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Rua e ruas: imagens, leituras e etnografias Urpi Montoya Uriarte INTRODUGAO “Qué es lo primero que nos viene a la mente al pensar en una ciu- dad? Sus calles”. (JACOBS, 1973, p. 33) Com efeito, conforme Jane Jacobs (1973) j4 o conclamara hé 50 anos atrds, pensar em cidade ¢ pensar em rua. Mas o qué exatamente nos vem a4 mente quando pen- samos em rua? De fato, podem advir algumas imagens mentais — ge- ralmente oriundas de outras imagens (cinematogrdficas, literarias); podem advir algumas leituras ou interpretacoes de reconhecidos in- telectuais sobre as caracteristicas da rua em um determinado pais; podem advir, igualmente, descrigdes detalhadas de ruas particulares de uma cidade. Neste artigo, reflito sobre algumas imagens de rua, algumas pro- postas interpretativas brasileiras sobre a rua nesse pais e algumas descrigées etnograficas sobre ruas particulares no Brasil. O objetivo é evidenciar a contribuigdo das pesquisas empiricas que descrevem Tuas especificas e que levam a desconstruir, relativizar ou enriquecer imagens simplificadoras e leituras por demais abrangentes para cap- tar ou ler o que efetivamente se passa nas ruas. ns mentaisrecorrent, ee aistinguem das imageng Cin ys ES et ass mediante one ages mateias ime ide sun oF, S80 asta devel" €M OSS me pre ecorrentemente Uma de 4 = aos develo, de ser i STi HO CON tg) ‘plage 2° amoveu em MUiLAS TURS do ;culagdo “para él trénsito, ho conscienel® jas de ci ' “ posible (person ail ogg et ene en! LePO Posible, in la Po (CHRISTLIEB, 2004, p. 29) one geulo XX, Le COrbUET”trans(o a “século da maquina”, ge, 1. No “séculoda méquina”, yas deviam ser pensadas como * Sere ‘esem nostalgia, ele defenden g ano dascidades € S€U A680 Paras ae ial e comercial intensa: “a rua nfo é mai para circular, um aparelho circular ce Aimar eas ln arog urbana, que mn Liem etn ea ce aS lem mifluencia fundamental no desenvolvimento do wt Mode incipais protagonistas. le fr a cA) de 1928 eum de seus principals prot a rae fe (inclusive um rascunho para a reforma do Rio de! aes Po) eee vs cents, dere & Guest ‘doe dofturo (1928) eA cidade rdionte (1925). 28 | Ram, dese mensiscel (LE CORBUSIER, 1982 p.7 tata conencid ye fran hans ns velo eon demain at cionalidade deveriam nortear as construcées, Pois 0 estado de oa rito humano era geométrico, era ortogonal, eva reve ov EI hombce que tara rectas demuestra que ha reco We ha reccbrado edo iinio de si mismo, que ingresa al orden. La eultrs e un ey tado de espiritu ortoqonal, No se crean rectasdehberadameen radamente, Selegaa la recta cuando se tiene fuerza bastante armas basta tes y lucides bastante como para querer y poder rua rete (LE CORBUSIER, 1962, p. 28-29) Fm minhas aulas de antropologia urbana, no primeiro encontro costumo solcitar aos alunos que desenhem tuma imagem de cida de. Grande parte dos desenhos retrata cidades planas, de vias retas, ‘de amplas avenidas, de parques ou pragas quadriculadas, Chama ‘atenglo o contraste dessa imagem com a cidade onde eles moram ~ Salvador ~, uma cidade composta basicamente de colina evales estreitos, ruas curvas, com escassos parques ou pragas. Poucos alu ‘nos que ingressam no curso de ciéncias socials jf leram ou owviram fatar em Le Corbusier. Portanto, infelizmente, nto ¢ necessérioté-lo lido para partilhar a imagem da rua como sendo um espaco reto para ‘intensa circulagdo, vias ou “caminhos para a passagem hurmana, de veiculos e de mercadorias que, emoldurados por edificagbes ou lotes -vazios, integram 0 cendrio