, 0s futuros observadores de tis imagens pela intemet ientficariam nels “ndividuos ma Sua partcularidade singular” e no em pleno desempenho de papéisso- ais ou em meio a relagdes com outros sujetos como costumavam tos ofrecer os setidos de certs momentos fotogrificos produzidos hs bem pouco tempo. € perceptive a valoriaagao entre 0s ems do ato de confeccionar imagens indvidualizadas,contendo apenas eles mesmos no foco da foto, 0 que procua ressalti-os peranteos demais membyos do grupo. Tas ftograias lormamse “instncias de waego informativo e de composisao de si” EUGENIO, 2006, p. 161), 1d {que emergem coma elementos imprescindveis em seu dia a da. € rotiniro pedi 30 amigo paratiraruma foto des a qualquer bora, em prestandorlhe a camera para que execute a tara. Em alguns poucos aio, foram tradas fotos dos outros amigos. Algumas eles spagavam dda cimera. Ouitasdiziam que iriam expor no Orkut ou no Fotolog. “Folio de orkut” era a expresso dita por muitos para se relent Auquelas imagens prodzidas e apts a serem selecionadas para una vistagso publica pelos coredores da web. ‘Os emos conversam e foloralam uns aos outros de maneira aleatira, sem muito altar que a flo ser trada. O ato era quase ‘mecdnico, como um entretenimentogatuiloe tipido a qualquer mo mento, seja em peredos de tédio ou diate da espera para 0 inicio do evento. A proccao imagelica assumia entre os overs um sentido aliferente do idenificado por Becker (1986, p. 225) partir da andlise da pratca fotogsfica ao longo de boa parte do século XX, prin palmente na atvidade joralistica. Ente os emos, todas as ocasies Sto propicias ao uso da cmeta Imagens do prodvzidas a parr das atividades mais banas e coriquetas do cotdiano. A fotogratia ndo Serve apenas para regsitar eventos Socais importantes, acontecimen {os que aparentam ter 0 poder de gerar uma grande repercussio na sociedad, momentos sighiiativos da trajetnia de vida dos suits, {ou mesmo com afinldade de produzirtrabalhosatsticos. “Quando ‘otenho nada pra fazer o que mais aco tira fotos,disse-me cera ‘ver Machucado, “Folografamos todos os momentos da nossa vido, ontou Florzinha, “Esa é uma maneira de meus amigos vorem 0 que tou fazendo”. Os jovenssubvertem por meio de suas cameras digi- {ais os sentidos sociais mais banalzados do que 6 uma fotografia 30 et ee dare destaquea quae tudo que acontece € no apenas a momentos Considerados embiematicos de suas vidas. € por meio das imagens disponibilizadas na internet que os “outros” — isto 6, os navegadores da internet e as pessoas mats prdximas que observam e interagem ‘com eles no mundo virval — achavam todos aqules amigos dver- tidose simpaticos,além de ficarem por dentro do que acontecia em suas vidas privadas. Como mencionado, as sociabilidades digitis adquirer uma Jmportincia tao grande na vida dos emos que provocam incomodos quando no € possive! para eles estar online, Amedida que o tempo ppassava, percebia que convivia mais com os jovens pela internet do {que offtine. Suas rtinas diarias eram basicamente escola-castes- Cola. Nos fins de-semana, no maximo uma ida 30 Orkonto em S30 Cristo ou um passeio pelo shopping com of amigos. Assim, boa parte do tempo daquela rede de emos que conhec! era passada em tum lugar espectico: 0s seus propos quarto. Viviam alt rancads, dlianie da tela do computador e conectads 3 internet. Muitos deles deixavam 0 aparelho ligado horas 3 fo, até mesmo dias. Era poral {que tegavam suas rees de arizadee de amor. Dedicavamn-se 9 com ‘etsar 3 exaustio, sea por mensagens textuais ou ors, Prckziam fogs des apes desi no prio quar 8 dsp Eniretanto, a formas de apresentagZo desi dos mos por mim ‘estudadosganhavam um sentido dierene na interme, principale ‘quando comparadas com as nteracées “reais” que