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Dante Minter Sociedades muito Grandes e muito Pequenas ‘Una soctenape aurro GRANDE Enna ieee un pongectia een we nad dl ino penpece Saree wedge nore de Sein €or de tna mana em precedes tuenomundnconemprine een preederesApr cen pesto dnote er et aoe seething settee ol srcnic omens da om co tar caaprenda mundo ee treme Fl coor consrs Gorter pesado dacopoga denen. ‘mer orca ea parconfonar decent deo pron place oad mn Pars cng Seco tnce eet por nl elu por se {ellsanvoplrocuru serena deco Sisk pended pronpono due eles tsi Soprnien arma dee te cain sla ‘tem eles 0 deat ues colos ee none tn md es ext ba ees aps dens Gila fora tion cme eet [sit quccomeyastorarseumaverde cate dey nove macnn de nisl or uo ll como 8 Cadet nina spe pce, janet cm 8 ae bel A wnotwera Da Thoma _gencralidade ¢ 0 maior englobamento surge a mai paticularida ‘de, soba forma de wm individualism sem precedentes e das poss bilidadesabertas a autonomia pessoa, que se tornouo mieeocosmo «a anise social, Defendo que o estudo da sociedade tal como foi ‘senda praticado pea antrapologia tom potencialidades para tratar ‘tanto 0 macrocasmo como 0 microcosmo e ainda a rlagso entre Pderia optar por defender apoigio contra, a de que aancro- pologia seria um anacronismo e que o seu objecto nuclear, definido ‘partis dos termox plurals sociedades ou culturas, supostamente do tadas de uma relatva homogeneidde interna eassoiadas a egies ‘xpocifias, esta disolverse ea ser substtudo peo individualism ‘resceate, por um lado, pla gobalizago, pr autre, Consequente mente, aantropologia deveriaceder o lgae&psicologi, para os in- dividhos,¢& macro-socoloya, para global. Considero, no encanto, ‘qveo etude de uaa sociedad ou uma cultaraé a bave para estudae ‘ests outrasentidades, desde que o global seja tatado como uma sociedade muito grandee 0 indviduos seam encarados como uma iplciade de sociedades muito, muito pequenas. ‘Comecace por caricerizaesumariamente as tradigbesrelevan- tes da antropologia. sta disciplina desenvolveu-s em torno de das ida de estado dedi defini e,em alguns aspects, de dit ciljustficagio:asociedade ea cultura. Na G-Bretanha tendemosa pensar mais em termos de antropolopia social, enquanto nos Estados Unidos se destacasobretudo a antropologia cultural. Fmbora a ieia de que o mundo se encontrantidamente dvidido em uidades si ples, que repeesentariam as mitiplas sociedad ou cultras compe: ‘vei, enh sido sempre criticadainternamente ¢ineivel que aa ‘ropologa foi desenvalvendo a hipétese de trabalho segundo a qual poderiam ser idemtificadas determinadas regies a partir de configu ‘agbes soca eculeurasrelativamente coerentes, que pdessem ser caracerizadas como tl. Mesmo no periodo de apogeu da antropo: login elses, as questbes mais homogeneizadoras da modernidade foratncedids socilogi enquanto 0 microcosm do individu foi deixado i psicologa,o que confers & antopologia um sicho relat ‘amente crcunserito na academia moderna, pasten wnunen bs Podemos recorrer a dois estudos clsscos para caracterizar 0 fro desta tradi, Na su anilise da Sociedade kabil,pertencen ters trades berberes norte-africanas, Bourdie (1977) oferece um exemple de como aanteopologia 6 uma perspectiva, ao demonstra forma como no sei dest cho regional, representado precisane- te pelo termo sociedad, poderiamos encontrar um gra de coestn cia interna até ento impeevsto. Atavés do seu conceito de bis, campos da vida aparentemente muito dversos, do parentesco 20 ciclo agricola ou &onganizaio interna da casa, revelaram terest turas homélogss. De um mado pouco habitual, Bourdies dispés-se também a exttapolar deste estudo de regies menos desenvovidas ‘ata a regides metropoltanas. Ao analisar a sociedade francesa na ‘obra Ditton (1979), Bourdieu sugeriu que haveria uma cosmolo- tia estrutural mas vast, afrmando que o gosto de cada indviduo particular de nacionalidde francesa teria uma posi definida pela Felagdo com o de todos os seus concidadios, a longo de uma escala eral de diferengas que poderiam ser apreendidas em virios reis- tos, indo do gosto musica fia politica. Numa lina semelhan