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Parantia e Modernidade Cliudia Perrone ‘UERGS © texto mais importante sobre « parandia €o trabslho de Freud sobre as Mendis de sun dvonte dos nents de Danie] Paul Sebreber. Em sovembro de 1893, recém-nomeado juiz- presidente da Suprema Corte da Saxdnia ele sucumbe 2 um strto psicético e é internado em lum clinica psiquitrica de Leipzig. Ao receber alta, escreve uma natrativa autobiogrifica que ‘eavolve conspiragio politica ¢ éxtase sexual, 0 contar a sua metamorfose em concubina de Deus. Freud publicou seus comentirios sobre a obra em 1911 € novas contribuigSes psicanaliticas surgitam no final dos anos 49, com o trabalho de M. Katen (Prado de Oliveira, 41997, p. 12) . Bim consonincia com & indieagio treudiana de considerer 0 texto uma longa associagio live, Katen busca a construcio de um né de verdade fantasmitico. Em seguida, aparecem comentirios de autores da tradicio inglesa como Richard Hunter e Ida Macalpine (1955) e Ronalld Fairbairn (1956). Entre 1950 e £960, 0 debate se cestende aos EUA ¢, por fim, Lacan inicia a versio francesa dos comentitios sobre © caso Schecber cam 0 seu Seminério, lio 3: a pass (1956). ‘Lacan foi 0 primeiro a pereeber 2 dimensio literitia das Menérias Prado de Oliveira, 1997, p22) e considerou Schreber um verdadeiro diseipulo da Aufédines, als, um dos seus likimos expoentes. Algo irénico, ele sustenta que Schreber se expresss através de formas rigorosas c clegantes que se causam & impressio de um sistema filoséfico, Lacan compara Schrcber com Sao Joo da Cruz, Marcel Proust ¢ Gerard de Nerval, Surpreeadentemente, ele reconhece Schieber como escritor mas nega sua qualidade de poeta. Ele acredita que 0 poeta deve introduzit-nos em uma nove dimensio da experiéacia, gerando uma situacio sem said, Terran #72~ Leranace © Automeatsmo a como argumenta Pracio de Oliveira, pois (.,) const er megar ao lonco de Schrebero gue se atmbui ao ceartor (1997, p. 23). Octave Marinoni accita a divisio lncaniana e postla, jé de saida, uma divisio entze 0 sujet © 0 autor. Enquanto autoz, Schreber & um excelente escritor e, enquanto sujcito, & cevidentemente louco, posicio inversa a de Cervantes, urn sujeito sio que se faz passat por um Jouco. Mannoni vé a ruptura da loucura como uma fala que permite passat do cenirio da eseritura, no qual xeina o autor, pare o censrio do sujeito, no qual, para Schecber, reinam 0 inconsciente ¢ 0 delitio. Cervantes, a0 conteitio, distingue a cscdita 0 sujeito. Mannoni conelti que o ivso de Schreber nao pertence ao seino da litesatusa, a nfo ser que 0 conceito de Iiteratura fosse redefinido. Mannoni, no entanto, nercebe am dado novo: @ separagio entre autor e esentor nao & da ordem das idéias claras ¢ distintas. Retardatariamente, observa que Schreber ocultow a sua posigio de autor com tal capacidade de auto-conveneimento que acreditou escrever sobre cle réprio como um sujeito, estudando os estilhagos de uma implosio, O sujeito Schreber ctiou tum autor Kégico que observa um louco-objeto-Schreber. [Retomando a mesma berlinds de Mannoni, e ocupando-se das mesinas sobras, André Green (1977) considera que as Memvrias pertencem, com pleno dircito, a0 campo literirin, reiato. da desmoronamento do presidente Scheeber wansforma-se, em ato continuo, 1a sepresentasio da teoria do préprio Freud ¢ compara o trabalho de eseritura do psicético como © do psicanalista, Esse debate culmina com o reconhecimento de Schreber como autor com Michel Foucault (1969), que se propde a estabelecer uma diferenca entre 0 autor no sentido, litetdrio € 0 autor no sentido de fundador de uma discursividade. Fim 1986, J. Gilbert