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MENLO Nee UM GUIA DE MODELAGEM DA INFORMACAO DA CONSTRUCAO, PARA ARQUITETOS, ENGENHEIROS, GERENTES, CONSTRUTORES [oa] Tats); 1-f0) <7 Ne ]e) 13) AW Wa We Ye * We a auld KATHLEEN gael allay MANUAL de BIM Os Autores Chuck Eastman é professor nas faculdades de arquitetura e computagao no Georgia Institute of Technology, Atlanta, e diretor do PhD Program da Faculdade de Arquitetura. Paul Teicholz, professor emérito da Universidade de Stanford, fundou o Center for Integrated Facility Engineering (CIFE) na Universidade de Stanford, em 1988, e dirigiu o programa por 10 anos. Rafael Sacks, professor associado em engenharia estrutural e gestdo da construgéo do Technion- Israel Institute of Technology, fundou e dirige o Laborat6rio de BIM no Israel National Building Research Institute. Kathleen Liston é consultora de tecnologia e cofundadora de uma empresa de software de simulago de construgiio, Common Point Technologies. Equipe de tradugao: Cervantes Gongallves Ayres Filho Kléos Magalhies Lenz César Jinior Rita Cristina Ferreira Sérgio Leal Ferreira ote, sy = s 0 pao M294 Manual de BIM [recurso eletrénico] : um guia de modelagem da informagao da construcdo para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores € incorporadores / Chuck Eastman ... [et al.] ; [tradugéo: Cervantes Gongalves Ayres Filho ... et al.] ; reviséio técnica: Eduardo Toledo Santos. — Dados eletrdnicos. — Porto Alegre : Bookman, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8260-118-1 1, Arquitetura — Representago gréfica. 2. Modelagem da informagao da construgdo. I. Eastman, Chuck. II. Titulo. CDU 72.012(035) Catalogagdo na publicago: Ana Paula M. Magnus ~ CRB 10/2052 CHUCK PAUL RAFAEL KATHLEEN EASTMAN TELCHOLZ SACKS LISTON MANUAL de BIM UM GUIA DE MODELAGEM DA INFORMACAO DA CONSTRUCAO PARA ARQUITETOS, ENGENHEIROS, GERENTES, CONSTRUTORES E INCORPORADORES Revisio técnica Eduardo Toledo Santos Professor Doutor da Escola Politécnica da Universidade de Sao Paulo Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de Sao Paulo Coordenador do GT Componentes BIM da Comisséo Especial de Estudos sobre BIM (CEE-134) da ABNT Verso impressa desta obra: 2014 2014 Obra originalmente publicada sob o titulo BIM Handbook: A Guide to Building Information Modeling for Owners, Managers, Designers, Engineers and Contractors ISBN 9780470185285 Copyright © 2008 by John Wiley & Sons, Inc. All Rights Reserved. This translation published under license. Gerente editorial: Arysinha Jacques Affonso Colaboraram nesta edigdo: Coordenadora editorial: Denise Weber Nowaczyk Capa: Marcio Monticelli (arte sobre capa original) Preparagio de originais: Aline Grodt Leitura final: Renata Ramisch Editoragéo: Techbooks Reservados todos os direitos de publicagdo, em lingua portuguesa, 2 BOOKMAN EDITORA LTDA., uma empresa do GRUPO A EDUCAGAO S.A. Ay. JerOnimo de Ornelas, 670 — Santana 90040-340 — Porto Alegre — RS Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 E proibida a duplicagao ou reprodugao deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrénico, mecAnico, gravacdo, fotocépia, distribuigéo na Web e outros), sem permissao expressa da Editora. Unidade Sao Paulo Ay. Embaixador Macedo Soares, 10.735 — Pavilhio 5 — Cond. Espace Center Vila Anastécio — 05095-035 — Sao Paulo — SP Fone: (11) 3665-1100 Fax: (11) 3667-1333, SAC 0800 703-3444 — www. grupoa.com.br IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Apresentagdo Nos iiltimos anos, tanto 0 conceito quanto a nomenclatura que hoje conhecemos como BIM — ou Building Information Models e Building Information Modeling — envolveram- -se consideravelmente com o conhecimento profissional e a inddstria para justificar um manual. O resultado é este livro, que atende totalmente aos requisitos esperados de um ‘manual, tanto em relacio A amplitude da cobertura como & profundidade da exposicao. No entanto, nem o conceito nem a nomenclatura do BIM s4o novos — no datam de 2007, de 2002 ou de 1997. Os conceitos, as abordagens e as metodologias que hoje se identificam como BIM tém cerca de trinta anos, e a terminologia do Building Information Model esté em circulagio hé pelo menos quinze anos. A seguir, fago um breve apanhado da histéria do BIM; pego desculpas aqueles cujas contribuigées eu possa involuntariamente ter menosprezado. O exemplo mais antigo documentado que encontrei sobre o conceito que conhece- ‘mos como BIM foi um protétipo de trabalho, o “Building Description System”, publicado no extinto Jornal AIA por Charles M. “Chuck” Eastman, nessa época, na Universidade de Carnegie-Mellon, 1975. O trabalho de Chuck incluiu nogées BIM, agora comuns, como: [Projetodo por] "...definir elementos de forma interativo... derivaindo] segées, planos isométricos ou perspectivas de uma mesma descrigdo de elementos... Qualquer mudanga no arranjo teria que ser feita apenas uma vez para todos os desenhos futuros. Todos os desenhos derivados da mesma disposicao de elementos seriam ‘automaticamente consistentes... qualquer tipo de andlise quantitativa poderia ser ligada diretamente & descrigéo... estimativas de custos ou quantidades de material poderiam ser facilmente geradas... fornecendo um tinico banco de dados integrado para andlises visuais e quantitativas... verificagéo de cédigo de edificagdes ‘automatizado na prefeitura ou no escritério do arquiteto. Empreiteiros de grandes projetos podem achar esta representagdo vantajosa para a programacdo e para os pedidos de materiais.” (Eastman, 1975) Pesquisa e desenvolvimento comparéveis foram realizados ao longo dos anos 1970 ¢ inicio de 1980 na Europa, especialmente no Reino Unido, em conjunto com os primeiros esforgos de comercializacdo dessa tecnologia (veja a seguir). Durante 0 inicio da década de 1980, este método ou abordagem foi mais comumente descrito nos Estados Unidos vi Apresentacéo como “Building Product Models” (Modelos de Produtos da Construgio) e na Europa, es- peciaimente na Finlandia; como “Product Information Models” (Modelos de Informagdes do Produto) (foi usado o termo “produto” para distinguir essa abordagem dos modelos de “processo”). O préximo passo l6gico na evolugao da nomenclatura foi decompor o termo duplicado para “produto”: “Building Product Model” + “Product Information Model” se fundem em “Building Information Model” (Modelo da Informagio da Construgio). Em- bora o alemio Baulnformatik possa ser traduzido dessa forma, seu significado mais usual esté relacionado a aplicagio geral de tecnologia da computagéo e informagao (information anid computer technology — ICT) para a construgdo. Entretanto, o holandés Gebouwmodel foi usado ocasionalmente dos meados ao final de 1980, em um contexto que, sem divide, poderia ser traduzido para o inglés como Building Information Model no lugar da tradugao literal “Modelo da Construgio. primeiro uso documentado do termo Building Modeling, em inglés, ~ no sentido em que é usado hoje — foi no titulo de um artigo de 1986 de Robert Aish, entao com a GMW Computers Ltd., fabricante do lendério sistema de software RUCAPS. Aish, que est hoje com Bentley Systems, estabelece nesse artigo todos os argumentos para 0 que hoje conhecemos como BIM e a tecnologia para implementé-lo, incluindo modelagem 3D, extragéo de desenho automético, componentes inteligentes paramétricos, bancos de dados relacionais, faseamento temporal dos processos de construgéo e assim por diante (Aish 1986). Aish ilustrou esses conceitos com um estudo de caso aplicando o sistema de modelagem de edificio RUCAPS para a renovago gradual do Terminal 3 do Acroporto de Heathrow, em Londres (hé, na minha opinido, um pouco de ironia histérica no fato de que, aproximadamente vinte anos depois, a construgéo do Terminal 5 em Heathrow frequentemente seja citada como um dos exemplos de casos “pionefros” dessa tecnologia). De “Modelo da Construgdo” tornou-se Building Information Model, para 0 qual 0 primeiro uso documentado em inglés apareceu em um artigo de G.A. van Nederveen & F. Tolman em dezembro 1992: Automation in Construction. (van Nederveen & ‘Tolman, 1992). Assim como a nomenclatura ¢ os esforgos de P&D centrados no meio académico, 0s produtos comerciais que implementavam a abordagem BIM (sob qualquer dos apelidos comerciais na época) também tém uma longa histGria. Muitas das fungOes do software e dos comportamentos atribufdos & geragio atual das ferramentas de modelo padrdo, como Allplan, ArchiCAD, Autodesk Revit, Bentley Building, DigitalProject ou VectorWorks, tam- bém foram os objetivos de projeto de esforcos iniciais de software comercial, como: a verséo briténica do RUCAPS (citado acima) para Sonata ¢ Reflex; outra verséo britanica do Oxsys para BDS e GDS (este dltimo ainda esta disponivel como MicroGDS); uma versio francesa, que incluiu Cheops ¢ Architrion (0 espirito que vive em BOA); Brics (um sistema Belga que forneceu a principal tecnologia para Bentley's TriForma), o sistema de modelagem da companhia americana Bausch & Lomb (1984); os esforgos de Intergraph com Master Architect, além de muitos outros. ‘Assim, considerando minha primeira tentativa de popularizar o termo (Laiserin, 2002) e tornd-lo consensual entre os fornecedores (Laiserin, 2003), a nomenclatura-base de Building Information Modeling jé havia sido criada ha pelo menos dez anos, ¢ seu con- ceito estabelecido mais de quinze anos antes (com indmeras demonstragées ao longo do caminho, principalmente nos esforgos finlandeses que culminaram no Projeto Vera por ‘Tekes, a Agéncia Nacional de Tecnologia da Finlandia). Este livro, como seria de esperar de qualquer obra escrita por varios autores, contém ‘mais de uma definigdo de BIM — de orientado a processo a orientado a produto e da prética do construtor a uma definigdo de BIM pelo que nfo é BIM. Permitam-me acrescentar ainda mais duas definig6es minhas: uma, mais ampla e analitica do que o assunto abordado neste manual, ¢ outra, mais simples e funcional do que o método do manual. Apresentacéo A definigo mais ampla de BIM como processo é totalmente independente de soft- ‘ware para a implementagio e, portanto, fora do escopo deste livro. Dessa forma, apresen- to apenas citagées (Laiserin, 2005, 2007). No entanto, o campo do software comercial “BIM-ready” ou “BIM worthy” para projeto e andlise tem ampliado e amadurecido tanto desde a década passada, que acredito que agora & possivel e vale a pena propor alguns princfpios répidos e préticos para a qualificacdo de aplicagdes de BIM. Para isso, sugiro 0 seguinte: que a certificagdo IFC (pela International Alliance for Interoperability, IAI e/ ou a iniciativa buildingSMART) seja considerada uma condigéo relevante, mas ndo necess4- ria, do “BIM-ness” para qualquer projeto, anélise ou software colaborativo. A certificagao IFC pode ser complementada, conforme necessério, por requisitos locais, como suporte para o objeto espacial GSA ou em conformidade com a Norma Nacional de BIM nos Esta- dos Unidos, ou com o Code Checking View (Cédigo de Verificagao) IFC em Cingapura. O ponto & que, embora possa haver varios caminhos para o BIM-ness, muitos dos quais nfo precisam ser conduzidos por meio da certificagéo IFC, com certeza o importante 6 que todo 0 aplicativo de projeto ou de anélise certificado por IFC tenha alcangado o requisito BIM-ness para ser considerado BIM-ready, BIM-worthy ou ainda apenas o simples BIM. ‘Apesar das distingSes semfnticas entre as varias definigdes de BIM, algumas pessoas trabalham sob a