fisico das cidades". (FREHSE, 201, p. 18) Restrita a via de passagem, a rua seria uma forma sem conteido ‘ow uma forma eujo contetido nto interferiria nela. Era essa imagem que a ativista Jane Jacobs queria combater ao se opor & construsio da via Lower Manhattan, idealizada por Robert Moses, em Sobo, nna Nova York da década de 1950. Para ela, as nuas “sirven para muchas cosas aparte de soportar el paso de veiculos; y las aceras elas ciudades — parte de las calles destinadasalos peatones— tienen ‘muchos otros usos ademas de soportar el caminar de ls peatones" (WACORS, 1973, p. 33) O sucesso de sua mobilizagdo ¢ de uma série Roem mages, rset | 28 aera em 1961 85m ri 4 american cities (yy si on ey if ceo eae? cain dos bairros, Jacobs gc = ct co icionar-S€ contra 4. pee a XX. Falando a Parra a TE ge mar de Greenwich Village, #8, 0 ce tates, 408 mal verso, on ee eho sen en e seporan ena ar PaFa BEDE Una ce enone srs Mt quiosquero dela squina, St con os ome os cients dela panaderia y saya 1% nes 0010 OE esque bebe limonad al pyr orn dos mora glan el alboroto de Tas nits gy te dinilo d¢ 5) A cenar, sermonean a 108 nifos en aor de er: 00 el OBUETO S0DTe las pene oie ycompran 2 préstmo en la fee den eo, conterplan Y admiran el bebe egg valor de on os de la esquina y se alivian 0 comy do des ventajarse que tiene la chaqueta comprag, se COS 1973, p.60) su eer va de comunicsO ETE OOD eo = reo, a rua é tambérn espaco de contate, ig, Lath yalertava Jacobs, para a rua manter ssf ee oe das grandes cidades norte-americaa matanga da rua promovida pelos renovaag para quem a diversidade (de usos, def tes, de usuarios) ven) epivala a desordem e 20 ca0s. us witemos as imagens, dessa vez, do homem que transite ins as Imagia-se 0 transeunte como sendo um ser soi lencown, apressado,olhando constantemente 0 rel6gio ol 0 cy 120 | Parone, ces merino S000! ‘7 ncsiinemaaaenctean cevitando qualquer contatofisico ou visual Geteabe eee ceapainenenes eee een estates a Dentre cles, podemos citar Charles Baudelaire e Edgard Alan Poe. Em A per da do halo, cujo enredo transcorre num bulevar castico de Paris — empoeirado, enlameado, com carruagens e pedestres —, Baude laire descreve o transeunte que se tornaria arquetipico ¢ que Mar shall Berman resumiu brihantemente como o “pedestre lancado zo turbilho do tréfego da cidade moderna, um homem sozinho, tutando contra um aglomerado de massa e energia pesadas, velo- zes e mortiferas”. (BERMAN, 1989, p. 154) Em “O homem da mat tiddo", conto escrito na primeira metade do século XIX, Poe (1840) descreve com detalhes a enorme diversidade de pessoas que circu- Jam em grande nuimero nas ruas do centro de Londres (naquele tem- po, a cidade mais populosa da Europa). Nessas “hordas” e “turbas” de gente, ninguém se fala, os gestos io ritualisticos, cada um estdsé. ‘Chama aatengo do narrador um homem que nfo para de andar nes- sas ruas apinhadas de gente, que nio usa as ruas para ir a algum tu gar, mas dé voltase voltas. Ele conclui que 0 “homem da multidio”, ‘mesmo $6, sente-se acompanhado. ‘Acompanhado, préximo, porém distante. Na visio de Georg Sim- mel (1967), a proximidade fisica existente nas ruas cheias de gente ‘motivava nos transeuntes o desenvolvimento de uma distancia sub- jetiva. Simmel foi um apaixonado por detectar as transformagées que as grandes cidades estavam promovendo em seus habitantes. Dentre elas, ele destacou a racionalizacio, intelectualizagdo, cal- culabilidade, simetria (expressio estética da vontade de racionali- zar), acentuagio do presente (moda) ¢ instabilidade e movimento (dos contetidos da existéncia, das identidades). Em seu artigo “A metrOpole e a vida mental”, escrito em 1902, 0 soci6logo berlinense afirma que a rua moderna criou um novo tipo de homem que nela transita, um homem com uma atitude nova, que cchamou de blasé. Essa atitude estd diretamente relacionada com ave ues ingens, ese eng | 31 sninio do Valor d i eo seu ete ey ei eT fe ASCIMINAE™: 0 hone Ye on J wounitormemente py” %e ye 2 Toro Ne plan, 1 gh eg pend capackade de gy! ye ee ated COUT ma nova SOciabilidade ys < a ce HEN jel V2 MESS tite ome a ge ds POSH fy Se ct etl Ge 38 go SENN aie. O ROME GUE Transit pas 1 9 eine ym home conscienterenye spon ai a simmels ose alo Co, os pelo conta a metopole © vida mental” gy 8 “eee AME demons ee cam eit, © UANSeUNTe Blase fy deles tem do homem que circulg mn ‘a maloria ec images tee ass rinses : c fo mais proximo com outrem, fas BRASHLERAS eon eu sn com unas esr hiticas a gy tra eterno seas rans do secu X vars, dias muna, por onde quse x pa darn de ano, moles 8 EPINATEN SEU Pappa, subs” (FREYRE, 2004, p. 269) To mal vista eran pensar se pata "o costume dos homens de urnarem ng von e de is russ ogar a urna choca das casas ou dos sob do sem unt. [FREYRE, 2004, p. 316) Apés analisarfotograa do cent da cade de So Paulo em meados desse mesmo sé, Fra Feb conclu: “A rua era um lugar onde ficavam os eo res menos abuts da populaglo ~ escravos, livres ou for Gilberto Freyre escreye, Drasileiros ow imigrantes ‘outros grupos autora) Segundoo arquiteto Murillo Mary (1989), no perieslovotoniat, tcom excego dos dias festivos, as ras eram “um paleo de ativida por onde passavam eventualmente ‘os mais abastados”. (FREHSE, 2005, p39, gttos da des muito medtiocres”, dai serem “estreitas as ruas, poucos os largos cejardins” (MARX, 1989, p.7-8) Bra sive em finais do século XIN: “a monotonia e desolagio do cotidiano essa impressio das raas, inclu Go fartamente reportades entdo por cronistas est igs, como Alfonso Lomonaco, Pouca gente na rua, algumas nas janelas, muita dentro de casa”. (MARX, 1989, p. 78-80) formagdes, AS ruas mais importantes nas eb quase toda Mais duas breves ddades brasileiras — ruas direitas, como foram chamadas aquelas que ligavam um monumento (geralmente religioso) a outro, [As pragas ~ que eram o elemento central e primeiro na constituigio das cidades na América conquistada pelos espanhdis — eram poucas por aqui; oque havia eram tas vias, geralmente na parte frontal de igreas, terrenos deixads Ii vres para as procissbes. Passo agora a apresentar algumas leituras que tentam entender argos", isto é, alargamentos das estrei ‘eexplicar esse particular panorama das ruas brasileiras: ruas sujas, ppouco usadas no cotidiano, com usos mais sagrados do que mun- ddanos, lugar de pobres, de gente mal considerada, onde havla mais alargamentos do que pracas propriamente dita, Murillo Marx Ié esse quadro como uma consequéncia do. pre: dominio das fungdes religiosas na composiglo do espago urba no brasileiro, o que advém, por sua ver, a seu ver, da auséncia nas coldnias portuguesas de uma clara divisto entre o poder temporal © poder espiritual (ato que nao se veritica nas col6nias espanholas| «que fica evidente no primelro dos nove livros que compsem «a Recopilacién de leyes de los Reynos de Indias...). Essa auséncia de lareza evoua formaciodeum territérionoqual"asnormasda grea, Por toda parte em suas colOnias, foram seguidas mais fielmente que as do Estado”. (MARX, 1989, p. 20) Em contraste com a eclesidstica eran moyen even eeatin 