adapta as Memeas para o teatro © em 1984 esiréia em Nova Torque um filme ¢ um ensaio de Harry Smith, a partir de uma leieura do livro de Schteber, ayia do cn eda tera. Esse trabalho & base para uma épera de Richard Zvonar, apresentada em Berkeley com o titulo de Assarsnafo da ana, Em 1993, Maria Caserta encena uma nova sudaptagio testal, Preidote Scbreber Novas linhas de pesquisa tom unido o personagem social e psiquico Sehreber com 0 sew contexto police, A Alemanha, 0 nazismo e a sua axticulecio com a paranéia, 0 tonllitarismo, © politica ¢ a modernidede tem uma aboscagem original na obra de Eric Santner, A Alomanba de Schreber (1997), Antes de diseutir a interpretagdo de Senter, ce gostaria de abrir um paréatese ¢ refletir sobre uma discussio de Micheline Enriquez sobre a feminizacio de Schreber. Ela volta 4 tepisar argementos utilizados por muitos comentadores: a feminizagio @ o motor essencial do delirio de Schreber. Hm torno de sua clabozagio se di a redacio das Membr. A partir de entio, insezevi cm minha bandeira, com plena consciéncia, o culto da feminilidade e, A medida que a consideracio pelo ambiente © permita, continuaei 4 fazé-lo, pensem de mim o que quiserem aqueles quem escapam as razdes sobrenacurais. Gostaria de ver qual o homem que, tendo de escolher entre tomar-se um idiota com aparéneia masculina ow ‘uma mulher dotada de espitito, nao prefertia a vluma alternative. Mas & desse modo € apenas desse modo que a questio se coloca para mim. O exercicio da minha antiga profissio, a qual ew me dedicava com toda a minha alma, qualquer outto objetivo da arnbigio masculina, qualquer outra valorizagio da minha energia intelectual a servigo da humanidade, agora, dado o rumo gue as coisas tinham tomado, tudo isso me fora subtraido; até ‘mesmo o contato com a minha esposa e meus parentes, com excecio de eventuais visitas © trocas de cartas, me foi suprimido, Sem me preocupar com 0 julgamento dos outros, permito-me tomar como guia um sadio egoismo, que justamente me prescreve 0 culto da feminilidade de um modo que depois descreverei mais precisamente. SG assim consigo proporcionar a0 mew corpo durante o dia um estado suportavel & 4 noite, pelo menos em certe medida, obter o sono necessirio & recuperagio dos meus nervos; 2 vohipia muito intensa acaba por conduzir a0 sono. talvez isso soja um fato conhecido pela citncia médica. (Schreber, 1995, p. 148) Enriquez aponta o j‘ibilo que vem unido a feminilidade como modo de atingir ama condigio corporal suportivel, em oposisio 2 escolha forcada que sc impés @ Schreber em novembro de 1895, apenas dois anos depois da internagao © com Intenso sofimento persecutbrio, Havia uma conspieagio contra Schreber com o objetivo de (.) confierme a um homem de tal modo que minha alma the fosse tentregue, 0 passo que men corpo — numa comprcensio equivocada tendéncia inerente 4 Orden do Mundo — devia ser transformado em um corpo feminino ¢, como tel, entreyue ao homuem em questio para fins de abusos sexuais, devendo finalmente ser “ deixado largado” , e, portanto, abandonado & puttefacio (p. 67) No micleo da feminizacio de Schreher, Enriquez observa a passagem de uma arbitrariedade, uma perseguicio contréria @ ordem do universo, sem possibilidade de salvacio, «que viola a catne e conduz 4 putrefasio, a uma idealizacio, a um culto da feminilidade que se oferece 2 Deus sacrficalmente para mudar de sexo ¢ estar na origem de uma nova ordem social ¢ humana Schreber oscila entre dois impossiveis, As suas esperangas sio (Garique, 2000, p. 37) mudar de sexo ou possui ambos; sero tinico salvador © 0 leito de Deus; gerar de uma manciea sobrenatural sem suunca