You are on page 1of 34
vi _ VULCANISMO produtos e importancia para a ite f=] MTT Ye) amm Ke)p 4c) Le) ci ea ey Indes Fquatorianos, outubro de 1999: apés 70 Janos de repouso, 0 vule3o Tungurahwa entra em erupgio, forcando 25.000 pessoas a deixarem suas casas, Repete-se, uma ver mais, a saga da humanidade perante as forgas do interior terrestre ao mesmo tem- po que desfruta da beleza das paisagens dos vuledes quando dormentes, sofre seus tertiveis efeitos destrutivos quando estio em atividade. A vuleanologia, uma especialidade criada na década de 1980, dedica-se 0 estudo do vuleanismo — termo cujas raizes temon tam a mitologia greco-romana, quando Vulcano era 0 deus do fogo, Desde entac a vuleanologia teve enor- me progresso, passando a ser uma ciéncia interdisciplinar € quantitativa, de grande importincia para a redugio de riseos para populagdes situadas em regides vul cas, Quando nos dep: nica, testemunha ramos com uma erupgio vulea: nos, na verdade, a liberaca espetacular do calor interno terrestre acumulado atra- vés dos tempos, principalmente pelo decaimento de elementos radioativos. Este fluso de calor, por sua vez, € 0 componente essencial na dinamica de eriagao € destruigio da crosta, na qual os vuleées, juntamente com os terremotos, tém papel essencial, desde os ptimérdios da evolugio geolégica, Atividades vulea nicas foram também importantes na Lua, Marte ¢ ‘Vénus, onde modelaram paulatinamente suas superti cies em diferentes épocas peoldgicas. O monte Olimpo, em Marte, €a Sistema Solar, com seu cone de 26 km de altura em com 65 km de dia- metro, Todavia, os exemplos mais impressionantes ‘rutura vulcinica conhecida do cujo cume existe uma depre ocorrem no satélite mais interno de Jupiter lo, 0 mais Tabela 17.1 Principais erupcées Seared eas Coot ty pequena moderode moderede 0 gronde ‘enorme gigontesca colossal incomensurdvel A Viste noturna de erupgac do vulcao Etna, sli. Foto: P Abori camara magmatica Fig. 17.1 O sistemo de bombeamento de um vuledo, a (gOes expelem lavas com altissimas temperaturas, muito fo do nosso Sistema Solar. Suas abundantes erup- superiores as das lavas terrestres atuais.lém disso, ja tos violentos de enxofre ¢ outros gases aleancam mais, de 300 km de altura em Io, fendmeno tio gigantesco, que pode ser visto a partir da drbita da ‘Terra, a mais, de 600 milhdes de quilémetros de distincia Os vuledes (Fig.17.1), si0 considerados fontes de observagio cientifica das entranhas da Terra, uma vez que as lavas, 0s gases ¢ as cinzas fornecem novos conhecimentos de como os minerais sio formados ¢ onde recursos geotermais de interesse para a humani dade podem se localizat, A importancia do vuleanismo transcende a notéria influéncia que exerce no nosso % do O,, H,, C, Cle N, hoje presentes na biosfera tém esta origem. Sabemos, por cecossistema, em que 25 exemplo, que milhares de vuledes ativos ha mais de 4 bilhGes de anos, liberaram enormes volumes de agua, explosivas e sua frequéncia temporal ares cere eae Cee eeeaa oes} 100/ ano 15/ ano. 2-3/ano 1/10 anos 1/40 anos 1/ 200 onos 1/ 50.000 onos Oxica de hidrogénio, metano, amo: 1a ¢ agua — que permutiria a anismos da Terr: Os episédios vuleinicos ocor Terra (4,3 bilhdes de P mn cala distinta de cede it taba a Fig. 17.2 Paisagem vu Derrames da Fo Serro Gerel, bacie do Parené, < mn e de | SRAM Ea totico de sua erupeio, Nada impede que le s s. As lavas, por outro lado, repre considerado “extinto” nos tiltimos 5.064 anos (data reais dos materiais das profundezas primeiros reg nist6ricos), situado porém nu da Terra, muito embora parte d tos volitcis regio com vulcanismo latente, possa entrar em ativ do magma original seja perdida d rocesso de le no futuro, tendo em vista a ciclicidade da solidificagao, Mes m, as lavas podem fornecer ev wcol6gica terrestre informacdes titeis sobre a composi¢io quimica e 0 es isico do constituinte do manto superior 6 altam ivel, como podemos observar Neste capitulo, conheceremos 0 proceso que exemplos selecionados da Tabela 17. 4 superficie, originando a lava ow iados 4 erupgio. Levande em dchas vulenicas originar da 7 . i : conta as caracteristicas do magma que condicionar tre (Figs ssentadas por 1 ido 0 proceso cruptivo, apresentaremos ainda uma ssificagio da morfologia e dos estilos cruptivos enormes depésitos rochosos nos continentes ¢ Jos vuledes, mente, aborda: emos os riscos vulcanicos, contrapondo-os ec efeitos Por vezes, estes cfeitos si néficos & humanidade, ja q uledes sio fontes térmicas po almente favordveis ao ecossistema e portanto, manu. LT a Ly 17.1 Conhecendo os Produtos Vulcanicos (Os produtos gerados numa erupgio vuleaniea po- dem ser sélidos, liquides on hela 17.2 ¢ Figs. 17.4.a 17.10. sintetizado na 17.1.1 Lavas Representam © material rochoso em estado de fur sio que extravasa i superficie, contemporaneamente a0 escape dos componentes voliteis do magma. Du- rante 0 processo, pode haver adigio ou perda de compostos quimicos. Os varios tipos de lavas sio cor respondentes extrusivos de magmas félsicos ou mificos, conforme ja visto no capitulo anterior. Desereveremos a seguir as principais earacte- risticas dos diferentes tipos de lavas a) Lavas basilticas E 0 tipo de lava mais comum nos derrames, ca. racterizando-se pela cor preta ¢ temperaturas de erupgao entre 1.000 ¢ 1.200%C, temperaturas estas se melhantes as do. manto superior. As propriedades guimicas ¢ fisicas das lavas basilticas, tais como a bai xa viscosidade devida ao menor contetido em silica (SiO.), menor retencio dos gases dissolvidos e alta tem peratura permitem que o fase scja menos espess0 ¢ atinja reas distantes em relacio a erupean Fluxos com até 100 km/h ja foram observados, mas as velocida des comuns sio da ordem de alguns km/h. Derrames enormes ocorrem em diversos continentes ¢ ilhas vul cinicas, alguns deles originados durante eventos geol6gicos gigantescos, a exemplo dos derrames do Decean (india) e da Bacia do Parana (América do Sul As lavas basilticas exibem variagées na sua morfologia © fluidez no decorrer do processo de consolidacio, recebendo diferentes denominagdes, a saber: Tabela 17.2 Caracteristicas dos produtos vulcénicos eee rr ee ued Lava’ Posire/cinza fina Cinea grosses Lopii Bombas Blocos Pémice (hogmentos com gronulagse de cinzos eblocos, rico ‘em vesiculos) Fluxo pirocléstico Escorios Blocos e cinzos gnimbrito Cer Material fundido contendo cristas © bbolhas de gés. Particulas menores que 0,062mm Pariculas entre 2 € 0,062 mm Porticulas entre 64 @ 2 mm Fragmentos plésiicos > 64mm, Fragmentos rigidos > 64mm Emulsdes gasosos superaquecidas com fragmentos de pomice ou escéria (dimensées centre Lapill e Bombos},crstais de cinza, e frogmentos do conduto e/ou de rochos pré-exisientes, em matrz vireo. a Fragmentos vesicuiares restritos os proximidades dos condutos wuleénicos Brecha de blocos e cinzas Depésitos de grandes blocos de lavas sustentados por cinzas, préximos dos condutos de wulcbes, Semelhantes 008 fluxos de loma, poréem com ‘matriz mais grossa (menor teor de lama). Emanag6es gososos ¢ fluidos contendo rminerois dissohidos Lohor Fluxo viscoso de lomo com fragmentos inconsolidedos de variados dimensbes, originados do retrabolhamenio de depositos de encostas wuletnicas por chuvas, degelo e/ou tremores de tera. Capituco 17 * Vutcanismo 351 Fig.17.4 Derrames de lava, ve M Fig.17.7 Resto de brecha wlcénica, lho Fernando de Etna; Sicilia, Hala, Foto: R, Trouw Noronha, NE de Brasil. Foto: C. M. Ni Fig. 17.5 Depésito por lahor. Nota @ abundancia e tamonho Fig, 17.8 Camadas de tufos e brechas piroclésticas intercal (os fragmentos slides caegados pele torrente de lama. An No canto inferior esquerdo do foro cbserva:se deformacac teria, Fos por acomodamento, causade por bloco langado bolisicamente a, Rio de Janeiro, Foto: A, Ferrari Fig. 17.6 Deposito piroclastico com deformacao por bomba. tlhe Shella Fig. 17.9 Tut