You are on page 1of 1
Fsséncia e fungio da literatura A obra de ave litera éa orgenizagio verbal significativa da expe- riéncia interna e externa, ampliada ¢ enriguecida pela imaginagéa ¢ por ela manipuleda para sugerir as virtuatidades desia experitucia. A moda- lidede esbactica do discurto literdrio, emocional, imaginative, ambiguo, iréuico, paradoxal, alusivo,-metafério, elc., ende « fazer da obra wna Birutura de significador audénora que diverge profendamente do discar- 50 clentifico, referencial, rational, cognosctlion ¢ paramente instrumen- lal. A meta do discurso ttertria é a comunicagae intensy, vivida, ds cx- beriéncia que nele so organizor, Neste provesso é fundamental o papel da Ungua que néo $6 medeia a experiéncia, meds em ceria madiia a constitui Todavia, a lingua representa sé une dos planos da obra literéria, embora sgja cla que projte os oudres planas, tads tomo enredo; personagens, rala- sats « confltos de valores, E avtolalidade desses planas que transite a eaperidnsia einterretogite da realidade, gragas ¢ arganizagao « composi- ste espectficas, no seitida vertical ¢ horizontal, da obra. Para transmitir wma experiénci ao nivel da consciéncia atual & de relevdtcia uma linguage ao nével da consciéncia atual, Uma das fun- sées fandamentais da lleratura conterporinea é, portanto, a rencvagao da linguagen, das priprias palavraredos seus conlextos, para libertd-los ddos clichés « mistficagées que carregam consigo através das dkcades, na medida em que se toraamn conchas dsoaziades da vida que antigamente talvez tenham abrigads. O familiar ¢ gasto — ¢ isto é um principio de oda a arle — deve ser rompido através do insélito e astranko a fim de gus una nova experiéncia nob ality intensamente ¢ se tore nova exper vibncia nossa, verdadeira “informagéo estética””. Cabe ao autor aplicar este mesma trabalho d composigio litedria em geral — ao txtilo, bs me- Moras, a0 jogo imaginative, & simbolizaréo, enfim, a estratura geral da obra, Os novos problemas, ai novas concepgée néa existem como vais, 4m termos estdicos, enguanto néo se manijesiarem, de forma adequada, plenamente ascimilados é estrutura da obra, O auiorcontemportineo curnpre «sua fungio a0 oferecer experitncia assim entendida a leitores de querm exige naa apenas 0 consumo passivo — como ocorre quase sempre no caso dlas indisivias culturais (cinema, to, rédio, inypronse) — mas @ co- produséo, co nivel da conscitucia aleangada pelo texto proposio De urn mado geral, «literatura amplia e enriquece a nossa visto da realidade de um modo especifico. Permite a0 litor a wivéncia intensa € a0 mesma tempo a contemplacio critica, das zondicéee © passibilidades da existincia humana, Nem a nossa vida pessoal, nem a cidncia ou filo- sofia permitem én geral esta experiéncia ao mesmo teispo wna e dipla. No primeire caso estanas demasiado envoteides para ter distincia con leinplating, no segundo estamos demasiade distancindos para viverinton- samente 0 conkectmenta transmitido, A literatura £ 0 lugar privilegicds an que a experiducio “‘vivida’® a conlemplasao critica coincident nam conhecimente singular, cujo critéio nao ¢ exatamente a “verdads" ¢ sim @ “validade”? de wma interpretagaa profenda da reatidade tornada en experifucie. Na fruigio da obra de arte literdria podemes assiuilar tal fntepretagdio com prazsr(oivendo-a e cattemplando-a criticamenie), nesino 10 caio.de tla, no campo da vida real, se nos afigurar avessa ds nassas cyuvicebes ¢ tendéncias. Embora néo transmnitindo nenhum conhecionento” reciso, capa de ser reducido a concttos exatos, a obra suscita wna po~ derosa animagio da nossa sensibilidade, da nossa imagiuapao ¢ do nosso enterimento que relia precantsra, como tada fraigio esta. Este prazer pris integrar, atreés da empatia com as situagies fieticias, emogdes vee- menies, safrimentas e choguas dolorasos, sem que deixe de sor prize, jt ‘git tualo decorve em nivel simibblicofctécio, Hntretante, ladves ve deve ednilir, na arte atual, momentas em gue 0 campo esitico-lidico é inva ido por wna “rucldade” gus susponde, em cerla medida, 0 peazer ao inupacta da. reatidede : : Rosennery, Anatal. Kutnetes «problems da olin tte, Sie ala. Persieetivn, 197% 1. 55

You might also like