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MAX HORKHEIMER e THEODOR W. ADORNO (Qrgonizadores — Tnatitut fOr Sorialforchung, Frankfurt) TEMAS BASICOS DA SOCIOLOGIA Tradugio de Auvano CABRAL » EDITORA CULTRIX sko PAULO EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO valores” que, esquecida a sua justificagio filosbfics, con ‘motivando amplamente a atividade das ciéncias soc emos de ilustrar uma complexa questo concreta e de fo contexto de seus aspectos, que a compreensio sociolégica dos fenémenos. pai onduz a uma visio do todo que nfo Pode permanecer na indiferenca, no que diz respeito & praxis, Ix FAMILIA ide desse process € a das relagées ivadas como fluxo da dinimica social, como um Na verdade, a familia ni jo (A iiolosia nto pode eximirse a oferecer uma gio para a solugio de questdes pr i de perder E i e 2 Sociologia deve dar acesso a problematica i iio fot negedo sequer pela escola ‘mais veementemente reclama a obj ‘Weber, imposta pela praxis, iolégica que, na Alemanha, ividade cientitica: a de Max te pretende fazer um se de tal individuo € coagido a procurar ord individuo dos pela Sociolog ss modo qi divetsos © até mesmo Lundberg, um representante Pensamento as suas conseqiignci 8 de uma so into, aos interesses mais ° jlogo americano aressiva signific absoluto dos, en deré formula lado, quer su entre dois ataques desfechados, calidade — uma singular cont ‘0 do progresso civilizatério, esse, moldado este pelos pr tural, que é iracionais assim acionadas, por tfpiea da conscitociacontemporinea e da sua stuasse, wa geral. 432 133 vilidos, nfo podem deixar de constituir uma confiemasio empf- ea do caritersocalmente medlato, © nao de simples ertaqona da familia, tal como # conhecemos. As tendéncias “sociologistas” manifestamse, iologi americana da fata, ne Sivonen Coot todo, & primazia do pi isolados as categorias momento biol6gico natu dda proctiagio como reprodusio da socied: ase, de fato, m de determinados “‘papéis” deseavolvidos sosilment, investi de outras tana teas soci, mas ste enfoque pode ter contetdos varidveis nas diversas formas conhe- cidas de sociedade. Assim, por exemplo, Burgess Locke defi niram a familia como than 208° s0cilogo americano deu uma definigio seme- 2 familia uma comunidade mais ou menor duradoura de expo $,2Ro com ou sem ios, ou de homer ou mulher sy com lia no desenvolvimento pos antes de se pensar numa picologia ix. © que importa, neste cis0, nfo’ ¢ 0 Freud sobre a sociedade primeva ® mas a visio que se obteve da familia como lugar socialmente defini- do, no qual se forma a estrutura da personslidade que, por sus ‘vez, tornar- pente relevante. Esse conceito, assim rigacdes antropoldgicas que se desenvolveram iveram enorme importincia, na medida em gue Zelegaram pata segundo plano problemas ais como. o da sucesso que, durante largo tempo, haviam dominado 0 pensa. tanto a especulacio 16 sirio da formagdo da familia. A moderna antro- tende a admit como hipstese, em lugar de .si0 universal da familia, vérias formas dé ‘geogrifica e socialmente definidas, que foram se cons independentemente umas das outras ¢ que podem mes 1 cistalizarse, contemporaneamente, numa mesma sociedade. recentes progressos da sociologia da familia refl ces gue ating int frase, ple mene, 1 transformacio por que ela estd pessando, no quadro do desenvol- wimento socal etal, Os socélogos, ainda que de acordo sobre a existéncia da crise, tém opi uito contrastantes sobre a sua natureza; sem diivida, continua de pé o problema de saber se essa situagio de crise se limita 2 instituicio da famflia ou se ser a expressio, numa rea particular, de uma crise de carder mais amplo. Mas 2 tio discutida ise da familia moderna niio caiu do terminedo pelo sistema de troca ¢, p individual dos homens em sew trab igo essencialmente feudal do parentesco natural. Ass wl dentro da sociedade processo de adapta dade irrecional q indispenséveis para reproduzir, nas condigdes de assalariados separados do poder de controle dos meios de produgio, a sua forga de trabalho e, por conseguinte, a sua propria vida. SO ‘podia causar nos individuos uma identificagio com @ ie, idealizada como ética do trabalho, que substituiu Imente o domfnio imediato do senhor sobre os servos medieval. Precisamente a esfera da intimidade, que parccetia decisiva pura a definigo da fama, € de naireza sociale no se dena BT separar do principio de trabalho © quem quiser ser iplesmente, nfo sogo- sg eplicado © pravcamente de » com mais clareza