América, Foto: R. Andreis, No! 352 De RANDO A TERRA + Lavas almofadadas So acumulagées subaquéticas que possuem a for ma de almofadas (tradugao literal do termo em inglés pilloa) (Fig, 17.11e 17.12), com diimetro de até 1 metro. Sua ocorréncia resulta do comportame plistico do magma basiltico que, em contato com a agua fia, res fria instantaneamente. Com isso, cria-se a pelicula exterior vitrea, enquanto 0 interior do material rocho: so submetido a resfriamento mais lento adquire uma granulometria cristalina mais grosseira. A profundida- de do derrame é também um pasimetro importante no processo, pois a pressio da agua deve ser suficiente ‘mente alta, de modo a impedir que os gases dissolvidos ‘no magma fervam ou se expandam. As lavas almofadadas se acumulam devido fi dez da lava e a pressao interna dos gases, que leva a0 rompimento da pelicula rochosa recém-consolidada pela expulsio continua do magma, Nas profundezas da cadeia Meso-Atlantica e também no assoalho ocea 700 m. de nico do Pacifico Leste, a cerca de ptofundidade, submergiveis confirmaram a ocorréncia dessas acumulagdes de lava almofadada, interligadas Fig. 17.10 Fumarolas. Campo de géiseres El Tato, Chile. Foto: C M. Noce. por condutos tubulares afunilados cam cerea de 20a 30 m de altura € 1 km de largura, Isto sugere que este ipo de lava é um dos constituintes importantes d crosta oceinica em formagio, «As lavas almofadadas podem ocorrer tanto em guas rasas como profundas @, apesar de freqientes em basaltos subaquiticas, sio também observadas em lavas com maior conte SiO Fig. 17.11 lavosl cambriono (> 2,7 Fig. 17.12 Lavos Lavas pahochoe © aa Sao termos oriundos de descrigées na ilha ca do Havai, relacionados ao fluxo © aparéncia superficial de resfriamento das lavas basilticas. A pabneboe (ou lava “em corda”) & a ma 0s vuledes clo Havai, A lava basiltica ¢ ato com ar resftin-se, formando uma crosta fina, ¢ fluxo magmatico continua abaixo dela. Este f subsuperficial, que lembra a viscosidade di feigdes retoreidas na pelicula roch le solidificagio (Fig, 1 mi di . lava se di muito rapidamente ao longo de trineas aba xo da crosta ja consolidada, Eventuais refluxos ¢ canal subterrineo — 0 tubo de lava. O diimetro desses tiineis € vatiivel (1 a 10 metros), pod i os quilimetros em extensio (F Kit eae ee b) Lavas rioliticas e andesiticas Estas lavas possuem composi¢aio mais diferencia. da (félsica). O maior contetido em SiO, ( llogia mais comple xa ¢ maior retengio em gases tornam-nas ma ja capitulo anterior), bem como a sua mine viscos que as lavas basilticas. Apresentam tempe furas entre 800 € 1,000°C e a rocha vuleinica formada possui cor clara a avermelhada. A baixa fluidez das lavas tioliticas leva geralmente a um aciimulo rochoso que pode al- cang: tornando comuns as explosdes. As lavas de composi dezenas ou até centenas de metros de espessura, cdo andesitica possuem contetido de silica intermediirio entre os basaltos e riolitos. Varios episddios vule’ andesitica a riolitica acompanharam a construgio da crosta terrestre. Muitas dessas ocorréncias estio pre- cos de composicao servadas na América do Sul. Um dos episddios mais, expressivos atingiu a Amaz6nia ha cerea de 1,7 — 1,8 Dilhdes de anos atris, tendo recoberto uma area supe rior a 500,000 ken. 17.1.2 Fragmentos vulcdnicos Correspondem aos vuleanoclastos ¢ piroclastos, Os primeiros englobam os fragmentos vulcinicos for- mados pe ‘materiais langados na atmosfera por erupgdes explosi rosio, Jé 0 termo piroclasto refere-se aos vas. Esses produtos recebem o nome de tefra, O ‘material particulado mais fino é constituido por cinzas € pocira, podendo formar espessos pacotes, em geral nas proximidades do vuledo. Todavia, a agio dos ven- tos pode transportar as particulas a enormes distincias. © Lapillito (ver Tabela 17.1) € ger pela colagem de cinzas (lap acrescionstio). Sio gotas mente formado de lava maiores que a cinza, cuja morfologia indica Fig. 17.16 Detalhe da heterogeneidade dos materiais piroclésticos. Foto: R. Trouw. sua form » em estado plistico ou pastoso. Podem ter 0 tamanho de uma bola de ténis, Em fungio da intensidade dos ventos € do ca 1, 0$ Japilli podem ser alongados a até fiapos, & maneira de fios de cabelo (cabelas de Peli), em referén- cia a Peli, deusa dos vuledes do Havai. As bombas representam os fragmentos vulednicos (em estado plas t muito fluido da tico) com aparéncia retorcida, resultantes da consolidagio durante a sua trajetéria no ar (Fig, 17. Existem registros de bombas com dezenas de m’ langadas a mais de 10 km do vuled superficie externa das bombas apresenta-se com ). Eventualmente, a chaduras, em funcio da ex nso dos gases internos da lava, formando uma textura superficial denomina. d @ cha encaixante do conduto, langados & atmosfera, crosta de pio”. Ja os blocos sio constituidos por \gmentos angulosos de lava consolidada ou da ro- 17.1.3 Depésitos piroclasticos © termo piroclistico deriva do grego prrar (Fogo) © Alastos (quebrado). Os materiais piroclasticos sio constituidos por materiais soltos ou misturas de cinzas vulednicas, bombas, blocos ¢ gases, produzidos duran te erupcdes violentas de gases (Fig, 17.16). Tais produtos podem ser classificados em: a) juvenil (fragmentos so- lidificados do proprio magma); b) nio juvenil (fragmentos originados da parede da cratera, do con duro magmético ou quebra de rochas pré-existentes); of las ou gotas de lava. ygmentos de origem diversa associados a particu: As brechas vulcénicas representam os produtos piroclisticos de granulacio mais grossa, sendo consti- tuidas por fragmentos angulosos de material pré-cxistente ou do proprio detrame, cimentados numa matriz também grosscira (Figs. 17.17 € 17.18). Os de positos de queda piroclistie constituidos por fragmentos menores fecebem o nome de tufos vulednicos. numa matriz de granulagio fina (Fig. 17.8), Esses depésitos podem atingir grandes espessuras. Por exemplo, nas imediagdes de Santiago do Chile, os depésitos piroclisticos da iltima erupcio do vuleio Maipo, ocorrida ha 400,000 anos, possuem espessuras de até 8 m. Esta constatagio rettata o risco potencial de uma area hoje densamente povoada, muito proxima a esse vulcio, alm de varios outros neste setor da Cordilheira Andina (Fig, 17.19). Por outro lado, esse material, devido 4 sua clevada dureza, tem sido utiliza do pela industria local como abrasivo. Fig. 17.17 Brechos vulcénicas da série andestico, Terciério Inferior. Vila Traful, Argentina. Foto: C. Cingoloni Os depsisitos de uso piroclistico so misturas de fragments, particulas de ro 1a € gases quentes que, independentemente da granulag: >, movem-se pelo seu proprio peso, condicionadas 4 declividade do terreno. \ emulsio de gases superaquecidos é tal que a resis. téncia ao atrito entre as particulas € reduzida a0 minimo. Com isso, forma-se um fluido denso, cuja medida que as particulas cacm sobre a superficie do terreno. As zona superior torna-se menos dens temperaturas envolvidas sio muito varidveis, de 900°C até inferiores a 100°C (Os fluxos piroclisticos caracterizam-se por mai or densidade e baixa turbuléncia, Cor vales, Ji os platés ignimbriticos sio os produtos gue recobrem s ao redor do vuleio, O nome ipnimbrito representa uma rocha ignea formada por ica, processo que ocorre em condigdes menos enérgicas de tem- peratura, gragas 4 maior distincia em relacio ao vuledo, Esses materiais depositam-se ainda quentes, tornando-se fortemente soldados ¢ assemelham-se “soldagem” de einzas e brecha vul 2 um cimento muito resistente. O gigantismo dos, dos em depésitos ignimbriticos (Fig, 17.20) origin diversos episddios vuleinicos, além da enorme mo- Fig. 17.18 Rochas piroclésticas da Formaciio Baquero, Cretéceo Inferior Provincio de Santa Cruz, Argentina. Foto: R. Andres, bilidade observada em flusos piroclisticos recentes, apontam para o cariter catastrdfico e relativamente