influéncia de que cu — ou outro fornecedor de software de projeto — “cunhei” o termo e/ou “originei”, “desenvolvi” ou “introduzi” o conceito ou a abordagem por volta do ano 2002. Nunca reivindiquei tal distingdo, ¢ acredito que o registro hist6rico recém-descrito mostra que a Modelagem da Informacao da Construgao no foi uma ino- vagao atribuida exclusivamente a algum individuo ou entidade. Em vez de “pai do BIM”, como alguns companheiros bem-intencionados, mas en- tusiasmados em excesso, costumam rotular-me, prefiro o epfteto “padrinho do BIM”, no sentido de que um padrinho é um responsével adulto por uma crianga que ndo é sua. Se alguém merece o titulo de “pai do BIM”, certamente é Chuck Eastman. De seu pioneiro sistema prot6tipo de 1975 a seu texto de 1999, Building Product Models (Eastman, 1999 — que melhor abordou o assunto até a escrita deste manual), Chuck dedicou um quarto de século para definir os problemas ¢ avangar nas solugées, além de mais uma década conti- nuando a avangar as fronteiras da Construgéo, da Informagao e da Modelagem. Em 2005, tive a honra e o privilégio de ser coprodutor e coanfitrido junto a Chuck (e do programa de doutoramento na Faculdade de Arquitetura, Georgia Institute of Tech- nology) da primeira conferéncia académica sobre BIM (Laiserin, 2005). Essa conferéncia contou com fornecedores de software de projeto e de analise, bem como com os principais profissionais da 4rea, como Vladimir Bazjanac, do Lawrence Berkeley National Labora- tories, ¢ Godfried Augenbroe, da Georgia Tech. Para complementar nossas palestras de abertura, Chuck ¢ eu tivemos a sorte de participar da conferéncia de encerramento do palestrante Paul Teicholz, agora emérito da Stanford University e fundador do Center for Integrated Facility Engineering (CIFE —o qual se tornou o principal defensor da Virtual Design and Construction, uma abordagem que considero de ponta na automagao BIM). A correspondéncia, apés a conferéncia, entre Paul, Chuck ¢ eu proporcionou o impulso necessério para este manual. ‘No decorrer da produgao deste manual, Chuck e Paul envolveram mais dois colabo- radores formidéveis, Rafael Sacks e Kathleen Liston. O trabalho de doutorado de Rafacl, na Technion de Israel, tratou de Construgdo Integrada por Computador e Modelos de Dados de Projetos, areas em que posteriormente colaborou com Chuck Eastman (es- pecialmente em relagao & engenharia estrutural dos sistemas de concreto armado e pré- -moldado). Enquanto buscava seu doutorado na Stanford/CIFE, Kathleen foi coautora de artigos fundamentais sobre simulago de cronograma de obras, ou CAD-4D, ¢ pas- sou a comercializar essa tecnologia BIM na bem-sucedida startup de software, Common Point, Inc. Apresentagéo ‘Tudo isso nos traz de volta a esta obra. Seria dificil imaginar um quarteto mais bri- Thante de autores neste campo, ou alguma equipe mais adequada para realizar uma tarefa como 0 Manual de BIM, Seu trabalho seré reconhecido como definitivo e o mais compe- tente sobre o assunto durante muitos anos. Agora, coloco o leitor nas mos competentes de meus amigos e colegas, Chuck, Paul, Rafael e Kathleen —e seu chef d’ouvre —-0 Manual de BIM. JERRY LAISERIN WOODBURY, NEW YORK NOVEMBRO DE 2007 Qs AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer As seguintes pessoas pela generosa assisténcia em documentar o ini- cio da hist6ria do conceito de BIM e de sua terminologia: Bo-Christer Bjdrk, Hanken Uni- versity, Finland; Arto Kiviniemi, VTT, Finland; Heikki Kulusjarvi, Solibri, Inc., Finland; Ghang Lee, Yonsei University, Korea; Robert Lipman, National Institute of Standards and ‘Technology, USA; Hannu Penttila, Mittaviiva Oy, Finland. Ms REFERENCIAS Aish, R., 1986, “Building Modelling: The Key to Integrated Construction CAD,” CIB 5" International Symposium on the Use of Computers for Environmental Engineering Re- lated to Buildings, 7-9 July. Eastman, C., 1975, "The Use of Computers Instead of Drawings,” AIA Journal, March, ‘Volume 63, Number 3, pp 46-50. Eastman, C., 1999, Building Product Models: Computer Environments, Supporting Design and Construction, CRC Laiserin, J, 2002, “Comparing Pommes and Naranjas,” The LaiserinLetter™, December 16, Issue 16, http://www.laiserin.com/features issue15/feature0 php Laiserin, J, 2003, “The BIM Page,” The LaiserinLetter™, http://www.laiserin.com/ features/bim/index.php Laiserin, J, 2005, “Conference on Building Information Modeling: Opportunities, Challenges, Processes, Deployment,” April 19-20, http://www.laiserin.com/ laiserinlive/index.php Laiserin, J., 2007, “To BIMfinity and Beyond!” Cadalyst, November, Volume 24, Number 11, pp 46-48. van Nederveen, G.A. & Tolman, F,, 1992, “Modelling Multiple Views on Buildings,” Auto- ‘mation in Construction, December, Volume 1, Number 3, pp 215-224. Prefdcio Este livro trata de uma nova abordagem para o projeto, a construg&o e o geren- ciamento de instalagdes chamada de Modelagem da Informagao da Construgiio — BIM (Building Information Modeling). Ele fornece um conhecimento profundo das tecnologias BIM, das questdes comerciais e organizacionais associadas & sua implementaco e dos impactos profundos que o uso efetivo do BIM pode propor- cionar a todos os membros da equipe de projeto. O livro explica como o projeto, a construgao e o funcionamento dos edificios com 0 uso do BIM diferem da execugio das mesmas atividades da forma tradicional, seja em papel ou de forma eletr6nica. O BIM est comegando a mudar a maneira como vemos 0s edificios, como eles funcionam e as formas de construi-los. Ao longo do livro, usamos de forma intencional e consistente o termo “BIM” para descrever uma atividade (identifi- cado como building information modeling) em vez de um objeto (building infor- mation model). Isso