13D ins primevras do ArCEbISpads 4 sti go das Tuas €F8 MUO eral re paar UTC: PORE, gay no eps pars 0 AETARIETLO OU Pape” asm tad J 140.38 POC yasruaseas PVIMENIAGBES, Degg My, evmenorashon dase mpgs My meso ei erste nant de SE: Sy to reat J€ ROSS TU 2 lpg ry enestTent0OUSU Precarig, Wy, “eas se fazi, © POUCO uso, cet aa remo espns COM Se ny ao eno eventos festvos sicamente appa bar ct impo ‘com forga. (MARX, 1989, p. 1 hisseimusese™ 164) oo is A 3 normas Sobre 0 180 do expago sa ir Me osteo nostelo 3k ee a a 082505 PUDIICOS, COMO Praga gt sess iese monuments), $0 2080 & Pair de mae vatonma,somentena tarda data de 8p Sa pmcrismuricpis a cidade de S20 Pal: ogy a ras port dos 78052 PICO de log sansa oparasrodos 170d gS 0s, a er ania 3 argu J 38,0 formato qa, spn licens da Camara paraaabertura de rues ove, eset (MARY, 1989. p= 148) tim Roices do Brasil Sérgio Buarque de Holanda também sere reancanrast entre aseidades espanbolas € a portuguesas no No ‘Mundo As primeraseram numerosas e ordenadas, a praca dein tind cranente oni eo centro da cidade. Em contrapos om fomseust culo, Dames! Acidade que os portugueses construiram na América nio€ pro duto mental, nio chega a contradizer o quadro da naturez, «sua silhueta se enlaga na linha da paisagem, Nenfum rigor rnenhum metodo, nenhuma previdencia, sempre esse significa tivo abandono que exprime a palavra ‘desleixo! fo eseritor Aubrey Hell considerou 12 tipicamente portugue ‘a.com ‘saudade’ e que, no seu entender, implica menos fata de energia do que uma intima conviegio de que ‘nio vale pena’, (HOLANDA, 1994, p. 76) palavra que {Um “chi e tosco realismo” estaria na base do descaso dos por ‘nugueses com a obra urbana no Brasil. Esse realismo os teria levado se fazer perguntas como estas: se 0 nosso modelo de colonizaga0 ‘era litoraneo e de feitorias, para que investir em legis des? Se a ordem social ndo esti em perigo, para que tornar o espaco tum modelo de ordem? Segundo o socidlogo e historiador paulista, 4 situagio dos espanhois era outra; para eles, a codificaglo do espago se tornava absolutamente necessari fo nas cida A firiacentraliadora, codificadora, uniformizadora de Castela, {que tem sua expressdo mais nitida no gosto dos regulamentos meticulosos — capar de exercer-se, conforme jf se acentuou, até sobre o tragado das cidades coloniais ~ vem de um povo in {eiramente desunido e sob permanente ameaga de desagrega ‘elo, Povo que precisou lutar, dentro de suas propria fronteiras Peninsulares, com o problema dos aragoneses, 0 dos cataltes, ‘dos euscaros endo $6 até 1492, mas até 1611, 0 dos mouriscos. (HOLANDA, 1994, p. 82) assim foram surgindo e crescendo as cidades no Brasil, obra mais espontinea e corriqueira do que mental e ut6pica. A espontaneidade cexplicaria as ruas tortuosas,estreitas, descuidadas, sem legislagdo para ordend-as. Desimportincia, descuido e desvalorizagio da rua sio explicados de outra forma por Gilberto Freyre. A seu ver, essas caracteristicas Risers agen meure etree: | 35 sire importare a pie, nas 89 AFA, Senza, gy, «a nuberto da Maltaem sug yp ase MHCAMDDS PA Frye ag cis em dt C288, 358 elo atop yey So rai S€ Modo de ggy so nea sobretid FINGTES Seta, Tage Tg wb beanie by", (DA MATTA, 2004, p. 17) ae 2 ee impose VEOFOW aE entragy << Pb, cus mca braslleia era UMA sociedage My, one xlo amplos €SPAG0S € PeSSOaS que dale ans, capelo, aflhados, criados, gyee ig ost art (oP ads pr esas familias extensas eram ng ssi (sons? oh ries. rirquicos , 20 mesmo tempo, com, ‘wn aus. grande ea sencala, cobra na, ar, e pee os