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2svnii2019 hitpssapiens.agu.govoridocumento/348 195364 ADVOCACIA-GERAL DA UNIAO CONSULTORIA-GERAL DA UNIAO CONSULTORIA JURIDICA JUNTO AO MINISTERIO DO TURISMO COORDENACAO-GERAL DE ASSUNTOS TECNICOS JUDICIAIS PARECER n° 00360/2019/CONJU! MTur/CGU/AGU NUP SAPIENS/SEI: 72031.012291/2019-41 INTERESSADOS: MTur/Coordenagio-Geral de Regulagao e Fiscalizagao/SNDTur. ASSUNTO: Consulta acerca da possibilidade de nao exigéncia de impressao e assinatura da Ficha Nacional de Registro de Héspedes por parte dos meios de hospedagem durante o check-in do hotel EMENTA: Expediente Administrativo. Consulta acerca da possibilidade de no exigéncia de impressao e assinatura da Ficha Nacional de Registro de Hspedes por parte dos meios de hospedagem durante o check-in do hotel Lei n® 11.771/2008 (lei geral do turismo). Decreto n° 7.381/2010. Portaria n° 177, de 13 de setembro de 2011 (publicada em 16/09/2011), Respondidos 0(s) questionamento(s). Sujeigao da Administrasdo PUblica a0 principio da legalidade. Possibilidade de se promover alteragdes no que estiver no ambito do poder de regulamenta derivar modelo que nio desconsidere 0 dispositivo legal que obriga a administrago © os administrados, mas, 20 mesmo tempo atenda os anseios dos meios de hospedagens, mantendo um minimo de seguranga sobre a captagdo das informagdes ne territério nacional e sem a necessidade de provocar legislativo para atualizagao da(s) referida(s) norma(s) fio. Necessidade de estudo técnico do qual possa sssirias ao MTur, considerando a extensio do 1 Vém a esta Consultoria Juridica, para anilise manifestagao, os autos do processo n° 72031.012291/2019-41, por meio do Oficio n° 1818/2019/GSNDTur/SNDTur, subscrito pelo Secretitio Nacional de Desenvolvimento ¢ Competitividade do Turismo, seq. 0450774, mediante 0 qual solicita consulta referente a possibilidade de nfo exigéncia de impresso e assinatura da Ficha Nacional de Registro de Héspedes por parte dos meios de hospedagem durante os procedimentos de itpssisapions.agu.govbridocumento/348 195964 ant 2svnii2019 hitpssapiens.agu.govoridocumento/348 195364 check-in realizados nos hotéis, por, segundo informagdes do processo, conter inadequagdes priticas & atrasar 0 procedimento. 2. Com efeito, consoante a NOTA TECNICA N° 51/2019/CGRT/DEQUA/SNDTur, seq. 0449937, elaborada pela Coordenago-Geral de Regulagdo e Fiscalizagio (CGRT)/Departamento de Regulacdo © Qualificagdo do Turismo (DEQUAY/Secretaria Nacional de Desenvolvimento ¢ Competitividade do Turismo/MTur, na qual foi grafado como assunto: consulta relacionada & Ficha Nacional de Registro de Héspedes., por meio da qual, sinteticamente, o responsdvel pela referida anilise, apés discorrer sobre os dispositivos legais vigentes que fundamentam o Sistema Nacional de Registro de Héspedes (SNRHos), deduz que as fichas de preenchimento obrigatério — considerando a época de edi¢ao do estatuto, no qual esto prescritas as referidas normas —, tommaram-se fator de entrave € atraso no atendimento por parte dos prestadores de servigos turisticos. Assim, buscando acompanhar o desenvolvimento e modernizagio tecnolégica, requer 0 apoio desta CONJUR no sentido de esclarecer quanto a possibilidade de nao mais exigir a impressdo da Ficha Nacional e Registro de Hospedes, deixando ao encargo dos hotéis a escolha do modo de formalizacao das obrigagdes de que se trata, como, por exemplo, por meio do documento/comprovante de reserva, ou da nota fiscal ou até mesmo por meio do comprovante de pagamento, uma vez, que, segundo sua dicedo, para o MTur, a transferéncia das informagdes por meio eletrénico seria o suficiente, ao mesmo tempo que estaria acompanhando a evolugao e modemizagao tecnoligica. 