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Teoria & PRATICA DO TRATAMENTO DE MINERIOS - VOLUME 1 12 - NAKAE, T. Bantcade de ensaio para o estude do escoamento da mistura dgua-sdlidos ene condutos forcados. Dissertagao de mestrado. Sio Paulo, EPUSP, 1990. 13 - COIADO, E.M. Escommento de misturas sélide-liquido através de condutos forgdos; aplicacto As instalagdes de recalgue. Tese de doutoramento. 5.Paulo, EPUSP, 1985, 2v 14 - NAKAE, T. Influéncia de sedimentos finos na reducito de arraste em escoamento de areia em conduto forcado. Tese de doutoramento. Sao Paulo, EPUSP, 1994. 15 - NAKAE, T; SOUZA, P.A. Anomalous flow behavior of bauxite tnilings. In: Bulk Solids Handling, vol 14 n®4 (Out-Dez 1994) p.801-803, 16 - GRAE, W.H,; Hidraulics of sediment transport. New York, Mc Graw-Hill, 1971, 513p. 17 - THOMPSON, T.L,; AUDE, TC. Slurry pipelines design and operation pitfalls to avoid. Joint petrofewm mechanical engineering and pressure vessels and piping conference. Méxi- co, Petroleum Division/ ASME, 1976. 18 - MOORE, G.; BELBUSTI F,, M. Bombas centrifugas de polpa Paulo, Warman Hero Equipamentos Ltda., jun 1978 19 - WILSON ,G. Selecting slurry pumps: how to specify the best. World Mining p. Fev 80 p. 43-5 20 - NAKAE, T,; BRIGHETTI, G. Hydrotransport of dredged materi- al. Hydrotransport 13, BHR Group, Brugge, Belgium, Sept 1993, p. 267-75 162 Classificacao Introducao Em termos conceiluais, classificagao ¢ a separacao de uma populagao original (denominada “alimentacao”) em duas ou- tras populacées, que diferem entre si pela distribuigao relativa dos tamanhos das particulas que as constituem: - uma populagao, grossa, que € composta predominante- mente pelas particulas correspondlentes as cimensdes superiores presentes na alimentacao; : - outra, fina, que contém predominantemente as particulas de menores dimensées presentes na alimentagao. Em termos de proceso, o classificador é um aparelho que recebe uma alimentag&o, composta de particulas de diferentes tamanhos, e a separa em duas fracées ou produtos: 0 “underflow”, que contém maior proporgo das particulas mais grosseiras, e 0 “overflow”, onde se concentram as particulas de menores dimensées. O termo deslamagem se refere & eliminacao de lamas, inde- sejéveis para a operacao unitéria subsequente (por exemplo, flotagio ou separacio em meio denso) e ¢ um tanto vago em termos granulométricos. Geralmente significa a eliminacao de uma grande quantidade de material fino, sem uma conotacao de separacao granulométrica precisa ou eficiente. Ciclonagen é a operacao de classificagao executada em equi- pamentos denominados ciclones. No campo do tratamento de minérios, esta operacdo é sempre feita a umido, ou seja, a ali mentagao é uma polpa - suspensio de particulas sélidas em agua. Existe um equipamento de formato semelhante, que é usado na recuperacao de poeiras e finos, em operacdes a Seco. A denominacao hidrociclone € utilizada com alguma frequéncia. Considerando que a classificagao em ciclones é sempre via timida, e que 0 proceso a seco nao 6 um processo de classificacao no senso estrito do termo, mas de abatimento de poeiras, preferimos utilizar 0 termo ciclone para o aparelho de Classificagao a timido e o termo ciclone pneuntdtico para o equipamento de desempoeiramento. _ "Toda operacao de classificacao é feita pela agao de um meio fluido em movimento dentro de um aparelho adequacamente construfdo, de tal modo que a fracio grosseira afunde e seja retirada 164 Cassiricacho por baixo do aparelho (dai a razio do nome “underflow”) e que a fragio fina seja arrastada pela corrente fluida e descarregada por cima do aparelho (razao do nome “overflow”. A distingao conceitual entre fracito grossa e frneio fina é, pois, relativa: em cada uma das fracées ou produtos esto presentes particulas de todos os tamantos presentes na alimentacao. A frequéncia relativa desses tamankos é que é diferente: no produto grosseiro predominam particulas de tamanhos maiores ¢ no produto fino, predominam os tamanhos menores. fo é, portanto, o tamanho das partfculas individtuais que & dife- rente ent cada produto, mas a distribuicao relation das particulas com esses tamnanhos que distingue o overflow do underflow. Falando em termos probabilisticos, poderiamos afirmar que no produto gros- seiro a probabilidade de encontrar tamanhos maiores é elevada que correspondentemente, a probabilidade de encontrar os tama- nhos menores é pequena. As operagoes de classificacdo e de peneiramento sao dife- rentes em sua esséncia, Portanto, qualquer tentativa de confundi- las ow identifica-las envolve erro conceitual grave. Especialmente a tao difundida expressio “classificacao por peneiramento”, em termos de ‘Tratamento de Minérios é uma besteira completa. No peneiramento as particulas s0 separadas mediante um gabarito através do qual as particulas passam ou nao. As particulas menores do que ele tem todas as possibilidades de atravessd-lo, 0 gue nao acontece com as particulas maiores. Assim, a populacso fina definica pelo peneiramento ¢ limitada superiormente, o que nao é verdade para a classificacaio. Também, como jé foi discutido anteriormente, no peneiramento a separacdo € feita em fungao da segunda maior dimensto da particula e na classificagao esta & feita em fungio do didmetro hidréulica da particula Equipamentos Existem intimeros equipamentos para classificacio e que se encontram descritos nos livros-texto e manuais: elutriadores, “spitzkasten”, classificadores de tambor, classificadores de rastelos (“rake classifiers”), classificadores centrifugos, hidroclassificadore caixas de areia etc., sem falar nos classificadores pneumitico: Entretanto, s6 encontram uso industrial intensivo em ‘Tratamento de Minérios os classificadores espiral (Akins), os ciclones ¢ os cones. Em alguns ramos especificos, como na indtistria do caulim, as centrifugas comegam a assumir importincia. Os fornecedores 108 ‘TeoRIA E PRATICA DO TRATAMENTO DE MINERIOS - VOLUME 1 de areia para uso em concreto (construcdo civil) comecam a em- pregar classificactores de alta precisao e elevada eficiéncia de clas- sificagéo (49, 50). Ciclones Equipamento O ciclone é um equipamento de desenvolvimento relativa- mente recente. Ele foi inventaclo no Dutch State Mines Department (na Holanda), 0 mesmo instituto onde foi desenvolvida a peneira DSM. Hoje é 0 equipamento padrao para classificacao fina, entre 100 #e 2 um. O ciclone apresenta varias vantagens em relagao aos equi- pamentos que fazem o mesmo servico: * capacidade elevada em termos de volume ou 4rea ocupada, * facilidade de controle operacional, * operacao relativamente estavel e entrada em regime em curto periodo de tempo, * manutengao facil e facilitada por um projeto bem feito, + investimento baixo, o que torna vidvel colocar unidades de reserva e com isto, aumentar a disponibilidade da instalacao. Apresenta, por sua vez, algumas desvantagens: * custa operacional maior que o dos classificadores espiral (devido a energia gasta no bombeamento), * eficiéncia de classificacao menor que a dos classificadores espiral ou de rastelos, * incapacidade de armazenar grande volume de polpa e, com isto, ter efeito regulador. O ciclone nao tem partes méveis. Ele é constituido de um vaso com parte em formato cilindrico e parte em formato cénico, dotado de uma abertura de entrada e duas aberturas de saida. A entrada da alimentacio é tangencial & porgdo superior da parte cilindrica do ciclone." Uma das aberturas de saida situa-se na ex- tremidade