inhamos nas ras da cidade e brevemente antes relatadas.Aalegria ea descontas aot pica desses momentos —em que o Orkontro desponta coma bastante representaivo — cede a constugso de um ethos vieual romsintico fe Sensivel, com tons que perpassam o tactumno € sombrio, A inter liferentemente das nteracoes oie, era olgar especial para 9 ‘manifestacao de um sofrimento amoroso bastante performace, NGO immo aqui uma disingdo de subjetivdades fomecidas aquetes que frequentam taisespagos de sociablidades, mas, sim, atentar para as diferentes possibiliades de seus usos pelos agentes socias. Segundo ‘Almeida e Fugénio (2006, p. 76), "a inert & t0 diversa quanto o ‘real’, 0 nosso argumento 0 de que os investimentos subjtves Id «cd io diferem propriamente por serem Ise 6, mas sim em fungi 108, dos desejos e aspiragies dos sujitos, do que se busca”. Desa forma, tamando a intemet como espaco peivilegiado em vista da expresso de sentimentos, este artigo procura a partir de agora perceber como lum jovem emo elaborava seu discurso emocional nas interagdes vir- tuais, fazendo uso de uma conjugacao entee imagens fotograficas e ppequenos textos que relatam experiéncias amorosas dolorosas. Machucado e suas (constantes) desilusdes amorosas, Logo apés a inicio de minha pesquisa de campo, conheci pela internet o emo Machucado, que passava por um periodo de intensa tristeza. Quase no falava pelo MSN messenger Quando aparecia ‘por ali, aclonava a dispositiva “acupado” para nao ser incomodado. ‘Assim, caso alguma pessoa the enviasse urna mensagem instantanea, ‘ele nio precisava respondé-la, Podia dizer que nao a vu, estava far zendo oulra coisa, entre outras possiveis desculpas. Os amigos jf sa bbem que 0 “ocupada"” do MSN de Machucado tem significados como ‘nao perturbe, *nio enche", waza" sso tudo porque ele no estava muito interessado em conver- sas. Mas, entio, qual a razao de aparecer no programa de bate-papo? Na verdad, dsse-me um tempo depois, ele entrava na internet ape- nas para aguardar algum contato, uma Unica palayra reconfortante de *alguém’. Esse “alguém’, diga-se de passagem, era seu ex-namorado. ‘© felacionamento dos dois havia acabado ha pouco tempo, Eles na- ‘moraram por “longos qualro meses, duas semanas e dois dias". O “longa” era uma ironia tilzada quando ele conversou comigo sobre 2 historia um bom tempo depois, visto que esse foi um de seus na ‘moras mais bem-sucedidos no sentido de durabilidade e estabilidade {20 lado do amado. Antes, Machucado regisvou algumas linhas sobre ‘0 acorrido em seu Fotolog, cvja cor de fundo é roxa e as letras, ma ‘genta, O Fotolog é um site que permite a exibicao de fotos digitais por pessoas cadastradas e acompanhadas, se desejado, de pequenos textos (ou posts) que podem ser atualizados quando 0 usuario tam. bém quiser. imagem e a escrito mais recente ficam disponivels em ‘Tanne wc Como scott Oto no Flas wr ‘maior destaque na pagina principal do Fotolog de cada cadastado. € possivel para qualquer internauta acessar todo esse dominio virtual & ravegar pelas paginas dos Fotologs das pessoas, mesmo no estando inscrito. Seguindo essa logica, Machucado se expressou da seguinte ™maneira, sob o titulo “O Fim” e acompanhado de uma fotografia sua bastante escura e soturna, de tonalidade azul escuro, cujos efeitos foram conseguidos por programas de edigao de imagens,* Nessa ima- ‘gem ele aparece em clase, sem blusa e aludindo ao ato de enforca- mento por meio do uso de uma corda improvisada, feita por meio de restos de tecidas conseguidos com sua mie. Na imagem s6 vemos 0 seu rosto € parcelas de seu torso nu, alm desse uso bastante ence- nado da cord. Ela a passa por sua boca e pescogo, enquanto encara ‘6 abservador com um olhae bastante penetrante em que a coloragao cescura da imagem torna ainda mais “amedontadora” a performance ali efetuada, O texto que acompanha essa imagem diz o seguinte: (© namora acabou ontem, antem foi 0 dia em @ eu perdttalconfianga em alguem, como alguer po! dizer q ama alguem sem amar? coma isso eh possivel? como alguem pos menti, como alguer pod escolher coisas pequenas em troca do seu moda vida ch mesmo muito engracada. ew ame, Conti, © me id denave.