3 ‘A propésito, transcreve-se a seguir os termos da citada NOTA TECNICA N° 51/2019/CGRI/DEQUA/SND Tur, de 18/10/2019 (seq, 0449937): (1 1 Trata-se de consulta desta Coordenagdo-Geral de Regulagio © Fiscalizagdo - CGRT relativa & possibilidade de nao exigéncia de impressio ¢ assinatura da Ficha Nacional de Registro de Héspedes por parte dos meios de hospedagem durante o checkin do hotel, por conter inadequagées priticas e atrasar 0 procedimento. 2 A titulo de esclarecimento, cumpte elucidar os dispositivos legais vigentes que fundamentam © Sistema Nacional de Registro de Hospedes SNRHos, 3 Inicialmente, a Lei n® 11.771, de 17 de setembro de 2008, estabelece em seu art. 26 a finalidade da coleta de dados por meio da Ficha Nacional de Registro de Héspedes, isto , a elaboragio de estudos sobre 0 Perfil dos Héspedes Boletim de Ocupagio Hoteleira: Art, 26. Os meios de hospedagem deverio fornecer a0 Ministério do ‘Turismo, em periodicidade por ele determinada, as seguintes informagées: I~ perfil dos héspedes recebidos, distinguindo-os por nacionalidade; & II - registro quantitativo de hospedes, taxas de ocupagdo, permanéncia média ¢ mimero de héspedes por unidade habitacional Parégrafo ‘nico. Para os fins deste artigo, os meios de hospedagem utilizario as informagGes.previstas nos itpssisapions.agu.govbridocumento/348 195964 amt 2svnii2019 itpssisapions.agu.govbridocumento/348 195964 4 hitpssapiens.agu.govoridocumento/348 195364 impressos Ficha Nacional de Registro de Hospedes - FNRH e Boletim de Ocupagdo Hoteleira - BOH, na forma em que dispuser 0 regulamento. Em complementagdo, o Decreto n° 7.381, de 2 de dezembro de 2010 estabelece que 0 contrato de hospedagem entre as partes — meio de hhospedagem e hispede — seri representado pela FNRH preenchida e assinada, além de tratar do seu arquivamento ¢ do modelo do BOH: 5 Art. 26, Constituemsse documentos comprobatérios de relagio comercial enire meio de hospedagem e héspede as reservas efetuadas mediante, entre outros, troca de correspondéncia, utilizagio de servigo postal ou eletrénico e fac-simile, realizados diretamente pelo meio de hospedagem ou prepostos, © © héspede, ou agéncia de turismo que o represente. § 1° 0 contrato de hospedagem sera representado pelo. preenchimento ¢ assinatura pelo héspede, quando de seu ingresso no meio de hospedagem, da Ficha Nacional de Registro de Héspede - FNRI, em modelo descrito no Anexo I § 2° Os meios de hospedagem deverdio ‘manter arquivadas, em formato digital, as ENRH, de acordo com procedimento a ser estabelecido em —portaria do Ministério do Turismo. § 3° Cabera a0 meio de hospedagem, em prazo determinado pelo Ministério do Turismo, fornecer © Boletim de Ocupagio Hoteleira - BOH, conforme modelo descrito no Anexo Il, através de meio postal ou eletrdnico Nesse contexto, em 16 de setembro de 2011 foi publicada no Diario Oficial da Unido a Portaria n° 177, de 13 de setembro de 2011, com intuito de regulamentar os procedimentos de transmisso de dados para o Mur: Art 2° Para os fins do disposto no Art. I° fica institufdo, eletronicamente, 0 Sistema Nacional de Registro de Hospedes — SNRHos, composto de subsistemas de Tecnologia da Informagdo =TI: Ido Ministério do Turismo — MTur, I1-proprio do meio de hospedagem. § 1° A integragdo entre os subsistemas Te TI se processar pela utilizagio de sit 2svnii2019 itpssisapions.agu.govbridocumento/348 195964 hitpssapiens.agu.govoridocumento/348 195364 webservice desenvolvido pelo meio de hospedagem. 