inferior da porgao cénica e 6 chamada de “apex”; por af descarrega 0 produto grosseiro da classificacao. A outra abertura de safda é 0 “vortex finder”, que descazrega 0 produto fino; & um cano intraduzido na posicao central da base superior da porgio cilindrica e descarregando para cima. As figuras 1 e 2 mostram a configuracao deste equipamento. E importante observar que o diametro do vortex finder € maior que o do apex. 166 Ciassiricacao, Vertex fader Entrada Envada Pare lini Pate ae) ‘Vortex fader Apex —} Figura 1 - Ciclone Figura 2- Ciclone (apud Krebs Bulletin 21-113) O parametro geométrico mais caracteristico do ciclone 6 0 diametro interno da porgio cilindrica e o tamanho do ciclone é referido a este didmetro, geralmente expresso em polegadas. Em alguns dos modelos a entrada tem seccao circular, como a da tubulagdo e em outros ela tem secgao retangulat, exigindo por- tanto uma pega de transicao. Em certos modelos, a entrada tangencia diretamente a porcio cilindrica do ciclone, ao passo que em outros 167 ‘Teonta £ PRATICA DO TRATAMENTO DE Minéstos~ VOLUME Cuassinicagho modelos ela tem um projeto especial, com uma involuta que estabe- lece a concordancia dos dois trechos. O ciclone Cavex, desenvolvido na Australia pela Warman, tem uma involuta de projeto mais avangado, capaz de proporcionar resultados ainda melhores. ‘O vortex finder ¢ 0 pedaco de tubo que penetra na porgio cilindrica. Ele serve para dirigir 0 escoamento do produto fino ¢ deve ter comprimento suficiente para prevenir a passagem direta de particulas da alimentacao para o overflow (sem que tenham sofrido classificagao). Cada tamanho de ciclone tem diferentes ‘opedes de diametro do vortex finder. Aumentando este diametro, _. g§ 8 82 aumenta a capacidade do ciclone e o diametro de corte € alterado. oo — A geometria do ciclone varia de fabricante para fabricante e 3 ‘um mesmo fabricante pode oferecer ciclones de mesmo diametro 8 Aad com diferentes comprimentos da porgao cilindrica e com diferentes 3 88 comprimentos da porcao cénica (ou, 0 que é a mesma coisa, com 3 diferentes angulos da porcdo cénica). ‘A construgao usual éem chapa de aco, revestida interna- mente de borracha (modelos de menor diametro) ou de material ceramico (diémetros maiores). Um fabricante produz ciclones de poliuretano e para pequenos didmetros so comuns os ciclones de porcelana. Existem revestimentos especiais de carbeto de silicio ou de ligas metélicas resistentes 4 abrasao. ‘Os ciclones sao fabricacios em médulos, que so combinacios, de modo que as mesmas pecas sirvam para os diferentes modelos. Ou seja, um modelo maior que o anterior tem apenas uma peca cOnica adicional, que efetua a transicao do tamanho menor para este. E claro que a porcao cilindrica tem o seu proprio diametro, mas ela pode ter o seu comprimento aumentado, colocanda mais um médulo cilindrico. Todos estes médulos sao flangeados ou, al- ternativamente, ligados por acoplamentos répidos. Ver figura 3. Cada fabricante é enfatico em proclamar as vantagens da geo- metria ou do material de construcao de seu produto sobre os produ- tos de seus concorrentes e grande parte da literatura técnica se ocupa apenas disso. Por exemplo, a entrada de seccao retangular (em vez de circular) teria a vantagem de orientar as linhas de corrente do escoa- mento de polpa de modo a causar uma menor perturbacdo do escoa- mento dentro do ciclone. Da mesma forma, a concordancia da entra- da, em vez de uma entrada diretamente tangencial, introduziria também menor perturbagao do escoamento. Por outro lado, a cons- trugio em poliuretano estrutural e resistente & abrasio resulta num equipamento extremamente leve, com vantagens evidentes na facil dade de manutengao e na economia nas estruturas de suporte. iinao Modelo 2000 6 Figura 3- Construgao modulada de ciclones (apud catalogo da Humphreys E 168 169 ‘TeonA E PRATICA DO TRATAMENTO DE MINERIOS~ VOLUME Nosso ponto de vista pessoal é de que nao existe uma mar- ca melhor do que a outra entre os fabricantes tradicionais, visto que o continuo aperfeicoamento tem levado a equipamentos muito bons, Entretanto, cada modelo fornecido apresenta caracteristi- cas proprias e que devem ser analisadas cuidadosamente para a aplicacao especifica que se tem em vista. Instalacées Yoda instalacao de ciclonagem consta de uma bomba de polpa que alimenta 0 ciclone ou ciclones e da linha de tubulacao ligando esses elementos. Como bombas de polpa trabalham afo- gadas, a caixa da bomba sempre faz. parte da instalacio. Jé que hd a necessidade de se proceder ao bombeamento, a pratica usual ¢ instalar o ciclone na posicao mais elevada dentro da usina, de modo que, a partir dele, a alimentacao dos demais equipamentos possa ser feita por gravidade. Desta forma, os ci clones sao montados sobre estruturas especialmente construidas para recebé-los. Estas estruturas usualmente sio metélicas (em ago) e © piso é em chapa expandida. A chapa expandida permite que, num transtorno qualquer, a lama que se derrame sobre 0 piso escorra para algum pavimento inferior, nao se acumulando no chao e assim evitando escorregdes ou acidentes mais graves. Por outro lado, ela fornece um piso de excelente aderéncia dos sapatos e ¢ leve, contribuindo para baratear a construcao. Pisos de conereto ou de chapa continua sao totalmente condenados. Como ja foi mencionado e ainda seré discutido mais adiante, 0 diametro da porcao cilindrica do ciclone ¢ 0 parametro geomé trico de efeito pratico mais importante: ele comanda o diametro de classificagao. Ele também ¢ 0 responsivel pela vazio que 0 equipamento suporta (o dimetro do vortex finder também afeta essa propriedade, mas em menor proporcao e os diametros de vortex finder sao sempre decorrentes do diametro da porgio ci lindrica do ciclone). Em consequéncia, a necessidade de efetuar 0 corte granulométrico pré-fixado impée a escolha de um determinado diametro, na maior parte das operacées industriais, insuficiente para a vazao desejada. E necessario entao usar varios ciclones em paralelo. A figura 4 mostra um arranjo tipico de construcio para distribuir a alimentacao proveniente de wma bomba tinica para varios ciclones. 170 CLassiricacao, Figura 4 O arranjo mais conveniente é 0 que permite uma distribuicao radial e simétrica. O dispositivo de distribuicdo é 0 “manifold”, cha- mado em portugués de distribuidor ou, em jargao mineiro, de “ara- nha, Ele consiste de uma camara pressurizada, alimentada pela tubulacao de recalque. Desta camara, radialmente dispostos, saem ‘05 tubos que alimentam os ciclones. Os fluxos de overflow e de underflow sao recolhidos em duas calhas independentes e dirigi- dos para 0 local de destino de cada um, por meio de tubulagées, por gravidade. Na parte superior da aranha existe um registro que permite retirar o ar porventura aprisionado dentro do distribuidor. qn ‘TEORIA & PRATICA DO TRATAMENTO DE Minéios - VOLUME T A aranha 6 construida prevendo o local para ciclones de reser va e procurando usar um ntimero par de ciclones, de modo a permitir sempre a distribuicao radial e simétrica do fluxo de alimentagéo. Ou seja, se é necessirio desligar a alimentacao de um determinado ciclo- ne, por exemplo, devido a necessicade de manutengao, 0 ciclone ra- dialmente simétrico a ele também deve ser desligado, e ligados os dois ciclones de reserva, também radialmente opostos entre si. Desta forma fica sempre preservada a simetria do conjunto em operacio. ‘As varidveis operacionais mais importantes para a ciclonagem ‘so a pressio da alimentacio e a porcentagem de s6lidos na alimenta- do. A instrumentacdo necessdria e essencial se resume, pois, 4 medida destes dois parmetros. Os mandmetros de uso local sio do tipo com. diafragma e sao instalados na entrada do ciclone, suficientemente lon- ge da valvula para que o estrangulamento do fluxo nao afete a medida de vazao. A porcentagem de s6lidos s6 pode ser monitorada continua- mente por dispositivos do tipo de dispersao de raios gama. Minerais com propriedades magnéticas adlequadas podem permitir a medida continua da vazio mediante medidores de indutancia magnética. Em fungéo da extrema importincia da operacao da bomba de polpa, todos os cuidados sao tomados com ela. Assim é usual dotar a caixa de bomiba de sensores de nivel minimo, para impedir a entrada de ar nas tubulacdes e 0 consequente entupimento. Uma vez. instalado o sensor de nivel minimo, 0 que 6 se justifica quan- do existe algum sistema de controle automatico de operacao, nao custa muito mais adicionar um sensor de nivel maximo, para pre- venir transbordos. Via de regra, 0 rotor da bomba estd sujeito a severo desgaste. Em consequéncia, diminui a pressio de recalque e é preciso compensé-la aumentando a velocidade de rotacao. Por isto, sempre que a classificagio em ciclones se constitui numa etapa critica do proceso de beneficiamento, instalam-se variadores de velocidade acoplados ao motor da bomba, ‘O ciclone pode ser utilizado como equipamento de desagua- mento. Isto é feito variando a abertura do apex: conforme ela di- minui (dentro de limites adequados), aumenta a porcentagem de sélidos no underflow. Quando existe interesse em manter controle estreito sobre este parametro, os ciclones podem ser equipados com dispositivo para regulagem continua do diametro do apex. Em ou- tos casos, usa-se um sistema de inserir pecas com o diametro de- sejado na parte inferior do ciclone, fixando-as mediante dispositivos mecanicos, como por exemplo, bracadeiras, e substituindo estas pecas, conforme o desgaste alargue 0 orificio. — ‘CLASSIFICACAQ, Os dispositivos de regulagem a ar comprimido e por pressio no mangote de descarga do apex so. mostracios no capitulo sobre desaguamento mecanico. Funcionamento do ciclone Do ponto de vista mecinico, o ciclone é um equipamento capaz, de transformar a energia potencial do fluxo da alimentagao (pressao) em energia cinética (movimento). Para compreender perfeitamente o funcionamento do ciclone, vamos considerar primeiranieinte como ele finiciona com agua apenas. A gua, entrando no ciclone, adquire um movimento circular, ou mais precisamente um escoamento rotacional, dentro da porcao cilin- drica do ciclone. Se entrou, a agua tem que sair e 36 pode fazé-lo pelas duas aberturas existentes: 0 apex e o vortex finder. Como este tiltimo tem secgéo maior, é por ele que sai a maior porgao da gua alimentada ao ciclone. E importante salientar que o caréter rotacional do escoamento continua nos dois fluxos que se dirigem ao vortex e ao apex. Assim, dentro do ciclone, toda a massa de agua esté girando num mesmo sentido, mas uma parte dela tem uma componente vertical de velo- cidade no sentido descendente e se dirige para o apex (vortice des- cendente) enquanto a outra tem um sentido ascendente e se dirige para 0 vortex finder (vértice ascencente). Devido ao projeto do ci- clone, o vértice ascendente fica no centro do ciclone e © vortice des- cendente na periferia. Devido ao tamanho da seccao dos orificios, a vazao do vortice ascendente € maior que a do descendente. 173 ‘TBORIA E PRATICA DO TRATAMENTO DE MINERIOS - VOLUME 1 Este escoamento tem algumas outras caracteristicas que tam- bém sao importantes (ver figura 5) 1 - a velocidade angular (w) depende da pressao da alimentacao (p). Quanto maior for esta, maior ser aquela; 2a velocidade linear (v) depende da velocidade angular (w) para um determinado ciclone (diémetro) - para esse ciclone, aumen- tando a pressao de alimentacao, aumentarao tanto a velocidade li- near como a angular. Em ciclones de grande diametro 6 possfvel obter elevadas velocidades lineares com pequenas velocidades an- gulares (ou pequenas presses). Ciclones de pequeno didmetro, por Sua vez, exigem pressoes elevadas para que se obtenham velocida- des lineares adequadas a ciclonagem; ~ para uma mesma pressao, ciclones de didmetros crescen- tes apresentarao velocidades lineares crescentes. 4-0 movimento circular da massa fluida (movimento rotacional) acarreta aparecimento de wma pressao negativa. Esta pressao negativa provoca succao de ar da atmosfera para dentro do Ciclone, através do apex. Esse ar mistura-se ao vértice ascendente e sai para o overflow. Ele contribui para diminuir a densidade do li- quido neste fluxo Vamos agora considerar a presenga das partéculas sélidas dentro do cielone. O movimento circular acarreta o aparecimento de uma forca centrifuga, que impele as particulas em diregao as paredes do ciclo- ne. Estas particulas ficam entao sujeitas & aca de duas velocidades {além da velocidade do escoamento) - a centrifuga, que tende a arrasté-las em direcao as paredes do ciclone - e a outra de direcao vertical, imposta pelo movimento da agua dentro do ciclone: no sentido descendente nas regides prdximas a periferia, onde a massa de polpa esté sendo descarregada pelo underflow, e no sentido as- cendente nas regides centrais, onde a polpa esta sendo descarregada pelo overflow. ‘As particulas mais grossas tém massa maior e por isto afun- dam mais depressa no campo centrifugo, ocupando 0 volume do ci- clone préximo as paredes. As particulas finas também tendem a ser projetadas em diregao as paredes, mas quando chegam lé encontram esse espaco jd ocupado pelas particulas grosseiras. Em consequéncia, podemos dizer que as particulas maiores deslocam as particulas mais, finas, no campo centrifugo, ocupando as posicSes mais distantes do centro do ciclone. Em outras palavras, as particulas mais grossas “afun- dam" no campo centrifugo, ocupam a sua periferia e empurram as particulas mais finas para o centro do ciclone. 174 Ciassiricacao, Ao chegar junto as paredes, elas entram em contacto com elas, sofrem a acao do atrito e perdem velocidade. Sao arrastadas para baixo, pelo vortice descendente ¢ também pela ago da gravi- dade, e descarregam com o underflow. As particulas mais finas, por sua vez, sio empurradas para 0 interior do ciclone, até encontrar o fluxo ascenclente em direcao ao vortex finder. Chegando af, elas so arrastadas e dlescarregam com o overflow. A existéncia de dois fluxos verticais, um cescendente e outro ascendente, implica em que exista um lugar geométrico onde a ve- locidade vertical é nula (somente a vertical - no plano horizontal elas continuam girando no sentido do fluxo rotacional). Este lugar geométrico é uma superficie cilindrico-cénica e é chamada “man- fo. As particulas externas a este manto descarregam via underflow. As particulas internas, via overflow. As particulas que esto neste lugar geométrico sao submeticias de maneira equilibrada 4 acto da forca centrifuga e ao “empuxo” das particulas mais pesadas que as empurram na direcao do vortex finder. Elas tém, portanto, chances iguais de se dirigirem seja para o underflow ou para o overflow. Isto estabelecido, é facil de entender que 10 cicione atuatn dois mecanismos diferentes sobre a separagto das particulas sélidas. Um deles 60 de sedimentaciio no cantpo centrffugo, através do qual as particulas mais pesadas deslocam-se em diregéo As paredes e