fre qiiente desses eventos na hist6ria do planeta, Em virios eventos desse tipo observou-se que quanto maior magma, maior é volume de gua que se mistura violéncia da explosio. entam tor: Ja muvens ardentes (mde andente) repr rentes de baixa densidade que se expandem encosta abaixo com velocidades extremamente altas de até 200 km/h, ¢ altissimas temperaturas, geralmente acima de 700°C, acompanhadas por um som ensurdecedor, Fig. 17.19 Disiibuicao dos depésitos piroclésticos (em preto) nos proximidades de Santiago do Chile, provenientes da erupgao do vu: £80 Maipo hé 400,000 ones. Simbolos em vermelho representom vulcdes do Cadeia Andina fadaptado de Projeto |GCP-120, 1985) nitoravam atingindo-os sem chance de fuga. Os re ais do casal Kraff, quando foram recuperados, apresenta: vam-se em estado de incineragzo, em decorréncia da tilizacio instantinea dos fl © po, wi imento do ambiente, Fste exemplo brutal indica que a tinica al ternativa para minimizar os riseos de uma erupgio 17.1.4 Gases e vapores vulcAnicos 1 i ‘i . ermais associados a cimatas magmaticas me) ma so liberados para a atme desses gases na atmostera se dé em a wr sua vez, reagem com a agua, originando icidos nocivos para os olhos, pele € sistema respirato- io, Mesmo quando em baisas concentragbes, podem a) Fumarolas e fontes térmicas Estas exalagdes de gases ¢ vapores se dio através Jem continuar por déca- de pequenos cond: Jas ou mesmo séculos apos a erupgao vulednica. 1m ser tanto primarias (gases do proprio magma 1e pela primeira ver sio liberados em superficie) ou Nas famarolas, os elementos mais comuns que en tram na composigio dos gases sio hidrogénio, cloro, enxofte, nitrogénio, carbono ¢ oxigénio. Estes elemen ocorrer na sua forma clementar ou HO, HS, HCl, CO, CO, (NH)*, tos pode 50,, SO, CH,, etc A composigio dos gases vuleinicos pode variar em cenvolvidas (800°C a 100°C) € funcio das temperatu Jo contetido em minerais dissolvidos, Eventualmente, lentos como fliior, enxofre, zinco, cobre, chumbo, arsénio e molibdénio, urinio, tungsténio, prata, podendo se , podend concentrar principalmente em veios na rocha encaixante Fig. 17.21 Fumorola ¢ n depssitos de enxofre formados ar. VuleBo Kilavea, Hava, Foto: R.L, Christionsen/US Geolagical por conta do resftiamento do vapor d’égua € sua interagio com o ar. Desse modo, varios depésitos de interesse econdmico podem ocorrer em fumarolas Figs. 17.21e 1 Dentre esses elementos o mereiitio possui um com portamento particular, por ser volitil, Sua perda a aimosfera pode ser facilmente comprovada nas proxi midades de vuledes ativos no Chile, por exemplo, onde 2 alta concentragio do merciirio no ar ultrapassa in clusive o limite internacional estabelecido de riseo para b) Géiseres e fontes térmicas Geéiseres sio jatos de agua quente © vapor em rup: turas de terrenos vuleinicos. Estes jatos ocorrem em, ares © com grande forca, intervals de tempo reg freqiientemente acompanhados por um som ruidoso, Regides vuleanicas na Islindia, Nova Zelindia, Chile Fig. 17.22 Fun Vuledo Pods, Costa Rica, Foto: L. L. Casais ¢ Silva lo em lage ‘ermal écido, Cratera ative do hile, Foto: C. M, Noce, ¢ Estados Unidos sao mundialmente conhecidas pe npos de géiseres (Fig, 17.23). Uma das feigGes earacteristicas dos géiseres 40 0s terracos, for mados por sedimento de orjgem quimica. Este material encrustra-se nas rochuas ou no solo, como resultado da precipitacio de minerais dissolvidos a medida que ocor re a evaporncio ou resfriamento, Os terragos podem ter narureza silcificada (safer) ou cileica (Inavrtng Fig. 17 Fig. 17.24 Terracos de sinter. Campo de geiseres El Tati, Chile, Foto: ©. C. G, Tassinar Fig. 17.25 Noscente térmica; Porque Yellowstone, E.UA diferentes cores refletem os ipos de algas ossociados 4 var dos temperatures. Foto: |, Wohnified, cit Me St ey Nos campos de géiseres, padroes tinicos de vida ani mal e vegetal desenvolvem-se ao redor das fontes e dguas térmicas, mesmo nos invernos mais rigorosos. Lagos de gua quente, sungentes das profundezas vuleanicas, apre sentam coloragies curiosas, onde as variagdes de tons azul, verde € avermelhado-marrom tefletem 0 cresci mento vigorso de diferentes tipos de micrébios bactérias, cianobactérias e . em fungio das tempera que Nacional Yellowstone (oeste dos EUA) possui a maior concentragio mundial de feigdes hidrotermais cerca de duas dezenas de géiseres. Turistas do. mund intciro visitam este parque, vivenciando a experiencia fan tistica, © gigantismo ¢ a variedade desses fendmenos terminais de uma estrutura wuleinica originada ha cerea de 630,000 anos. O exemplo mais espetacular é 0 géiser “Old Faithful”, que lanca periodicamente (em média a turas (Fig, 17.25). Além dos géiseres podem ocorrer cada 64 min) uma coluna de fgua superaquecida © va paneldes de lama quente borbulhante (Fig, 17.26). O Par por (294°O) a 55 metzos de altura 17.1 Géiseres, fumarolas e fontes térmicas Agua de chuvas infiltra-se num terreno vulcanico até encontrar uma camada de rochas porosas, onde ocorte 0 seu armazenamento, como numa esponja, constituindo um aqiifero. O calor de uma eimara magmitica (geral- mente situaila entre 5 ¢ 7 km de profundidade) causa, por condugio térmica, o aquecimento do aqiiffero. Sob pressio da coluna digua e do pacote de rochas sotoposto, a gua subterrinea se superaquece sem ferver, tornando-se menos densa que a gua fria que continuamente se infiltra no agiifero. A temperatura dessa ‘mistura aquosa aumenta pouco a pouco até que, a um dado momento, uma pequena porcentagem entra em ebulicio. Com a expansio de volume, cria-se um jato violento de vapor e Agua aquecida drenada do aqiifero, que alcanca a superficie por um conduto qualquer. Apés a redugio da pressio 0 processo & interrompido enguanto a recarga do aqiiffero continua, reiniciando assim 0 fenomeno. Quando 0 processo de formacio das fontes tér- micas envolve temperaturas maiores, ocorrem as emanagdes de gases e vapor - as fumarolas. Quando a agua superaquecida contendo gases fcidos vulcinicos dissolvidos entra em contato com as rochas eneaixantes, ocorre a remo¢io do material fino que se acumula em “panelas” superficiais de lama quente (Figs. 17.26 e 17.27). Fig. 17.26 Fonelo de lama borbulhante. Géiser Pohutu; Parque Nacional Rotorua, Nova Zeléndia. Foto: PA, Souders/ Carbis/Stock Photos. Fig. 17.27 Meconismo de funcionamento de géiseres, fumarolas ¢ fontes térmicas. CR A OC ©) Plumas hidrotermais submarinas Trata-se de fontes térmicas surgentes na crosta basil -a pelas quais fluidos minerais so expelidos. A acio continua do processo hidrotermal edifica “cha: mings”. As maiores podem atingir mais de 10 metros de altura ¢ 40 em de diimetro, sendo denominadas Dlacke smokers (Fig, 17.28) por expelirem fluidos de cor negra com alta temperarura, As chaminés menores rece bem 0 nome de while smokers, senddo caracterizadas por fluidos de cor esbranquigada e menor temperatura Depésitos de sulfetos metilicos submarinos, asso- ciados as fontes termais em sistemas vulcinicos de cos, ocorrem no arquipélago de Galapagos e no Mar Vermelho, Perfuragdes revelaram teores elevados em Fe, Cue Zn na lama recuperada, sugerindo sua associagao 4s atividades de plumas hidrotermais, Em 1977, cientistas operando um sub- mergivel explorador do assoalho do riff no Pacifico Fig. 17.28 Block Smokers no essealho do oceano Pacifico Leste (2.500 metros de profundidede}, pelos quoi aguas térmi: cas contendo particulas de sulfelo metélico sdo expelidas. Estos se decantam ropidomente pelo contraste brusco com « tempe rature baixe da dgue de mor (ca. 2°C), permitindo assim 0 crescimente de chaminé incrustoda na rocha beséltico do ‘ssoalh. Ae redor dos condvios hidrotermais © na auséncio de luz solar, baciéros e vermes tubulares peculiores so abundon- tes, configurande uma das motores descobertas da biologia do século XX A sobrevivencio de oxganismos