reflete nossa crenga de que o BIM nao 6 uma coisa ou um tipo de software, mas uma atividade humana que envolve mudangas amplas no processo de construgdo. ME POR QUE UM MANUAL DE BIM Nossa motivagéo para escrever este livro foi fornecer uma refer€ncia completa e consolidada a fim de ajudar estudantes e profissionais da indGstria da construgao a aprender sobre esta nova € interessante abordagem, sem interesses comerciais como alguns outros guias tém. Hé muitas verdades e mitos nas percepgoes geral- mente aceitas a respeito do estado da arte da tecnologia BIM. Esperamos que o Manual de BIM ajude a reforgar as verdades, a acabar com os mitos e a orientar nossos leitores para implementagdes bem-sucedidas. Alguns bem intencionados tomadotes de decisées e profissionais do setor da construgéo tiveram experién- cias de adogao do BIM decepcionantes, pois seus esforgos e suas expectativas estavam baseados em equivocos e planejamento inadequado. Se este livro puder ajudar os leitores a evitar essas frustragdes ¢ custos, j4 teremos sucesso. x Prefaicio Os autores so experts em BIM. Acreditamos que o BIM representa uma mudanga de paradigma que trar4 beneficios de longo alcance, nfo apenas para a indistria da construgio, mas também para a sociedade em geral, uma vez que edificagdes melhores consomem menos energia ¢ exigem menos trabalho e re- cursos financeiros. Nao fazemos afirmagGes de que 0 livro é 0 objetivo, em nossa opinifio, da necessidade de BIM. Ao mesmo tempo, é claro, nos esforgamos para garantir a precisio e a integridade dos fatos e ntimeros apresentados. MI: PARA QUEM E O MANUAL DE BIM E O QUE HA NELE O Manual de BIM é destinado a desenvolvedores de construgao, investidores, ge- rentes ¢ fiscais, arquitetos, engenheiros de todas as dreas, empreiteiros ¢ constru- tores, estudantes de arquitetura, engenharia civil e construgdo civil. Ele analisa a Modelagem da Informagao da Construgdo e suas tecnologias, seus beneficios po- tenciais, custos e infraestrutura necesséria. Também sao discutidas as influéncias atuais e futuras do BIM em érgaos reguladores, as préticas juridicas associada & indéstria da construgao e os fabricantes de produtos de construgao. E apresentado um rico conjunto de estudos de caso e varias ferramentas ¢ tecnologias BIM sio descritas, assim como sao explorados os impactos na indiistria e na sociedade. O livro tem quatro segées: I. Os Capitulos 1, 2 ¢ 3 fornecem uma introdugéio ao BIM e as tecno- logias que o suportam. Esses capitulos descrevem o estado atual da inddstria da construgao, os potenciais beneficios do BIM, modelagem paramétrica de edificios e questées de interoperabilidade. Il, Os Capitulos 4, 5, 6 e 7 fornecem perspectivas de areas especificas de BIM. Elas sao destinadas a proprietdrios (Capitulo 4), projetistas de todos os tipos (Capitulo 5), construtores em geral (Capitulo 6) e su- bempreiteiros e fabricantes (Capftulo 7). IIL. O Capitulo 8 discute impactos potenciais e tendéncias futuras associ dos ao advento de projeto, consirugdo e operagio de edificios possi litados pelo BIM. Sao descritas as tendéncias atuais, extrapolando até 2012, as previsdes de poienciais desenvolvimentos a longo prazo e as pesquisas necessérias para sustentd-los até 2020. IV. O Capitulo 9 apresenta dez estudos de casos detalhados de BIM na indéistria de projeto € construgdo que demonstram o seu uso para es- tudos de viabilidade, projeto conceitual, detalhamento do projeto, es- timativa, detalhamento, coordenagdo, planejamento de construgao, lo- gistica, operagdes e muitas outras atividades de construgao comuns. Os estudos de caso incluem edificios com a assinatura de projetos arqui- tetdnicos e estruturais (como 0 Centro Aquatico Nacional de Pequim, um projeto de fachada de um edificio em Nova York, na 11th Avenue, € 0 edificio de escritrios do Governo Federal, em San Francisco), bem como uma vasta gama de edificios bastante comuns (a planta de produ- ao da GM, um tribunal federal, um centro médico, a estrutura de um Prefécio xd estacionamento, um desenvolvimento misto comercial e de varejo e um centro de treinamento da guarda costeira). [EI «COMO USAR O MANUAL DE BIM Os leitores poderdo recorrer a este manual sempre que se depararem com novos termos e ideias relacionadas ao BIM no decorrer de seu trabalho ou estudo, A primeira leitura completa, embora nfo seja a mais importante, evidentemente 6 a melhor maneira de compreender com mais profundidade as mudangas significa- tivas que o BIM esté trazendo para a inddstria da construgao. ‘A primeira se¢do (Capitulos 1 a 3) & recomendada para todos os leitores. Proporciona uma base para o contexto comercial e as tecnologias para BIM. O Capitulo 1 apresenta muitos dos beneficios potenciais que podem ser esperados. Primeiro, descreve as atuais dificuldades inerentes & prética no setor da constru- 40 nos Estados Unidos, sua associada baixa produtividade e seus custos altos. Trata de varias abordagens para a construcao de aquisicao, como o tradicional design-bid-build (projeto-concorréncia-contrugio), design-build (projeto e cons- trugdo), entre outros, descrevendo os prés e contras de cada um em termos dos beneficios decorrentes da utilizago do BIM. O Capitulo 2 detalha as fundagSes tecnolégicas do BIM, em particular modelagem paramétrica e orientada a obje- tos. A historia dessas tecnologias e scu atual estado da arte sao especificadas. Em seguida, analisa as principais plataformas de aplicagdes comerciais para a geracio de modelos da informagées da construgéo. O Capitulo 3 trata das complexidades da interoperabilidade, discutindo como as informagdes da construgio podem ser transmitidas e compartilhadas de profissao para profissdo e de aplicagao para aplicagao. As normas pertinentes, como