te, oanteoplogoestrutualista Louis Dumont apresentou aa obra Homo Hietarchiou (972) um modelo exemplar de uma outa regio ‘dese tipo, Asia Meriional, em que, mais uma ver o significado de cada element singular, neste caso, de ada casta — n0 contexto da Sociedade hindu —, seria mais bem compreendido pela sua rel ‘com o todo estrutralenglobante, Na miaha opino, este € a ima {gem familiar da antsopologia, ocupando o nicho que the ¢ proprio fentreo global eo individual, Tendo identifieado 0 modelo mais vasto desta unidade de anise ~ a sociedade —, 05 antropélogos conse {guem depois demonstrar como um determinado grupo ou costume ( gerado pela ligica mais ampla do sistema cultural ou social. As- sim, por exemplo, Jonathan Parry (i994) produziu uma excelente rmonografa sobre um geupo concret, os sacerdotes funeririos em enares. Tomados isoladamente, os seus resultados pareeriam mui- tabirarcos, Por exemplo, Parry nota acerta altura que alguns destes sacerdotes comem, de dent de erin humanos, of restos deisa- hs pelos ees. Mas para Parry isto no representa qualquer voyeu- rismo de algo exético, Pelo contdro, e porque existe esse estudo ina A unobNeIA pA THORTA antropolégico mais vasto sobre a cosmologia hindu, tal pritica faz turd 0 sentido como resultado ligico de uma série de crengas na pu +e72€ na poluigfo, pos, se um grupo tem como Fungo saprimir 2 poluigio, como acontece com estes sacerdotes funeriris, comer em {nis 0s restos deixados pelos ces parece ser uma expresso ae «quadae explicvel da sua dedicacio a taref, na medida em que set ta de wma rejeig sstemaitie, eno alata, dos abs de polio habitus. Recorrendo a uma analogia da clectxéaica modern, dia ‘que a ancropologa supe wma espéce de eoria dos pics aplicada a sociedad, de acordo com qual a imagem global dessa sociedade € formal por uma multiplicidade de posigbes-pixeladas: que ocupam © seu nicho apropriado, de modo a que possamos apreender a forma {eral do todo. Isto deriva de uma teoraestrauraist de base Julgo ‘que, actualmente, esta € a visio aceite, ou cémoda, se peeferizmos, tho que aantropologia tem feito. (problema, paraadiscipin, 6 queessatarefapade ser postacm risco por diversas generalizagdes sobre o mundo contemporineo que passiram a ser consideradas mais ot menos inquestonéveis. Esas seneralzag6es repeeseatam a dupla expansso dagulo a que chamei Anteriormente macrocosma e microcosm. primeita€ representa da pela quebra dessa diversdade cultural original, por agi da ho -mogeneizaco da formas globais. Reo um exemple relativo a um project de investigasio a que pretendo dedicar me especialmente ‘0s peéximos anos ~ o dos ean, clgas de ganga. Teno feito cl cals sobre diversas partes do mundo que indicam que, se excliie ‘mos a Asia Meridional, dentro de umas duas décadas, em qualquer ‘momento determinado, metade da populasio mundial estaritalvez usar apenas um dos muitos produtostéxeis que paderia ter «sco Ihido wsarnesse dia, Aantropologia pode estudar as calgas de gan- ‘gz em cada context local Teablho aetuakmente com wm alano que estua as cakas de ganga no Brasil como uaa tajectéra especifica Mizrahi, 2007), Noentanto, nasua forma padsso, 2antropologia ‘ao pode responder & questo mais vata de saber © que represen- am as cals de ganga enquantofenémeno global, por oposigo ao ‘que seriam come fendmenos locas, Se, come jug claivamente a ‘Londees, s ealcas de gangnsio uma resposta a determinadosaspec- panies rate os} ts da ansiodade (Clarke © Miller, 001), ere de aiemar também, ‘em consequénci, que 38 calgas de ganga em cada regio serio uma resposta i mesma ansiedade? Temos de encontrar mancieas de ta- tar as aovas €vasas formas que assumem tanto a homogeneidade ‘como a heterogenciade. Pretendo estar «economia politica ea ‘cade mercantil que explicam como as calgas de gangs si globais, ‘mas é também minha intenedo compreender os motivos porque os consumidores usam as calgas de gangs — a razio pela qua as cleas ‘de ganga so globus seré mais do que a soma das r226es por que sio locas (Miller e Woodwan, inédio). Julgo poder afiemar que o caminho bio para que a antropo- logia avance residird no wso das