6. A partir da andlise do dltimo dispositive que versa sobre o assunto, é possivel presumir que tal Portaria, juntamente com o novo sistema letronico, vieram com o objetivo de digitalizar © processo de transmissio dos dados da FNRH para o Mtur, para geragio automitica de relatérios estatisticos previstos nas normas (Perfil de Héspedes, Boletim de Ocupagiio Hoteleira), tendo em vista embasar politicas piiblicas e, ainda, facilitar o procedimento do check-in por meio da criagdo de banco de dados tinico que permita a interface com os sistemas de todos os meios de hospedagem. 1. No entanto, tal questionamento se faz necessério tendo em vista © intuito do legislador utilizar a Ficha Nacional de Registro de Héspedes como forma de formalizagdo de contrato entre as partes, percebido no Decreto. de regulamentagio da Lei do Turismo, que estabelece a obrigatoriedade de 0 hotel fornecer um registro/documento da hospedagem a0 hispede. 8. Por todo o exposto, considerando a época de publicagéies das normas, 0 desenvolvimento © modemizagao tecnolégica © considerando a complexidade do tema, requet-se 0 apoio da CONJUR no sentido de prestar os esclarecimentos solicitados, os quais versam sobre a possibilidade de no mais exigir a impressio da Ficha Nacional de Registro de Héspedes, deixando a cargo do hotel a forma de formalizagao de obrigagées pelas partes como, por exemplo a reserva, a Nota Fiscal ou até mesmo comprovante de pagamento, Para o Mtur a transferéncias das informages por meio eletrénico seria 0 suficiente ©, ao mesmo tempo, acompanharia a evolugo © modemizagao tecnol6gica. Pergunta-se: poderia outros documentos como os citados acima serem suficientes como forma de manifestagio de instrumentalizagio da vontade das partes, desobrigando assim a assinatura em documento fisico? 9. ‘Vale ainda complementar que apés realizago de um estudo com centidades representativas dos meios de hospedagem, verificou-se que 0 quantitativo excessivo de dados previstos no modelo de FNRH, Anexo I do Decreto n® 7.381/2010, impacta na prestagdo do servigo de check-in, gerando atrasos e insatisfagio de turistas/héspedes. Por essa razo, questiona-se: & Vidvel a redugdo dos dados previstos no anexo, por meio de atualizagao da Portaria n° 17/2012 e fundamentagdo técnica da drea, tendo em vista que as informagdes trazidas por esses dados demostraramese inconsistentes © incertas? Esses procedimentos seriam o suficiente para a adaptagio legal? 10. A clucidagdo dessas questies tém grande importincia para facilitar € agilizar 0 procedimento de checkin, tendo em vista ser um fator de entrave € atraso no atendimento por parte dos prestadores de servigos turisticos no tocante a melhor forma de conduzir o procedimento, Do mesmo ‘modo que busca acompanhar novos tempos, onde a tecnologia mostra-se importante instrumento de celeridade © conforto na atuago dos servigos prestados, n Por fim, vale ressaltar que tais questionamentos e suas respostas possibilitario a racionalizagdo do SNRHos, contribuindo para embasar a construgdo de politicas piiblicas a partir de dados mais consistentes sobre 0 fluxo turistico. ant 2svnii2019 hitpssapiens.agu.govoridocumento/348 195364 12, Diante do exposto, submete-se 0 assunto 4 considerago superior, ao tempo em que se recomenda o encaminhamento para andlise € manifestagio da Consultoria Juridica, [J 4. Por fim, Viecram os autos, por intermédio de atribuigdo eletrénica no Sistema Eletrénico de Informagdes - SEI, para anilise da Advogada subseritora. Eo relatério, 5. Preliminarmente, cumpre ressaltar que