IFC (Industry Foundation Classes) ¢ BIM Padrées Nacionais dos EUA sfo tratadas, em detalhes. Os Capitulos 2 e 3 também podem ser utilizados como uma referéncia aos aspectos técnicos de mo- delagem paramétrica e interoperabilidade. Os leitores que desejem obter informagies especificas sobre como eles po- dem adotar ¢ implementar BIM em suas empresas podem encontrar os detalhes necessfrios no capitulo relevante para a sua profissao nos Capitulos 4 a 7. Vocé pode querer ler o capitulo mais préximo da sua drea de interesse e, em seguida, apenas os resumos de cada um dos outros Capitulos. Hé alguns itens em co- mum nesses capitulos, onde as questdes so relevantes para varias profissdes (por exemplo, subcontratantes encontrarao informagées relevantes nos capitulos 6 ¢ 7). Esses capitulos fazem referéncias frequentes para o conjunto de estudos de caso detalhados disponiveis no Capitulo 9. Aqueles que desejarem aprender a respeito das implicagées tecnol6gicas de longo prazo, econdmicas, organizacionais, sociais e profissionais do BIM e de que maneira elas podem afetar a sua vida educacional ou profissional, ird encon- trar uma ampla discussio dessas questdes no Capitulo 8. Cada estudo de caso do Capitulo 9 conta uma hist6ria sobre as experiéncias dos diferentes profissionais que utilizam o BIM em seus projetos. Nenhum estudo de caso representa uma implementag&o completa ou abrange todo o ciclo de vida do edificio. Na maioria dos casos, a construgao nao ficou completa quando o es- xii__Prefécio tudo foi escrito. Mas, em conjunto, eles pintam um retrato da diversidade de usos € 0s beneficios e os problemas que essas empresas pioneiras j4 experimentaram. Eles ilustram o que pode ser obtido com a tecnologia BIM que existia no inicio do século XXI, Hé muitas ligSes aprendidas que podem dar assisténcia aos nossos Ieitores e préticas para se guiarem em esforgos futuros. Incentivamos os alunos e professores a fazer uso das questdes para discus- so e dos exercfcios fornecidos no final de cada capitulo. MM) AGRADECIMENTOS Certamente, estamos em divida em primeiro lugar com as nossas familias, que tém suportado todo o peso do longo tempo investido neste livro. Nossos agradecimentos e reconhecimentos pelo trabalho altamente profis- sional so a Lauren Poplawski e Kathryn Bourgoine, nossas representantes edito- riais na John Wiley and Sons. Nossa pesquisa para o livro foi muito facilitada por indmeros construto- res, projetistas e proprietarios, representantes de empresas de software e agéncias governamentais; agradecemos a todos eles com sinceridade. Cinco dos estudos de caso foram originalmente elaborados por estudantes de pés-graduagao na Fa- culdade de Arquitetura da Georgia Tech. Agradecemos a eles e aos seus esforgos no final de cada estudo de caso relevante. Os estudos de casos foram possfveis por causa das contribuigGes muito generosas dos participantes do projeto que se correspondiam conosco extensivamente ¢ compartilhavam seus conhecimentos ¢ percepgSes. Por fim, somos gratos a Lachmi Khemlani pelo seu preféicio esclarecedor nesta edicdo e por suas contribuig6es significativas para BIM, refletida em sua publicacéo de AECbytes. Finalmente, estamos agradecidos a Jerry Laiserin pelo seu prefacio esclarecedor na primeira edigdo e por ajudar a iniciar a ideia original para o Manual de BIM. Capitulo 1 Capitulo 2 Sumario Introdugao ao manual de BIM 1.0 Sumério executivo 1.1 Introdugéo 1.2. Oatual modelo de negécios da industria da construgéo 1,3 _ Ineficiéncias documentadas das abordagens tradicionais 1.4. BIM: novas ferramentas e novos processos 1.5 O que néo é tecnologia BIM 1.6 Quais sao os beneficios do BIM? Quais problemas surgem com ele? 1.7. Quais desafios podem ser esperados? 1.8 Futuro do projeto e construgéo com o BIM (capitulo 8) 1.9. Estudos de caso (capitulo 9) Ferramentas BIM e modelagem paramétrica 2.0 Sumédrio executivo 2.1 Histéria da tecnologia de modelagem da construgéo 2.2 As variadas capacidades dos modeladores paramétricos 2.3. Visdo geral dos principais sistemas de geragao de modelos BIM 2.4 Concluséo 12 1S 16 23 23 25 25 26 44 54 63 xiy Sumério Capitulo 3 Capitulo 4 Capitulo 5 Interoperabilidade 3.0 Sumario executivo 3.1 Introdugéo 3.2 Diferentes tipos de formatos de intercambio 3.3 Informagdo basica sobre modelos de dados de produtos 3.4 Esquemas XML 3.5 Formatos portdveis baseados na web: DWF e PDF 3.6 Intercdmbio de dados versus repositérios de modelos da construgéo 3.7 Sumério BIM para proprietdrios e gerentes de instalacées 4.0 Sumério executive 4.1 Introdugdo: por que proprietdrios devem se interessar pelo BIM 4.2 Areas de aplicagéo do BIM para proprietérios 4.3. Tipos de proprietdrios: por que, com que frequéncia e onde eles constroem 4.4 Como proprietdrios constroem 4.5 Guia de ferramentas BIM para proprietérios 4.6 Um modelo de edificio para proprietarios e gerentes de facilidades 4.7 Conduzindo a implementagao do BIM em um projeto 4.8 Barreiras 4 implementagao do BIM: riscos e mitos comuns 4.9 Orientagées e questdes a serem consideradas por proprietdrios ao adotarem BIM BIM para arquitetos e engenheiros 5.0 Sumario executivo 5.1 Introdugéo 5.2 Escopo dos servigos de projeto 5.3. Uso do BIM no processo de elaboragéo de projetos 5.4 Modelos de elementos do edificio e bibliotecas 5.5 Consideragées na adogdo para a pritica de projeto 65 65 67 70 85 87 88 93 93 94 96 12 116 121 131 133 141 145 148 148 149 152 155, 189 195 Sumério__xy 5.6 Contratagéo e alteragdo de pessoal nas firmas de projeto 200 5,7 Novas oportunidades contratuais em projeto 202 Capitulo6 —_BIM para a indiistria da construgéo 205 6.0 Sumério executive 205 6.1 Introdugao 206 6.2. Tipos de firmas de construgdo 207 6.3 Quais informagées os construtores