sitisfazer 0 desejo sexual de um hhumano; 4. fazer do gozo uma beatitade infinita 5. escapara morte, ‘A idealizagio adquire sentido ¢ medida na seversio de uma perseguigio que violenta © corpo € © pensamento, tumultuando os sentidos ¢ 0 corpo pulsional, na seguinte ondem de perseguigdes: set vitima de uma castragio radical ser destruido pela onipoténcia do outros ser condenado é esteriidade ses sueito a um softimento infinito; estar sob constante ameaga de morte Enriquez reconhece que tal equilibrio esti ligado a um excesso de poder realmente exercido sobre ele, O encontto com a atbitrariedade provoce um confito identificatério paroxistco cuja marca subjetiva é a ameaca constante de desubjetivagio, sob a égide a pulstio ‘de morte, Nenluma expetiéncia com a arbitraicdade poderia, por si 6, fundar a psicose, mas Tetras 22 Lieriuts € AWonatime 8 la provoc uma tomada de posigdes psicéticas diante da realidade e seus limites, com um agavante: () € isto de modo ainda mais acentuado quendo se insereve em um Contexto histérico duradouro que de forma aiguma seria fruto do acaso, mas de umn projeto (cultural, educative ou outro) racionalizado valorizado,( 200, p. 37) Ha uma disjungio permanente, diante de tal ipo de projeto, entre um conjunto de atos ¢ felas © as vivénclas que impée e/ou proibern certes fantasias, comportamentos posigaes identificatéins, induzindo teorias delirantes primasias, sejam elas sobre a sexualidade fu esta ou aquela causalidade ou finalidade. [As anilises sobre 0 caso Schreber munca tiveram dificoldade em apoier as suas ‘argumentagGes 0 excesso disciplinar do seu pai, 0 célebre eriador da gindstien médica de cimara , flo, neto ¢ bisneto de uma linhagem de reformadotes, jurstas e “corsetores de erros” que, sob a cobertura da educacio, claborou um erudito sistema de perseguigzo do ‘corpo infantil por meio da constrigio ¢ repressio de todo prazer. O pai de Seheeber, um homem originalmente ftigil ¢ adoentado, attavés dos seus esforcos © de sua disciplina, adquiriu grande beleza e com cingienta aos posava como modelo para as ilustagdes do seu Pangynmastcon. (Esiquez, 2000p, 38) Os grandes temas schrebianos, segundo # organizagio de Enriquez, poderiam ser definidos como: idealizagao odiosa da paternidade; incessante questionamento sobre a procriagio € 2 maternidade; cculto da beleza; expansfo narcisica; submissfo do corpo; nccessidade de sacificio. Enriquez vé a passagem do corpo perseguido para um corpo idealizado, mais por inveja e horror que por desejo de feminizagio, O parandico organiza seus sistemas defensivos © interpretativos 20 redor da feminizagio em suas modalidades naturais culturais — 2 passividade, a beleza, 0 gozo, 0 secreto, a penetrabilidade, 2 capacidade de dae luz — para tomila peasivel represeatével. Esse esfuigu, uv cutaul, exté sempre sol v dominio da coxcilagio entre o amor ¢ 0 ddio, a atracao € a rejcico. A ligacio entre 0 caso Schreber e o miicleo parandico da ideologia nacional-socialista foram estabelecidos por Elias Canetti em Massa e Poder (1960). Canetti trata as Meminias como, ‘um texto precursor de outra avtobiogeafia paranoica eserita na prisio: Mein Kampf de Adolf Hitler. O elo entre a parandia ¢ a lideranca totalitéria, para Canetti, estava em um nivel mais além do conteddo histético da trama conspiratéria, jé profundamente ligados ao perigo da contaminagio € corrupeio judaicas. Para Canetti , a estrutura de ligacio tem um cariter formal: 0 paranéieo ¢ o ditador sofrem dc uma doenga do poder, explicitada em uma vontade patolégica de sobrevivéncia e uma disposicio de saerificar tudo, mesmo que isso inclua a propria humanidade para manté-la. As idéias