o exame desta Consultoria Juridica é realizado nos termos do art. 11, inciso VI, alinea "a", da Lei Complementar n° 73, de 10 de fevereiro de 1993, subtraindo-se do Ambito de competéncia institucional deste Orgdo Consultivo andlises que importem consideragées de ordem técnica, financeira ou orgamentéria, bem como aspectos de conveniéncia ¢ oportunidade. Sublinhe-se que a apreciagdo, ora empreendida, cinge-se aos aspectos legais e juridico- formais 6. Nessa senda, compulsando-se os autos, e, tendo em vista a consulta da Secretaria Nacional de Desenvolvimento ¢ Competitividade do Turismo, aduziremos as consideragdes adiante expressas 1 Como informa @_—_supramencionada. = Nota.—Técnica——(n® 51/2019/CGRT/DEQUA/SNDTur), a Lei n® 11.771/2008 (Lei Geral do Turismo), estabelece em seu art. 26 que os meios de hospedagem deverdo fornecer determinados dados ao MTur (em periodicidade a ser definida), os quais sero extraidos da Ficha Nacional de Registro de Héspedes (FNRH) ¢ do Boletim de Ocupagdo Hoteleira (BOH), na forma estabelecida por regulamento, visando, a0 que se dessume, a elaborago de estudos sobre o Perfil dos Héspedes, verbis: Art, 26. Os meios de hospedagem deverio fornecer a0 Ministério do Turismo, em periodicidade por ele determinada, as seguintes informagbes: 1 - perfil dos héspedes recebidos, distinguindo-os por nacionatidade; e IL registro quantitativo de héspedes, taxas de ocupacdo, permanéncia média e mimero de héspedes por unidade habitacional. Parigrafo ‘nico. Para os fins deste artigo, os meios de hospedagem utilizardo as informagdes previstas nos impressos Ficha Nacional de Registro de Hospedes - FNRH e Boletim de Ocupago Hoteleira - BOH, na forma em que dispuser 0 regulamento. 8 Em complementagio, 0 Decreto n° 7.381, de 2 de dezembro de 2010, estabelece que contrato de hospedagem entre as partes ~ meio de hospedagem e héspede(s) ~ serd representado pela FNRH preenchida e assinada, além de tratar do seu arquivamento e dos modelos da ENRH e do BOH: Art, 26. Constituem-se documentos comprobatérios de relago comercial entre meio de hospedagem e héspede as reservas efetuadas mediante, entre itpssisapions.agu.govbridocumento/348 195964 sit 2svnii2019 hitpssapiens.agu.govoridocumento/348 195364 outros, toca de correspondéncia, utilizagdo de servigo postal ou eletrénico ¢ fac-simile, realizados diretamente pelo meio de hospedagem ou prepostos, © o héspede, ou agéncia de turismo que o represente, § 1° © contrato de hospedagem serd representado pelo preenchimento e assinatura pelo h6spede, quando de seu ingresso no meio de hospedagem, da Ficha Nacional de Registro de Hospede - FNRH, em modelo deserito no Anexo I § 2° Os meios de hospedagem deverdo manter arquivadas, em formato digital, as FNRH, de acordo com procedimento a ser estabelecido em portaria do Ministério do Turismo. §3° Caberi ao meio de hospedagem, em prazo determinado pelo Ministério do Turismo, fornecer o Boletim de Ocupagio Hoteleira - BOH, conforme modelo descrito no Anexo II, através de meio postal ou eletrénico 9. Por seu tuo, 0 MTur editou a Portaria n’ 177, de 13 de setembro de 2011, publicada no Diario Oficial da Unido, em 16 de setembro de 2011, objetivando regulamentar os procedimentos de transmissio de dados para 0 Mtur, consoante, em especial, 0 seu art, 2°, abaixo transcrito, bem como fixou o modelo da FNRH ¢ 0 BOH, anexos I ¢ II, respectivamente, verbis: ‘Art. 2° Para os fins do disposto no Art, I fica instituido, eletronicamente, 0 Sistema Nacional de Registro de Héspedes — SNRHos, composto de subsistemas de Tecnologia da Informagao ~ TI I= do Ministério do Turismo — MTur, T1—-proprio do meio de hospedagem. § 1° A integragdo entre os subsistemas Ie II se processaré pela utilizagdo de webservice desenvolvido pelo meio de hospedagem. 