® Amar-contfiar-iudir-se. Essa @a triade bisica de verbos em todo. © discurso sobre o amor de Machucado. Ele sempre 0 reproduz em seu Fotolog, fazendo uso de imagens escuras, com um close de seu ‘osto dotado de uma expresso seta e teste, Os verbos parecem an- dar sempre juntos em seus escritos com fotogafias de desolagao, em sequincia, nao se escreve nada sem ilusrar 0 texto com uma imagem simbolizando a tristeza. Outra passager de seu Fotolog — escrita logo em sequéncia da reproduzida anteriormente — confirma essa nt apor ae ag fn in de pra ede dose, ma eave desiprtrotean pati cond pop clon pent as eas estos, poss pbs de concn > (ona deca cen 108 Jmpressdo em torno de seu discurso amoroso e uso bastante performs. tico das folografias. Aimagem mostra em primeira plano o jovem com {as mios no roslo. Mais uma vez aparecem apenas seu frs0 e face, Segundo ele, sa intengo com a imagem era passar seu sentimento de deslag e wisteza com of da relago, Ao fan, sun amiga faz uma pose com 0s bragos para o ar, encostada num quadro negro tipico de'salas de aula, A fotografia — nitidamente posada etirada no intervalo das aulas do colegio — é cheia de efeitos visuais, com uma borda azulada contornando a imagem e textos divulgando a pagina do Fotolog do jovem na internet, Além disso, os efeitos especiais bor ram ainda mais a nitidez da imagem, tornando a identiticagao algo ‘mais dffll ainda, segundo Machucado, um efeto “angustiante”. acho q ese eno 90 comet ma conn fa nodextte mesmo so econo meso nas fest, amor ena sin ace como set Eimbermalgns nao poss zero 2508 isso sh cus tds tom sei, quer dz ueamame verde sree q cto cand ona como alguem pode erst © joer retoma su naratva sobre 0 amor fazendo uso mais uma ver ds Calegais “onflanga’e "asi" ano como suo ‘cls P36 eu con quanto, frente da pagina do Fotolog are ror de uma mania mas gnc, sobre concepcoes valores mais spon mor es "coanga nee mae, Apna rece un ard alata es expos de setinenos ae Foros Noertnt,o que se comeaa prceber no decorrer da era ‘salen do Foto de Machuca € cons em as elo- tosdeuma ramatca dome, havendo pontos bastante semelhantes {reconentes em ses crs amorron olin Com rela a otra, Mo tam pode ser confrmado. fas nao io abv, pelo contro, so dtdss de um Sendo spect nesss natives. As agers posse ua f4NG30€ CONS ttocm um pel do oven eno, abr 0 de Un peso stern tem espenas com ragho a amor, Cabe rear Gut, apear dsr um epg virtual de prvi ao image, 0 Fotolgg nae € ncaa comm mln ce ogi. so porgue 80 € pose 2 19 hxponbilieagso rade muta fotos em suns piginas. 0 objeivo farercomuccoirteraitaslecioneagels que considera as metho resemaisemblerstca de seu acer, sel for musi com, uj irsrgao€ pratt, & peso postr apens uma Toga for da. Logo, o clocr ua rica ft nos, Machucado que passa ura determina mage 20 ees de sero vitua-A {ogra ¢sleionas eatada em progarnas compar com rit cuiddo, que apenas la serial ispoiizae 9 ono do aia Asin todo oe entendimento do que solr por amor eves tarreresetad da malhor manera posse em un ic ger (0 joven sempre mut pio consigo mesmo. Corse: ‘ments elpa por amar demas le cosuma izars de plats Basta sida em suns svaiages, No Fool teen an insatago por mo de uma froprafa sua em cose, com os elhos oranda sane e segura ura cabeca de bones, O sngue, ob Siam ra aso, feo com tna piss A cabaga