nesse odsis exttico ‘ocorre gragns o eagGes melabdlicas, envolvendo principalmen. te HS dissolvdo nos fluidos hidrotermois. Foto: NOAA Central Librory: OAR/National Undersea Research Progrom (banco NURP de imagens publicos) Ali, 11 2.500 metros de profundidade, foram identificadas, Equatorial Leste puderam confirmar essa hipotes pela primeira vez, chaminés expelindo continutamente particulas negras de sulfetos de Fe, Zn ¢ Cu (Figs. 17.29, 17.30). A decantagio des ‘gua surgente a altas temperaturas, se di particulas finas, dissolvidas na elo choque térmico com a agua fria das profundezas oceinicas Muitas dessas concentragdes polimetilicas contém metais preciosos € semi-preciosos, porém os custos de recuperagio sao ainda demasiadamente altos para viabilizar 0 aproveitamento comercial Os estranhos ofsis de vida, em meio aos sulfetos metilicos decantadas, ocorrem numa estreita zona de interagio com a figua ocednica oxigenada, a0 longo dos Fig. 17.29 As plumas hidrotermais ocorrem em zonas de separacdo de placas, onde ocorre formagdo de cadeias mon: tanhosas e assoalho ocednico (Fig. 17.16 com a localizocéo de plumos).Nessas regibes, 0 crosta ocednica € pouco espes ‘0 (cerca de 4 km) e 0 material baséltico ¢ continuamente ‘adicionado « ela 0 partir de cémaras magméticas situadas no interior do planeta, © magma sob alta temperatura aquece o {éguo densa e gelada des profundezas ocednicas que se infiltro ccontinuamente, otravés de fissuras do crosto boséitica. Du ronte 0 processo de percolocdo, 0 sulfate (um ion abundante ‘na équa do mar) 6 transtormado em sulfeto de hidrogénio por conto do ambiente anéxico, enquanto ocorre a liiviagio de ‘muitos substéncias minerais de roche, além do intercémbio de elementos quimicos. Gracos 60 color, 0 fluido tende a as- cender por causa da diminuigio do densidade sendo ento cexpelido pele ruptura do crosta. A temperatura dessos plumos pode atingir 400°C (black smoker), sendo, nesses casos, cons: ‘ituidas por fludos com boixo pH, contendo minerais dissolves, ‘tions incomuns e ata concentragao em H,S. Outros plumas (white smokers) produzem somente nuvens esbranquicedas de fluidos aquecidos e vapor (ca. de 300°C) RTT Ta ey is, Nessas zona sistema exdtico, Nas margens continentais onde ubduccio, a ocorréncia de fluidos O mais importante dessa descoberta clentifica, pc completa da luz solar, numa dicta de CO, ¢ compo tos de H, N, § ¢ calor vuleinico, send tan principal subproduto do metabolismo. Investigacdes recentes revelaram que essas bactérias sio uma for de vida previamente desconhecida denominada Ar Fig. 17.30 Imagem computadorizada de dados actsticos pro: cessados @ partir de ondos geradas por sonar ilusta as plum. idrotermais emergindo no asscolho acedinico 0 2.635 mé idade. A imagem das plumas, recuperada ne ele. fico Leste, préximo a 21° de latitude Nore, ter 10 cle 40 metros. llusragdo:Te 992 com genes distintos de outras bactérias (Eubactéria) ¢ de formas mais complexas de vida (ucaryota). Perte de 2/3 de seus genes nio se assemelham a nada visto até hoje, enquanto parte dos 1/3 dos genes restantes eneontra enrrespondéncia em baetérias e até em hu: manos atuais, Esta descoberta revolucionou as idéias fundo do mar, aproveitando o calor ¢ os sais minerais das plumas hidrotermais hi bilhdes de anos 1.5 Outros fenémenos vulcdnicos ahars — As erupedes explosivas podem depos tar enorme quantidade de cinzas e outros fragmente vulednicos sobre os flancos dos vuledes, Os dabars sa. formados quando da ocorréncia repentina de grandes mento de neve e/ou gelo acumulados no ti iesmo pela ruptura de barragens nacurais. inconsolidado, criando fluxos de lama que se movi mentam por gravidade. Enquanto nos ios € que carrega os fragmentos, nos dilars € a abundancia de material s6lido que gera o movimento, Cerca de 40% em peso dos constituintes dessas misturas sio nentos de rocha (desde parti cculas de argila até blocos enormes), tornando-as densas € viseasas com a consisténcia da massa de conereto. Como tal, formam espessos depésitos que incluem grandes blocos rochosos arredondados, cinicos ¢ lama endurecida € também podem incluit pedagos de arvores, se 0 fluxo tiver atravessado um: floresta. F justamente através da determinacio da ida de desses restos de irvores que é possivel saber quando ocorreu o fendmeno ~ um dado importante para se estimar a taxa de freqiiéncia de dabars relacionados & reativagio de um vulcio, (Os dahars deslocam-se com velocidades superiores , tendo condigdes de fluir até mes. mo sobre a neve ou gelo, Sua forca de impacto é tal que destroem a maioria das editicagdes feitas pelo ho- mem, <\s velocidades dos dahars podem atingir até 40 m/s em declives vuleanicos mais ingremes aleangar distincias de até 300 km do local de origem. Aqueles com proporcdes de material sdlido da ordem de 90° ais destrutivos, geralmente sio os mais velozes € 1 oriundos de deslizamentos enormes ocasionados por colapso de flanco de vuleio, Avalanches grandes massas de ne' ‘mistura destes materia, que se tornaram eventualmente instiveis por diferentes causas, Hsses fluxos de detri- 10 movimentagdes superficiais de » gelo, solo ou rochas, ow uma tos podem ser gerados por abalos sismicos que normalmente precedem uma erupcio, ou até mesmo ehuvas muito intensas, aliados a uma forte inclinagio do relevo vulednico, Levantamentos geoldgicos ao te- dor da base de vuledes do Havai identificaram sgigantescos deslizamentos submarinos de material frag- mentado. Isto revela que 4 conexio entre grandes avalanches € ‘mum do que imaginamos. crupgdes vulednicas pode ser mais co- 17.2 Morfologia de um Vulcio E; comum pensarmos que a lava chega & superficie sempre através de edificios ednicos perfeitos, a exem- plo do monte Fuji no Japio ou 0 monte Osorno 10 Chile, © que nio € verdade. Muitas vezes, a erupgio se dé através de fissuras profundas na crosta que al- cancam a regio onde magma esti acumulado, Estas Fig. 17.31 Modelo teérico de um vul- Go. © reservatério magmético pode se situar na astenesfere ou litosfera. O magma ¢ periodicamente expelido pela chaminé que liga 0 reservolério com a cra- tera, Alave difere do magma pelo fato de nao conter alguns dos consitvintes goso- 505 €/ov elementos quimicos origino's. A subida do magma pode também ocorrer fem cones sataltes ou pelo fraturamento do edificio vulednico em erupoes de flanco, 06-se 6 nome neck (Fig. 17.32) 40 reolce topogrético de uma chaminé. A fei géo decorre da erosto diferencial dos flancos de um wulc6o. Esido também re- presentados os diferentes produtos wlednicos. piroclastico Cee A CO fendas podem ter poucos metros de largura ¢ alguns quilmetros de comprimento, como as que exist ilha vuleanica da Islindia, nna ‘As formas topogrificas vulcinicas dependem da composigio quimica, do conterido de gases, da visco~ sidade ¢ temperatura das lavas. Lavas pouco viscosas constituem edificios vuledmicos com flancos stay ouainda derrames extensos € espe vviscosas no fluem com facilidade, 0 que resulta em edificios com flancos ingremes constituidos, em geral, pelo material fragmentado por explosdes. O ambiente superficial € também um dos fatores que controla o modo de acumulagio do material vulednico. O vulcanismo submarino em grande profundidade, por exemplo, no € explosive porque alta pressio da fiqua impede a formacio ¢ expansio de vapor. gua resfria a lava mais rapidamente que o ar, a pilha de lava € geralmente mais ingreme que o perfil das acumulagées de lava acima do nivel do mat. Jdas lavas muito, [A seguir, descreveremos os elementos geométri cos principais de um vulcio cénice (Fig, 17.31). vento redominante coluna eruptive tluxo 362 Decirranvo a TeRRA * Cratera — Fiste termo é uma tradugio literal do gtego kruter, que significa um vaso de boca larga. A ccratera representa o local de extravasamento do magma demais produtos associados (Fig. 17.31). A