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Conselho da Justiga Federal Turma Nacional de Uniformizagao dos Juizados Especiais Fedet PROCESSO: 5000890-49.2014.4.04.7133 ORIGEM: RS - SECAO JUDICIARIA DO RIO GRANDE DO SUL REQUEREN’ 'UGENIO HEINEN PROCJADV.: MATHEUS DE CAMPOS OAB: RS-76 801 REQUERIDO (A): INSS PROCJADV.: PROCURADORIA-GERAL FEDERAL REPRESENTANTE LEGAL: ROSANE HEINEN PROCJADV.: MATHEUS DE CAMPOS RELATOR: SERGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA VOTO-EMENTA PEDIDO DE UNIFORMIZACAO NACIONAL INTERPOSTO PELA PARTE AUTORA. TEMA AFETADO COMO REPRESENTATIVO DA CONTROVERSIA. PREVIDENCIARIO. ADICIONAL DE 25% PREVISTO NO ART. 45 DA LEI 8.213/91. EXTENSAO A APOSENTADORIA POR IDADE E POR TEMPO DE CONTRIBUICAO. CABIMENTO. APLICACAO AO CASO CONCRETO, QUESTAO DE ORDEM 20. PROVIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE. RETORNO A TR DE ORIGEM PARA ADOCAO DA TESE E CONSEQUENTE ADEQUACAO. 1, Tratarse de Incidente de Uniformizagio suscitado por particular pretendendo a reforma de acérdio oriundo de Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Segao Judicidria do Rio Grande do Sul que, mantendo a sentenga, rejeitou pedido de concessio do acréseimo de 25% (vinte e cinco por cento) previsto no art, 45 da Lei n° 8.213/91para o beneficio de aposentadoria por idade. 2. 0 aresto combatido considerou que, sendo a parte-autora titular de aposentadoria por idade, ndo ha amparo legal a concessio do acréscimo de 25% (vinte € cinco por cento), previsto no art. 45 da Lei n° 8,213/91, a nfo ser para aquele expressamente mencionado no dispositivo legal (aposentadoria por invalidez). 3. A parte-autora sustenta o cabimento do pedido de uniformizagao por entender que 0 acérdio recorrido estaria contrério a julgado paradigma que, em alegada hipdtese semelhante, que entendeu cabivel a extenstio do adicional previsto no art. 45 da Lei 8.213/91 & aposentadoria por idade. 4. Na decisio de admissibilidade, proferida pela Presidéncia desta TNU, apontou- se que “hd a divergéncia suscitada”, porquanto 0 acérdao recorrido ¢ os paradigmas teriam tratado da questiio de forma contrastante. Na mesma decisio, o eminente Presidente da TNU decidiu pela “afetacéo do tema como representativo da controvérsia”. 5. 0 Ministério Pablico Federal opinou, nos termos do art. 17, V, do RTNU, no sentido do provimento do incidente de uniformizaglo para considerar “possivel a —— Consetho da Justiga Federal ‘Turma Nacional de Uniformizagao dos Juizados Especiais Federais, extenstio do adicional de 25% para outras modalidades de aposentadorias diversas da concedida por invalidez, desde que se comprove que a incapacidade do requerente, bem como a necessidade de assisténcia permanente de terceiras”. 6. A Lei n° 10.259/2001 prevé o incidente de uniformizago quando “houver divergéncia entre decisdes sobre quesides de direito material proferidas por Turmas Recursais na interpretagdo da lei” (ant. 14, caput). Cabera a TNU 0 exame de pedido de uniformizagao que envolva “divergéncia entre decisoes de turmas de diferentes regides ou da proferida em contrariedade a stimula ou jurisprudéncia dominante do STI” (ait. 14, § 4°), 7. Do cotejo entre 0 aeérdao combatido e o julgado paradigma, observo que esta caracterizada a divergéncia de entendimento quanto ao direito material posto em anilise nos autos, em razio da ocorréncia de similitude fatiea entre os julgados recorridos ¢ paradigma. 