de Canetti softeram uma releitura psicanalitica, ‘no inicio dos anos 70, por Morton Schatzmann que props um vinculo diteto entre 0 despotism microssocial da familia Schscher com seu totailtarismo doméstico e a estrutura de cariter alem’ da era nazista, 4“ Rrograma de Pix Graduagio om Lets - UPS ‘A anilise de Erie Santner, ainda que em divida com esses autores quanto as ligneSes profundas entre o material schsebiano ¢ as fantasias sociais ¢ politicas que atuaram no azismo, marca um outro vértice para pensar a crise estrutural definidora da modemidade, Para Santner, esses impasses € conflitos remetem a mudancas na matriz da telagéo do individue com a autoridade social ¢ institucional, ao modo de se ditigit © responder ao chamamento do poder e da autoridade. Esses chamamentos: (..) sio, predominantemente, convocagdes 4 orem, rtos ¢ processos de investidusa simbélica pelos quais um individuo € dotado de um sovo status social, é investido de um mandato simbélico que, desse momento cm diante, impregna sua identidade na comunidad. (Santner 1997, p. 10) ‘A investidura simbélica tem a “magia performativa” de tomar os individuos quem eles sio, de dotar de esséncia social o que é atribuido através de nomes, diplomas e similares. A modernidade, ¢ 4 prolifcragéo da histeria fimd>siéde € sua marca de otigem — softe ‘de uma profunda liquefacéo desses lagos sociais performaticos, que Santer define como ctise de investidura, As descricées webetianas de anomia © vazio, associadas 2 auséncia sto insuficientes para dcscrever esse estado de coisas. Para Santner, o caso Schteber € central para entender vivencialmente a stenuacko generalizada do poder ¢ da autoridade simbdlice como 0 colapso do espago sociale ds sitos da instiruigio do niicleo intiano do sujeito, Os scntimentos gerados, paradoxalmente, no sio de angéstia c perda, mas de excesso de proximidade, de perda de distineia de uma presenga obscena ¢ malévola que parece exercet um controle dircto sobre o intimo do sujeito. Essa & a forma histérica da angdstia que tege a economia libidinal do nazismo ¢ das formas modemas ¢ pés-modernas do governo totaitirio. Esse & 0 momento de perigo, na acepeio benjaminiana, do totalitarismo, Santer retoma um ponto cego da argumentagio freadiana sobre a feminizagio de Schreber, © porque ele rio pode comprecnder a explosio da libido homosscxual no exato momento cm que ocore a nomeacio para o cargo de Senatypravidnt da Suprema Come da Saxénia, O perigoso excesso desse poder remete, para Preud, 20 locus do pai revivido na transferéncia com 0 médico Flechsig. Esse excesso € um excesso de descjo, uma ansta primitiva e avassaladora pelo pai. Quando se depara com isso, Schreber se descobre submetido @ um processo de feminizacio, de emasculacio, que Freud apresenta como uma fantasia descjante feminina, isto é, homossenual passiva. A crise de Schreber foi uma crise de investidura. O poder ¢ a autoridade simbolicos de um juiz, e de um vario alemio como acrescenta Santner, fundamentam-se, 20 men0s etn parte, na magia performativa dos ritos da instituigio, sustentados por um imperative de produzit uma série regulamentada de descmpenhos repetitivs. A compulsio idiotizada & repetisio foi vivida como sesualizante, como uma exigéncia de cultivar o govo, A. forma gue assume essa sexualizacio, feminizada e“ judaizante”, sugere para Santner que na modemnidade européia 0 saber” sobre 0 gozo era atribuido as mulheres ¢ aos judeus. Esse lugar, no entanto, € o lugar amaldigoado pois marca o que nio pode ser diretamente recorhecido: que as identidades simbélicas sio sustentadas pela performatividade como compulsio & repetigio. Os delisios