debacle pet da rma. Desa ver, no encrao observa, Ses hose 1 fechas como restado dest coro sagen enconad. ais tma vez imagem poss eet de computador eo om avlodo dela garante um cater de desolamert, fexto ue seu ome dedicavase excusvament a comentros oe joven: Machuca do mosvavase anda sane envlvido com atl. Em tom de dutoconsthos deprives ele de nao esquecero amd. 4h se manca pedago de estrume! sun vida eh um Txot enquanto eles te filmam ¢ te abservam ve apenas sortie disfargal enquanto os vermes 0 ‘devoram ve nao chora jamais choral ve esta viva esqueceu? enquanto ve dah conselhosq ve nunca sa, ve se mata. 0 suicidio pasta pela sua ca bga por questaa de horas. enquanto ve pensa rele, enquarto chora de madvgada,e tampa sua boca para nao fazer hacutho, ve more! como se ‘seus ponsamentos por ele 0 fercem! como ain ppensa nel como ainda sole por ele! seu amor th estupido e me dah noja su cova eh um lino suinos $90 seus amantes. esse poema nan eh pra ve esse pocma e para mien! Ho ‘Machucado prefere advertr e aconselhar em vez do contrstio. “Eu sempre dou dicas de como as pessoas darem a volta por cima. ‘Mas eu nao vej sada para mim", escreveu no Fotolog o jovem. Uma dica fo! forecida nesta mesma pagina aos leitores do “diario vitual”, a fim de que evitassem passar pela mesma situagao. A imagem, mais ‘uma vez, era soturna e computadorizada. Toda em proto e branco, 0 jovem aparecia de olhos bem abertos, dessa vez um tanto assustados, segurando uma abobora tipica das festas norte-americanas de dia das bbruxas, Alem da divulgacao do site do proprio Fotolog, havia a adi ‘¢20 de efeitos que contundiam e borravam sua face. ‘fos entegue de vera ninguém, a0 ame assim ‘devez, pos faz mal, deixe a pessoa se apaixonar, lamar € assim ve Se aproxime. Ou néo faga nada diss qeu disse, eu Sou mesmo muito iio ‘A ideia do “se entregar” nos revela 0 quanto Machucado & um jovem desconfiado einsatiscito com um tipo de vivencia amorosa em ‘que os amantes parecem se amarrar a\um vinculo fil, quase ttico, undamentado na matua satisfaga0 e na possbilidade de compimento do “acordo” amoroso quando necessério. Ele pede cautela aqueles ‘que engrenam um namoro na expectativa de saber 6 quanto 0 par- ‘ceito realmente tera interesse nele. Agarra.se a terminologias como 0 para sempre” e “Unico” da ideia de amor romantica e critica 0 fato de 0 ex-namoradlo pouco “se entregar”. Seu discurso nos desenha um relacionamento em que os amantes est3o em patamares sentimentais iferenciados, ambos exigindo um do outro tipos de envolvimentos dlistntos. O seu maior *sonho", porém, seria uma relagao baseada na fidelidade © na crenga da eterndade dos lagos. O ex-namorado nao tinha interesse em ver Machucado todos os dias, @ por isso nao aten- dia suas ligagoes. Dizia querer “um tempo so p ele”. Vale destacar ‘que 0 “apelido” Machucado procura sinttizar essa experiéncia que tem considerado rotineira em sua vida: ele édono de um corac0 ma- ‘chucado, cheio de hematomas decorrentes dos indimeros sofrimentos amorosos que jd enirentou ao longo de seus 17 anos de vida. 0 ethos virtual dos emos A panir do Fotolog de Machucado, notamos 0 quando 0 site 130 tem a funeao de meramente disponibilizar imagens na rede. Iso ppoderia ser feito através de outros recursos como 0 e-mail e variados sitios para alacagso de fotogratias. © faco do dominio viral aqui fem xeque 6 construi uma especie de disriointimo, por meio da apre- sentagdo de imagens bem produzidas, com efeitos de computador & preocupagbes estas, aticuladas a escrtos minimamente elabora- dos, densos, junto dessas imagens. De acordo com Almeida e Euge- ‘io (2006, p. 66), is0 denotaria uma orientacao pelo “ser visto” dos usudrios do sistema Fotolog ou, ainda, “uma oportunidade de criar