8. Expl 9. No acérdio recorrido, a Turma Recursal de origem, mantendo a sentenca, rejcitou pedido de concessdo a aposentado por idade do acréscimo de 25% (vinte ¢ cinco por cento) previsto no art. 45 da Lei n° 8.213/91, sob 0 seguinte fundamento (da sentenga, acolhido sem acréscimo): “Deste modo, o acréscimo de 25% previsto no art. 45 da Lei n° 8,213/91 e no art. 45 do Decreto n° 3.048/99 esté expressamente vinculado ao beneficio de aposentadoria por invalidez, ndo alcangado outros beneficios, como, in casu, 0 beneficio de aposentadoria por idade, mesmo que 0 beneficidrio necessite de assisiéncia de outra pessoa. E verdade que a mera extensao do referido acréscimo, previsio para 0 aposentado por invalidec, aos que percebem outras espécies de beneficios implicaria a atuagdo do magistrado como legislador positivo, 0 que ndo se pode admitir, ainda ‘mais ao arrepio da exigéncia constitucional de indicacdo de fonte de custeio para a ‘majoracio ou extensdo de beneficio previdencitrio. Tal dbice, porém, ndo se sustenta quando ha reconhecimento de inconstitucionalidade da norma legal, ainda que de forma parcial, Por ébvio que a atuagao do legislador infraconstitucional estd sujeita & sindicabilidade judicial, nao se admitindo que a seletividade na distribuigdo dos beneficios se dé em desrespeito as disposicdes constitucionais. No caso, é indispensdvel verificar se a restricdo analisada ndo ofende ao principio da isonomia Com efeito, ainda que 4 primeira vista possa se pensar que um aposentado por invalidez e um aposentado por idade (ou por tempo de contribuicdo) que necessitem de auilio de terceiras estejam em situacao idéntica, nito se pode esquecer a diversidade entre as causas pretéritas que os fizeram merecer a tutela do sistema previdenciério Nao hd diivida de que o risco social da invalides é tratado de forma diferente da idade avancada, wma vez que no primeiro caso € ceifada a possibilidade de o segurado desenvolver suas atividades de acordo com sua prépria vontade. Apenas neste caso, ara as simagées extremas de necessidade de auxilio de terceiros, também chamadas de ‘grande invalidez’, 0 legislador previu o direito ao recebimento do acréscimo. Assim, ainda que a opsdo legislativa possa ser alvo de criticas, ndo se pode negar que haja um fator juridicamente relevante para a diferenciagao.” (arifei) iio ‘Conselho da Justiga Federal ‘Turma Nacional de Uniformizagao dos Juizados Especiais Federais, 10. No caso paradigma (PEDILEF n° 0501066-93.2014.4.05.8502, TNU, sob minha relatoria, j. 11/02/2015), concedeu-se o adicional previsto no art. 45 da Lei 8.213/91, nfo obstante a parte autora naquele feito seja titular de aposentadoria por idade 11, Portanto, ha a similitude fatiea a permitir 0 conhecimento do presente incidente de uniformizago, uma vez que se partiu do mesmo fato (de mesma natureza/titularidade de aposentadoria que niio seja por invalidez) para se chegar a conclusdes juridicas divergentes (substrato do incidente): no caso recorrido entendeu que no fazia 0 segurado jus ao adicional previsto no art, 45 da Lei 8.213/91; no paradigma concedeu-se o acréscimo de 25% sobre o beneficio. 12. Assim, presente a divergéncia de interpretagdo, paso ao exame do mérito do pedido de uniformizagao de interpretagaio. 13, A controvérsia centra-se no cabimento da extensio do adicional previsto no art, 45 da Lei n° 8.213/91 para a aposentadoria por idade, no caso de o segurado aposentado “necessitar da assisténcia permanente de outra pessoa”. 14, Dispoe a Lei n®8.213/91; “Art. 45. O valor da qposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assisténcia permanente de outra pessoa seré acrescido de 25% (vinte e cinco por cent. Pariigrafo tinico. O acréscimo de que trata este artigo: @) serté devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite maximo legal; b) serdé recalculado quando o beneficio que the deu origem for reajustado, ¢) cessaré com a morte do aposentado, nito sendo incorpordvel ao valor da pensiio.” 