suas txadiges nuceares€ na sua aplcasio a0 undo por analogs Isto significa que «global devers ‘ser tratado como uma sociedale mito, mito grande, Consequen- temente, considerarse-é que existem novas formas de homogenei dade ¢ heterogeneidade globais, mas que elas sé podem realmente fazer sentido através de uma abordagem do englobameato total em ‘que, extruturalment, cada clemeato espeetfco extrai do todo seu proprio significado, Penso que isto coresponde a uma mudanga real ‘e que a sociedad global existe efetivamente. Neste sentido, tha posi stus-se mais ou menos nos antipodas da tradicio ps _moxerna, Fst tradigiorejitou a ideia de wma histéa global ou da éxplicasotranscendente, em privilégo de uma abordagem centrda a Fragmentacio. Em contrapartia, o que pretendo é que se eleve a tradigdoestrutural, para que possaabranger todo o mundo. A gran- ios eadigsonareativahegeitna que vé a Histria como racionalt- dade esteve prestes a ser ahndonada no preciso momento em que, pel primeira vez, comecavaaser verdadeira para o mundo. Gostaia ‘de indica quae seriam, na minha opinio, os resultados dessa aposta ‘emtratartodo.o mando por analogia como conceto de sociedad ou cultura como enidade especifca, e fare referencia a dois exemplos: aeligito eo sexo Relativamente religio, sou de opiniso que, hoje em dia, mui tas pessoas pertencentes a urna das milkipasreligibesexstentes 20 ‘undo esti cada ver mais famiirizadas com ideias cosmoldgicas « priticasrligiosas desenvolvidas em 20005 € religies diferentes bos) A unobvers ba THORTA daquclasa que pertencem. Hi uma crescenteFertilzagio motua en temas e outa, pelo que comesaa vshumbrarse um pairio de re Tigiosdace pobal.Ist significa que ada uma ds principais eligioes| ‘das suas mileipas variances comecaserinluenciada plas restan tes em consequéncia, a acupara vastaescala de nichos disponiveis ‘no ambito da potencaldade cosmoldgica da relglo em si mesma, Assim, por exemplo, quando observo a religio ersté em lugares ‘como Tnidad, onde tenho desenvolvdo trabalho de campo illere Sater 2000: 173199, vejo um amplo leque de grupos, que inclu des de"Testemunhas de Jeovia pentecostais,catlicseanglicanos ses grupos foram diversificando a privica €o peasameaco das suas pro relgies, de modo a colonizar toda uma gama de possbilida des, muita semethanea do que Bourdieu preconizow ao vera Franga ‘como que coloniada por toda uma gama de gosto musicais ou a rmentares. Deste modo, € possiel encontrar grupos muito ritualist, ‘vagoscompromistos com o secularism, regresos fundamentalists 2s interpretaces litera do texto, ou ainda grupos que colonizam novas possibilidades eéenicas, como o eristianismo pela Internet. Isto ocorre no sein de ada uma, e também entre as vias conlis- sc, Assim, por exemplo, os eatlios earismaticos incorporam no ‘tolicismo alguns dos desenvalvimentos do protestanismo, Neste sentido, a religio rst reprodaz-se numa série de formas extremas erbivaras, as qual, no entanto, fazem rodo sentido quando se en- ‘ara cada uma dels como estando a desenvolver uma cert gia de telgiéo como um todo, Vejamos, a iulo de exempl, 0 etratoapre- sentado por Engelke (2005) de uma grea apostélca no Zimbabwe. sta segue um ideal de uma relagio directa com o seu Crist, eee tando qusisqucrintervenges materais. Com ess fim, dspensa os ‘emplos os paramentas, ox textos equaisquer outros elementos me amente materiais, Resumidamente, recorr a uma posibildade l- ica inerente&teologia de base e objectfica-a como pti propria ‘De um modo semelhaate, pademos assist ascenso de alguns dos chamados grupos fundamentalists no Io, que so ail bastante andlogos a estes ristios pemecostais eapostlicos mais litealisase ‘mantém discusses semethantes sobre a evlucio darwinista assim ‘como podemos ver tendéncis reformistas do hinduism aseadas panes tuna tel cemleituras mais iteras dos textos, ino que dizrespeito is analogs acerca darelagio com a sociedade secular, hd menos casos estudados ‘no mundo islimico. Por exemplo, um artigo recente de Tarlo (2007) sobre ove, 04 bia, wsado pes magalmanos britdnios relata por

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