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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHAO CCSST — UFMA — Campus Imperatriz-MA APOSTILA CONTABILIDADE RURAL Curso Ciéncias Contabeis Prof Hélio R. Araujo 9° Periodo 2011/1 CONTABILIDADE RURAL 1 1.€0) “EITO DE PRODUTOR RURAL Produtor rural ¢ a pessoa fisiea - pessoa uatural - ou pessoa juridica - unio de individuos através de trato reconhecido por lei, com personalidade juridica distinta de seus membros - que explora a terra visando a produgio vegetal, criagio de animais ~ produgao animal - também a industrializagio desses produtos primatios - produgao agroindustrial. Valemo-nos a seguir de conceitos de alguns autores da area Conforme Marion (17): "Empresas rurais: so aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo através do cultive da terra, da criagao de animais e da transformagio de determinados produtos agricolas” Outta definigio concisa, mas precisa, é citada por-. Géxens Duch (07): "Empresas agricolas so as dedicadas a cultivagao da terra, exploragao de animais ¢ indistrias derivadas dos produtos obtidos de ambas" ‘As pessoas fisicas individualmente poderio também constituir uma pessoa juridica distinta, No entanto, no Brasil, prevalece a exploragao na forma de pessoa fisica, por ter tratamento fiscal mais simplificado na legislagao do Imposto de Renda As pessoas fisicas enquadradas como pequenos e médios produtores rurais nao precisam para fins de Imposto de Renda, fazerem escrituragao regular em livros contabeis, podendo apenas utilizarem uma escrituragio simplificada através do livro caixa Somente as pessoas fisicas consideradas como grandes produtores rurais serio equiparados a pessoa juridica para fins fiscais e ficam obrigadas a escrituracao integral fiscal e contabil. Toda a concepsao desse trabalho foi direcionada Aqueles pequenos ¢ médios produtores que ‘mantém, uma escrituragao simplificada do livro caixa e pretendem melhorar seus controles de custos e receitas por atividade e controles patrimoniais, e também aqueles que ainda nao possuem um controle elementar, e que por valor patrimonial ou volume econémico das operagdes justificaria fazé-lo. 2. CLASSIFICACAO DAS ATIVIDADES RURAIS As atividades rurais podem ser divididas invés de grandes grupos: 1) Produgao vegetal - atividade agricola; II) Produgaio animal - atividade zootéenica, THD) Indiistrias rurais - atividade agroindustrial, 1) A atividade agricola, divide-se em dois sub-grupos: a) Culturas horticolas e forrageiras: = cereais (feij%0, soja, amoz, milo, trigo...) - hortaligas (verduras, tomate, pimentiio); = tubérculos (batata, cenowra, mandioca ); = bulbos (cebola, allo, ...) - plantas oleaginosas (mamona, amendoim, girassol, menta...); = fibras (algodao, linho...); + especiarias (cravo, pimenta...) - floricultura, forragem e plantas industriais. b) Arboricultura: = florestamento (encalipto, pinho...) ~ pomares (maga, laranja, manga...) - vinhedos, olivais, seringais. etc If) Atividade Zootéenica (criagao de animais) - apicultura (eriagao de abelhas); ~ avicultura (eriagao de aves); - sericultura (criagao do bicho-da-seda); ~ eunicultura (eriagao de coelhos); + ranicultura (criagao de ras); - piseicultura (criagao de peixes); - pecuiiria (eriagao de gado); = outros pequenos animais Ill) Atividade Agroindustrial ~ beneficiamento de produtos agricolas (arroz, café, milho, conservas... + transformagio de produtos agricolas (cana-de-agticar em alcool ¢ agnardente, oleicultua, vinicultura, moagem de trigo e milo), = transformagao de produtos zootéenicos (mel, laticinios, casulos de seda, adubos organicos) 3. A CONTABILIDADE RURAL A contabilidade quando € estudada de forma genérica, para uso em qualquer empresa, & dita contabilidade geral ou financeira. Quando concebida, dirigida e adequada a um segmento especifico de determinada producao ou atividade, é denominada em consonancia com essa atividade. Assim, temos: > Contabilidade Agricola - aplicada as empresas agricolas; > Contabilidade Zootécnica - aplicada as empresas que exploram a zootécnica: > Contabilidade da Pecuiria - aplicadas as empresas pecusrias: > Contabilidade Rural - aplicadas 4s empresas Rurais. > Contabilidade Agropecudtia é a contabilidade geral aplicada as empresas agropecuarias; > Contabilidade Agroindustrial ¢ a contabilidade geral aplicada as empresas agroindustriais. Nos ocuparemos da Contabilidade Rural por ser especifica e ao mesmo tempo