10, Ocorre que, consoante sintético relato da multicitada Nota Técnica (n° 51/2019/CGRT/DEQUA/SNDTur), as fichas de preenchimento obrigatério pelos meios de hospedagem — considerando a época de edigio do(s) estatuto(s) no(s) qual(is) esto prescritas as referidas normas -, tomaram-se, consoante sua dicedo, fator de entrave e atraso no atendimento por parte dos prestadores de servigos turisticos, Assim, buscando acompanhar 0 desenvolvimento © modemnizagao tecnoligica, requer, 0 Consulente, o apoio desta CONJUR no sentido de esclarecer quanto a possibilidade de nio mais exigir a impressio da Ficha Nacional ¢ Registro de Héspedes, deixando ao encargo dos hotéis a escolha do modo de formalizagao das obrigagdes de que se trata, como, por exemplo, por meio do documento de reserva, ou da nota fiscal ou até mesmo por meio do comprovante de pagamento, uma vez, que, em acordo com o seu entendimento, para 0 MTur, a transferéncia das informagdes por meio eletrénico seria o suficiente, ao mesmo tempo que estaria acompanhando a evolugdo e modemizagdo tecnolégica, i. Entretanto, antes de adentrar a andlise, propriamente dita, importante relembrar a condigao da Administragao Pablica de sujei¢do, dentre outros principios, ao principio da legalidade. itpssisapions.agu.govbridocumento/348 195964 ent 2svnii2019 hitpssapiens.agu.govoridocumento/348 195364 12, Com efeito, os Principios do Direito Administrativo so diretrizes basicas que norteiam os atos e atividades administrativas de todo aquele que exerce o poder publico. Constituem os fundamentos da a¢3o administrativa, Relegé-los significa desvirtuar gestio dos negécios piblicos desprezar o que ha de mais elementar para a boa guarda e zelo dos interesses sociais. © Principio da Legalidade estatui que 0 administrador piblico esta sujeito, em toda lade funcional, aos ditames da lei, dela nao se podendo afastar, sob pena de invalidade de seus atos. 14. Na_Administra¢o Piblica, nfo hi liberdade nem vontade pessoal. Enquant pode fazer o que a Iei_autoriza. O administrador € um gestor da coisa publica, cujo dominio pertence ao povo. Assim, somente este, manifestando sua vontade através das leis, votadas pelos seus representantes eleitos, ¢ legitimado a validar a atuaco administrativa. 15. Este principio encontra-se expressamente disposto em nossa Constituigdo Federal nos seguintes artigos, verbis Art. S* - Todos sio iguais perante a | sem distingdo de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros © aos estrangeiros residentes no Pais a inviolabilidade do direito vida, a liberdade, a igualdade, 4 seguranga e propriedade, nos termos seguintes: IL ninguém seré obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sendo em virtude de lei; Art. 37 - A administrago piblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unido, dos Estados, do Distrito Federal ¢ dos Municipios obedeceré aos principios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade eficiéncia e, tambéi ) 10 seguinte: 6. Na_Admini Publica, finalidade de atingir o bem comum, ¢ ilo que a lei the imp do agir secundum legem. Enquanto no campo das relagdes entre particulares é lieito fazer tudo 0 que a lei nao proibe (principio da autonomia da vontade), na Administragao Publica s6 € permitido fazer 0 que a lei autoriza. A lei, define até onde o administrador deve agit. Da resposta ao questionamento formulado pelo consulente 17. Por