especies de colunas sociais personalizadas, lartemente orientadas par uma postica da celebridade”. Os ovens constroom informagoes Sobre sie as disponibilizam aos outros de maneira imediata. A possi- bilidade de exposic’o maxima ja 6 prevista nas prépras informagoes disponiveis no site, a8 quais tenlam convencer o internauta a criae a sua propria conta: “o resultado de ser exibido na pagina principal do Fotolog sera fama e fortuna", mani No petiada em que realizava a pesquisa de campo no Rio de Janeiro sobre os emos, Machucado fazia uso desses recursos e ex- punha ao piblico geral parcelas de suas intimidades. Com relag30 205 textos que disponibilizava na internet, eles traziam a tona rele- Fencias recontentes que nos permitem pensar em uma maneira bem especitica de se falar sobre 0 amor. Quando enfrenta stuagées de softimento, as catogorias“coniiana” e“ilusio" s30 as mais utlizadas esses excertos pelo emo, Elas emergem na narrativa no momento fem que deseja apresentar em seu Fotolog as agruras que passous com © fim de uma relaga0, "Confianga” adquire um sentido de seguran- «2 diante dos sertimentos do amado. E uma experiéncia positiva da Felagio, valorizada pelo narrador, porém instavel, incerta, Nunca é possivel saber 0 que o outro cealmente sente. Por um momento, esa sensacao parece séida e segura. “llusi0", por sua vez, desponta na narrativa amorosa necessariamente atrclada 3 confianga. Ela é um Fisco,fruto da imprevisibilidade do sentimento, e nos cass relata- dos, da consiatagio do sujeto de que ele fora enganado e teve a ‘confianga colocada a prova. A ilusio 6 desvalorizada e tida nesses ua dliseursos como cada vez mais inevitivel e provavel em uma relagao_ famorosa dos dias de hoje. H um tom de descrenga e pessimismo ‘com relacio a0 relacionamento a dois nesses vocabulirios do amor, {que dio 8 “confianga” uma aura de incerteza e raridade, enquanto “Flusio” ganha um status de condig3o sine qua mon do relacionar-se na atualidade. Como disse Machucado anteriormente:“ilusao... ah, ‘esas tos tem sentido. quer dizer, os que amam de verdade”. Ao se indagar se estamos no limiar de uma era ncorromantica, Paes (2006, p. 21) afirma que certas culturas juvenis tém privileglado 0 universo tia sentimentalidade e o primado do sentie como forma de se conta. por a certas l6gicas racionaisas-luministas reinantes nas dindmicas “Sciais mais amplas e que exigem deles manciras de experimentar 2 realidade consideradas extenuantes e inadequadas, Para 0 autor, ‘0 apezo 3s emogdes, aos impulsos e afetos que partem “de dentro” Ccaracterizam alguns escritos neorromanticos, que s30 t30 bem ilus- trados nessns frases de Machucado aqui dispostas e recortentes no ‘mundo emo como um todo. 'No entanto, a nakrativa amorosa neorromantica em torno da *confianga’ eda “ilusio" no é uma exclusividade do discurs0 emo, isto 6, ela provavelmente encontea ecos entre os mais distinios seg- rmentos socials? Nos contextos juvenis, por exemplo, ¢ bastante co- ‘mum entre muitos individuos hoje em dia falar de amor fazendo uso ddas categoria “contianga” e“ilusio”. Pereira (2007, p. 356) nos mos: tra, por exemplo, que entre os goticos a depressio, a melancolia, a morbidade e a personalidade suicida so também caracterstcas que Constroem a imagem do grupo. “Em paginas da internet dedicadas & Cultura gotica, encontram-se descricaa dos goths como pessoas mais “sensivels, jd que gostam de poesia e literatura erudita, entre outras preferéncias” (PEREIRA, 2007, p. 375). A recorténcia 8 sentimental {dade tern emergido em certos grupos juvenis quando estes geralmen- te procuram associat a relagdo amorosa a algo necessariamente frag fe de curta duragao, contraponto a esse imaginsrio uma valorizacao {do amor romantica, tido como