abrangente. possibilitando uma visto global maior da contabilidade de unidades de produgao de um segmento primério e primordial de economia brasileira Outros aspectos também foram considerados >na grande maioria dos produtos rurais ha uma diversificagio e conjugagao de atividades agricolas e zootéenicas, no Brasil, concentra-se um dos maiores rebanhos bovinos do mundo, constituindo-se em atividade de grande expresso economica. Desta forma, desenvolveu-se uma Contabilidade Rural com Plano de Contas adequado a produtores rurais que tém produgao agricola e produgao pecuaria. ‘A seguir ser4 discorrido sobre algumas particularidades da Contabilidade Rural que merecem tratamento destacado, Nao se abordara questdes dbvias ¢ comuns a qualquer contabilidade como é o caso de uma conta caixa, baneos, despesas com energia elétrica, ete. Seri comentado questdes que suscitam ditvidas no momento de contabilizé-las. Quando necessirio, fez-se comentirios a atividade rural em si, para a partir dai, entrar-se nas questdes propriamente ditas. Embora no conjunto, fazem parte da Contabilidade Rural, se interagem e se complementam, fez-se uma divisio diditica na exposigao dos temas em dois grupos: - Tépicos sobre a Contabilidade Agricola; - Tépicos sobre a Contabilidade da Pecudia 4. TOPICOS SOBRE A CONTABILIDADE AGRICOLA, 4.1 Detenminagao do exercicio social Um dos questionamentos fiequentes que faz 0 contabilista ao iniciar uma contabilidade rural é quanto ao término do exercicio social. Ao contrario do que ocorre com a maioria das empresas a0 fazerem 0 exercicio social coineidir com 0 ano civil, esta pritica nao é adequada para as empresas rurais, As empresas comerciais, industriais ou de servigos, de maneira geral, tém sua receita e despesa constantes durante os meses do ano, nao havendo dificuldade quanto a fixagi0 do encerramento do exercicio social para a apuragio de resultado. Qualquer més escolhido refletira o resultado distribuido de mianeira quase uniforme no decorrer dos titimos 12 meses. Como dezembro é 0 titimo més do ano civil e geralmente ocorre interrupgio ou redugio das atividades por férias coletivas, propicia condigdes adequadas para o inventario de mercadorias e cousequente apuragiio de resultado ‘No entanto na atividade rural a concentragao da receita normalmente oconre, durante ou logo apés a colheita. Devido a sua produgao sazonal, concentrada em determinado periodo, muitas vezes em alguns dias do ano, nada mais justo que apés sen témino, proceder em seguida a apurago do resultado, tao importante para a tomada de decisio, sobretudo a respeito do que fazer no novo ano agricola (ano agricola ¢ 6 periodo compreendido pela plantagao, colheita ¢ normalmente a comercializagao da safra agricola). Por outro lado, fazer-se a apuragao dos resultados antes da colheita, com a cultura em formagao, seria quase impossivel determinar com probidade o valor econmico desta cultura Como exemplo, unia cultura de milho com 1 m de altura, ha dois meses da colheita ou um pomar de magas na floragao. Também na atividade pecuaria 0 periodo adequado para encerramento do exercicio social nao é 0 ano eivil. O ideal é realizé-1o logo aps o nascimento dos bezerros, que de maneira geral, se concentra em determinado periodo do ano. Outro critério valido é fix-lo com base no més em que se concentra a venda das rezes para o frigorifico. ‘Nas propriedades rurais em que hé atividades diversificadas, agricolas e pecuérias, adequado seri adotar como término do exercicio social o més seguinte ao da ocorréncia da colheita ou receita pecuaria de maior representatividade econdmica para a propriedade 4.2 Culturas temporarias Com relagao a contabilidade agricola devemos considerar basicamente o tipo de cultura existente: cultura temporaria ou cultura permanente Culturas temporérias so aquelas sujeitas ao replantio apés a colheita. So arrancadas do solo para que seja feito novo plantio, como é o caso do arroz, feija0, milho e outros cereais. Estas plantagdes sao contabilizadas no Ativo Circulante, na conta "Cultura em Formagao" e sub- conta com o nome especitfico da cultura Todos os custos como sementes, fertilizantes, mudas, inseticidas, depreciagiio de tratores, mio-de- cobra, mudas, demarcagées, servigos profissionais e demais gastos com a cultura serio registrados nesta rubrica Vale observar que se tratando de uma tiniea cultura - 0 que é raro de ocomter - todos os custos se tomam diretos a cultura, sendo apropriados