corolério, ante a adstrigo da Administragdo Publica ao principio da legalidade, nao hé como se falar em mera “dispensa da exigéncia de impressdo da Ficha Nacional e Registro de Héspedes”, uma vez que, conforme previsto no parigrafo unico do art, 26 da Lei n° 11.771/2008 (Lei Geral do Turismo), ‘para os fins do artigo de que se trata, os meios de hospedagem uti wrevistas nos impressos Ficha Nacional de Registro de Héspedes - FNRH ¢ Boletim de }OH, “na forma em que dispuser o regulamento™ itpssisapions.agu.govbridocumento/348 195964 mm 2svnii2019 hitpssapiens.agu.govoridocumento/348 195364 18, Nesse sentido, considerando a fungi do Congreso Nacional, no seu papel de representante da vontade dos cidadios-eleitores de elaborar, debater, aperfeigoar e aprovar as leis, inovando a ordem juridica; a modificagdo de situagZo juridica anterior dependerd de novo preceito, ié., havendo fato administrativo regulado por norma juridica, tal regulago hé de prevalecer até que tal norma seja revogada, em razo de novidade juridica ou até mesmo em raziio de tornar-se um fato livre de regulacdo, mas, pela vontade do legislador (origindrio ou derivado). 19. Via de consequéncia, em observancia ao principio da legalidade, cabe a0 Estado/Administragdo executar a lei criada pelo poder competente (poder legislative) © segundo as formalidades estabelecidas, 0 que assegura a certeza juridica & sociedade que o criou(Estado) © 0 mantém, para organizé-la e dirigi-la. Este principio obriga o Estado como administrador de interesses da sociedade, a agir secumdum legem, jamais contra legem ou mesmo praeter legem (MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de Direito Administrativo. 16" ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. p. 85/86). 20, Em outras palavras, significa dizer, s.mj., que nfo ha como, simplesmente, abandonar a Ficha Nacional de Registro de Héspedes- FNRH ¢ 0 Boletim de Ocupagdo Hoteleira — BOH, previstos na Lei Geral do Turismo, para os fins a que se destina (art. 26); porém, na iltima parte do pardgrafo nico do dito art. 26 da Lei Geral de Turismo, estabeleceu-se que essas informagoes serio utilizadas ‘na forma em que dispuser 0 regulamento’, estando, portanto, ao aleance da administragio promover alteracies naquilo que Ihe cabia/cabe regulamentar. 21 Todavia, cabe relembrar que essa regulamentagdo nao pode invadir os espacos da lei, ou seja, ndo pode criar direitos ou obrigagdes, a0 contrario, objetiva o cumprimento fiel da lei, detalha a lei (exemplo: onde pagar, com que guia, ou no caso, quais dados so indispensaveis, qual a periodicidade de remessa de informagdo a esta Pasta, qual 0 meio, etc), sendo legitima, contudo, segundo a doutrina, a fixagio de obrigagdes subsididrias (secundarias), diversas das obrigagdes primérias contidas na lei, devendo tais obrigagdes (secundirias) serem adequadas as obrigagdes origindrias, impostas pela lei 2 Ao inovar, criando obrigagdes sem conexdo com as existentes na lei que visa detalhar, © decreto regulamentador estar afrontando um postulado fundamental do nosso sistema juridico, segundo o qual: “ninguém seré obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sendo em virtude de lei” (art. 5°, I, CF). Estara invadindo o espaco da lei 2. A propésito, transcreve-se, a seguir, excerto, sobre o tema, extraido da obra intitulada, Manual de Direito Administrativo, de JOSE DOS SANTOS CARVALHO FILHO, 13* edigio, editora Lumen Juris, pp. 38/39, verbis: [1 LEI E PODER REGULAMENTAR — © poder regulamentar & subjacente a lei e pressupde a existéncia desta. E com esse enfoque que a Constituigio