duradouro € estabilizador. Assim, 0 ‘rah de Veho 988 He (2004 br 2099 procusam lira mans Acree ame deer grap da arin mesures, Or dao rico slosumcos de ts dicunan com rloo a0 dos proeek pelos ro. Mas deals sree ‘que oferece a taisescritos emos sobre 0 amor algo de particular & ‘quase exclusivo? Por que, ao abservarrnos o Fotolog de Machucado, rotamas um retrato bem caractrisico €tipieo? O que ha de “ext ‘co" nessa exposicao de sida juventude emo? ‘A meu ver, a diferenca se encontra no ethos virtual tigico no. qual essas narrativas amorosas estio mergulhadas. Mais do que ro- Ianticos esensives, essa construc da imagem desi feita por meio de um discurso sombrio e desacreditado, visto que os emos buscam tencadear discutsivamente os acontecimentosrelativos as paixOes por eles vivenciadas a fim de provocar tensbes e comocbes permanen: tes nos leitores de suas paginas vituais. Cabe destacar que, antes de tudo, as comunicacées on-line tém o proposito de ceiterar Lagos de amizade, um “desejo de redundncia” (ALMEIDA E EUGENIO, 2006, p. 60), de alimentacao e repetigao dos mesmos vinculos com ‘9 pares mais prOximos. Assim, a origem teatral da ideia de tragéia trata de intesprelagses destinadas a provocar a piedade ou o terror do outro espectador, por meio da exposicao das paixdes humanas & de suas consequéncias drdsticas, muitas vezes envolvidas em fatal dads e catasttoies, De acordo com Gofiman (1985, p. 19), podemos dizer que os emosritualizam no espaco virtual uma verdadeira arte de “manipular impress6es", dado o intensofluxo de informagdes em torno das quais montam e’projetam suas identidades. Jogant-se 205 hares dos outtos, principalmente dos amigos, conforme gostariam de ser visto, incrementando e positivando por intermédio das novas tecnologias a mancita de se apresentarem ao mundo. (Os emos fazem uso de ais recursos narrativos da tragédia a fim de sensibilizar aqueles que leem seus textos e neles provocar sensa- ‘gees de compadecimento diante de sua agrura sentimental. Outras passagens do Fotolog de Machucado como “Talvez vx [voce] naum intenda oke [o que} to escrevendo ou talvez seja alguém ki [que] saiba de todaa historia ou talvez alguém ki passou pelo oke cu 10 jpassando" e “tinha outras coisas q eu prefiro nao dizer aki” indicam ‘uma plena consciéncia do jovem do quanto esta envolio em uma imeracao ao disponibilizar imagens ¢ textos de si na internet, tanto {que indimeros s30 05 comentirios de internautas procurando consola- Jo. Além disso, essa constatacao da exsténcia de outeo indlividuo a ‘observa-lo aponta também para of limites do proprio autor acerca do que oferecera na internet sobre sua vida privada. Nem tudo € ali registrado, e, muitas vezes, compreendem apenas o que esta dispo- nivel publicamente na web os amigos mais proximos, que conhecem a situaco em detalhes¢ eiteram conselhos ditos na interagao face a face pelo espaco virtual ‘Como atrma Pereira (2007, p. 362), uma sirie de comunidades viruais estringe certs possbilidades de simulacdo de identidades, j4 que sua existéncia na web somente é possvel a partir de ree Cias dadas, concretas, dos sujltos que por ali navegam, enquantoy ‘outras permitiriam uma maior fluwagao identitaria, um esconder-se, 'Nesse contexto do Fotolog, 0s jovens emos se exibem para conhe- ‘cidos e com eles primordialmente se comunicam. Nao hi o tipo de ‘manipulagio de identidades no sentido de esconder todas as informa- ‘Goes possiveis sobre sua vida offline. Boa parte dos que falam com ‘Machucado sd0 seus amigos préximos, que sabem muito bem quem festa do outta lado lamentando a vida, conhecem detalhes de suas imtimidades. Dessa forma, se existe um "show do eu”, uma exposi- ‘G20 exagerada da intimidade por parte de certos segmentos juvenis