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DIREITOS

HUMANOS
FÁBIO JOLY
CAPÍTULO 2 – FONTES E ANTECEDENTES DOS
DIREITOS FUNDAMENTAIS

A. DOUTRINA DOS DIREITOS DO HOMEM

• A doutrina dos Direitos do Homem não nasceu no século


XVIII, com as Revoluções Norte-Americana ou Francesa,
mas sim na Antiguidade, por meio do Direito Natural (ex:
direito à vida – sempre existiu, não necessitando ser
declarado).

• Nesta época, os direitos fundamentais eram protegidos por


um Direito Superior, nao criado pelos homens, mas sim
estabelecido pelos deuses. Ou seja, a lei era a razão de
Deus, gravada nos homens, determinando o que se podia e
não fazer. Ex.: Antígona, de Sófocles.
• Portanto, na Idade Média, havia um Direito independente
da vontade humana, mas que era definido pela vontade
divina.

• A Suma Teleólogica de Tomás de Aquino, no século XIII,


estabeleceu a seguinte hierarquia:

I) Lei eterna – era suprema, e apenas Deus a conhecia em


sua plenitude;

II) Lei divina – parte/pedaço da lei eterna que era revelada


por Deus ou declarada pela Igreja;

III) Lei natural – lei gravada gravada no homem, a ser


descoberta por meio da razão;

IV) Lei humana – lei escrita pelo legislador.


• Esse panorama apenas passou a se alterar no século XVIII, pela
Escola do Direito Natural e das Gentes, pautada no pensamento
iluminista e expressa nas Declarações.

• Nesse momento, com a adoção do Iluminismo – movimento


intelectual que buscava o conhecimento por meio da razão – ocorreu
a laicização do Direito Natural, ou seja, separação do pensamento
político, econômico e social (representado pelo Estado) do
pensamento religioso, assegurando assim o uso da Razão.

B. PRECEDENTES

• Tal conhecimento gerou precedentes, ou seja, documentos


históricos de proteção aos Direitos Humanos.

• Os primeiros foram os forais e as cartas de franquias, que


continham pactos escritos relativos aos direitos de comunidades
locais ou corporações (de oficio – feudalismo). Porém, ainda não
previam os direitos dos homens.
C. MAGNA CARTA DE 1215

• Trata-se de peça básica da Constituição Inglesa, formalmente


outorgada por João Sem Terra, consistente num acordo entre este e a
nobreza revoltada (fracassos do soberano), declarando-se os Direitos
Fundamentais dos cidadãos ingleses.

• Não se preocupa com os Direitos dos Homens, mas sim com os Direitos
dos Ingleses, porém, é importante por trazer inúmeras prerrogativas
garantidas a todos os súditos da Monarquia, configurando uma nítida
limitação do poder, sujeitando todos ao seu cumprimento (Estado e
cidadãos ingleses).

• Principais direitos declarados: limitação dos poderes do Estado, para


evitar o livre arbítrio dos governantes; proporcionalidade entre o delito e
da pena – pena calculada em conformidade com o crime cometido;
devido processo legal – nenhum homem livre será preso ou privado de
seus bens, sem um julgamento justo, realizado pelo Poder Judiciário;
direito de locomoção; propriedade privada; instituição de um Parlamento,
para controle das atividades do Governo.
D. LIBERALISMO
• Deste modo, no século XVIII, os Direitos Humanos, já declarados, se
expandiram, incorporando-se ao Liberalismo, pregando neste momento
a não intervenção do Estado – proteção às liberdades públicas.

CAPÍTULO 3 – LIBERDADES PÚBLICAS: A DECLARAÇÃO DE 1789

A. DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO

• Não foi a primeira das Declarações de Direitos (Vírginia em 1776 –


anterior à Independência das Treze Colônias Norte-Americanas), mas foi
uma das primeiras a consagrar e universalizar os Direitos Humanos.

• É evidente que as Declarações anteriores influenciaram o curso da


História Francesa, porém, a maioria declarava apenas Direitos locais e
não universais.
• No fim do século XVIII, nasce o Estado Contemporâneo, da
luta do povo contra a opressão estatal, caracterizada pela
miséria e pelo poder sem limites, das sucessivas e fracassadas
Monarquias Absolutistas.

• Este povo desejava liberdade, igualdade e fraternidade,


através da representatividade e do sufrágio universal – e desta
Revolução nasce a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão – instituindo um Estado juridicamente organizado,
pela sistematização das normas em forma de lei.

• O idealizador e organizador dessa Declaração foi Lafaytte.

• A finalidade era a proteção dos Direitos do Homem contra os


atos do Governo, buscando a instrução e educação dos
indivíduos de seus direitos fundamentais, recordando-os deles.
B. CARACTERES DOS DIREITOS DECLARADOS

• Assim, o Poder passa a comandar o povo por meio de leis, dotadas de


generalidade e impessoalidade.

• Nesse contexto, as características dos direitos previstos nas


Declarações são:

I) Naturais – derivam da natureza humana;

II) Abstração – pertencem aos homens, e não a pessoas determinadas;

III) Imprescritíveis – não se perdem com o decorrer do tempo;

IV) Inalienáveis – não podem ser tomados ou vendidos;

V) Individuais e Universais – pertencem a todo ser humano,


isoladamente ou coletivamente considerados.
C. DUAS GRANDES CATEGORIAS DE DIREITOS

I) DIREITOS DO HOMEM:
- Traduzem-se em LIBERDADES, ou seja, em poderes de
agir ou não agir, independentemente da
ingerência/interferência do Estado.
- Ex.: liberdade de ir e vir; expressão, propriedade privada,
segurança, presunção de inocência (todos somos inocentes,
até que se prove o contrário).

II) DIREITOS DO CIDADÃO:


- Traduzem-se em PODERES, ou seja, em meios de
participação efetiva no exercício do Poder Político de um
País.
- Ex.: decidir ou votar em representantes para que o façam;
controle do dinheiro público; exigir a prestação de contas dos
Poderes Públicos.
D. PONTOS IMPORTANTES

• Somente a lei pode limitar o exercício da liberdade –


portanto, ela deverá ser justa, evitando-se arbitrariedades.

• A lei deve geral e abstrata, aplicando-se a todos os casos,


sem considerar os envolvidos, sendo igual para todos os
seres humanos.

• A isonomia é a igualdade de todos perante a lei, sendo


essencial a sua presença nas Declarações. Assegurar essa
uniformidade do direito aplicável a todos os homens foi uma
das principais conquistas da revolução Francesa.

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