depois para 0 apex, enquanto empurram as particulas mais leves para o fluxo ascendente que sai pelo vortex finder. Outro 6 o de arraste das par- ticulas mais leves pelo fluxo ascendente. Estes dois mecanismos sio afetados pela presenca das particulas no manto: a existéncia destas particulas, nessa posigao, interfere com 0 movimento em direcio 20 overflow ou a0 underflow, podendo melhorar ou prejudicar a seletividade da separacio, conforme o caso. A Krebs, tradicional fabricante de ciclones, recomenda o uso de porgdes cilindricas lon- gas para favorecer as separagdes de didmetro de corte menor & Curtas para separagdes mais grossas. ‘As particulas menores podem sair em qualquer um dos fluxos, de- pendendo da quantidade de outras particulas presentes, da quanti- dade de particulas no manto, da viscosidade da polpa etc. Ja as parti- culas maiores s80 pesaclas demais para serem atrastadas pelo fluxo ascendente e 66 portent sair pelo apex. Isto €, sua massa é de magnitude tal que, em qualquer posicdo em que se encontrem, serfo lancadas contra a parede do cicione e escorreraio em diregao ao apex. A figura 5 mostrou os vértices ascendente e descendente den- tro do ciclone eo manto. A figura 6 mostra a distribuicao das velo- cidades verticais, radiais e horizontais. 175 f 4 ! ‘Tronta PRATICA DO TRATAMENTO DEMINERIOS~ VOLUME 1 ae ae cn = Volocidades vertcais _—_Volocidades Radials Figura 6 - (apud 1) Renner e Cohen demonstraram que a classificago nao ocor- re em todo 0 volume interno do ciclone, mas que existem quatro regides, como mostrado na figura 7(1, p234): * a primeira, adjacente as paredes da porgao cilindrica, est cheia de material nao classificado, a segunda, ocupando a maior porgao do cone, contém ma- terial grosseiro completamente classificado que aguarda a ocasiao de ser descarregado pelo apex, © a regiao C contém material completamente classificado, que aguarda a ocasido de ser descarregado pelo vortex finder, #0 tordide D é a tinica regiao onde efetivamente ocorre a classificagao. Figura7 176 rere CLASSIFICACAO, Um fenémeno adicional que ocorre dentro do ciclone é a elutriagio do underflow pelo fluxo ascendente: ao descarregar pelo apex, iculas que se dirigém para o underflow tém que atravessar 0 io por onde o ar é aspirado para dentro do ciclone e a base do vortex ascendente. Hé entao a chance de particulas mais finas, que tenham sido aprisionadas por particulas mais grossas e arrastadas em direcao a0 underflow, se soltarem e se dirigirem ao overflow. Da mesma forma, particulas muito finas, que foram arrastadas pela gua, tém ai uma tiltima chance de retomar 0 caminho correto. Alguns equipamentos tiram partido deste fendmeno para produzi- rem um underflow mais limpo e isento ce particulas finas: eles tem um reservatério (“grit box”) debaixo do apex, onde as particulas ficam um certo tempo sendo elutriadas e onde as particulas mais finas que porventura tenham sido arrastadas podem se desprender e seguir o rumo do overflow. O aparelho de laboratério conhecido como “cyclosizer ou “‘cicloclassificador” faz uma separacao precisa exatamente por ser dotado destas caixas de limpeza do underflow. ‘As varidveis de operacao ou as propriedades do minério que esta sendo classificado que afetem cada um desses mecanismos, afetardo o resultado da classificacao no ciclone, conforme: # a presenca de grande quantidade de lamas afetara a visco- sidade da polpa. Em consequéncia, é mais dificil para as particulas sedimentarem no campo centrifugo, e o diametro de corte tender a aumentar. * a diminuicao da percentagem de sélidos na polpa tender a diminuir tanto a densidade como a viscosidacie da mesma, facilitan- do a sedimentacao das particulas e diminuindo o diametro de corte. * 0 aumento da pressio de alimentagéo aumentara 0 campo centrifugo, resultando portanto numa diminuicéo do diametro de corte. * 0 aumento do didmetro do vortex finder facilitard 0 escoa- mento por esse orificio. Em consequéncia, aumenta a facilidade de 0 overflow arrastar as particulas solidas, aumentando portanto o diametro de corte. * particulas de densidade mais elevada separarao em dime- tos menores que particulas de densidade inferior, em fungao do efeito maior do campo centrifugo sobre elas. * particulas muito finas tém massa to pequena que sio indiferentes & acao do campo centrifugo e o seu comportamento 6 governado pela particao da agua entre os dois produtos. Em outras palavras: elas sao arrastadas pela 4gua contida em cada um dos produtos e a sua particdo seré a mesma da Agua. 77 Teoria E PRATICA DO TRATAMENTO DE MINERIOs- VOLUME 1 ‘A influéncia do aumento do diémetro do apex € complexa: 0 raciocinio mais imediato seria o de que ele deveria funcionar no sentido ‘posto ao do aumento do diimetro do vortex finder, diminuindo 0 diametro de corte. Na realidade, nao é assim. Todo escoamento rotacional cria uma pressio negativa. Um clos efeitos desta pressao é aspirar ar externo para dentro do fluxo. E 0 que acontece nas células de flotago ou nos liquidificadores domésticos. No ciclone acontece 0 mesmo € o ar é aspirado através do apex. ‘A corrente ascendente que se dirige do apex para o vortex tem portanto bolhas de ar. Ela torna-se mais leve e mais volumosa e tem a sua vazdo aumentada. Como ela elutria os finos, aumentando-se o diametro do apex, aumenta a aspiragao de ar, aumenta a vazio da corrente ascendente, o que acarreta o aumento da elutriagio dos finos. Ou seja, mais particulas se dirigem para 0 overflow ¢ este tem o seu d, aumentado. Jéa diminuicao do didmetro do apex afeta a vazao de polpa capaz de sair por ai. Comoas particulas grossas sao pesadas demais para serem arrastadas para 0 overflow, elas s6 podem sair pelo apex. O que deixa de sair entdo é a agua, que passa a ser encaminhada para 0 overflow. Ou seja, a porcentagem de sélidos do underflow aumenta Como ja mencionado, as particulas muito finas formam uma suspenséo homogénea com a Agua e acompanham a sua particao, Diminuindo-se o diametro do apex, menos agua saité no underflow fe consequentemente, menor quantidade de particulas finas, que passarao a sair no overflow. Diminuir 0 didmetro do apex é portanto um recurso muito itil para atuar sobre a presenga de lamas no underflow. 1738 i Classificador Espiral Equipamento Os classificadores espiral so equipamentos extremamente simples e robustos, utilizados para separacées granulométricas na faixa de 20 a 325 #, Constituem-se de (figura 8): tanque, - eixo e espirais, - acionamento. O tanque recebe a polpa e efetua a classificagio conforme mecanismos que serao examinados adiante. O material mais fino transborda pelo vertedouro (overflow), a passo que 0 material grosseiro afunda, é arrastado calha acima pela espiral e descarre- ga como underflow. Esta tem, portanto, uma dupla fungao; a de agitar a polpa dentro do aparelho, mantendlo-a em suspensao, e a de retirar o material afundado, arrastando-o tanque acima. A inclinagao do classificador é uma varidvel de processo e alterada mudando-se a altura dos apoios do equipamento. A Area de transbordo do overflow do classificador espiral é uma das varidveis que governa a sua capacidade. Ela pode ser aumentada, variando-se a inclinacao das paredes laterais do tanque. Sao usuais as trés configuracdes indicadas na figura 9: “straigth”, “modified” e “full flare”. Quanto maior esta area de transbordo, maior a capacidade do equipamento, em termos de vazio de overflow. Variando-se a imerséo da espiral no banho, varia a agitagio induzida por ela no volume de polpa imediatamente junto & su- perficie do banho, exatamente no ponto onde ela descarrega pelo vertedouro do overflow. Se a espiral esta girando alguns centime- tros abaixo da superficie do banho, esta superficie fica mais calma do que se a espiral estivesse parcialmente emersa. Isto, obviamen te, afeta o didmetro de corte: com a espiral emersa, a agitacio & forte e qualquer particula que esteja por ali é langada no overflow. Com a espiral imersa, ha um espaco entre a regio agitada pela espiral e a superficie do equipamento. Neste espaco, a particula pode encontrar 0 seu verdadeiro caminho - se pesada, para 0 underflow, se leve, para 0 overflow. 