chaminé, ‘ou conduto magmitico, liga a cimara magmitica em profuundidade com a cratera, Com o passar do tempo, as paredes da cratera podem desmoronar, causando 0 seu preenchimento parcial. A cratera do monte Etna ictlia), por exemplo, esta atualmente a 800 metros de profuundidade em relacZo a0 topo e possui 300 metros de diémetro, Eventuais cones satélites podem apare- cet nos flancos do vulcio, por um desvio do conduto ou 4 medida que a chaminé e/ou a cratera sio bloque adas pelo resftiamento da lava ou soterramento, + Caldeira caldaria, & aplicado 48 enormes depress © termo, desivado do latim tardio es circulares, originadas pelo colapso total ou parcial da eratera e do topo do vuledo, por conta da perda de apoio interno, seja pelo escape de gases, seja pela ejecdo de grandes volumes de lava (Fig. 17.33). O difmetro desta feigio pode ser superior a 50 km e a ela geralmente se asso- cia um sistema de fissuras radiais e em forma de anel nna rocha encaixante, preenchidas por diques ow que servem de conduto para manifestagdes explosivas. ‘Tanto as crat aldeiras de vuledes “dor: mentes” podem ser preenchidas por 4gua (Fig. 17.34) — uma feigiio de risco potencial na eventualidade de como uma reativagio vuleinica, Esse processo inicia-se pelo domeamento do assoalho interno da caldeira, ou ressungencia da caldeira, Uma reativag3o vulcinica pode Fig. 17.32 Relevo vulobnico de ilha de Trin dode, destacando-se um neck & direta do foto, Folo: F R. Alves causar torrentes de lama, emana dro 17.2) ou mesmo a liberagao de enorme volume de égua que eventualmente se acumulou na caldeira com 0 passar dos anos. 10 de gases, (Qua © famoso Parque de Yellowstone, nos EUA, esti localizado numa caldeira vule com cerea de 2.800 km’. A ressurgéncia desta caldera hi (630,000 anos ocor reu devido a presenca de um enorme reservatério magmitico debaixo de sho, mais de 1000 km? de material. Esta estimativa volumétrica baseou- que identificaram a distribuigao dos produtos Pirockisticos numa extensa regio. O assoalho da cal- deira est sofrendo arqueamento € dilatagio, process este iniciado ha cerea de 150.000 anos, expondo 10: cchas ¢ estruturas profundas, © fenémeno esti sendo estudado © monitorado, como forma de prever uma fotura reativagio. . liberando, durante a explo- nos levantamentos geologicos No Brasil, a regio de Pogos de Caldas, Minas Ge: rais, uma estincia furosas medicinais e importantes jazidas de U, Th € Al, € um outro exemplo de caldeira vulednica, Sua corigem se deu pelo abatimento de um cone vuleanico hidromineral famosa pelas éguas ha cerca de 90) milhdes de anos. Associado A estrutura circular, com um diimetro de 30 km, hoje parcialmen: te erodida, mas ainda visivel em imagens de satélite ig, 17.35), ocorre um sistema de diques em forma de anel. Fig. 17.33 Esquema simplificado das etopos de formagéo, de ume caldeira. © colapso do teto do vuledo condiciona © criogde de um sistema de fraturas, © que leva a ume erupgéo imediate do magme, num coteclsme explosive Fig. 17.34 Coldeira do wilcéo Femandine com logo écido; Arguipéloge Colén (Galapagos), Equador. Notor © pequeno, cone satélte preenchendo parte do coldeira, cujas poredes sto ‘uit ingremes, e mais ao undo uma fumarola. Foto: R. Touw. aro 4690" ‘aoe Fig. 17.35 Parte de imagem do satélite Landsat, regido sudoeste do Estado de Minos Gerois, mostrando o coldei. revulednica de Pocos de Caldas em meio as estuturas das rochos ‘metaméricas Pré-cambriano, Na extremidade oeste da imogem, ‘aparecem os sedimentos poleoréicos da Bacia do Porans. Adap: todo de C. Schobbenhous e outs (coord, |. Texto explicativo do ‘Mapa Geolégico do Brosi e da érec acacente incluindo depési {os miners. Outro exemplo famoso é a caldeira vuleinica de Crater Lake, no Estado de Oregon (B.U.A.) ~ Fig. 17.36, Trata-se de uma estrutura preenchida por um lago com cerca de 8 km de diimetro ¢ 580 metros de profundidade. Esta ealdeira originou-se hi 6.845 anos, com base nas datagdes “C de amostras de arvores soterradas pelos fluxos piroclisticos. O cataclisma formou uvens de cinzas que foram dist carboniza buidas pelo vento, depositando-se sobre exter da orla pacifica dos F.ULA 364 DeciFranvo a Terra A distingio entre crateras ¢ ealdciras & por vezes dificil. As crateras podem se formar tanto por colapso como por explosio do vuleao, a0 passo que as caldei- tas sio produzidas em poucas horas ou dias, pelo violento escape de gases © conseqiiente reducio do volume do reservatorio magmatico. Além disso, cal- dleiras geralmente possuem di tros superiores a Tkm, A morfologia do topo dos vuledes Kilauea e Mauna Loa no Havai configuram, na verdade, caldeiras, Esta interpretacio é reforcada pela inexisténcia de de- Fig. 17.36 Logo de coldeira, cratera Lake, Oregon, ELA. Foto: DE, Wieprechi/US Geological Survey. pésitos piroclisticos ao redor dos edificios vulci- nicos, sugerindo que foi o refluxo do do colapso e conseqiiente formacio das duas de pressdes, 17.3 Estilos Eruptivos Por que parte dos vuledes ocorre em eadeias montanhosas, como nos Andes, a0 passo que em ou tras regides o vuleanismo se da através de fissuras, como foi o caso dos derrames da Bacia do Parana? Neste item, veremos alguns parimetros que determi nam os estilos eruptivos tio diferentes de atividades vulcinicas © vuleanismo atual concentea-se em rupturas da crosta com atividade sismica associada, O proceso esti condicionado ao movimento das placas litostéricas, ‘ou ainda a plumas profundas do manto que ascendem ‘em regides no interior das placas, Cerea de 600% dos vuledi Fogo” =u ativos situam-se no chamado “Cinturio do 1a zona de borda do oceano Pacifico com terremotos € vuledes jovens. Fstes vuledes formam, montanbas em areas continentais e conjuntos de ilhas ‘nos oceanos, como resultado da convergencia de ple. igs, 17.37, 16.38) cas litosféricas Fig. 17.37 Distribuicéio global do vulcanismo. Notar 0 condicionamento geografico em que 0 maioria dos vuleses ativos (em vermelho) esta situade a0 longo dos limites convergentes de plocos (azul). Apenas 15% do vulcanismo alval localizam-t6 nos limites divergentes (racos em vermelho) e o restante em regides internos dos places, Fig. 17.38 Vil do Circulo do Fogo. Foto: L. L. Caseis Arenal (Costa Rica), um dos cons! As atividades vuleanicas podem ser classificadas como fissurais ¢ centrais, em fungi de sua localiza io em relagio as placas litosférieas e ao tipo de seus produtos. As caracteristicas desses produtos, por sua vez, vinculam-se ais propriedades da lava € condigoes 17.3.1 Erupgies fissurais Neste tipo de vulcanismo, nao hi formagio de um cone vulednico, A presenga de fissuras profundas na crosta permite a ascensio do magma, em geral de com. derrames antigos, /N Fig. 17.39 Esqueme de erupede fissural, condicionads & o: le magmas muito fluides por fssurc asta, com a formacéo de camados sucessivas yet fat eat io eenet a de wtteimnn Je nf? por guardarem associacio com sistemas de falhamentos subverticais (rif-valey). ‘Trata-se de con juntos de vales submarinos profundos ao longo das cadeias montanhosas meso-oceanicas, que se asseme ham as feigdes continentais originalmente definid: na Africa Oriental (Fig, 17.40). A magnitude dessas cor pela sua distribuicio por mais de 000 km nas profundezas dos oceanos, romes de lava em ervp: 198/US Geological Survey Fig. 17.41 “Cortina de fo 30 fissurol no Haver. Foro: J.D. As erupcdes fissurais eepresentam, em termos de volume, o principal tipo de atividade jgnea terrestre, pois 80% da atividade vulcinica do planeta acham-se concen. trados no oceano (veja Fig. 17.37). Portanto, o assoalho oceanico originado nos nft-vallys submaninos representa @ extrusio continua de magmas basilticos por milhdes de anos, a partir de cordilheiras meso-occiinicas. (© vulcanismo fissural pode ser observado atualmente ‘oa Islindia — um segmento da Cordilheira Meso-Adinti es Paoreey