diretamente, Entretanto, existindo varias culturas, ha a necessidade do rateio dos custos indiretas, proporcionais a cada cultura. Outro conceito que ¢ conveniente deixar claro neste instante, é quanto a diferenciagio entre custo e despesa na agricultura, Por custo na agricultura, devemos considerar todo gasto identificavel direta ou indiretamente com a cultura como sementes, adubos, depreciagao de maquinas e equipamentos utilizados na cultura, fertilizantes e outros. Aqueles gastos nao identificaveis com a cultura, ou seja, que nao contribuiram para a producao rural em si, ¢ por isso nao acumnlados no estoque, deverao ser apropriados como despesa do periodo. Sto as despesas comerciais, administrativas e financeiras. Ressalta-se porém que ocorrendo quaisquer dessas despesas, como exemplo juros sobre empréstimo bancario para custeio exclusivo da plantagto de cebola, estes encargos deverao ser contabilizados no Ativo Circulante, em "Cultura Temporaria - Cebola Desta forma, todos os custos com a cultura temporaria, desde a preparacao do solo para o plantio. at8 a finalizagao da colheita, sero registrados no Ativo Circulante, sub-grupos "Estoques" Com a conelustio da colheita, o saldo da conta "Cultura Temporaria” transfere-se para uma nova conta do Ativo, do grupo Estoque, com o titulo de "Produtos Agricolas” (milho, feijao, cebola ... ) Todos os custos apés a colheita para acabamento do produto, para deixa-lo em condigdes de ser comereializado e custos de manutengao de estocagem, serio somados a conta "Produtos Agricolas". Podera ocorrer que os produtos agricolas estando prontos para a venda' totalmente acabados, resolva © produtor rural armazent-los temporariamente visando aleangar uma melhora nos pregos. Nesta hipdtese estes gastos devem ser considerados como despesa operacional e nao como eusto do produto, Por ceasitio da venda, transfere-se proporcioualmente da conta "Produtos Agricolas" para uma conta de resultados, "Custo do Produto Vendido" (maga, feijao, cebola ... ) e a partir desse momento é possivel apurar mediante o confronto das Receitas de Vendas ¢ © Custo do Produto Vendido, o Lucro Bnuto. 4.3 Culturas permanentes Culturas permanentes on perenes, sio aquelas que duram mais de um ano e proporcionam mais de uma colheita. E 0 caso da cana-de-agivcar, citricultura (laranjeira, limeira... cafeicultura, frutas arbéreas (maga, pera, va, goiaba ... ) e outros. Neste tipo de plantacao os custos para a formacao da cultura serao considerado Ativo Nao Cireulante - Imobilizado. Todos os eustos com adubagao, formicidas, mao-de-obra, seguro da cultura, sementes, mudas, produtos quimicos, depreciagio de equipamentos utilizados na cultura, etc, sao acumulados na conta "Cultura Permanente em Formag&o" (maga, uva, araucaria, etc.). Quando a cultura estiver formada, fato que pode levar até alguns anos, como € 0 caso de certas qualidades de macieiras, 04 anos para a I’ florada e produgao, transfere-se o valor acumulado na conta "Cultura Permanente em Formagio" para a conta "Cultura Permanente Formada", identificando-se com unia sob conta a cultura especifica. Por fazer parte do imobilizado desde a formagao, a cultura deverd ser corrigida monetariamente e. também a partir da primeira produgo devera ser reconhecido o efeito da depreciagao da cultura. Quanto a colheita ou produgao da cultura permanente, assemelha-se seu tratamento contibil a "Produtos em Proceso” como temos na industria Todos os gastos corri a colheita serdo registrados tio Ativo Circulate, sub-item "Estoques" "Colheita em Andamento" Compreende como gastos com a colheita, tudo o que for aplicado na cultura apés a sua formagao, visando uma boa colheita, Assim, engloba-se nese conceito, mao-de-obra de capina, aplicago de produtos quimicos, formicidas, seguro de safia, depreciagio da cultura formada e outros gastos necessarios até a iltima etapa da colheita, Conclusa a colheita, transfere-se 0 total acumulado em "Colheita em Andamento” para a conta "Produtos Agricolas". Se houver ainda, mais algum custo como beneficiamento, acondicionamento ou ‘outro processo do género aplicado aos produtos, também 'insere-se nesta conta, Par ocasiao das vendas, se dara baixa em "Produtos Agricolas", transferindo-se proporcionalmente para "Custo de Produtos Vendidos" (Uva, maga, laranja, Dois outros aspectos econdmicos devem ser reconhecides na escrituragio contébil da cultura permanente: o aumento da vida iit e as perdas extraordinatias. Gastos ua cultura como reposigio de Arvores velhas ou doentes, ¢ outros tratos culturais que beneficiartio mais de uma colheita, devem ser adicionados ao valor da cultura para serem depreciados até término da sua vida titi Por outro lado também as perdas e estragos decorrentes de eventos da natureza como granizo, geadas, secas e inundagdes e outras perdas involuntarias, que prejudicam a capacidade produtiva da cultura, parcial ou totalmente em casos extremos, deverao ser reconhecidos, baixando-se no Ativo Permanente e classificando-se como despesa nao operacional no Resultado do Exercicio. 