179: TroRIA € PRATICA DO TRATAMENTO DE MinERios - VOLUME 1 Os fabricantes costumam fornecer equipamentos com dife- rentes imersdes - expressas pela porcentagem do raio da espiral que esta fora da agua. Além disso é possivel obier valores interme- didrios instalando taliscas que aumentem a altura do vertedouro, como mostra a figura 8. 9 400% de ‘Submergéncia da Espira 150% Figura 8 - Classificador espiral (apud catalogo Denver) Straight Mositied Full fare Figura 9 - Configuragées de tanque (idem) “pee CLASSIFICAGAO | i O tamanho do classificador ¢ expresso pelo diametro da esp ral, em polegadas. Os tamanhos usuais variam de 12 a 120". A espi- | ral é presa ao eixo através de bracadeiras dotadas de distanciadores. i Ela € revestida de placas de desgaste. E comum, em vez de usar-se apenas uma espiral (“single pitch”), dispor-se duas ou trés espirais, em toro do eixo (“double pitch” e "triple pitch”), 0 que dobra ou triplica a capacidade de arraste de underflow pela rosea. Veja a fi- ura 10. "Single pitch" “Double pitt Figura 10 -“single, double” ple pitch” (apud catalogo Denver) Oeixo se apéia, em sua parte inferior,em um mancal submerso, que se constitui na peca de maior responsabilidade deste equipa- mento. Ela trabalha em condicées extremamente desfavoraveis - imersa e em ambiente cheio de areia e tem que suportar todo 0 esforco mecinico do transporte do underflow calha acima. E um item ao gual deve-se dedicar muita atengfo na selecio de equipamentos deste tipo. Os fabricantes oferecem varias solugbes de vedacio, as quais, devem ser cuidadosamente comparadas pelo comprador. Figura 11 - Mancal submerso (apud catalogo Denver) 181 "Teoria € PRATICA DO TRATAMENTO DE MINERIOS - VOLUME 1 ‘Todos os classificadores dispdem de um mecanismo de ele- vagio do eixo, para prevenir que a espiral fique travada pelo mi- névio sedimentado, em caso de parada da operacao. Este dispositive pode constar to somente de um sem-fim acionado manualmente, como também pode ser hidréulico ou até mesmo motorizado. A. escolha entre um e outro depende do peso do cixo e roscas e do grau de automagao que se deseje dar a instalagao. (O acionamento do classificador é feito por coroa-e-pinhao. ‘A coroa é colocada no eixo do redutor e a transmissao do motor para o redutor € feita por correia em V. A pequena velocidade Ge rotacao das espirais permite o uso de motores de pequena poténcia: um classificador de 60", que gira 2,6 a 6,5 rpm, tem um motor de 7,5 HP. Instalagoes As instalagoes de classificadores espiral sio muito simples. Geralmente se situam no pavimento inferior da usina, ou no pri- meiro piso, por questo de conveniéncia do layout. Nao ha proble- ma em instald-los em pisos superiores pois s40 equipamentos rela- tivamente leves. O overflow € descarregado para dentro de uma calha, que 0 eva para o bombeamento subsequente. O underflow pode ser trans- portado em transportadores de correia, e geralmente € 0 que se faz, dirigindo-se-o para o transportador mediante um chute ou calh: O classificador nao é pesado e nem tem pecas pesadas, nao necessitando, portanto, de ponte rolante para a sua manutencao E muito importante a utilizacao do classificador espiral em circuito fechado com moinhos de bolas. O projeto do classificador ja 6 feito de tal maneira que o nivel de alimentacao do classificador se situe abaixo do nivel da descarga do moinho e o nivel de descar- ga do underflow acima da boca de alimentacéo do moinho. Nesta Utilizacdo tipica, o moinho tem que usar alimentador de bico de papagaio ("scoop feeder” E oportuno comentar que nao é indiferente usar ciclone ou dlassificador espiral para fechar o circuito de moagem. O classifi- cador espiral tem uma “eficiéncia” de classificacio maior que a do ciclone. Assim, se é necessdrio ter lamas dentro do moinho, para aumentar a densidade da polpa, aumentar o empuxo das bolas ou aumentar a viscosidade da polpa, o ciclone é uma opcao melhor que a do classificador espiral. CLASSIFICACAO, Funcionamento do Classificador Espiral Existem dois regimes pelos quais um classificador espiral pode ser operado: o regime de classificacao, que € 0 mais comum, @ o regime de corrente, utilizado principalmente pata classificagées mais finas que 325 #. Passamos a examinar os dois regimes. Regime de classificagiio __ Dentro de um classificador operando em regime de classifi- cagao podem ser distinguidas as zonas mostradas na figura 12; coe ‘Aimentasio p00 OF 00, Zona de transbordo horizontal (overton) Figura 12- Classificador espiral em regime de classificacao. (adaptada de 2) A = zona morta, formada pelo material grosseiro que se depo- sita no inicio da operacao e ali fica definitivamente. Esta camada isola a rosca da parede inferior do tanque e impede que haja des- gaste excessivo clessa parede. B = zona de material grosseiro sedimentade durante a classifi- cacao e que se desloca taqite acina, empurrado pela rosca. _ C= zona em que o material sélido que entra no classificador & imautido em suspensto, devido & agitagdo proporcionada pela hé- lice. A polpa ai mantida tem uma densidade de polpa elevada, uma viscosidade que depende da porcentagem de sélidos, da pre- senga de finos ¢ da presenca de argilo-minerais. Essa densidade ¢ essa viscosidade tém um efeito levitador sobre as particulas séli- das, no sentido em que essa polpa, sendo mais pesada que muitas delas, as faz flutuarem, e no sentido de que, em sendo viscosa, impede que particulas muito finas ou muito leves afundem. D = zona em que predomina a corrente horizontal no sentido da descarga pelo overflow. 183: “Teoria £ PRATICA DO TRATAMENTO DE MINénios- VOLUME T ‘A maior parte da agua que entra no classificador espiral per- corte a zona D e descattega por sobre o vertedouro. No percutso, as particulas solidas arrastadas por essa agua afundam e se apresen- tam a zona C. Em principio, todas as particulas alimentadas ao clas sificador penetram na zona C e ai permanecem por um periodo de tempo estatisticamente determinado. As particulas mais grossas ou mais pesadas acabam vencendo as forcas de viscosidade e 0 efeito levitador da polpa e afundam para a zona B, onde so apanhadas pelo movimento de arraste da espiral e conduzidas até 0 ponto de Hesearga do underflow. As particulas mais finas ou mais leves nao tém massa suficiente para atravessar essa zona C e acabam sendo devolvidas a zona D, onde sao arrastadas pela corrente horizontal e acabam descarregadas como overflow. Em consequéncia, quanto maior a porcentagem de sélidos na zona C, mais grosseiro 0 corte. Na prética, em vez. de se controlar a porcentagem de sdlidos na alimentacao, € mais fécil controlar a por- Centagem de sélicos no overflow. Isto porque, como foi visto no capi- tulo sobre desaguamento mecanico, a drenagem do underflow, calha acima, é muito eficiente e 0 underflow sai com uma porcentagem