Uni ra Gerol, Bocia do Parané, comporade a o derrames de plots Fig. 17.43 Rocho vule&nica omigdo: loidal. Formacao Serra Geral da Bocio do Parand. Foto: Co: lecdo do Instituto de Geociéncias da US? Fig. 17.4 wuleBnice. Iho Tindo- de. Foto: FR. Alves, ca exposto acima do nivel do mar — representado por derrames e fontes de lava (denominadas cortina de fogo, Fig. 17.41) comuns também no Havai Nos continentes, 0 vuleanismo de ft produz os derrames de plata, Alguns desses sto enormes, a exemplo dos encontrados na América do Sul (For macio Serra Geral da Bacia do Parana), América do Fig. 17.42) No topo desses derrames, podem ocorrer vesiculas, Norte (Columbia River) ¢ India (Deccan pequenas bolhas decorrentes do escape dos gases dissolvidos na lava, Estas cavidades podem vir a ser eventualmente, preenchid fata, as amigdalas (Fig, 17.43). Nos casos em que expansio gasosa tenha sido explosiva, podem ocor rer as brechas (Fig, 17.44). Nos © resftiamento da lava produz a disjuncio colunat Trata-se de uma feigao peculiar de ruptura geométr ca do material rochoso que se associa a contracio muito ripida do magma ao se solidificar (Pig, 17.45 fe 00 resiriamento do lava basdtica. Foto: Os desrames e sills bisicos da Formacio Serra Geral da Bacia do Parand representam um dos mais volu ‘mosos vulcanismos continentais do planeta, com uma 200.000 kam, abrangendo regides do sul ¢ centro-oeste do Brasil do Paraguai, Uru guai e Argentina, ¢ também uma contraparte na Africa, fireas hoje separadas pelo oceano Atlintico. Os der area superior a 1 rames foram gerados entre 133 e 129 milhdes de anos atris, sendo constituidos notadamente por Ia vas basilticas. Em certos locais, os derrames sucessivos de lavas basilticas possuem centenas de metros de espes tral da Bacia do Parana, onde uma perfuracao ara, fato verificado na regio cen: atravessou 1.700 m de basaltos (Presidente Epiticio, SP). Lavas de composicio siolitica e dacitica tam- Fig. 17.47 Vista dos derromes da Formactio Serra Geral for canhéio de Aparedos de Serra. Foto: M. Ernest. Fig. 17.48 Cotar jlcBnicos da Formagio Serra Geral, Foto: PR. Rene. tas do rio Iguacu, condicionadas pela eros6o de rochos Fig. 17.46 Istmo de derrame basdlico com disjung6o colunor Litoral de Torres, Bros W. Teixeira bém foram produzidas, preferencialmente nas bor: das sul c leste da Bacia. Além das lavas, erupgdes fissurais formaram centenas de diques bisicos ha 130,5 milhdes de anos, como na regio de Ponta Gros: sa (PR, Brasil abrange uma area de aproximadamente 300 km de , onde um conjunto de diques paralelos largura por 600 km de extensio, A origem do vuleanismo Serra Geral € ainda debati da, sendo creditado presenga de anomalias térmicas ‘no manto (plumas), seguidas por ruptura da crosta continental, ou ainda a existéncia de fissuras profun das na crosta. Esse vulcanismo, pot sua vez, associou-se a ftagmentacio do supercontinente Gondwana, que culminou com a formagio do assoalho do oceano Adlintico, processo que conti 7.36; Cap. 6). Asithas milhdes de nua até hoje ig, Fernando de Noronha (12 anos) ¢ Trindade (3,5 — 2,5 milhdes de anos) sao alguns dos marcos vulcani- Jos do eixo da Cadeia cos, hoje afas Meso-Atlintica, que ilustram a expan- sio do assoalho oceinico. A beleza da paisagem dos derrames da Formagio Serra Geral pode ser desfruta da numa visita aos paredées de rocha basilica com disjungdo colunar, que afloram no sul do Brasil, no litoral de Tor res (Fig, 17.46), nos canhdes do P: dos Aparados da da na arque cra Fig 17.47) Cararatas do rio Iguacu, que tém sua origem a erosio diferencial dos b 7.48) tos (Fig, Kl ee a oY 17.3.2 Erupgoes centrais Este estilo eruptivo com a formacio de edifcio vule’- nico esti condicionado a presenca de um magma de composi¢ao mais félsica. Como produto das explosbes, ocorrem grandes volumes de einzas, pumice, bloeose bom: bas, além de detrames (Fig, 17.31). As erupeties centrais pexlem ser classifieadas com base em semelhancas com escrigdes de erupgées passadas,conforme abaixo: 29) lirica nome derivado da erupcio do Vesivio ocor- rida em 79.d.C Quadro 17.3). explosio violentissinia de ‘magma viscoso, muito rico em gases apesioaados em pro- langa nuvens de gases, cinzas ¢ outros rmateraiss6lidos de granulacio fina fundidade no vu ») Stromboliana. denominacio oriunda do vuleio Stromboli ([tilia), em que a liberagao periddica de gases aprisionados na cimara magm bas de fava viscosa ¢ de blocos angulosos. O ritmo da a leva a gjegio de bom- crupgio ¢ altamente variével, podendo ocorrer em inter: valos de alguns minutos ou até de décadas; «) Pelieana: origina-se de um 1agma viscaso ico em gases, submetido a presses muito baixas @erivado do. Fig. 17.49 Diques radios. Vuledo Etno, ldlia. Foto: P Aber cratera Fig. 17.50 Peril esquemético de um estrato-vuledo. Pelée, Martinica) beracio de uma mavem densa e superaquecida (nuvem ardente) de piimice ¢ cinzas que desce velozmente as encostas do vuleao; d) Hatuiana: representa um estilo eruptivo relativa mente calmo, em decorréncia do magma ser de baixa viscosidade. As atividades tipicas acham-se represen tadas nos vuledes do Havai, onde rios de lava sio expelidos a partir da cratera ou de erupgdes de flanco, construindo um cone de grande dimensio com flancos pouco inclinados. A caracterizacio com base em registros histéricos tem sido substituida, no entanto, por uma nova class ficagio que leva em conta o tipo do cone vuleanico € seus produtos, n is condizente com a complexidade dos estilos eruptivos. Desse modo, os cones podem ser classificados em 4 tipos principais: + Estrato-vuledes - sao as erupedes centrais mais comuns. As camadas alternadas e sucessivas de lava ¢ fluxos piroclisticos constrdem um cone enorme com perfil ingreme e simétrico, cujos flancos eventualmente alojam diques radiais (Fig, 17.49). Vuledes como o Fuji apio), Santa Helena (EUA), Osorno e Lasear (Chile), € Etna e Vestivio no Mediterrineo (Itilia) sio alguns dos exemplos clissicos (Figs. 17.50, 17.51). Os estea to-vuledes sio perigosos, uma vez que a reativagio pode ocorrer apés séculos de inatividade. Produzem explosdes violentas e nuvens incandescentes, fruto da alta viscosidade do magma ¢ sua saturacio com gases (Fig. 17.52) Cee PA CL Fig. 17.52 Valea: le). Foto: C. M. Noce. 17.3 Monte Vesuvio Bstudando os depésitos vuleanicos, podemos conhecer melhor as erupgdes ¢ seus riscos. Todavia, 0 longo periodo de dorméncia dos estrato-vulcdes dificulta a previsio € o monitoramento de fendmenos associados a ‘uma reativacio. Uma ressurgéncia vuleinica do monte Vesivio, situado no Mediterriineo (Fig, 17.53), no ano de 79 d.C,, levou a destruicio completa de Pompéia ¢ Herculano em alguns minutos apenas! Propiciou, porém, a preservacio de uma parte da histéria da arte romana, para deleite dos arquedlogos que desenterraram estas cidades a partir do século XVII, Esta erupcdo foi chamada de Vesuviana, ou ainda de Pliniana, em referéncia a0 historiador romano Plinio “o velho”, vitimado por ela Um terremoto precedeu a grande erupeio pirockistica que produziu grandes massas de piimice. As nuvens superaquecidas, de alta densidade, com cinza muito fina (~0,01 cm de diametro), escureceram o dia e, ao mesmo tempo, expandliram-se encosta abaixo a mais de 200 km por hora. Derrames de lava ampliaram a destruigio. A magnitude do cataclisma de 79 d.C. foi tal que formou-se um depésito de cinzas com 6 metros de espes- sura, recobrindo os contrafortes do vyuleiio. Os efeitos letais das nuvens ardentes incluiram asfixia, queima- duras, incineracio ¢ fragmentacio devida a0 impacto. Desde entio, 0 vuleio Vestivio entrou em erupgio mais de 50 vezes, a ultima em 1944, trazendo grande risco a mais de 3 milhdes de pessoas que ocuparam, através dos séculos, a base da mon- tanha, onde se situa, inclusive, a petifetia de Napoles, uma das prin- cipais cidades da Italia meridional. Figs 