4.4 A Depreciacao na atividade rural A depreciagao na atividade rural & a apropriagaio ao resultado, da perda de eficiéncia ou da capacidade de producao de bens tangiveis. componentes do Ativo Permanente que servem produgaio de varios ciclos de produgao e ndo se destinam a venda. E o caso das culturas permanentes, maquinas e equipamentos, tratores, gados reprodutores, animais de trabalho e outros bens que sto de propriedade da empresa. Para se estipular o percentual mensal ou anual desta perda, leva-se em cousideragiio 0 tempo de vida Util do bem. Agronomos e veterinirios, técnicos agricolas outros profissionais da Area, so os mais indicados para estimarem a vida itil de culturas permanentes ¢ animais, considerando fatores como solo, clima, ragas, qualidade da cultura, etc. Maquinas, tratores e outros implementos agricolas, © proprio fabricante podera informar a vida produtiva provavel. A legislagio fiscal, em especial a do imposto sobre a renda, nao fixa taxas de depreciagtio para bens rurais, deixando livre ao conttibuinte a determinagio destes prazos, exigindo, no entanto, que fimdamente como estipulou os prazos. ‘A tabela a seguir, demonstra a estimativa de vida Util de alguns itens principais do Ativo Nao Circulante de empresas rurais, Tabela 1 - Estimativa de Duracaio de Construgao e Melhoramentos ESTIMATIVA DE DURAGAO DE CONSTRUGOES E MELHORAMENTOS ‘Taxe de CONSTRUCOES E MELHORAMENTOS Duragdo em Anos Depreciagao CONSTRUCOES arede de tjolos, cobertura de telha 3s 4% Parede de madeira, cobertura de telha 15 667% Piso de tjolos, cimentado 2s 4% ‘MELHORAMENTOS Instalagoes eltrias, telefOnieas com postes de 30 3.83% madeira Instalagoes elérias,telefOnicas com postes de 50 2.0% conereto ou ferro Cereas de paurarpigue 10 10% Cereas de arame 10 10% Rede de agua 10 10% Cereas elétricas 10 10% VIDA PRODUTIVA MEDIA DE ALGUNS ANIMAIS ‘Animais de eriagao Bovinos reprodutores os 125% Matrizes 10 10% Suinos o4 25% Animais de Trabalho Burro de tragdo 2 8.33% Cavalo de sola 08 12.5% Boi de carro os 20% DURAGAO MEDIA DE MAQUINAS E EQUIPAMENTOS Tratores (Imp, Renda = 4 anos) De soda 10 10% De esteira 10 10% Microtrator 07 14.28% Tabela 1 (continuagio) ‘Taxa de VEICULOS Duragio em Anos Depresiagao Caminhao os 20% Carroga 10 10% Carro de bois 10 10% Carreta de trator 15 6.67% IMPLEMENTOS Aneinho 2 8.338% Asdo de disco e aiveca 1s Carreta com pnens 1s Semeadeira de linhas 1s Plaina 1s Cotheitadeita 10 Grade de dentes e rolos 20 Colheitadeira de forragem 10 10% Ceifadeira 2 833% Plantadeira 10 10% Debulhadeira 10 10% Motores elétricos 15 667% Serraria 20 5% Pulverizador 10 10% Polvilhadeisa 10 10% Ordenhadeira 10 10% Carrinho de terreiro os 12,5% Rogadeira 10 10% Encerado 06 16.67% Secador de cereais 10 10% Saco de cotheita 03 33,338 “Adubadeira os Jaci 02 Riscador 06 Rodo oz Amreio 06 16.67% 4.5 Depreciagio de Implementos Agricolas A depreciagiio é usada para estimar a perda de valor de todo bem com vida util superior a um ciclo produtivo, Somente tém depreciagio os bens que possuem vida titil limitada; portanto, a terra nao tem depreciagao. Mas, como calcular esse valor? O método mais simples de calcular a depreciagtio de um bem consiste na sua desvalorizagao, durante a sua vida itil, de forma constante. E 0 chamado método linear. A seguinte formula pode ser aplicada: Em que Vi é o valor inicial do bem:; ou seja, 0 valor pelo qual ele foi adquiride, ou até mesmo o seu valor atual. Depreciagio = Vi - VE ve é valor final ou valor de sucata do bem; ou seja, ao témino da vida itil, qual o seu valor? Tratando-se de uma maquina (trator, por exemplo), qual seria o valor pago pelo ferro velho? Esse valor, pago pelo fetro velho, seria o valor de sucata. n = é o mimero de periodos de vida util estimada do bem. Caso tenha se considerado 0 valor atual, deverio ser considerado como vida