querem do BIM 210 6.4 Processos para desenvolver um modelo da informagdo da construgéo para um construtor 211 6.5 ReducGo de erros de projeto usando detecgdo de interferéncias 214 6.6 Levantamento de quantitativos e estimativa de custos 216 6.7. Andlise e planejamento da construgéo 222 6.8 Integragéo com controle de custos e programagdo, e outras fungées gerenciais 233 6.9 Uso para a fabricagdo fora do canteiro 234 6.10 O uso do BIM no canteiro: verificagao, diretrizes e acompanhamento de atividades da construgéo 235 6.11 Implicagées para contratos e mudangas organizacionais 237 6.12 Implementagao do BIM 238 Capitulo 7 _BIM para subempreiteiros e fabricantes 241 7.0 Sumério executivo 241 7.1 Introdugéo 242 7.2. Tipos de subempreiteiros e fabricantes 243 7.3 Os beneficios de um processo BJM para fabricantes subempreiteiros i 246 7.4 Processo de mudanga para 0 BIM 258 7.5 Requisitos genéricos do sistema BIM para fabricantes 261 7.6 Principais classes de fabricantes e suas necessidades especificas 265 7.7 Adogao do BIM em operacao de fabricagéo 274 7.8 Concluséo 279 xvi Sumério Capitulo 8 Capitulo 9 Glossério Bibliografia indice O futuro: construindo com BIM 8.0 8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 Sumério executivo Introdugéo O desenvolvimento do BIM até 2007 Tendéncias atuais Viséo 2012 Impulsionadores de mudancas e impactos do BIM até 2020 Estudos de caso BIM 9.0 9.1 9.2 Introdugdo aos estudos de caso BIM Expansdo da fabrica em Flint do motor V6 global A implementagéo do BIM pela guarda costeira dos Estados Unidos Centro médico Camino em Mountain View Centro aquético nacional de Pequim Edificio federal de San Francisco 11% ayenida, 100, Nova York Empreendimento One Island East Estacionamento Penn National Empreendimento comercial Hillwood 9.10 Tribunal federal de Jackson, Mississippi 281 282 283 284 288 303 313 313 319 333 352 382 399 412 434 443 461 463 477 CAPITULO 1 Introdugdo ao Manual de BIM (Os sumArio ExecuTivo Modelagem da Informagao da Construgao (em inglés, Building Information Mo- deling — BIM) é um dos mais promissores desenvolvimentos na industria relacio- nada a arquitetura, engenharia e construgdo (AEC). Com a tecnologia BIM, um modelo virtual preciso de uma edificagéo € construfdo de forma digital. Quando completo, o modelo gerado computacionalmente contém a geometria exata e os dados relevantes, necessérios para dar suporte & construgao, A fabricagao ¢ ao fornecimento de insumos necessérios para a realizaco da construgao. O BIM também incorpora muitas das fungdes necessérias para modelar o ciclo de vida de uma edificagao, proporcionando a base para novas capacidades da construgao e modificagdes nos papéis ¢ relacionamentos da equiipe envolvida no empreendimento. Quando implementado de maneira apropriada, o BIM faci- lita um processo de projeto e construgdo mais integrado que resulta em constru- g6es de melhor qualidade com custo e prazo de execugdo reduzidos. Este capitulo comega com uma descrigéo das préticas de construgéo exis- tentes ¢ documenta as ineficiéncias inerentes a esses métodos. A seguir, explica- -se a tecnologia por trés do BIM e recomendam-se caminhos para tirar a maior vantagem do novo processo de negécio que ele possibilita para todo o ciclo de vida de uma construgdo. Conclui-se com uma avaliagdo de varios problemas que podem surgir apés a migracdo para a tecnologia BIM. ER INTRODUGAO Para entender melhor as mudangas significativas que o BIM introduz, este capf- tulo descreve os atuais métodos de construgo e projeto baseados em papel, ¢ os modelos de negécio predominantes atualmente na indéstria da construgao. Em seguida, so descritos diversos problemas associados a essas praticas, esboga- ~se o que € 0 BIM e explica-se como ele se distingue de projetos auxiliados por 2 Manual de BIM computador (em inglés, Computer Aided Design - CAD) em 2D ¢ em 3D. Des- crevemos brevemente os tipos de problemas que o BIM pode resolver e os novos modelos de negécio que ele permite. O capitulo encerra com uma apresentagio dos problemas mais significativos que podem surgir quando se usa a tecnologia, que agora est apenas no inicio do seu desenvolvimento ¢ uso. © ATUAL MODELO DE NEGOCIOS DA INDUSTRIA DA CONSTRUGAO Atualmente, 0 processo de implementagdo de uma edificagdo é fragmentado e depende de formas de comunicagao baseadas em papel. Erros e omissdes nos documentos em papel frequentemente resultam em custos imprevistos, atrasos e eventuais litigios judiciais entre os varios participantes de um empreendimento. Esses problemas causam atritos, gastos financeiros e atrasos. Esforgos recentes para tratar esses problemas incluiram estruturas organizacionais alternativas, como 0 contrato para projeto & construgio (design-build); 0 uso de tecnologias de “tempo real”, como sites de empreendimentos para compartilhar plantas e do- cumentos; ¢ a implementagao de ferramentas de CAD 3D. Embora esses métodos tenham aumentado o intercimbio oportuno de informagées, eles fizeram pouco para reduzir a gravidade e a frequéncia dos conflitos causados pelos documentos em papel. Um dos problemas mais comuns associados & comunicagao baseada em pa- pel durante a fase de projeto é o tempo considerdvel e 0 gasto requerido para gerar informag6es criticas para a avaliagdo de uma proposta de projeto, incluindo estimativas de custo, andlise de uso de energia, detalhes estruturais, etc. Essas anélises normalmente sao feitas por diltimo, quando j4 muito tarde para fazer modificagées significativas. Uma vez que essas melhorias iterativas néo aconte- cem durante a fase de projeto, a engenharia de valor deve entéio assumir o trata- mento de inconsisténcias, o que geralmente resulta em compromissos ao projeto original. Qualquer que seja