17.53 Visto do Monte Vestvio © seus contralortes densomente povoados. Foto: F Nolla/Kino fotoarquivo. ECM Tastee ee Ty + Vuledes de esendo ~ 0 cone é em geral de grande dim ias dezenas de quilémetros de base € poucos quilémetros de altura. Seus flancos apresen- tam declividade muito suave, em decorréncia da baixa viseosidadle doy magma (Figs. 17.54, 17.55). O vuleao é cedificado pela sucesso de derrames de lava de compo. sigto basiltiea com baixo contetido de gases. As cerupgGes ocorrem freqiientemente pela cratera ou pelo flanco do vuleio. Comumenis, 0 magma nio emerge imediatamente, mas se acumula em cimaras magmaticas com v subjacentes. © extravasamento & relativamente ealmo (quiescente), eventualmente formando lagos de lava borbulhante na cratera ou ealdeira, devido as condi es fisicas da lava Vuledes de escudo sio encontrados no Havai Kila apesar de ter sido construido em alguns milhes de anos apenas, é 0 mais alto vulcio de nosso planeta, superior ao Everest (8.848 m), Seu topo situx-se 4 km acima do nivel do mar, sendo que a maior parte do edifi io encontra-se submersa. A sua base, com um diimetro de 120km, esti a 10km de profundidade. ., Mauna L.oa; Fig, 17.37). O monte Mauna Loa, Fig. 17.54 Vuledo de escudo (Wolt,iha Isobella. Arquipélo- {90 Colén {Golépagos). Foto: R. Trouw. *Domos vuleiinicos —sio formas resultantes da erup io de lavas félsicas extremamente viscosas. A lava, em vez de fluir como nos derrames basilticos, acumula-se numa feigio démiea com encostas ingremes ¢ topo are dondado (Pigs. 17.56, 17.57). Devido a alta viscosidade, gases geralmente permanecem aprisionados na lava, ¢, quando a pressio aumenta muito, ocartem explosdes «que fragmentam os materiais formados e, 0 mesmo tem: po, contribuem para o erescimento do domo. No caso da cerupeio do vuleio Santa Helena (EUA), em 1980, ocor- eu uma intumescéncia no flanco da montanha, uma vez aque a cratera era muito pequena. Arualmente, esti se formando um novo domo no interior do flanco abertor pela explo tendo na cakleira do Parque Yellowstone io, Fendmeno semelhante esta também ocor Fig. 17.56 Esquema simplificado de um domo vulednico Fig. 17.55 Diagrama esquemético de um vuleto de escudo. Co Ae LAT Fig. 17.57 Domo riodacttico formado em 20 de moio de 1991 no interior da cratera do Monte Ulzen, Japio. Foto: K. Ota/Servigo Geoldgico do Japao - GS! 9202 + Cone vuleinico piroclistico (cinder cone) ~ Sio acu- mulagdes acamadadas, produzidas pela ejecio de ‘material piroclastico. Geralmente, o edificio tem a for- ma de um cone pequeno, menor que 300 metros de leura, freqiientemente ocorrendo em grupos (cones satélites) nos flancos de grandes vuledes ou nas suas proximidades (Figs 17.58, 17.59). Cones piroclis ancos ingremes, em que a inclinacio é regida pelo angulo de repouso dos fragmentos inconsolidados. Exupcdes piroclisticas multiplas eventualmente formam depésitos em circulo ao redor da cratera de explo res ou Maars, sto constituidos por uma mistura de fio, Estes depdsitos, denominados tufos anela- fragmentos da rocha encaixante © material vulcinico. Ori am-s¢ da explosio de um magma ascendente, 20 fragmentos ‘de rocha material piroclastico Fig. 17.58 Esquema de um cone piroclistico. eat rem contato com a agua subterrinea Ja as explosées freati quando o magma muito enriquecido em gases tem con: s So causadas tate com a gua subterrinea ou ocednica, gerando uma gigantesca explosio de vapor superaquecico. A eatas trifica erupcio do wulcao Krakatoa (Indonésia) em 1883, foi desse tipo. Diatrema — tra vertical, formada pelo preenchimento da chaminé e da cratera por brecha vulciniea, processo que se di com enorme energia explosiva. Os diatremas sio origina a-se de um tipo raro de estrutura dos a partir de magmas muito profundos entiquecidos em gases (profundidades de cerca de 100 km), Estes » das rochas magmas, 20 ascenderem, causam a fu io violenta de encaixantes, combinada com a expl gases € lava, carregando inclusive fragmentos rocho. sos da crosta inferior e do manto (astenosfera). A rocha formada a partir de um magma explosivo extremamen: te rico em CO, é denomi 1a kimberlito, Fig. 17.59 Cone pirocléstico em formagéio na ilha do Fogo. Arquipélago de Cabo Verde. Fonte: Insituto de Investigagao Gientifico Tropical, Lisboa. Eventualmente, 0 processo erosivo destréi os pa petior do diatrema. Os diatremas sio economicamente flancos do vuledo, expondo os materiais da importantes, pois podem conter diamantes, 17.3.3 Pontos quentes (bat spots Como vimos anteriormente, apenas uma peque na parte (5%) dos vuledes ativos da ‘Terta situa-se no interior de placas litosféricas. As ilhas vuleani- cas do Havai, um desses exemplos, integram uma cadeia montanhosa submarina parcialmente submersa EY 7a ade ey com cerca de 6.000 km de extensio na placa Paci- fica. O vulcanismo dessas ilhas mostra um padrio de idade peculiar frente ao exibido pelos vuledes localizados em margens de placas; as rochas sio progressivamente mais antigas rumo noroeste a0 longo da cadeia (Fig. 17.60). O foco magmitico — gue tambés motos — encontra-se hoje na extremidade sudeste da cadeia na Grande Ilha do Havai, onde estio em atividade os vuledes Kilauea ¢ Mauna Loa, além do cio submatino Loihi, situado pouco ao sul. leva a ocorréncia de numerosos terre- Fig. 17.60 A cadeia vuleénico do Havai ne place Pacifica (Ma = milhées de anos}. © oparecimento das ilhas 6 resulta- do do acéo de um ponto quente (hot spot} multe profundo e estacionério no inferior do place Pacifica que esté em movi: mento © uma taxa de 1 0cm/ano. © foco atual do wuleanisme i6 stuado no extremidade sudeste da cadeia na Grande lhe do Howat O mecanismo de criagio desse conjunto de illas € explicado pela agio de um ponto quente (be? spot) ou pluma mantélica. O conceito foi introduzide pelos pes quisadores norte-americanos Jason Morgan © Tuzo Wilson para explicar a associagio incomum de cadeias vlcinicas inativas e ativas no interior de continentes. ‘A pluma configura uma coluna de material rochoso superaquecido que ascende lentamente 4 superficie desde a interface manto infesior ~ mticleo externo (Fig 17.61). E: ‘mecanismo eficiente de perda do calor interno terres- tre, associado ao movimento das placas litosférieas (Cap. 6. as plumas representam, portanto, mais um Aparentemente, a pluma mantélica, com sua por 40 superior em estado de fusio, mantém-se estacioniria por milhées de anos alimentando um vul cao. A medida que a placa se afasta lentamente da posicio da pluma, cla tsansporta o vuleao , tornando- © inativo €, ao mesmo tempo que continua 0 movimento, proporciona que um novo cone seja for- mado pela continuidade de ascensio do material da pluma, A menor densidade do material fundido em relacio 4s rochas encaixantes notteia todo 0 proc Jsxperimentos sugerem que a ascensao ocotre, prova- velmente, muito mais pela criagio de sistemas de fissuras no material rochoso do manto do que através de um conduto tinico, por conta das modificagoes de pressio © temperatura, que também explicam a inci- déncia de terremotos. Com o decorrer do tempo geo}6gico, um conjunto de vulcdes aparece no inteti- or da placa litosfériea, aos quais se associam também grande mimero de valedes submarinos (carvan), com forme observa-se na fisiografia do assoalho oceinico. No caso do vuleanismo do Havai, os estudos sis- iicos sugerem a presenga dle duas cimaras magmniticas, situadas entre 50 - 60) km e 3 - 6 km abaixo da superfi- cic, ambas sendo abastecidas por uma pluma de grande profundidade. Na cimara mais rasa, as rochas encaixantes abaixo de 6 km sa magma, cuja ascensio ocorre por diferencas de densi dade; acima de 3 km, as rochas encaixantes sio menos densas que o magma, impedindo assim a ascensio magmatica. A magnitude da pluma do Havat é de tall ‘ordem que abastece simultaneamente trés vuledes (Mauna Loa, Kilauea e Loihi). mais dens que 