titil os anos restantes (vida total menos anos ja utilizados), ‘Vejamos um exemplo: Comp calcular a depreciagio de um determinado implemento? ‘Vamos considerar que o produtor adquiriu esse implemento, que tem uma vida itil estimada em 5 anos, por RS2.000,00. Depois de 5 anos, esse implemento sera vendido, como sucata, por R$100,00. A depreciacao ser, entdo, calculada assim: Depreciagio = Vi - VE Depreciagao = RS 2000,00—RS 100,00 5 Anos Depreciagao = RS 380,00 por ano ou RS 31,80 por més. Ou seja, a depreciacdo anual do implemento comprado por R$2.000,00, cuja vida itil é de 5 anos. sera de RS 380,00. Esse valor devera ser considerado no custo de produgao Apesar desse método ser simples ¢ claro, fica evidente que ele nto consegue resolver a problematica da depreciacao em implements agricolas. isso porque, as maquinas agricolas diferentemente, das empresas “normais” (Contabilidade Geral), nao trabalham todo o ano, eles trabalham, apenas em periodos pré determinados. Por esse motivo, 0 método mais correto para depreciagio de implementos agricolas é o método por horas de trabalho. Pegasse 0 valor do equipamento e dividesse pelo tempo de horas em que esse equipamento trabalha (constante no manual do fabricante), com isso, 6 possivel realizar uma depreciagao mais eficaz. Da seguinte forma. Depreciagio = Valor do Equipamento ‘amero de horas estimado de trabalho Vamos considerar que o produtor adquiriu um trator por RS 58,000,00 eujo o tempo de trabalho dele ¢ de 8.000 horas. Depreci RS 58.000,00 8.000 horas Depreciagio = RS 7,25 por hora Com isso, foi possivel encontrar qual ser o valor a ser depreciado desse trator por hora de trabalho. 4.5 A Exaustio na atividade rural "A exaustio corresponde perda do valor, decorrente da ex numerais on florestais, ou bens aplicados nessa exploragao.” Enquanto as propriedades fisicas se deterioram fisica ou economicamente, os recursos naturais se esgotam. O esgotamento é a extingaio dos recursos naturais ¢ a exaustao é a exting’o do custo ou do valor desses recursos naturais (florestas, minas, ete.) ‘Na proporgio em que so extraidos os recursos naturais, registra-se a exaustio deste recurso. Para calculo do valor exaurido. calcula-se primeiramente o percentual do volume extraidos durante periodo, em relagio a quantidade total existente no inicio do periodo base que compunha a reserva florestal ou mineral. Em seguida, aplica-se este percentual encontrado sobre o valor da reserva registrada no Ativo, sendo 0 resultado encontrado a cota de exaustao do periodo Exemplos de culturas que t&m seu custo de formagio, apropriados ao resultado pelo critério da exaustio, si0 as florestas artificiais de eucaliptos, de pinos, a cana-de-agticar, as pastagens artificiais, ete. No caso de um canavial, uma vez formado, dependendo da regio, podera proporcionar trés a quatro cortes. Admitindo-se que seja de 3 anos, a cota de exaustio anual, sera obtida aplicando-se o percentual de 33,33% sobre o valor da cultura formada. Uma vez que a legislagio no fixa expressamente taxas de exaustio, ha os que defendem para certas culturas taxas de exaustio decrescentes, como & o caso do PLANALSUCAR, que estabelecet os seguintes percentuais/ano: 1° corte - 35,4% 2° corte - 25,1 % 3° corte - 21,4%:; 4° corte - 18,1% © procedimento adequado é procurar registrar na contabilidade a verdadeira cota de exaustio do periodo, valendo-se de avaliagdes de técnicos da area, de forma que a coutabilidade efetivamente tanto no Ativo Permanente como nas Demonstragdes de Resultado, reflita de forma mais correta possivel o verdadeiro patriménio ¢ desempenho do empreendimento loragao de direitos cujo objeto sejam 4.6 A amortizacio na atividade rural A ocorréneia da amortizagio se da nos casos de aquisigao de direitos sobre bens de terceiros. Corresponde 4 perda do valor do capital aplicado em Ativos Intangiveis de duragao limitada. Como exemplo, a aquisigao de direitos de extragao de madeira em florestas de propriedade de terceiros ou de exploragao de pomar alheio, por prazo detenminado, a prego tinico e prefixado. Outros gastos que contribuirao para a formagao do resultado de mais de um exercicio social. registrados no Ativo Diferido, também deverdo ser amortizados. E 0 caso de gastos com melhoras no solo que propiciam incremento na capacidade produtiva, tais como: desmatamento, destacamento, corretivos, ete, A cota de amortizagdo do periode é obtida, dividindo-se © valor do direito ou do gasto em mellioramento, pelo ntinero de periodos de durago deste direito ou melhoramento. Conforme a legislagio do Imposto de Renda, nos ¢asos de itens do Ativo Diferido, este prazo nao poder ser inferior a cinco anos. Ja a lei das Sociedades por Agdes estabelece o limite miximo de dez anos para estas amortizagdes. 