a forma de contratagao, certas estatfsticas so comuns a quase todos os projetos de grande escala (US$ 10M ou mais), incluindo o néime- ro de pessoas envolvidas ¢ a quantidade de informagao gerada. Os dados a seguir foram compilados por Maged Abdelsayed da Tardif, Murray & Associates, uma empresa de construgio localizada em Quebeo, Canadé (Hendrickson 2003): # Néimero de participantes (empresas): 420 (incluindo todos os fornecedo- res e subempreiteiros) # Némero de participantes (individuos): 850 * Néimero de tipos diferentes de documentos gerados: 50 © Némero de paginas dos documentos: 56.000 # Néimero de caixas grandes de arquivo para guardar os documentos: 25 * Néimero de armérios de pastas suspensas de 4 gavetas: 6 # Niimero de Arvores de 50 cm de didmetro, 20 anos de vida, 15 m de altu- ra, usadas para gerar esse volume de papel: 6 Capitulo 1_Introdugéo co Manual de BIM 3 ‘* Niimero equivalente de Mega Bytes de dados eletrénicos para guardar esse volume de papel (escaneado): 3.000 MB ‘* Neimero equivalente de CDs: 6 Nao € facil gerenciar um esforgo envolvendo esse grande ntimero de pessoas ¢ documentos, qualquer que seja a abordagem contratual adotada. A Figura 1-1 ilustra os membros tfpicos de uma equipe de empreendimento e suas varias fron- teiras organizacionais. HG duas formas contratuais dominantes nos Estados Unidos 0 Projeto- -Concorréncia-Construgio (Design-Bid-Build ~ DBB) e o Projeto & Construgao (Design-Build — DB), e muitas variagdes deles (Sanvido and Konchar 1999; War- ne and Beard 2005). 1.2.1 Projeto-Concorréncia-Construgdo (Design-Bid-Build - DBB) FIGURA 1. ‘Uma percentagem significativa das construgGes é erguida usando a abordagem DBB (quase 90% dos edificios pablicos e cerca de 40% das edificages pri- vadas em 2002, nos Estados Unidos) (DBIA 2007). As principais vantagens dessa abordagem sao licitagdes mais competitivas para alcangar o menor pre- 0 possivel para o proprietério e menor presso politica para selecionar dado empreiteiro (esta tiltima é particularmente importante para empreendimentos piiblicos). A Figura 1-2 ilustra o processo tfpico de aquisigo DBB comparado a0 processo tipico Projeto & Construgio (Design-Build — DB). (Veja a seo 1.2.2.) No modelo DBB, o cliente (proprietério) contrata um arquiteto, que entio desenvolve uma lista de requisitos da construgao (um programa) ¢ estabelece os objetivos de projeto do empreendimento. O arquiteto percorre uma série de fases: Peja > ae | Sensi ss » troowotseora pare. Praplto Geant do Unto do ( Cer oN ruta foenre ete Edema) | veeepotcrone dr rinoe) Se |i : i i a Seow Fandar ) ~. Lae me Subempreto at Pe pete eereasee ee Soles Fareed) \ "008 a de Consragse al wa Diagrama conceitual representando uma equipe de empreendimento AEC e as fronteiras organizacionais tipicas. 4 Manual de BIM soto taatncee ame peemucoeuc naan = sana es aaao ieee doce. |_| eae eres titi, Lf “Seam ae eee aa ie ‘Aiqutet selena cengenhoosbasoodo ror rnenores cotogies “eaatto ou popretno seleciona Taseado no enoecotagto FIGURA 1-2 Diagrama esquematico dos processos Projeto-Concorréncia-Construgao e Projeto & Construcéo. projeto preliminar, desenvolvimento do projeto e documentagéo contratual. Os documentos finais devem cumprir o programa e satisfazer aos cédigos de obras e de zoneamento. O arquiteto contrata empregados ou consultores para dar as- sisténcia no projeto de componentes estruturais, de ar condicionado, de hidréu- lica de esgoto. Esses projetos so registrados em desenhos (plantas, elevagdes, perspectivas), que devem ser coordenados para refletir todas as modificagdes na medida em que elas ocorrem. O conjunto final de desenhos e especificagdes deve conter detalhes suficientes para facilitar as licitagdes da construgio. Devido & potencial responsabilidade por erros, um arquiteto pode decidir por incluir pou- cos detalhes nos desenhos ou inserir uma nota indicando que as dimensdes nos desenhos nao sao precisas. Essas praticas com frequéncia levam a disputas com a construtora, A medida que erros e omissdes so detectados e responsabilidades e custos extras sio realocados. ‘A segunda etapa envolve a obtengao de orgamentos das construtoras. O proprictatio e o arquiteto podem participar na determinago de quais construto- ras podem concorrer. Cada construtora deve receber um conjunto de desenhos ¢ especificagdes que sao entdo usados para compilar um levantamento de quan- tidades independent. Esse quantitativo, juntamente com os orgamentos dos su- bempreiteitos, € usado para determinar sua estimativa de custo. Subempreiteiros selecionados pela construtora devem seguir 0 mesmo processo para a parte do projeto na qual eles esto envolvidos. Em fungao do esforgo envolvido, as cons- Capitulo 1_Introdugéo co Manual de BIM 5 trutoras e os subempreiteiros tipicamente gastam aproximadamente 1% dos seus custos estimados na preparagao de orgamentos'. Se um empreiteiro vence apro- ximadamente um de cada 6 a 10 trabalhos a que concotre, 0 custo por licitagéio vencida é, em média, entre 6 € 10% de todo o custo do projeto. Esse gasto entra nos custos indiretos das construtoras e subempreiteiros. ‘A construtora vencedora geralmente é aquela que apresenta o menor prego responsdvel, incluindo o trabalho a ser feito pela construtora e pelos subemprei- teiros selecionados. Antes que o trabalho possa comegar, normalmente 0 em- preiteiro precisa redesenhar alguns dos desenhos para refletir melhor 0 processo construtivo ¢ as fases do trabalho. Esses desenhos sao chamados de planos de arranjo geral. Os subempreiteiros ¢ os fabricantes de componentes sob medi- da também devem produzir seus proprios desenhos detalhados para refletir com precisio o detalhamento de certos itens, como pegas de concreto pré-moldado, conexées