autorizou © Chefe do Executive a expedir decretos e regulamentos: viabilizar a efetiva execugao das leis (art. 84, IV). Por esta razdo, ao poder regulamentar nao cabe contrariar a lei (contra legem), pena de softer invalidagio. Seu exercicio somente pode dar-se secundum legem, ou seja, em conformidade com 0 contetido da lei © nos limites que esta impuser. Decorre dai que nao podem os atos formalizadores itpssisapions.agu.govbridocumento/348 195964 ant 2svnii2019 hitpssapiens.agu.govoridocumento/348 195364 criar direitos ¢ obrigagdes, porque tal & vedado num dos postulados fundamentais que norteiam nosso sistema juridico: “ninguém serd obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sendo em virtude de lei” (art. 5°, I, cP), E legitima, porém, a fixagdo de obrigagées subsidiérias (ou derivadas) ~ diversa das obrigagdes primarias (ou origindvias) contidas na lei — nas quais também se encontra imposigio de certa conduta dirigida ao administrado, Constitui, no entanto, requisito de validade de tis obrigagSes sua necessiria adequagio as obrigagdes legais. Inobservado esse requisit, jo invalidas as normas que as preveem e, em consequéncia, as proprias obrigagdes. Se, por exemplo, a lei concede algum beneficio mediante a comprovagdo de determinado fato juridico, pode o ato regulamentar indicar quais documentos o interessado estaré obrigado a apresentar. Esta obrigagdi probatéria ¢ derivada e legitima por estar amparada na lei. O que é vedado ¢ laramente legal & a exigéncia de obrigagdes derivada impertinentes ou desnecessiria em relagdo a obrigagdo legal; neste caso, haveria vulneragdo dircta ao prin reserva legal, previsto, como vimos, no art, 5°, l, da CF. jo da proporcionalidade © ofensa dircta ao principio da Por via de consequéncia, no podem considerar-se legitimos os atos de ‘mera regulamentagio, seja qual for o nivel da autoridade onde se tenha originado, que, a pretexto de estabelecerem normas de complementagio da lei, criam direitos © impdem obrigagdes aos individuos. Haveré, nessa hipétese, indevida interferéncia de agentes administrativos no ambito da fungdo legislativa, com flagrante ofensa ao principio da separagdo de Poderes do de que s6 por lei se regula liberdade e propriedade; 56 por lei se impéem obrigacdes de insculpido no art. 2° da CF. por isso, de inegivel acerto a afirm: fazer ou ndo fazer, ¢ 86 para cumprir dispositivos legais ¢ que 0 Executivo (pode expedir decretos ¢ regulamentos. [J (negritos ¢ itélicos do original) 24, Acrescente-se, ainda, adverténcia sobre a necessidade — em caso de se pretender alguma alteracdo regulamentar no modelo até entdo existente -, de um estudo técnico, considerando que tal regulamentagdo valera para todo 0 territério nacional, pois, em que pese a alegagao do atual desenvolvimento ¢ moderizacao tecnoligica, & importante assegurar-se de que tal modemnizagio ¢ desenvolvimento tecnolégico tenha realmente alcangado todos os rincdes do extenso territério brasileiro, evitando-se assim frustrar a finalidade do dispositive de que se trata. 25, E de notar-se que de tal estudo poderd derivar modelo que, sem tornar obsoleto o dispositive legal, atenda os anseios dos meios de hospedagem e a0 mesmo tempo 0 objetivo do legislador ao criar tal(is) dispositivo(s) — no que concerne ao envio das informagées necessirias ao MTur -, com um minimo de seguranca sobre essa captagdo, atendendo a todos os meios de hospedagem, considerando a extenso do (erritério nacional ¢ sem a necessidade de provocar 0 legislativo para atualizago da(s) referida(s) norma(s). m1 26. Ante 0 exposto, considerando