de Schreber remetem a uma crise pertinente a esses 1it0s € processes, & uma inflexdo desnoxteante na relacio que osujeito mantém com cles, Essa é a historia secreta a modernidade que ele nos apresenta. O sujeito & convoeado a se dirigir a um expago de vontade de autonomin ¢ auro-reflexividade oxganizados, no minimo, desde o Haminismo, A ogra simbélica desarticulow os individaos © como um todo simbslico doador de sentido, ela nio pode mais ser vivenciada como plenamente fidedigna. A causagio simbolica tornow-se ‘uma literalizagio, uma eausagio meciaica e disciplinar. Schreber conseguiu evitar e580 45 tentagio totalititia com uma série de identificacdes perversas que permitiram no apenas atuar, mas elaborar 0 paradoxo central da modemidade: (.) 0 de um sujito ser solicitado por uma vontade de sutonomia em nome ‘da propria comunidade que com isso & assim solapada, cuja proptia substincia € assim transposta para o sujeito. A elaboracdo fantasistica que Schcber efetua desse paradoso permite-Ihe reenconttat 0 caminho pata ‘um contexto de solidatiedade humana, sem ter que desmentir essa quebra de confiance fundamental, sem ter que cuci-la com uma solusio “final” © dcfinitivamente redentora. anther, 1997, p. 170) © texto avtobiognifica de Schreber, retornando as questdes iniciais dessas aotas, pode ser aproximsdo das questécs levantadas pela literatura de testemunho ¢ claramente expostas por Marcio Scligmann-Silva: ela nfo ¢ uma obra de “imitagio”, mas de apresentagio (Darstellung) do trundo, Helena Scarry (1985) explora a idéia, a partir das priticas de tortura e de guerra, a dor 40 tuide (..) obsenanente ive Jo corpo humano, & eonvocado como fonte de verifcacio © substanciagio da autoridade simbélica das instituigSes e fatos sociais que elas patzocinam, A fundamentagio da funcio simbdlica no corpo em sofrimento tomna-se urgent, afitma Searry ‘quando ha uma erise de confianca ou leytimagio mama sociedade. A crise de confianga, a falta das formas usuais de substanciagio, toma por empréstimo a factualidade material do corpo hhumano para conferie 20 construto “ realismio” e “cexteza” (1985, p. 14). © compo ferido toma-se 0 clemento inominivel do teal que fornece 0 esteio da ordem simbélics e contribui inconscientemente para fazer com que os fatos socias — sejam eles governos, dinhcito, casamento, ttulos — patesam reais © nfo ficticios, enfim € a reformulacio de conceito psicanalitico de transferéncia em temas sociais ¢ politicos. O corpo ferido, pela complexidade dessa teansferéncia, torna-se 0 atributo de uma disputa que, no momento, nio tem nenhums realidade prépria independente (1985, p.124.5). O quea guerra ¢a tortura tornam manifesto é: (4) © processo mediante n qual nm mundo dr cultura fabsicado adquire as caracteristicas de “ realidade”, o peocesso de percepeso que permite que as idéias inventadas, cxengas e abjetos fabricados sejam accitos c incomporados como se tivessem o mesmo estatuto ontoldgico do mundo naturalmente dado. (1985, p. 125) As Memérias io uma coafissio de purescéncia. Fo fragmento da vor da imundicie ‘que sustenta a representacio da onipoténcia” do regime, a auto-imagem gloriosa ofececida sos siiditos. E, um elemento perturbador da substenciacio mimética, 6 Progam de Pos Geeduacio om Lets CTSA Nota 'Scarry observa que (..) faz parte do projeto original e permanente da civilizagio diminuir (€ encontrar substiutos para) a confianga nesse processo de substanciagio, ¢ que esse processo,, no Ocidente passa a ser associado com um aumento de pressio em prol da cultura material, ‘ow da auto-expressio material (1985, p. 14). 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