em ago, detalhes das paredes, caminhos das tubulagées, etc. Anecessidade de desenhos precisos ¢ completos também se faz presente nos desenhos detalhados uma vez que eles so representagdes mais minuciosas ¢ so usados para a fabricagio em si. Se esses desenhos forem imprecisos ou incomple- tos, ou se forem baseados em desenhos que j4 contém erros, inconsisténcias ou omiss6es, entao surgirao na obra conflitos caros que consomem tempo. Os custos associados a esses conflitos podem ser significativos. Inconsisténcia, imprecisao ¢ incertezas no projeto tornam dificil a fabric: do de materiais fora do canteiro. Como resultado, a maior parte da fabricacéio ¢ da construgao deve ser feita no canteiro ¢ somente quando as condigdes exatas so conhecidas. Isso é mais caro, mais demorado e propenso a erros que nfo ocorreriam se o trabalho fosse feito num ambiente de fabrica, onde os custos sao mais baixos ¢ o controle de qualidade é melhor. Frequentemente, durante a fase de construgao, diversas modificagdes so feitas no projeto como resultado de erros ¢ omissGes nao previamente conheci- dos, condig6es no canteiro nao previstas, mudangas na disponibilidade de mate- riais, questdes sobre 0 projet, novos requisitos do cliente e novas tecnologias. Elas precisam ser resolvidas pela equipe de projeto. Para cada modificagao, requerido um procedimento para determinar a causa, apontar responsabilidades, avaliar implicagGes de tempo e custos e indicar como o assunto ser resolvido. Esse procedimento, seja feito por escrito ou por meio de ferramentas bascadas na web, envolvem uma Solicitagdo de Informacdo (em inglés, Request for Infor- mation — RFI), que deve entao ser respondida pelo arquiteto ou por outro parti- cipante relevante. Depois, uma Ordem de Modificagdo (em inglés, Change Order —CO) é emitida, ¢ todas as partes implicadas sao notificadas sobre a modificagao, que é comunicada juntamente com as modificages necessérias nos desenhos. Essas modificagées ¢ resolug6es frequentemente levam a disputas judiciais, acres- centam custos e atrasos. Produtos baseados em sites para o gerenciamento dessas * Baseado na experiéncia pessoal do segundo autor em seu trabalho com indistria da construgéo. Esses dados incluem o custo de duplicagio de desenhos e especificagdes relevantes, o transporte des- tes para cada um dos subempreiteiros ¢ os processos de extraco de quantitativos ¢ de estimativas de Custos. Espagos eletrOnicos algumas vezes sio utilizados para reduzir a necessidade de duplicagéo € ‘transporte das plantas e especificagdes para cada licitante. 6 Manual de BIM 1.22 transagées realmente auxiliam a equipe do empreendimento a ficar a par de cada modificagao, mas como eles nao enfrentam a origem do problema, produzem um beneficio apenas marginal. Problemas surgem tipicamente quando uma construtora propde um orga- mento abaixo do custo estimado, para ganhar o servigo. Assim, ela abusa dos processos de modificagSes para recuperar as perdas ocorridas no orgamento ori- ginal, Isso, é claro, conduz a mais disputas entre o proprietdrio e a equipe do empreendimento. Adicionalmente, processo DBB requer que a compra de todos os materiais seja retida até que o proprictario aprove o orgamento, o que significa que itens que exigem um prazo maior para obtengo néo podem ser pedidos suficiente- mente cedo, a fim de manter o empreendimento dentro do prazo. Por essa outras razées (descritas abaixo), a abordagem DBB com frequéncia é mais demo- rada que a abordagem DB. A fase final 0 comissionamento da construgéio, que se dé depois que a construgao é finalizada. Isso envolve o teste dos sistemas prediais (de aquecimen- to, de refrigeragao, elétricos, hidréulicos, de sprinklers, etc.) para se ter certeza de que eles estiio funcionando adequadamente. Contratos finais e desenhos sio entao produzidos, a fim de refletir todas as modificagd¢s conforme foram cons- trufdas (as-built), e estes sdo entregues ao proprietério junto com todos os ma- nuais dos equipamentos instalados. Nesse ponto, o proceso DBB est4 completo. Uma vez que toda a informagio fornecida ao proprietério é em 2D (no papel), ele deve empreender uma quantidade de trabalho considerével para transmitir todas as informagées relevantes para a equipe de gerenciamento de facilidades encarregada da manutengao e da operagao da edificagao. O processo consome muito tempo, é propenso a erros, custoso € continua a ser uma barreira significativa. Como resultado desses problemas, a abordagem DBB provavelmente no é a abordagem mais expedita e eficiente do ponto de vista dos custos para proje- to € construgao. Outras abordagens tém sido desenvolvidas para enfrentar esses problemas. Projeto & Construgdo (Design-Build — DB) O processo Projeto & Construgao foi desenvolvido para consolidar a responsa- bilidade pelo projeto e pela construgéo em uma Gnica entidade contratada ¢ para simplificar a administragao de tarefas para o proprietério (Beard et al. 2005). A Figura 1-2 ilustra esse proceso. Nesse modelo, o proprietario contrata diretamente a equipe de Projeto & Construgo para desenvolver um programa bem definido da edificagao e um pro- jeto preliminar. A seguir, o empreiteiro DB estima 0 custo total e o tempo neces- srio para construir a edificagao. Depois que todas as modificagoes pedidas pelo proprietdrio forem implementadas, as plantas so aprovadas e o custo estimado final para o empreendimento 6 estabelecido. £ importante notar que, uma vez que 0 modelo DB permite modificagdes no projeto da construgao nas fases iniciais, a quantidade de dinheiro e tempo necessérios para incorporar esas modificagdes também € reduzida. O empreiteiro DB estabelece relacionamentos contratuais

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