Após o estudo do texto “Alegoria da Caverna” proponho-me definir a atitude
filosófica por palavras minhas. Já que um dos apelos da atitude filosófica é para que pense por mim própria, vou tentar não reproduzir os pensamentos de outros, apesar de parecer muito mais fácil e óbvio. No fim da leitura do texto, começo a sentir-me mal, porque apercebo-me de que pertenço ao interior da caverna, pois normalmente aceito sempre tudo sem que me surja e coloque qualquer dúvida a mim própria. Por outro lado, já consigo ver algo positivo na minha pessoa porque pelo menos estou consciente de que tudo sei. Sei apenas aquilo que os meus sentidos me permitem ou nem tanto. Entendo que deva olhar em meu redor de forma diferente. Ou seja, não sendo indiferente a tudo o que vejo e não tomando tudo como evidente. Estabeleço então uma diferença entre ver e observar. Observar consiste em ter atenção, examinar e questionar, combatendo a aparência quotidiana das coisas que me rodeiam, transformando-as em algo novo e sempre diferente ao vê-las com outra perspectiva. Todos os dias ouço por parte dos meus pais que devo ser autónoma e autêntica. Agora dou-lhes razão porque posso atribuir estes adjectivos àquele que saiu da caverna, que quis procurar algo mais do que aquilo que via. Fartou-se de aceitar tudo como lhe era dito, querendo ver a vida de outra forma: à sua maneira, tirando as suas próprias conclusões, construindo o seu conhecimento. Entendo que não tenha interesse ser igual aos outros, dizer o mesmo que eles, só para me sentir integrada, mas como é que vou mudar? Estou tão confortável assim, sem ter a preocupação de pensar diferente dos outros. Manter a comodidade seria o caminho mais fácil, deixando-me ir nas ideias dos outros, sem ter a minha própria identidade, continuando presa à ilusão, sem autonomia. Ainda por cima sabia que podia correr o risco de haver quem não me entendesse assim. Teria de esforçar-me e explicar de novo. Aquele que saiu da caverna sacrificou-se, recusou-se a aceitar as sombras, mas certamente custou-lhe olhar para a luz. Libertou-se da mediocridade onde sentia segurança e procurou questionar o que havia para além da suposta realidade. E ainda mais lhe custou quando voltou para a caverna com a intenção de partilhar com a maioria o seu novo conceito da realidade. Tentou mostrar-lhes que afinal de contas, nem ele, nem os demais prisioneiros sabiam uma ínfima parte do que há para saber. Arriscou-se portanto a que a maioria o ignorasse e continuasse inconsciente. Como uma ajuda a esta reflexão apresento uma frase de Sócrates: “O verdadeiro conhecimento vem de dentro.”. Concluo assim que a atitude filosófica envolve essencialmente a construção das nossas próprias ideias e pensamentos e crenças. Devo considerar portanto os meus pontos de vista, de forma a observar, e ter cada vez mais vontade de aprender, contribuindo para a construção do meu conhecimento, contrariando a simples aceitação das ideias e dos pensamentos já existentes.