escravos, 08 descendentes legitimos « = ee cmwviama intimidade © Volency on vn FREYRE 19%) : atossuiiente, 0 qual 08 que estavam fora na sc savam dentro ndo salam. Quando esse sistema se Prat emt, ‘ran cong : sscampo para a cidade, no século XIX, a casa-grande vig Go pocurou manter-seigualmente fechado.? Assim, nas gi 04, 299), 05 sobrados se dstinguram das “casas teng «do “sobrados degradados em cortigos", Todos ener eguam dos macambos de palha, barro e cobetes pr sy: 280s propramente dios se distinguiam entre si pelos matenas ores" (pear, e cal, adobe, telha, madeia de le, grade dele os “nobres’ pelo numero de andares (em Recile, cher eo, amauém e a senzala; na segundo, o esrtén: #0 estas. no quarto, os dormitéios, no quint, a sala datz + coamha), pels sua localizagdo — no cure ou 0 pé dono cos sobrados se tornaram inimigos da rua. Os quintais, na medida do possveleenguanto pderam, proc vada doméstica, que fechava a casa avam assexurar aeconormia pri proprio mundo, Elenque hos alguns aspectosfisicos dos sobrados que provam a sua inimizade com a rua: sua localizagio Tonge da rua, a pouea presenga de varan 8 nos pisos superiores. Dai porque as casas ‘com varandas na frente implicavam “uma das transigéncias do sis tema patriareal com a cidade antipatriarcal”. (FREYRE, 2004, p. 272) John Luceock visitou o Rio de Janeiro em inicios do século XIX, de sacat das, a auséncia d pereebeu sa gramética social. A varanda de tris da casa, o 1a jaar mais lado da rua, erao hugar onde a familia ficava, A varanda {da frente, quando existente, era 0 Tugar da easa no qual o estranho podia penetrar,sendo 0 interior das casas absolutamente vedado a cle, reservado as mulheres. Nos jardins ds fundos, as mulheres po diam transitar, “com fraca compensacio de seu eativeiro”. (SAINT HILAIRE, 1975, p. 96, apud DA MATTA, 1985, p. 4) Em situagoes rituals ~ visitas anunciadas, pessoas convidadas ~, 0 espago para osestranhos era asa (chamada de sala de visitas), O antropélogo Roberto da Matta, que se declara intelectualmente devedor de Freyre, tem sua propria leitura sobre o porqué da rua no Brasil ser um espago geralmente sujo e violento, tao mal valorizado, Paraele, além da oposigdo casa-grande e senzala, ou sobrados e mu- cambos, hi outra contraposigdo to ou mais importante no Brasil casa ea rua. Da Matta herda de Freyre a visio desses espagos como sendo muito mais do que apenas espagos fisicos (um lugar de mo radia ou uma via de cireulagdo): a casa e rua, no Brasil, sfo esferas de significagdo, valorizagio, avaliagho ética, st0 centidades morais, esteras de ago social, provincias éticas do- tadas de positividade, dominios culturais institucionalizados (ue), nos lodacais)~ e pelo fato de ser sobrado mesmo (construe em ter ‘eno plano) ou casa assobradada(a frente térrea eas costas de vatios andares, dando para barrancose até precipicos), Rune emogens, earn eetograos | 37 paves de dapat EMOTES, rey eon dose SPAT teamenteemolduragys My on ee) sy oes anal eye e682 PFOPFAIENEG ig spn 2 Eg bao PFET tie yea wl oe praprios, 08 1ag0s de famitia, de syy cae Ae 0 yeah pessoal simpatia,q eine rodas quatro pared (TOU sua de calmaria, de repouse, im espas? estar no oho da rua” sao rgura” € ‘a ideia de rua COMO Um es Pa ey iil cat, gro dese) ea ego ron saa Pade ges ue sineiza® ‘ E softer, € estar 96, € €5tar desamper presenta aausencia de parentes, dy, quer pos 065 individuos, andnimos; dg "so espavo Jos puder"; 0 espaco da uta para sobre, no leva em consideracio si de amigos jyrsave-sequer™ ie, impessoa, QU aoc isso, um