fa internet, ela sempre se ca de maneira controlada, seguindo os Timites possiveis da que pode ser dito a estranhos e, principalmente, seguindo as proprias compreensoes dos sujitos do que seja para ele do Ambito piblica e privado, fronteiras essas nem sempre faceis de ‘erem identificadas, se & que existem. Bourdieu e Bourdieu (2006) ja hhaviamn destacado esse catater inteacionista e “controlado” do ato de se apresentar a0 outro no momento fotografico, que ampliamos {aqui para a pratica de exposicio de si por meio de textos imagens ‘aa internet, Dizem os autores: ‘Ao olhar para a pessoa que olha para mim (ou ‘que me fotografia), 30 preparar a minha postu, Alousme para ser vito Como quero Ser visto: dou 's imagem de mim prprio que quero dare, muito Simplesmente, dour a mina imagem. Em sua, Contontado com um alhar gue lisa e imobiliza parncias,adotar 2 mais digna das attudes, 2 ‘mals sdbria © a: mais cerimonial,colocaese de forma rigid eimével, com os ps juntos, os bragos cestendidos, como um sldade em sentido, edie us iro rsca de parecer deajeitad e inconveniente, & apresentar aos outros uma imagem convolada, preparada, arimorada de si. Dar uma imagem ontrolads de si € uma forma de impor ryras 3 pldpria percepcao de si. (OURDIEU e BOUR- DIEU, 2006, p. 38) [As fogras impostas “3 propria percepcao de si” pelos emos 20s amigos s20 efetivadas por meio do recorrente ethos trigico com que Sse apresentam na internet. Machucado faz uso de variados recursos narativos a fim de concretizd-to nas paginas viuals, tornando 0 so- Irimento veridico e capaz de sensbilizar 0s outeos sujeitos.Primeira- ‘mente, 1a ethos pode ser constatado por meio de associagoes diretas do soitimento 3 morte e flagelos os mais diversos, dando a eles um carster cataste6fico. “Enquanto ve dah conselhos q ve nunca usa, ve se mata!” © “coma se seus pensamentos por ele o feticem!” sto al {guns exemplos retizados dos escrtos de Machucado. © jovem chega 3 fazer uma suposicao de suicidio em razao de o amante ndo estar mais a0 seu lado. “O suicicio passa pela sua cabega por questo de horas’, escreveu. ‘Outra maneira de recorrer 20 tgico nos discursos de sé fa- zendo uso das metaforas corporais para se refert aos efeitos provoca- {dos pelo amor. “Esto paralisada!”,“mxm aki sem poder mih mover", falta-me ar", "as pedras esto mih sufokando” sI0 expressoes recur sivas ulilizacas por emos a0 comunicarem no Fotolog o fim de suas relagées. Os recursos as imagens de partes do corpo para caracterizar © solfimento relletem a experiencia incorporada dos sentimentos na cultura ocidental moderna, como mostrado por Rosaldo (1980) em seu clissico conceito de emogao. Diante disso, as metaforas do corpo sao ricas porque maistralmente captam essa sutlleza ocidental em correlacionar 0 que comproendemos como emoga0 3s movimenta- {05 no corpo. Como afirmou Shweder, “os sentimentos acontecem enive uma lesio literal © um topo literirio” (SHWEDER apud GE- ERTZ, 2001, p. 187). E em muitos casos, (05 newos em irangalhos, 0 sangue enregelado, 1 cabega expladindo e 0 coragao partido [siol rmetonimias do sotrimento; dao... expresso, por meio de metafras com partes do corpo, formas dd experiencia incorporada do sotimento, seas das partes do corpo unadas para express ls, [Mas] as cabecas explodindo nao explodem, ce ‘aracdes partidos ao se partem, 0 sangue entege: lado continua a circular com a mesma velocidade ‘eos nervos em fangalhos nao exibern nenhuma patologia estutural(GEERTZ, 2001, p. 187), Todavia,o ethos vital trigico dos emos ganha seus contornos mais significativos por meio do uso de imagens, que acompanham as Tamiitias dos jovens. Em sua consagrada obra Naven, Bateson (2008, p. 199) nos revela o quanto a fotografia e 0 proprio ato de