de solidos relativamente constante e regular. As porcentagens de sélidos no overflow e na alimentacao sao, portanto, correspondents. E é mais facil medir este pardmetro no overflow que na alimentacao. ‘A tabela 1, no capitulo Desaguamento Mecinico, mostra a corre- Jagao entre a diluicao de polpa e o diametro de corte (4,,) ¢ ainda forne” cea capacidade de transbordo (t/h de sélidos carregados pelo overflow) por unidade de area (Ft) da superficie da polpa dentro do lassificador. No mecanismo de classificagao, a regulagem da operacio é feita pelo controle da diluigao da polpa dentro do classificador: quanto maior a porcentagem de sélidos, mais grosseiro € o corte Interferem ainda a rotacao da espiral e a sua inclinagao: ~ conforme aumenta a rotacao da espiral, aumenta a agita gio do banho ¢ 0 corte granulométrico torna-se mais grosseiro. Isto, entretanto, € limitado pelo fato de que a abrasao na rosca também aumenta muito, pelo que os classificadores espiral tém faixas de rotagéo muito bem definidas. ~ conforme aumenta a inclinagao do aparelho, o corte tam- bém tende a se tornar mais grosseiro. O dimensionamento de classificadores em regime de classifi- cago é feito pela capacidade de transbordo de overflow. Define-se 0 equipamento conveniente e verifica-se se ele tem a capacidade de arraste necesséria. As tabelas 2 ¢ 3, do capitulo Desaguamento Me- ‘canico bem como a figura 5 foram adaptadas pelo Prof. Dr. J. Rena- CLassiricagto: to B. Lima a partir dos dados de catélogo de um dos fomecedores de classificadores (3). Diferentes fabricantes costumam fornecer capa: cidades diferentes para equipamentos de mesmo tamanho, fun¢ao, por exemplo, do passo das espirais. Veja-se a figura 6 (4). Estas tabe- las foram construfdas para classificadores operando em circuit fechado com moinhos e carga circulante de 400%, Para outras car- gas circulantes e para circuito aberto, as areas devem ser dividi pelo multiplicador apresentado na tabela 4(4). Regime de corrente No mecanismo de classificagio por corrente, a alimentacko é muito dilufda em relagao ao regime de classificacao. Assim, hé uma forte corrente horizontal no sentido do vertedouro e uma corrente vertical ascendente junto a ele, como mostra a figura 13. As particu- Jas entrando no classificador tenderao a afundar, e a extensao per- corrida no sentido vertical seré proporcional 4 sua massa ou ao seu tamanho. As particulas mais grossas e mais pesadas afundam rapi damente e atingem o fundo do classificador, de onde sé removidas pelo arraste da espiral. As particulas mais finas e mais leves nao conseguem afundar ¢ sao apanhadas pelas correntes préximas & superficie e descarregam com o overflow. Aimentagao Figura 13 - Classificacao em regime de corrente A condicao para uma particula ir para o overflow é nao che- gar a atingir a interface de separacio entre as zonas Ae B. A posi gio da interface entre elas é fungio da vazo de polpa alimentada Depende também da diluico da polpa, da sua viscosidade e da densidade das particulas sélicas. Em consequéncia, 0 resultado da classificacao por este mecanismo é o inverso do anterior: quanto menor a porcentagem de sélidos, mais grosso 0 corte. 185 me ‘Teoria & PRATICA DO TRatAMENTO DE MiNéxios- VOLUMET Outros classificadores Entre os outtos equipamentos de classificagso, merece con- sideragio € 0 cone classificador. Trats-se de um cone invertico, construsido em chapa, alimentado pelo centro ca base ¢ descar regando 0 underflow pelo épice e 0 overflow pelas bordas da base. Este equipamento foi descrito no capitulo sobre desagua- ‘nico. rae MClasificagdo ocorre pelo mesmo mecanismo de corrente deserito para os classificadoresexpial na porcao superias do equic pamento, pela agao das correntes radii horizontais. O volume Elepositado nao toma parte no process ¢ todo o problema de projet e aperacional € manter a descarga do underflow igual 8 deposicao de gross. Os diferentes projtes de cone sto merament soluges a este problema. cere aes g do cae ajuda 0 deslocamento do underflow. O cone Caldecott usava 60° para materiais grosseiros e 40° para ma- teriais finos (2). Discuss4o de Conceitos Distribuigdes granulométricas Nos processos de britagem, a distribuigao de tamanhos, para um dado material para uma dada histéria anterior da amostra em consideracao, pode ser considerada como func&o apenas do mecanismo de quebramento. Existem curvas bem estabelecidas para os produtos de britagem nos diversos estagios, com os materi: mais comuns, curvas estas que sio publicadas pelos fabricantes de equipamentos em seus manuais. AS tentativas para encontrar uma lei generalizada, capaz de expressar todas essas distribuigées datam de 1915, quando Gates descobritt a aplicabilidade de uma lei exponencial em um certo numero de casos. Esta lei foi posteriormente desenvolvida e gene- ralizada por Gaudin e por Schuhmann, até chegar & forma: y = (x/k)", onde: y = % passante na malha x, constante, n= constante, Rosin ¢ Ramnier identificaram a lei que leva o seu nome e que € aplicdvel a carvao em todas as faixas de tamanho e a produtos dle moagem de outros materiais, abaixo de 1 mm. Esta lei se expri- me segundo: y=1-e™ onde os simbolos tém o mesmo significado que na equagio anterior, A tentativa de utilizar a distribuigao normal (de Gauss) para representar distribuigdes granulométricas ndo apresentou bons re- sultados. A distribuicao log normal, ou seja, aquela em que no obstante os parimetros de medica nao obedecerem & lei normal, seus logaritmos a seguem, mostrou-se bastante adequada em gran- de niimero de casos. Na pratica, a verificagéo da forma de uma distribuicéo qual- quer pode ser feita mediante o uso de papéis especiais, em que a escala de ordenadas € a anamorfose de uma das fungdes acima descritas e a escala das abscissas é linear ow logaritmica, de acordo 187 ‘TeoRIA E PRATICA DO TRATAMENTO DE MINERIOS - VOLUME L ‘com a conveniéncia. Sa0 disponiveis _folhas de papel de Rosin- Rammler, de probabilidade, log-normal e linear. “A distribuigao de Gaudin-Schuhmann pode ser verificada com o uso de papel logaritmico. Ela é muito apreciada pelos enge” Gheiros quimicos, pois expressa muito bem a distribuicao ggranulométrica de pds obtidos por precipitacto quimica, Diametro de corte © Tratamento de Minérios nao trabalha com particulas indi- viduals, mes com populagdes de particulas. Cada uma delas tem as Suas caracteristicas proprias, de cor, densidade, tamanho, forma ‘etc, mas isso pouco importa, porque elas sao muitas, ¢ 0 que jinteres- Sa é 0 comportamento coletivo. Consideradas em conjunto, elas Gevem poder ser caracterizadas por parametzos capazes de fornecer nformgdes que permitam conhecer rapidamente a populagao. Nas bperacdes de separacao de famanhos sao usadas faixas de tamanho definidias por um limite superior e por um limite inferior. A maneira sein as meawsas contidas em cada tima destas faixas se distribuem € que define a distribuigio granulométrica de um dado materia, ‘Qualquer distribuigao de atributos, caracteristica de uma dada populacto, qe obedecn tin lei estatisticn, pode ser represented Por Foe aimerst uma medida de ualor de referéncia e uma medida de dispersio. Exemplificando com 0 caso conhecido de todos, da lei Normal (distribuicao de Gauss), a medida de valor de referéncia € 2 media (que neste caso particular coincide com a mediana e com & moda - outras medidas de valor de referéncia também muito usa das) ea medida de dispersao é a variancia (ou o desvio padrao) No caso das