do que em qualquer le pensar do pai 0 que muito bem quiser graves conflitos © desastres, deve empe- facio paterns. Em realidade se convertia em paterna baseava 4 sua prépria conscitncia, far € amar quem se apre- 138 ide da familia refletinse, pois, a de uma aparentemente, tudo acontece de acord® com € na qual, entretanto, dominava ainda lagbes cegas, subtrafdas & liberdade da razio. lia ctiou uma ideologia com ele © pretenso principt contradiges net hn por acaso — revelou-se que alguma coisa nfo funcionava nna sociedade da justa e livre troca quando, ao desencadear-se a Revolugo Industrial, os filhos dessas familias foram jogados no pprocess0 produtivo como escravos do trabalho, Entfo, a socie- dade burguesa s6 poderia se ar reforgando a coergio do principio de troca com out was de dependéncia diretas a familia foi 0 seu instrumento de ago, mesmo no sentido de i maneita desejada, ais se submetido Esse antagonismo, que se manifesta na fama desde os seus préps Tees, reaparecerd sempre em cada um dos seus es. Wino. i tae 4 septa do ppaterna ¢, depois, diante de qualquer ‘num movimento que’ retine, indissoluvel- ‘mente, elementos racior i 140 2 propries lo motivo de ol Pode contra o mundo extemo, ‘mais inexordvel, ela & impo. fazer sespeitar es normas sexusis tradicionalmente in Vacila 0 equiltbrio de equivaléncias entre 0 que a familia exige © 0 que dé. Todos os apelos as energias positivas dda familia como tal caem no vazio.) Mas 0 antagonismo inerente 20 principio constitutive da familia, burguesn faz, precisamente, com que a sua ruina nfo contenha apenas 0 aspecto. pos i autoridede heteréno ede com quelque ‘uma pura e simples mentira, primeiro lugar, 0 da “esposa vi ompreenstvel, provocada hé setent Thsen [a heroina de Casa de Bonec imples- ‘mente pela emogdo sentida entéo diant imagem de mulher gue abandona o marido ¢ o filho para deixar de ser um mero shito do poder, patiaral; no fondo, hava fxnbée 9 compe te da consciéncia burguesa que € propenso a realizacio da nha de que esté diante de de liberdade dominante. A dey nfo € menos revise rbatie, to depressa ocorra a atomizacio ridade. dissolugio da cole ima correspondéncia imediate entre’ a do status quo familiar ea diss s atinja a perfeicio a vide afetivo desse segundo seio de ser, pelo menos em iedade. “F dificil duvidar caja a tais modificagbes e de que 1s no softa um congelamento, ‘na atmosfera fria da familia, ** O fendmeno generalizado da ajiéncia infantil € indictivo do estado areal ‘mesma maneira que © nas fotografias dos mais pequenos A sociedade hodierna néo pode mente a agio econdmica e educativa do pai edi ele assumida em outras épocas, no sea ra expressio, ainda que infeliz, uma ex it © que a sociedad enguanto pe inda nfo € eapaz ada thos. aprendi ras a limitar. ss0s eram ab: idade pessoal. Quando a pressio nfo era demasiado severa e, sobretudo, quando se fazia acompanher pela dogura matemna, desenvolviam-se homens capazes de, quando necessirio, ‘tia, the exige, conferindode, em grande Eade de comportarse de acordo ean 6 au epende, cm evade fiber Ati = [Nova Torque, 1950, pégs. 997, 384 © segs ade, wer a andlie de Hor Pate Gera, of. ex 24 o segns “Consideramos, provioriamente, como autoritsios Gr compoctamentosexternor enters em que os homens submetem oes tra que se desenrola. até ; ‘sirie de renGncias que os Adependentes tinham de impor ‘a si prépros; mas, nos periodos de estag~ hnaglo e retroceso, a actitagio dar relagBes_de'dependéncia existentes, necessiria 2 manutengio das formas da sociedad jorge C. Homent: “The Human Group", Nova Torque, ‘ote st Homans observa a este respeito que justamente por causa do a autoridade patena, oF flhce ido mais sensiveis em sua smanifesagies de autoridade do que maquelas épocas fm que & autoridade paterna € forte. (OP. cit, pag. 276.) 25. Parao que segue, ef. Horkheimer: “Authoritarianism and the Family Today", em The Family: Tis Function and Destiny, op. city pgs. 359 ¢ segs. ‘nid de Braet Wares « Homey T. Laces“ ’, Nova Torque, 1945, pag. 8. i Sane cee 14. Traduside de Me ako Boston, 1947, pg. 6. a duet Murphy: "Marviage and the Family", "Social Mosivaon’ cm Handbook of Sox ed. ergnzada por Gardner Eine, Cane Ts dey, Cambs, Mase, Ygmand Freud; *“Goammelte Wetke", Vol. 1X (Totem "), Londres, 1940-52, pee one “The Lonely Crowd. A Study of the Chan 1B. Sehafiuer: “Fatherland, A Study of Authoritarianism in the German Family", Nova Torque, 1949. 149

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