0 Os pontos quentes sio reconhecidos em cerca de 40 sitios com vuleanismo ativo no interior de placas litosféricas (por exemplo, ilhas Galipagos ¢ Havai), muito embora ainda no haja um consenso a respeito Fig. 17.61 Peril exquemético de pluma maniélica © geragéo cde um vuledo intraplaca, A geragdo das plumas aparentemente esl6 condicionade o correntes de conveccéo profundas e es: ‘acionérios que ascendem o partir do interface manto inferior - ndcleo extern. Pen Pan ren mA! do mecanismo da origem dos mesmos, Plumas mantclicas ambém podem explicar o¢orrénecias alinha dlas de vuleanismo com idades distintas situados em reas continentais, sugerinds a amagia do fenémeno pelo menos desde 0 Mesozdico. Nos continentes, a acio das plumas pode causar afinamento ¢ enfraqueci mento da litosfera © permitir no 56 a exposicao das ochas mais profundas como também induzira forma cio de um nif. Um dos exemplos ¢ o vale do rio Niger, na Africa Ocidental © modelo das plumas mantélicas é também uma alternativa interessante para explicar © porqué da ilha vuleainica da Islandia ser a maior parte emersa da ca deia Meso-Atlantica no oceano Atlintico Norte, A nitica hibrida razao disso estaria numa origem magi part a Islandia, Ali, 0 vuleanismo fissural gerado por conveeciio ascendente de material astenosférieo (que ema a nova erosta no eixo da cadeia Meso-Oceiini a) teria uma contribuicao adicional de uma pluma mantélica. O processo permitiria consteuir uma crosta oceinica anormalmente espessa, com o crescimento se dando hoje acima do nivel do mar. O resultado é portanto, distinto do que ocorre na crosta continental, onde a influéncia de uma pluma causa o seu afinamento. 17.4 Vulcanismo e seus Efeitos no Meio Ambiente Apesar de sabermos que as mudaneas climiticas estio associadas a variabilidade natural dos processos atmosféricos, pelo menos dois outros parimetros ~ a revolugio industrial e os vuledes ~ tém adicionado enormes quantidades de material particulado € gases & atmosfera ~ Fig, 17.62, Ha evidéncias de que as erup: ccbes vuleanicas afetam o comportamento do clima em curtos periodos de tempo € possivelmente influenci am as alteragdes de longa duragio, inclusive no aquecimento global, Isto poderia ca ar no futuro, por exemplo, o degelo das calotas polares com conseqiien te subida do nivel dos oceanos, trazendo efeitos catastroficos para habitantes de cidades como Rio de Janciro, Buenos Aires, Téquio, Los Angeles ¢ Nova Torque, entre tantas outras situadas em litorais. Entre tanto, a reconhecida abundancia do CO, nos gases uleanicos nio é suficiente para contribuir significati ate para o efeito estufa, Enquanto os vuledes produzem cerea de 110 milhdes de toneladas de CO, por ano, as atividades industria adicionam 4 atmosfe 2 em torno de 10) bilhdes de toneladas por ano, Fig. 17.62 Erupgdo do vwledo Sonte Helena, Estado de Wo: jo em 18 de maio de 1980. Aexplosao .co cogumelo de cinza e gates, otingindo 10: SPL/Stock Photos. colttudes de ordem de 14 km. © maior impacto dos g liberacio de cinzas ¢ SO,, Este gis transforma-se em icido sulfiirico pelos raios solares que interagem com © vapor de gua da estratosfera para entio formar ca madas de acrossGis. Essas camadas sao constituidas também por pequenas particulas ¢/ou goticulas, com diimetro inferior a 1 micrometro (0,001 mm), por sal marinho ¢ poeira silicatica de origem diversa (marinha, exupcoes vuleanicas, ineéndios florestais, grandes tem pestades de poeira, fumaca industrial, etc.). As eamadas, de aerosscis resistem em suspensio na estratosfera por muito tempo apés as particulas de cinza terem se de positado na Terra, uma vez que em altitudes muito clevadas nio ha nuvens chuva para uma lavagem mais ripida ¢ efetiva. Observacdes meteorolégicas comprovam que essas eamadas, entre altitudes de 15 ¢ 30 km, interceptam a luz solar, aquecendo a estratos fera e diminuindo a temperatura da superficie terrestre ¢ da propria atmosfera © estadista ¢ inventor norte-americano Benja min Franklin foi 0 primeiro a sugerir que os vuledes sao importantes modificadores do clima, com base na observacio dos efeitos da erupeio Laki (Islin Pee Sa ea) dia), no ano de 1783. Esta erupgio, além de gerar (© maiot detrame vulcanico da historia recente da Terra, liberou uma gigantesca quantidade de gis que envolveu completamente esta ilha ¢ uma grande parte da Europa Setentrional, durante varios meses. Denominada de nebtina seca, essa nuver era muito rica em flior, um gis altamente corrosivo, que se condensou na forma de chuva ou em particulas de cinza, vindo finalmente se depositar sobre a grama © campos de cultivo, poluindo trios e lagos pelo ex- cesso de fhior. Em conseqiiéncia, mais de 230,000 reses morreram, causando falta de alimento para os 10,000 habitantes da Iskindia. A pebina seca que atin- giv a Europa felizmente nao foi to nociva, mas se ivel por muitos dias durante 0 verio ¢ outono daquele ano, Como o inverao de 1783-1784 foi anormalmente severo, especialmente na Euro- Pa, Franklin concluiu que a erupgao Laki teria sido 4 principal causa das baixas temperaturas médias da época manteve vi Varios outros cientistas propuseram a correlacio centre as alter icas globais e grandes erup ‘g0es (Krakatoa -Indonésia, 1883; Taraswera ~Nova Zelindia, 1886; Bandai-san - Japio, 1888; Bogoslof - Alaska, 1890), as quais teriam influenciado 0 clima, tornando-o isdo sécalo XIX. Os relatos hist6ricos sobre Krakatoa ~ um des clim: mais frio nas décadas fi dos integrantes de um grupo de cones vul Cinicos no interior de uma caldeira situada entre Java © Sumatra - revelam que a ex plosio foi equivalente 4 liberacio instantinea de uma energia cerca de 5.000 A magnitude da explosio foi tal que foi ouvida na Australia,a mais de 2.000 km de distincia, distribuindo cinzas vulednicas por 700.000 km, Especul do Krakatoa tenha sido provocada pela in naior que a bomba de Hiroshima. ALTITUDE (km) ‘que a erupe filtracio da gua do mar nas fissuras do assoalho oe magmiitica, A expansio extremamente vi olenta da agua do mar produziu uma erape ondas de 40 metros de altura, destruindo cerca de 300 assentamentos costeiros e cat: sando 36.000 mortes. Os efeitos nico, atingindo uma cimara » freatica e tsunamis sucessivos com atmosféricos iniciaram-se duas semanas vorecer € entardecer tiveram cores exdticas € muito vivas (verde, azul, azul-brilhante), além de halos colo. tidos circundando o Sol ¢ a Lua, Caleuia-se que cerea de 13% da luz solar tenham sido bloqueados apos a explosio, com o conseqiiente abaixamento das tempe- raturas globais de 0,5°C durante dois ou trés anos, em, relagio & média normal da temperatura na troposfera (ig, 17.63), Mais recentemente, nas erupgies dos vuledes Pinatubo (Filipinas, 1991) e El Chichén (México, 1982), ‘nuyens com teores anormalmente altos de SO, alean- caram a estratosfera, trazendo também efeitos atmosféticos globais (Fig, 17.64). No caso da erupgio do Pinatubo, imagens de satélite mostraram um cogu: melo explosivo gigantesco com 400 km de largura e 34 km de altura, © ineremento do SO, causado pela erup- ao oxidou a atmosfera e, em conseqiiéneia, as tempetaturas médias mundiais durante 1991-1992 so- freram reducao de cerca de 04°C. Pelo fato desses dois vuledes estarem localizados a aerossbis de Acido sulfirico, cinza € pocira vulednica as latitudes, os TEMPERATURA (°C) Pee Fig. 17.63 llusracdo da magnitude do cogumelo explosive do vlede Krakatoa ‘em 1883, que olcancou 0 estratostera. A inexisténcio de nuvens impediv o retor- ‘no mais répido dos cinzos e poeira para a superficie da Terra por meio da chuva,, obliterendo luz solar durante varios meses 0 anos. Com isso, a lemperature apés © cataclisma € prolongaram-se por média global sofreu redugGo de 0,5°C. Acura em vermelho representa a vario virios meses. Durante esse periodo, o al: Gao da temperatura em funcdo de altitude

You might also like