distribuigdes granulométricas, 0 parametro de maior interesse é algum valor central, conceituado como sendo tt tamanho que, de alguna forina, caracterize bem 0 processo em estudo. Sao usuais * 0 dy nos processos de britagem, moagem e peneiramento - trata-se do didmetro pelo qual passa 80% da populacao; + 6 dy, nos processos de classificacio em ciciones ou classifi- cadores - Hata-se do diametro pelo qual passa 95% da_populacao do produto mais fino, em ambos os casos, 0 overflow: 0 d,, nos célculos de bombeamento de polpa. Trata-se do didmetro pelo qual passa 50 % da populacéo- (© uso do d, para avaliar a classificacao é a tradicio no campo do Tratamento de Minérios, desce Taggart (2) . Tarr 6,6), autor do mais importante método de dimensionamento de ciclones, nao tem CLassiFICACAO, divides em utlizo,comentando apenas que o uso ce um dot de sn dy seria melhor, por estes valores serem menos afetaclos qe 0 Po feticulas grosseas sto ga massa de uma Unica particule grosset , na amostra do overflow pode afetar muito doy mas ete fet atenaa-se quando se considera 0 dou cane Oe do d,, atém-se & pratica da moagem em cireuilo ne que ¢ a operagto onde mais frequentemente ciclones ¢ outros clssifndre interven, quando € cco o contol de amamos. A P ee de controle nesses casos consiste em tomar uma smesta do velo erapidamente fazer uma andiseganulométca ¢ expediteente a massa total de solidos contica na depois Ge partir da Porcentagem de Sélidos na polpa eda naaeaae| uma anilise granulométrica répida, desprezan- Gorse 8 fins (qu so cleus or cifrenge)- armalha onde 5% n io (ou corresponclentemente, pel %) é.a malha onde, So, eat ocornendo a scticaso, B *, por convencio, esté ocorrendo a classificacio. E um procedimento consagrado, expedito, répidi ere mite, se necessério, que 0 prop ia opetador possa tomar innediota. rio, sprio operador possa tomar i - mente as providéncies pare contgh Fepasgo. Partigao Define-se partigso numa operagi ima operacio de classificaga pee al cee ein ene ria undeslow. Esta defnigo pode sr tomada em crt lola, para e underflow referida a toda a massa de alimentaga out em catiter individual pan cra fnian particular de _ ae age Samos 2 descreverocieufo da partigio de uma operasto ae be a as distribuigdes granulométricas da ali- 3s dois prociutos (tabela 1) e a8 medidas di Underflow e overflow, repectivamente, 20t/hre S0¢/h Tabela 1: Distribuigies ati i jes granulométricas da ali a ¢ produtos de uma openeio de cassifeagio Malhas OF (%) UF (%) 8 10 42,6 3. 15 191 g 25 100 i 5a 108 1m 95 70 a 183 ao 7 251 40 270 7 40 189 ‘Teoria s Pr4tica Do TRATAMENTO DE Minénios - VOLUME 1 O calculo da particio € feito conforme mostrado na tabela 2. Tabela 2: Exemplo de calculo de particao ian one 0 as ii eB Dos valores de partigio verifica-se que 0 dy € 654 = 210 um. Dos valores da distribuigao granulométrica do overflow, verifica-se que od, € 48# =297 uum. A carva de partioge correspondiente 2 ta separagdo é mostrada na figura 14. Esta curva é chamada de “distribu tion”, “partition”, Tromp, “separation” ou “performance curve 100 90 80 70 60 10,00 100,00 1000.00 imav (rm) Figura 14 - Curva de partico Conceituagao probabilistica de partigio Od, (diametro mediano de particao - medida do valor central da curva ide partigao, tamanko das particulas que se distribuen igualmente entre overflow ¢ underflow) 6 0 parametro mais caracteristico da curva de partigaio. No caso estudado, o d,, esta 190 CLASsIFICAGAO em torno de 174 um (0 diametro de corte, d,, tirado da distribuigao granulométrica do overflow, por interpolacio, é 167 j1m). A figura 15 mostra uma curva de particao e uma linha que- brada. Se fosse possivel separar, com toda a exatiddo, as particulas com famianho ritaior que dey num produto v as particulas menores nam outro, 4 separagao serin perfeita e corresponderia i linha quebrada. E de se perguntar: 0 que aconteceria entao com as particulas de tamanho exatamente igual a d.,? fogd Figura 15 - Curvas de partigao ideal e nao Estas particulas nao iriam todas para o overflow, nem tod para o underflow. Nao poderiam também ficar paradas dentro do aparelho. E evidente, entao, que uma tal separagao, conforme des- crita pela linha quebrada da figura 15 nao pode acontecer na rea- lidade. E intuitivo entéo que as particulas de tamanho dy tént igual probabiliciade de ir para o overflow on para o underflow. Por extensio, pode-se admitir que, associada a cada particule, de quer tamanho, extsta tuma probabilidade de ir para o overflow ou para 0 underflow. Parece intuitivo também que as particulas mais finas te- han maior probabilidade de ir para o overflow, e que as par _groscas tena maior probabitidade de ir parn 0 underflow. € exatamente aquela indicada pela curva de particio mostrada na figura 14, se se tomar a particao como uma medida de probabilidade. No limite, a probabilidade de uma particula de diametro nuilo ir para o underflow seria nula. Nota-se, entretanto, na figura 15, que nao € esta a situacdo verificada. Na separacao real ocorreré sempre 0 que se convencionou chamar de curto-circuitagem ou “by pass” das particulas mais finas, que seréo encaminhadas dire- icuilas mais Esta situagio 191 ‘Teoria e PeAvica Do TRATAMENTO DE MiNERIos - VOLUME 1 tamente ao underflow, seja arrastadas pela fracdo liqitida da pol- pa, seja aderidas & superficie das particulas maiores. © conceito de curva de partis fo etabelecdo por ‘Tromp, em 1937, para as separacdes densitérias (7) e logo estendido para as separagoes por classificacdo, Dada a extrema lucidez desse con- ceito, varias tentativas tém sido feitas para aplicé-lo a outras sepa races, como separacdes magnéticas, por exemplo. Peng (8), por exemplo, aparece com uma curva de particao de uma flotacao. Pode-se entdo caracterizar a curva de particio, como se faz com qualquer distribuicio de probabilidades, por dois parmetros estatisti- Gos: uma medida de valor de referéncia e uma medica de dispersio. "A medida do valor de referéncia 6 o diametro mediano de par ticdo, que representa a classe de particulas da qual 50 % vai para um produto e 50% para o outro. A_medida de dispersao tradicio- nalmente usada é a metade da distancia inter-quartis central: (4, =d,)/2. E uma medida antigamente usada na estatistica. Hoje s6 se usa o desvio padrao. d., e d,,representam respectivamente os dia- metros por onde passam 75 © 25 % das particulas. Este raciocinio fornece uma compreensao muito clara do fe- némeno de classificagio, conforme ele ocorre na realidade indus- trial: nada mais do que considerar a curva de particao como a distribuicao das probabilidades que as diferentes particulas tém de ir para cada um dos produtos. Conceito de eficiéncia de separacio Existe em Psicologia um mecanismo denominado “pensamento magico”, que pode ser lustrado pelo raciocinio da crianga que tampa os olhos ¢ imagina que porque nao esta vendo o mundo a sua frente, simplesmente, com o ato de fechar os olhos, 0 cestruiu. A crianca elabora uma realidade ficticia a partir da sua propria imaginacio. No estuclo da curva de particdo encontramos algo semelhante, que € considerar a curva de particéo como uma medida de eficiéncia da separacio - isto é, conceituar a curva de particao como se fosse a medida da eficiéncia de uma separagao que deveria ser perfeita Isto equivale a imaginar que seja possivel fazer uma separa- cao perfeita, todas as particulas maiores que o diametro mediano Ge particao indo para um produto e todas as particulas menores indo para o outro. O fato de