a(s) questio(Ses) apresentada(s) ¢ as sugestdes formuladas por essa Consultoria, concluimos, sinteticamente, esta manifestagio, conforme a seguir: itpssisapions.agu.govbridocumento/348 195964 ont 2svnii2019 hitpssapiens.agu.govoridocumento/348 195364 Questo: sobre se ha possibilidade de nao exigéncia de impressio assinatura da Ficha Nacional de Registro de Héspedes por parte dos meios de hospedagem durante o check-in do hotel, por conter inadequagdes praticas € atrasar 0 procedimento)? R: Em principio, entende-se que, diante da adstrigdo da Administragdo Pablica ao principio da legatidade, ndo hi como se falar em mera “dispensa da exigéncia de impressdo da Ficha Nacional e Registro de Héspedes”, uma ‘vez que ha previsio expressa de tal documento no pardgrafo iinico do art. 26 da Lei n° 11,771/2008 (Lei Geral do Turismo); porém, de outro lado, na liltima parte do parigrafo tinico do dito art. 26 da Lei Geral de Turismo, estabeleceu-se que essas informagdes serio utilizadas ‘na forma em que dispuser 0 regulamento’, estando, dessa forma, ao aleance da administragio promover alteragdes naquilo que Ihe cabia/cabe regulamentar. E, ainda, pode- se considerar @ possibilidade de, através de um estudo técnico, derivar modelo que, sem tomar obsoleto o dispositivo legal, atenda os anseios dos meios de hospedagem e ao mesmo tempo o(8) objetivo(s) do legislador a0 ctiar tal(is) dispositivo(s) — no que concemne ao envio das informagdes necessérias ao MTur -, com um minimo de seguranga sobre essa captagio, atendendo a todos os meios de hospedagem, considerando a extensio do tertitorio nacional ¢ sem a necessidade de provocar o legislativo para atualizagdo da(s) referida(s) norma(s), itens 17 a 25, acima. 21 A propésito, caso a rea técnica consulente discorde das orientages e/ou posicionamentos adotados por esta CONJUR, devera justificar nos autos do processo, apresentando as razies da discordancia, sem a necessidade de retomo, consoante entendimento do Tribunal de Contas da Unio, conforme se infere do Acérdo n° 4.127/2008 - TCU - 1* Camara, transcrito abaixo: “Assunto: CONSULTORIA JURIDICA, DOU de 18.11.2008, 8, 1, p. 73. ‘Ementa: determinagdo & SFA/RS para que apresente as razBes para o caso de discordincia, nos termos do inc. VII, art. 50 da Lei n? 9.784/1999, de orientagdo do érgio de assessoramento juridico a unidade (alinea “e”, item 1.5, TC-022.942/2007-3, Acérdio n? 4.127/2008 - TCU - 1" Camara).” G.N, 28, Por derradeiro, sugere-se a restituigio dos presentes autos ao Gabinete do Secretirio Nacional de Desenvolvimento ¢ Competitividade do Turismo/MTur, para ciéneia e adogio das devidas providéncias, A consideragao superior. Br lia, 25 de novembro de 2019. (Assinado eletronicamente) HILDA DO CARMO BALEEIRO Advogada da Unido itpssisapions.agu.govbridocumento/348 195964 sont 2511172019 -ntps:ifsapiens.agu govridocumento/348195364 Atengdo, a consulta ao processo eletrénico esta disponivel em http://sapiens.agu.gov.br mediante o fornecimento do Numero Unico de Protocolo (NUP) 72031012291201941 e da chave de acesso c21ee323, Documento assinado eletronicamente por HILDA DO CARMO BALEEIRO, de acordo com os normativos legais aplicdveis. A conferéncia da autenticidade do documento estd disponivel com 0 codigo 348195364 no enderego eletrdnico http:/sapiens.agu.gov.br. Informagdes adivionais: Signatério (a): HILDA DO CARMO BALEEIRO. Data ¢ Hora: 25-11-2019 12:47. Numero de Série: 17390784, Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBvS. itpssisapions.agu.govbridocumento/348 195964 wt

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