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‘As Armas e 0s stiditos. O poder militar Firearms and subjects. The military power E z Chiristlanie Figwerédo Pagano de Mello’ Abstract Resumo The are intends to study the © alg tm por otto de xn Iiay opanatiors charged nk, 8 otgntacbes mes encens. fercerng te sence ard fo unc Gs esac de seos a= Mabie able bearams ere (6s € 2 cin cam obigtotamente Conpulsorly neaget th crdinance— engaads todos of sidtos em oe nd aviliny anmies Our aim is to debes datamararmas os Corpos de “emersate that ihe portance” Ordenancas e de Avzliaes Temes Sch military organizations per objeto demonvar que an froushout the second fall of the pertincin de tis onpniacdes mil= ighteenth canta wae die not onfy faves na segund2 merade do ses to their function of defense and UI davase no somente em f= imalnerance of emoriaiposesion, clo de sua dele e antencio da bbut abot tlt leand therelerance posse vritonal mas, amber, d= {assimed in te symbolic potential to do a0 papel ¢relevancla que ass ‘apres and representa socal der mam em sua poten simb- the nee item on ulin lea de expessar e represent uma. ‘orden social que se quetiacorssu Keywords Aries of Ailines and fof Oranance:socalonde Oops a! Palawas-chave: Commpanas de Au= feeod"patdoe” villares ede Ordenaness oem so- dl topas de pards eros Introducéo O interesse pela histéria militar do Brasil colonial ainda tem se mos- trado bastante reduzido, poucos s30 os trabalhos dedicados a esse tema na producio historiogréfica brasilielra e mais especificamente aqueles consa- grados ao estudo das organizacdes militares denominadas de Ordenancas e de Aunillares, muito embora, essas titimas sejam reconhecidamente institui- ses de grande relevncia na sociedade colonial, por historiadores como Caio Prado Junior, Raymundo Faoro e Nelson Wernck Sodré. Disseminadas por todo 0 terrtério da Coldnia e onde estavam obti- gatoriamente engajados todos os homens vilidos ao servico militar, as Or- ‘Dowtora em Historia Soil pela Univesidade feral Fuminese.O presente ati faz parted mia tase de daitorsco mila “Os Copas de Auliaes ede Ordenancas m2 Sogunla Meine do Seculd LAVI- As Caplanls do Rio de Janet, $80 Paul e Minas Geral 3 Manaengo do apie Pores ‘no ContonSal ds Andel denancas ¢ os Auxiliares remetem-nos, pois, pata o tipo de comu cacao existente entre as esferas local e central Uma comunicacio estabelecida e viabilizada através de um “sistema de administracao intermédia", como classifica Antonio Manuel Hespanha, “em que a Coraa deixava pemmanecerem em funcionamento todas as estruturas politicas periféricas, assegurando através delas a realizacao dos seus objettvos politicos globais*. As Ordenancase os Auxillares, bem como, ‘sutras centros de poder local, que atuavam como agentes intermedi- 4rios asseguravam a comunicacio, o elo e 0 vinculo entre o centro ea periferia Nesse sentido importante é ressaltar 0 papel de destaque que {ais organizagdes militares desempenharam na administragdo colonial, ¢ a dimensdo dessa importancia bem pode ser expressa nas palavras de Caio Prado Junior, quando este afirma “estenderam-se com elas, so- bre todo aquele territ6rio imenso, de populacdo dispersa, as malhas da administracao cujos elos teria sido incapaz de atar, por si, 0 parco oficionalismo oficial (.)", e podemos, ainda, concluir com Raymundo Faoro acerca da relevancia das Ordenancas ¢ dos Ausiliares na soci- edade colonial, que estas constituiram “a espinha dorsal da colénia, elemento de ordem e disciplina (.)". A Pedagogia Militar Devemos considerar que, durante a segunda metade do século XMIIL.a existéncia dos Corpos de Auxiliares e de Ordenancas revestia- se de suma importancia, nao somente em funcao da imprescindivel manutencao e defesa da posse territorial, que os definiam como uma forca fundamental, mas, também, devido ao papel e a relevancia que assumiam em sua potencialidade simbélica de expressar e representar ‘uma ordem social que se objetivava construir. Neste sentido, far-se interessante recorrer, primeiramente, a Ribeiro Sanches, um dos inspiradores da administragio pombalina, mais especificamente em seu livro Cartas sobre a Educacao da Moci- dade*. Das propostas que ali elabora para a ordenacio social de Por- ‘ugal, o cue mormente nos interessa destacar é sua ampla concepcio do papel das organizacces militares, propondo-as como patadigma "Wepana, Antonio Manoel As Yespera: do Lertathn, issues erode Folt. Porta! ‘Século XU, Coimbra Liars Alaa, 194, ell p48 282. Apu Cot enn Dates 0s Poblemas do Rerutamente Mitr no Fina do Século XVI a Ques da Cons. ‘io do Esa e da Nacaa" an Anas Sokal Unvatsidade de Ustoa, sho, 1995, 10K, pe 2 tan 3 Prado. Calo, Fomacto do Bra Conrmporinea SP. Brsess. 