4.7 Inventirio periédico ¢ Inventario permanente Uma das grandes dificuldades verificada nas empresas em geral, para conhecer os resultados de determinado periodo, é a determinagao do custo das mercadorias ou dos produtos vendidos, ‘No caso de uma empresa comercial é necessario conhecer 0 estoque inicial, as compras do periodo eo estoque final. As compras e o estoque inicial sao faceis de determinar. O problema reside no estoque final. Ha duas formas de se conhecer o estoque: pelo inventario periédico levantado no final de cada exercicio on pelo controle permanente do estoque - inventario permanente. © inventério permanente & atualizado permanentemente a cada operagao e reflete a qualquer momento, e sobretudo na apuragao de resultados do exercicio social, o valor de cada componente do estoque (cultura em formagao, colheita em andamento, etc.) Antes de darmos sequéncia, e j4 que estamos tratando de estoques, ¢ interessante uma analogia, devido as semelhangas da Contabilidade Rural com a Industrial, pois ambas tém uma produgio em andamento, Na industria temos a "Matéria-Prima’ inseticidas, etc.). "Produtos em Elaboragio", na indiistria, equivalem a "Cultura Temporiria em Formagao" ou a "Colheita em Andamento" da cultura permanente estoque - inventario permanente, Na industria, "Produtos Acabados”, assemelha-se a "Produtos Agricolas" na empresa rural Sem qualquer davida, na agricultura ou pecuiria, o melhor método de inventirio é o permanente. (") A qualquer momento possibilita, e sobretudo por ocasitio da apuragao dos resultados do exercicio social, a determinagao correta - pelo custo histérico - dos bens componentes do estoque (em especial de itens de dificil avaliaga0 como "Cultura em Formagao" ou 0 custo da "Colheita em Andamento" Desta forma, por ocasitio da ocoréucia dos gastos, e tanto quanto possivel, é aconselhavel que se vé apropriando adequadamente a contas especificas patrimoniais ou de resultado. © Regulamento do Imposto de Renda, para as empresas rurais, disciplina que poderaio ser avaliados a pregos corentes de mercado os estoques de produtos agricolas, manas e extrativos, conforme as praticas usuais em cada tipo de atividade. Porém, mesmo a pregos de mercado, as culturas em formagao seriam dificeis de avalid-las. E também, a avaliagio a pregos de mercado importaria numa superavaliagéo do estoque final, reduzindo custo e aumentando o lucro, ocasionando unia antecipagiio posto de renda, Hi a possibilidade de ocorrer 0 inverso, e na agricultura os "insumos" (sementes, adubos, 5. TOPICOS SOBRE A CONTABILIDADE PECUARIA Por constituir-se a pecuaria bovina no Brasil, como jé citado, mma atividade de grande relevancia econémica e também por estar presente em grande parte das propriedades rurais, apresentamos. a seguir, caracteristicas da atividade pecuaria e alguns entendimentos contabeis. Em se tratando de contabilidade pecuaria no Brasil, ha dois métodos de avaliagao do estoque vivo (plantel): - valores de custo, @ - valores de mercado. Apresenta-se a metodologia desses dois métodos, seus efeitos fiscais e gerenciais. Faz-se necessirio, preliminarmente, alguns comentarios sobre a atividade pecuaria bovina, 10 5.2 Classificagaio do Gado Existem trés etapas distintas, na pecudria bovina de corte, pelas quais passa o animal que se destina ao abate: a) Cria - a atividade basica ¢ a produgio de bezerros, que s6 serio vendidos apés o desmame. b) Recria - a atividade basica é, a partir do bezerro adquitido, a produgio e a venda do novilho magro para a engorda ¢) Engorda - a atividade basica 6, a partir do novilho magro adquitido, a produgao e a venda do novilho gordo. Pela combinaglo dessas trés etapas, hi a possibilidade de encontramos seis alternativas de produgio: * ora, * recria, * cria-recria: * cria-recria-engorda. * recria-engorda. * engorda. Adotou-se para anilise o tipo de atividade cria-recria-engorda (Sistema Integrado). Assim, tratar- se-8 bezerro desde o set nascimento, até a venda para o abate, quando adulto e gordo. ‘Vin primeiro aspecto a ser apreciado é quanto a classificagao do gado no Balango Patrimonial. © gado bovino que sera comercializado pelo produtor rural, em forma de bezerro, novilho magro e gordo, deverd ser classitieado como estoque vivo. © gado destinado a procriagaio (Touros e Matrizes) ou ao trabalho, que nao seré vendido, sera classificado no Ativo Permanente. 