isto nao acontecer no ferdmeno real seria devido @ ineficiéucia do paretho. Passa-se entao a chamar a curva de partigio de “ctiroa de eficiéncia”. Isto aparentemente comegou com Yancey ¢ Geer em 1951 (9 e 10) para aparelhos de meio denso ¢ foi 400 Chassieicagio incorporado por Bradley (11), em seu livro cla Fanieaive eserolide (odalemms meee etic aon desse “erro operacional”. O seu uso € tao generalizado que mesmo grandes autores como Lynch, Plitt ou Wills, que tém muito claro 0 conceito de particao, utiliza o termo “eficiencia”. Meu ponto de vista pessoal é 0 de que esta visio é lamenté- Yel, primeito por no corresponder & realidad dos fatos, que € suficientemente bem traduzida pelo conceito de partico. Segun- do, por conferir ao valor mediano da curva de particao um presti- gio que transcende a sua real importancia r do 4, Dine Secor lame uma confusae multo grande envolvens la €d,., inclusive em livros-texto de uso muito difundido(12 e 13) e em literatura fornecida por fabricantes traclicionais (14 e 15). A rea- lidade ¢ que um nao tem nada a ver com 0 outro: d,, é 0 parametro da distribuicto granulométrica do overflow e serve para caracterizar a separacio que esta sendo feita em um equipamento de classifica- $80; j@ 0 d, € um pardmetro da curva de partigao e nada mais que iso, Into 6 particularmente grave no texto de Atterburn (14 e 15), istribufdo pela Krebs (no Brasil pela CIMAQ) e que ensina a escolher 0s ciclones de sua fabricacio, Ele mistura todos os conceitos, trata indiscriminadamente det € ao final apresenta o método de Tarr le dimensionamento de ciclones (5), que é todo baseado no d,, (mais precisamente, num d,, ou ,,), como se baseado fora no d, Svarovsky (16) e Atterburn (14 ¢ 15) chegam ao cumulo ce meat os valores de dy dae dana curva de partici (pars eles - “curva da efiiéncia de separagio"), Aterbur relacion® dy © dy dy = 22x dy, © que evidentemente s6 valeria para uma curva de parti Perietamente confecida (o que se demonstrardadiente aero) ¢ ademais, € conceitualmente errado, Svarovsky chega a afirmar textual- mente que numa operacao dle classificago, a definicao mais logica e mais geralmente aceita é o tamanho 50%, ou tamanho equiprovavel” Beraldo (12) incorpora todos os equivocos cle Atterburn em seu livro. Felizinente, outros autores, como Wills (1), conseguem dis. tinguir os dois conceitos com muita clareza, Kelly e Spotiswood (13) usam d,,, em suas tabelas e comentam (p. 201-2) que este parametro seria mais adequadamente chamado de “tamanho limitante do overflow”, mas consideram que “uma descrigao de Jonge melhor da separagio & dada pela ‘curva de desempenho”. 193 "Teoria € PRAtica DO TRATAMENTO DE MINERIOS- VOLUME 1 wi jacio de clas- Portanto, alguns autores tentam caracterizar a oper sificagao pelo da, ejerse a falta de lucidez desta proposta, omparada gom 0 bom senso de procedimento tradicional. Enquanto que para de terminar o d,, basta tirar uma amostra do overflow, peséla : sua andlise granulomeétrica, para determinar 0 d.y € a ‘T= tomar amaastas do overflow, do underflow e da alimentagéo: 2+ medir as vazies do overflow, underflow ¢ alimentacao;, 3 ~ fazer as andlises granulométricas dos trés produtos: de sflow e alimentagio; vase, oe valores meaidos, montar uma tabela como 2 tabela 2, efetuando todos os célculos e atenuando os desvios decorrentes dos erros experimentais; = 5. consfiir une grifco da curva le artigo como 0 da figura 18; W"determinar o d., a partir desse grafico. fudge 6g leitor o que é mais pratico e inteligente e trabalhe de acordo com a sua conclusdo. E tome cuidado com a literatura que O orienta na diregio errada, De nossa parte, adotaremos semPte ‘ara o diametro de corte, 0 conceito do d,,, com a cel Ee trata de um parametro muito mais cheio de significaclo do que lualquer outro. Como mostraco acima, nao estamos sovinhos. Aaemais, na reviséo sobre ciclones solicitada para Tarr (6) e pers Fitch e Roberts (17) pela SME quando: da el eboreror ae e Mineral Processing Handbook, 0 d,, foi conceite ado! consagrado por esses eminentes autores. Modelagem de processo Napier-Munn ¢ Lynch (18) fazem uma discussio muito lcida do modelamento de processos, que consideram “1m exercicig inf fectual estimulante © uma atiidade académica legitina”, ressaltando também que “nifo len valor nenhun, a menas que posta oe engenkeiros praticantes, em vez de utilizada apenas. peo érindores”. Eles divider os modelos em 3 classes principis: ‘1 - modelos de fendmenos de transporte: construidos a ee ee uma compreensio cientifica e consagrada do processo © das leis Disicas da Fisica e da Quimica. Modelos de processos de tratamen to de minérios raramente sio deste tipo, devido @ complexi nismos envolvidos. Bes ea eaiolos feromtenotdgicos: baseados em uma construseo intelectual, como os modelos de balango populacional, so te- presentagdes realisticas e potencialmente poderosas do proces” Eo, passiveis de extrapolagao. Estes modelos se base! | i i [ CLassiricagio imagens do processo em vez de numa descrigio estritamente deterministica. 3 - modelos empiricos: a forma do modelo é uma convenién- cia matemética, em vez de uma descricao da natureza do proces- so. Napier-Munn e Lynch exemplificam com as curvas de particao para os processos de classificacao e separacao, considerados por eles como especificos caso a caso e nito extrapoldveis. Comentam ainda que os puristas frequentemente nao os consiceram modelos le; mos, 0 que, na sua opiniao, é um erro. Como caracteristicas dos modelos deste tipo salientai ~ facilidade de construgo mediante 0 uso dos pacotes mate- maticos de programacao, = facilidade de aplicacao, ~ frequentemente fornecem “insights” do proceso, que po- dem ser utilizacos para construir modelos mais abrangentes. Chamam a atenc&o para que, como risco, 0s modelos empiricos podem seduzir 0 inexperiente, que superestima 0 seu poder e validade. Salientam que “modelos formais arbitrarios sio exatamente isso - arbitrérios - e precisam ser usados com cuidado”. A guisa de comentério pessoal, gostaria de lembrar que 0 método de Bond-Rowland para dimensionamento de moinhos en- caixa-se exatamente neste figurino, sendo 0 modelo empirico mais bem sucedido que eu conhego. Gostaria também de comentar que nao concordo com a afirmacao de que a modelagem da curva de particdo seja um raciocicinio puramente empirico. No meu enten- der, ela parte da compreensao de um fenémeno populacional e da sua idealizacao como comportamento estatistico, o que caracterizaria um modelo fenomenolégico, Dada a enorme complexidade da equa- 40 que traduziria 0 comportamento estatistico e a quantidade de processos marginais que afetam a forma da curva de particio, esta forma matematica é que tem que ser pesquisada empiricamente, Portanto, a firntula ¢ empirica, mas 0 modelo é fenomenoligico. Ot seja, 0 fato de a equagao do pracesso ser determinada empiricamente nao diminui em nada o mérito da compreensdo de seus mecanismos, Flitoff, Plitt e Turak fizeram uma apologia do modelo de Plitt (19), que é também uma discussio muito interessante da modela- gem de processos. Além de encontrar uma semelhanga muito gran de entre a particao de ciclones autogenos e de ciclones classifica- dores (p. 48), salientam os seguintes pontos (p. 49): - 0 uso de modelos empiticos de ciclones, em particular a construgao de uma curva de partigio a partir de dados _experi- mentais, é uma prética rotineira na maioria das usinas, 195 |! / ;

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