espago impositivo,falho, bean, é também movimeny, ilar: en PO cue seer ane enon nen Inde parece fel a sua vislo interna do esa, imentado, propicio a desgracase ruin, are as pessoas podem ser conkundias com Inde aa: pk que no io, Nada por para cada um de i ‘gever tad como "gente comu’, como "pov ex ra nem bits. (DA MATTA, 1985, p-50) ae hoje a soci dara como algo movi no espagos fisicos coneretes, ms ‘casa e rua so, dessa forma, {formas de valorizacao € cOdig08: \dado na fail, na amizade, na lake, rio) e 0 cddigo da rua (baseado em ks e ance ‘codigo da casa (fun na pessoa ¢ no compat niversas, numa burocracia antiga e profundament ‘entre nds, € num formalism jurdico legal que che a5 alas do absurdo). (DA MATTA, 1985, p. 20) Bases exdigos se aplicam flexivelmente a espagos vatiados, Assim, ‘emalgunsespacose situagdes predomina o prisma pessoal e a impessoalidade ea lei, Emalguns discursos, 0a em outros. casa prevalece, com a pessoa ea intensidad <éoangulo da rua, com seu anonimato e rigidez. casa ea rua, isto ‘os cédigos da casa eda rua, S20, pois, modos de ordenara reaidade desorte que ocomportamento dos bra o da rua: 1ocional; em outeos, deguiara experiencia soci sileiros na rua seria guiado pelo cdi Jogames o lixo para fora de nossa calgada, porta ¢janelas; no obedecemos as regras de transito somos até mesmo capazes| de depredar a coisa comum, utilizando aquele celebre © nie analisado argumento segundo o qual tudo que fica fora de nossa ‘casa 6um “problema do governo!™. Na rua.a vergonba da desor dem nio € mais coisa nossa, mas do Fstado. (DA MATTA, 1985, p.16-17) EE importante salentar que, no esquema de Da Matta, assim como no de Freye, casa e ia no apenas se oper, eas tambem se omplementam.€ bisicoestudar aquele “A” qu liga casa era risa Santropdlogo. Hisubespagos que cumprem essa fungdo derelacionar dentro da casa por exemplo, 0 corredor, a varanda a sala de visitas ‘eas jal, elacionam espagos. Mas ndo sé espagos que relacio yam os opostos hi também momentos e, dentre eles, o tempo dafes ta, para Da Mata, especialmente importante para refazer a unidade dos oposts. Na festa, "rua casa tormam-s€espagoscontgus, re nidos por uma convivénciatemporariamente tépica de espacos righ damente dvididos no mundo dri”. (DA MATTA, 1985, p-53) ‘a década de 1980, o antropslogo José Guilherme Magnani pro- pas a categoria “pedo” para falar dsse “8” que liga cas € ru O pedago, esereveu, &esse users angen, eas ett | 39 caw oma BCS) COG, ct aes MBAR yy, ya mais LEMS Siiicatiyg . Acess0e 20 mar 2014 MONTOYA URIARTE, UO que € fazer etnograta para on anteopolegon 2.Dispomnivelem. http /pontourbe a Pontol rhe, 9H rv 30.ago. 2014, 4/300. Aces ong MONTOVA URIARTE, U. Olbar a cidade. Contribuigbes para etnogratia os. Pontol rhe. 13,2013. Disponivel em. -http dos espagos uth pontoure revues, [MONTOVA URIARTE, Urpi: CARVALHO. Mil (parte) Transeuntes eusos da Avenida Sete (parte I) Acesso em: 1 out 2014 e774 Iilio. Avenida Sete e seus In MONTOYA URIAKTE, Uirph, CARVALHO, Milton Julio (Org) Panoramas urbanos. Usa, viver econstruir Salvador Salvador: Edutba, POE, Fd. AO homem da multiddo, Londres, 1840. Disponivel em textos/homem. rtf, Acesso.em: Sago www urs br proin versio R10, J. do, A alma encantadora das ruas. Org. de Raul Antelo, Sto Paulo Companhia das Letras, 2008, SANTOS, € N-dos et al. Quando a rua vira casa. A apropriagio Udeespacos de usocoletivo em um centro de bairro,2-ed. revista ceatualizada, Rio de Janeiro: IHAMU FINEP, 198 SINMEL,G. 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