5.3 Classificagao Fiscal A legislagao fiscal normatiza a seguinte classificagao: Ativo Circulante Estoques Vivos: compreende aves, gado bovino, suinos, ovinos, caprinos, coelhos, peixes ¢ pequenos animais destinados & revenda, ow a serem consumidos. Ativo Nao circulante Imobilizado + Gado Reprodutor - representado por touros puros de origem, touros puros de eruza, vacas puras de origem, vacas puras de cruza e gado destinado @ inseminagio artificial, + Gado de Renda - representado por bovinos, suinos, ovinos ¢ eqilinos utilizados para a produgio de bens que constituem objeto de suas atividades. (caso tipico € o gado leiteiro); + Animais de Trabalho - compreendem eqiiinos, bovinos, munres, asininos destinados a0 trabalho agricola, sela e transporte. 5.4 Classi icacHio do Gado Para Corte e Para Produgio No caso da pecnaria bovina de corte, por ocasio do nascimento dos bezerros deve-se classificé- los no Ativo Circulante, como se todos se destinassem 4 venda. Apés uni certo periodo de experimentago faz-se uma reclassificagao, transferindo-se para o Permanente aqueles considerados aptos para a reprodugao e que sero efetivamente utilizados. Tal avaliagao considera fertilidade, ardor sexual, carcaca, peso, etc., e varia com o politica de produgio do produtor rural. Alguns transferem para o Permanente as fémeas e alguns machos Na transferéncia do Circulante para o Permanente, se o plantei estiver avaliado a prego de custo, & necessario corrigi-lo, monetariamente desde o nascimento, até a data da transferéncia. uw 5 Curto e Longo Prazo na Pecusria Ainda no aspecto de classificagio contébil, pode surgir neste momento a divida do porqué coutabilizar como Circulante, uo sub grupo Estoques Vivos, ou Estoque em Formagao, produtos com ciclo operacional elevado, normalmente corri periodo superior a trés anos, que conforme a Lei das Sociedades nas Agdes seriam classificados como Realizivel a Longo Prazo. Ocorre que 0 mesino dispositive legal, estabelece que nos casos em que o ciclo operacional tiver duragio maior que o exercicio social (um ano) a classificagao no Circulante ou Realizavel a Longo Prazo tera por base o prazo desse cielo. Desta forma, o curto prazo para a pecuiria sera Igual ao seu ciclo operacional (em média trés a quatro anos). Assim, os estoques constario no Ativo Circulante e nao no Realizavel a Longo Prazo. A mesina regra é valida para as exigibilidades do Passivo. 5.6 Variacio Patrimonial Liquida Segundo Iudicibus: Variagio Patrimonial significa a mudanca dos valores do patriménio da ‘empresa pela alteragao de uni ou mais itens patrimoniais. Essa variagio origina-se com a ocorrera de urna mudanga no valor de item patrimonial, decorrente de uma variagao econémica do valor do bem. porém nao financeira. Ou seja, ha uma diferenca entre 0 valor que ele esti escriturado e o valor praticado no mercado. Hi dois fatores preponderantes para essa variagao. Primeiro, o gado através de seu crescimento natural, ganha peso e envergadura com o passar do tempo, ficando 0 Ativo a constante aumento de valor econdmico real. Segundo, na pecuiria pelo ciclo operacional extenso, a rotatividade do estoque & lenta, acarretando os efeitos da inflacao com a perda do poder aquisitivo da expressao monetaria que esta registrado, Desta forma, é essencial que se reconhega essa modificagao. A variagaio patrimonial poder ser positiva, nos casos em que ha ganho econdmico, como por exemplo, o nascimento de um bezerro, Ou negativa, com a morte de um novilho por doenga, O resultado entre as variagdes patrimoniais positivas e negativas dart a variagao patrimonial liquida, que sera destacada nas contas de resultado do exercicio, 5.7 Superveniéncias Ativas ¢ Insubsisténcias Ativas Sto formas de variagio patrimonial, sendo as Superveniéneias Ativas, os acréscimos ganhos em relagdo ao Ativo da empresa, Esses acréscimos ocomem com o nascimento de animais e gauhos que ocorrem com o crescimento natural do gado. Sao as j4 mencionadas, variagdes patrimoniais positivas. ‘As Insubsisténcias Ativas, significam redugdes do Ativo da empresa, decorrentes de perdas, fatos fortuitos, anomuais e imprevistos. E 0 caso de mortes, desaparecimento de animais do rebanho. Sao -variagdes patrimoniais negativas. 