1977.0. 324 ‘Fao. iymundo, Os Doros do oder Fomacio de Parone Polo Brae, vo. Pita ‘Alege Ed GDbe, 1984, 9.196 * Sanches, Anti Nines Ribera Cras sore 4 Elucasso ds Mochdnde [1759] Putco © de ordem que permeasse o Ambito do civil. Pela andlise que, em se- guida, faremos do Relatorio elaborado pelo Marques do Lavradio destinado 20 seu sucessor no Vice-Reino do Estado do Brasil, poder- se-i definitvamente verificar a utilizacto de tal concepcio durante sua administracao (1769-1779) Durante a segunda metade do século XVIILa busca, por parte do govemo portugués de uma maior centralizacdo politico-ad trawva descobra-se em mudancas nas insttuicoes poiiticas e militares outrora dotadas de certa autonomia. Tal politica régia se estendera pelos dominios ultramarinos portugueses e no que concerne ao Esta- do do Brasil seré implementada pelos representantes réxios, respecti- vamente o Vice-Rei, os Capities-Genenais e os Governadores das Ca- pitanias, em obediéncia &5 determinacSes ¢ instrucoes que rec da Metropole. Como consequéncia da nova organizacao politico-social do poder absoluto a exigencia de subordinacao e obediencta por parte de todos 0s sticitos perante a autoridade da Coroa toma-se uma questdo primordial para 0 seu estabelecimento e consolidacao. Pre- tendia-se que tal subordinacdo e obediéncia - numa palavia, discipi na -, atuassem como forcas centripetas e integrativas. Sabe-se que, na sociedade tradicional, a Igreja representara rele- ‘ado papel no proceso de cisciplinatizacao € ordenacdo social, nio s6 no dominio da religiao, mas, tambem, nos da educacao e da politica, orientando todos os seus membros no sentido da univocidade, pastoreando o bom funcionamento de cada uma das partes com visas 2 integracao do todo, 0 enio corpo mistico do Estado. Nada m: ‘emblematico daquela atuacio do que os padres da Cia. de Jesus, com sua imperiosa disciplina, e a mais inesWita obedigncia a seu superior religioso: espaltiados por todos os recantos da sociecade, constitufam- se, indubitavelmente, nos mais fieis soldados de Cristo. Aquela discipinatizacao do social, outrora diigida pelos padres, s6 encontraria viabilidade na sociedade tradicional, em que 0 Esiado “ndo 6 jamais objeto auténomo de politica. mas objeto de teologia politica" ‘A des-teologizacio da politica exigia uma nova mecénica de instauragio da cisciplina social, uma vez que, entre as autoridades seculares, jd ndo mais estava em voga confiar a Igreja tamantia inge- nots de aqui eres. Peto. Edsorl Domingos Bara, sd. * Recora Ale eto oo Sicameto, SP. Esp, 1994, p13. Tl afta fia pelo autor « ‘dsenlvda em seu Io sobeec Fare Antonio Vier stem ot aco con aconcepAO ‘do tatalopomuees vent dpa ctenda pls dousinteclope polis denomin ‘ds notomstconunto de premisspalitas que orntaam alga di acio« do pensa- ‘mente poi, pncpalmerre nos pases calslzos camo Rontigale Eparha Nese sto, ‘bela susarimantaraocm Quentin ski, AL Findagoes do erste Plc Peo [5% Ga ds tet, 199], specanenie em a eapltslo "O Ressurgmento do Toman" ‘p4l4-450.Tanbim pes veri que oto Adal Hansen. em sitio e o Freenbo BP. isda Leeas 1966] 20 abstr com Gregorio de Matos com 0 fto dense sa cba no réncia na sociedade civil, Dessa forma, Ribeiro Sanches, em seu livio “Cartas sobre a Educacao da Mocidade’, ao fazer uma criteriosa ari lise da situacao de Portugal, localzando as mazelas decorrentes ca ante- rior estrutura socal, aponta suas saidas a0 ocupar-se, especialmente, dos ‘meétodos nos quais se deveria alicercar a disciplina da nova ordem poll tica. Prope, para tanto, quiea insitucio da mocidade fosse consumada no que chamou de “Escola Militar ou dos Nobres’ Vale destacat, a pincipio, que a proposta de uma “escola militar sgovemada pela disciptna militar” esta inumamente lgada a0 processo de deslocamento da

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