produzi-las provocava nos iatmals por ele estudados a manifestagao explicita dos fthos que compem as contastantes diferencas entre 0s géneros no fupo. O estilo guerreiea e orgulhoso dos homens se manilestava com Eonstancia sob as condigées experimental produzidas a0 se apontar ‘uma cimera para um individuo. ito também poderia ser pensado para a dupla tendéncia do ethos feminino observada pelo autor: ora Conperativas e humildes nas fotos feitas em contextos privados, ora “rgulhosas € ativas quando, bem-vestidas, posavam as lentes 10 e8- paco pablico. As imagens caplavam com perfeicao as personalidades temperaments que permeavam os *sexos" iatmuls, revelando 0 {quanto 0s marcadores de género diziam muito sobre a experiéncia de ila daqquela tribo da Nova Guiné nos anos 1930 até mesmo através de simples alos fotograticos. "Acredito que, respeitando os propésitos espectlicos das ima- gens € seus contextos historicos, pode-se afar que o ethos tragico {dos emos se faz também na produgio de fotografias para a internet. Flas exercem um papel fundamental na intensiticagao dos dramas vivenciados © na tentativa de provocar a compaixao nos leitores, ‘compondo o ethos emo de amantes romanticos e vulnersveis as pai Ges, porée,taciturnos e sombrios. A fotografia nunca € espontanea. Ela é minimamente preparada e aprimorada pelo emo, expondo uma parcela de sua vida intima, Tadas as imagens sao de close e poucas exes mostram alguém que nlo seja 0 dono do Fotolog. As faces re ttaladas sao sempre sérias efou trstes. € muito difcl se deparar com fotos de emos sorridentes na internet, j8 que se deseja apresentar uma uw Frger «rat ola pontel, feos ils compe bar Gasca osloacbes coco 2 Unages so raaas fare ter taimaes ecard, asin tee an siren por ‘ind acai a tuo Amis Sra "ecaeos ao ‘Scorenis ma composi ds oon, como cabees de boncea 2 Sbobora de a at ons ilzada pr Machueao nes root cima los chow au pra baer esc, nay de tngue io aptands a cern coe Solve ote 2. Inmere so pound enon ano por Macca Saar proton roe arco age et pene sft dcacratinds Oo gioco ao nels tecos pars. sea compostio maps paar pel Somos ese dar com arodue de posted exerts Cabe dear, por fry gutta es exon quarto agers knob po Machuca to uinglres et mesmo, cre plemertands para compo ce osc ita fos pesados ambos ree sens pra conpecreros ‘sudo pla a pase ofpvom Todor, ae que tegen no ‘oceqinlenio so texto, 8 capac dean ta image ne podetmulaa no shuncisa da nan” GANAN, 204 p &5Smon candids plo nen pore esa eon de Se iment amor, a concn oopatas coe eras Sirti est santo esenel Oven tee sonpres freceders open econo ele pa bse’ ose at pelo emo ats yas ebm ele ncn too cons 3 agen» dig, O tao nae ave sagen cinet acacia oan nes lola. Ainge a rego iget vneesn: la sens raat 9 re emer onic ag que a pals no consign ros comantaciica’ BAWAN, 2004p, 70,€ eessane contro ‘hon esa prego damagem como ncomplt&conpartiads Pctonpropis ct sgt uc no ana ora de emer sem exe peer toate stn Eola, Slo mato cones do ptercal expo das moyen 90 ace fem xo dena compose doom Wie de seus aos Seno stn conetuse que expan meen une ms nea ata arcu eos Ivus coment sobre as us relacbes com 0 outto,principalimente quand ela ganha destaque nas visoes de mundo de um determinado grupo. O ethos emo é marea- do por um estilo de vida de exalta¢0 dos sentimentalismos ¢ das ppaindes, mas em um tom extremamente pessimista, desacreditado. ‘A preponderancia das paixoes na vida dos emos é algo t20 intenso {que a intemet — um possivel corredor de passagem, publico ¢ indi- ferente is idiossincrasias dos ususrios — torna-se um dio intimo, ‘um espaco privado e revelador da intimidlade © por onde é possivel ‘compartlhar sentimentos os mais variados. 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