5.8 Método de Custo e 0 Método do Valor de Mercado Para a apuracao dos resultados anuais por ocasiao do Balango Patrimonial, conforme a legislacao fiscal, 0 rebanho bovino podera ser inventariado pelo prego real de custo (método de custo) ou pelo preco corrente de mercado (método do valor de mercado). O meétodo de custo & semelhante ao de uma empresa industrial. Todos os custos com a formagao do rebanho sao acumuladas ao plantel e destacado no "Estoque". Quando ocorrer a venda do plantel, transfere-se da conta "Estoque" para "Custo do Gado Vendido". Assim, apurago do Iucro sera no momento da venda Considerando porém que o ciclo operacional da pecuatia bovina de corte é extenso, o valor dos estoques mesmo que recebam custos periodicamente, tendem a se desatualizar em fungao da perda do 12 poder aquisitivo da moeda - a inflag0, Além disso, com o passar do tempo o "Estoque em Formagio" vai ganhando peso e envergadura, produzindo ganhos econdmicos superiores aos eustos. Desta forma, por ocasiio da venda seria apurado um lucro elevado naquele exercicio, nao refletindo ser um resultado acumulado de varios exercicios. Além do que, pela desatualizagto do valor contabil do rebanho com o tempo, seria dificil a partir destes dados estipular o melhor momento para a venda, fundamental para a maior lucratividade. Devido as deficiéncias do método do custo histérico como base de valor, ¢ admissivel © método de avaliagao a valores de mercado. Como geralmente 0s pregos de mercado stio superiores ao prego de custo, se reconhece um ganho econémico periodicamente (uma vez por ano), em virtude do crescimento natural do rebanho. Por esse ctitério o gado fica destacado na conta "Estoque" pelo seu valor de mereado e no resultado € reconhecido um ganho econémico do periodo, apurado pela diferenga encontrada entre o valor de mercado atual ¢ 0 valor pelo custo histérico, No exercicio seguinte o rebanho registrado no Estoque pelo valor de mercado, ser movimente avaliado com o novo prego de mercado. O acréscimo no prego de mercado de um ano para o outro sera adicionado ao Estoque e creditado como Variagao Patrimonial Liquida (Superveniéncias Ativas). Da Variagao Patrimonial Liquida sera subtraido o custo do rebanho no periodo para se apurar 0 novo Inero econémico. Esse método é mais adequado, pois reconhece a cada exercicio o ganho econémico. Entretanto, a0 reconhecer ao valor real do rebanho, cria um ganho econmico tributavel antecipadamente sem a realizagao efetiva da receita, que s6 ocorreria por ocasiao da venda. Para sanar tais problemas Marion sugere duas alternativas: A primeira seria adotar 0 custo histérico como base de valor, sem ferir os prineipios legais fiscais vigentes no Pais, e fazer um Controle Auxiliar de Custos Extracontibil com corregaio monetéria dos Estoques, com fins exclusivamente gerenciais. Auxiliar de Custos Extracontabil com comeg4o monetiria dos Estoques, com fins exclusivamente gerenciais. Outra alternativa, seria uma uniformizagao na avaliagao das empresas pecuarias e agricolas, pelos seguintes critérios: a) avaliar os estoques (rebanhos) no Ativo Cireulante a valores correntes de mereado, inclusive 0 bezerro por ocasifio do seu nascimento, b) avaliar o Ativo Permanente considerando 0 Custo Historico Corrigido com a possibilidade de Reavaliagio; ©) demais itens do Ativo Circulante e do Realizivel a Longo Prazo, como sto valores de menor significancia em relag%0 ao Ativo, aplicar a avaliagaio do Custo Historico como base de valor ‘Também sugere Marion que a legislago fiscal deveria ser aprimorada e que esses ganhos com a avaliagao a pregos de mercado na pecuaria - hipotese ainda hoje nfo prevista - deveriam atualizar os Estoques e em contrapartida ficarem registrados como "Reserva de Lucros ¢ Realizar", no Patrimonio Liquido. Por ocasitio a venda efetiva - Principio da Realizagfio da Receita essa reserva seria transferida como Iucto realizado em termos financeiros e naquele momento sofieria a tributagao. 13 MODELO DE LIVRO DIARIO Data Conta Contébil | Histéricos Débite crédito 14 Data Conta Contabil Histéricos Débito 15 MODELO DO LIVRO RAZAO Conta: Cod. Contdbil: Data Histéricos Débito Crédito saldo pic Conta: Cod. Contabil Data Histéricos Débito saldo pvc Conta: Cod. Contabil: Data Histéricos Débito Crédito Saldo pyc 16 MODELO DE BALANCETE CONTA S.ANTERIOR DEBITO CREDITO SALDO 7 18

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