15. Portanto, de acordo com a Lei 8.213/1991, 0 valor da aposentadoria por invalidez: do segurado que necessitar da assisténcia permanente de outra pessoa scré acrescido de 25%, A legislagio prevé textualmente sua concessio apenas para os beneficidtios da aposentadoria por invalidez. 16, Entretanto, aplicando-se 0 prineipio da isonomia ¢ se utilizando de uma aniilise sist@mica da norma, conclui-se que referido percentual, na verdade, é um. adicional previsto para assistir aqueles segurados aposentados que necessitam de auxilio de terceira pessoa para a pratica dos atos da vida didria. O seu objetivo é dar cobertura econémica ao auxilio de um terceiro contratado ou familiar para apoiar 0 segurado nos atos didrios que necessite de guarida, quando sua condigdo de saiide nio suporte a realizago de forma auténoma. 17. O que se pretende com esse adicional é prestar auxilio a quem necessita de ajuda de terceiros, nao importando se a invalidez é decorrente de fato anterior ou posterior a aposentadoria, A aplicagtio da interpretago restritiva do dispositivo legal, dela extraindo comando normativo que contemple apenas aqueles que adquiriram a invalidez antes de aperfeigoado © direito 4 aposentadoria por idade ou tempo de contribuigio, por exemplo, importaria em inegavel afronta ao direito de protegao da dignidade da pessoa humana e das pessoas portadoras de deficiéncia. 18. Ademais, como no hé na legislagdo fonte de custeio especifico para esse adicional, entende-se que 0 mesmo se reveste de natureza assistencial. Assim, @ sua concessto nao gera ofensa ao art. 195, § 5° da CF, ainda mais quando se cor Poder Judiciario Consetho da Justica Federal Turma Nacional de Unitormizagdo dos Juizados Especiais Federais aos aposentados por invalidez é devido o adicional mesmo sem o prévio custeamento do acréscimo, de modo que a questo do prévio custeio, no sendo dbice & concesstio do adicional aos aposentados por invalidez, também ndo o deve ser quanto aos demais, aposentados. 19. Sobre este ponto, importante registrar que o Estado brasileiro € signatario © um dos principais artifices da Convengao Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiéneia, promulgado pelo Decreto Presidencial n. 6.949, de 25 de agosto de 2009, aps aprovagao pelo Congreso Nacional, por meio do Decreto Legislativo n.186, de 9 de julho de 2008, conforme o procedimento do § 3° do art. S° da Constituigao, dctendo, portanto, forga de emenda constitucional. 20. A referida Convengaio, que tem por propésito “promover, proteger e assegurar 0 exercicio pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais or todas as pessoas com deficiéncia promover 0 respeito pela sua dignidade inerente”, reconhece expressamente a “necessidade de promover e proteger os direitos humanos de todas as pessoas com deficiéncia, inclusive daquelas que requerem maior apoio”, em flagrante busca de minorar as diferengas existentes nos mais diversos ramos da atuagdo humana em detrimento dos portadores de deficiéncia, revelando-se inadmissivel, portanto, que a lei brasileira estabelega situagiio de discriminagao entre os proprios portadores de deficiéneia, ainda mais num campo de extremada sensibilidade social quanto o é 0 da previdéncia social 21. Bm seu artigo 5.1, 0 Diploma Internacional estabelece que “Os Estados Partes reconhecem que todas as pessoas sito iguais perante e sob a lei e que fazem jus, sem qualquer discriminacdo, a igual protecdo e igual beneficio da tei”. Por sua vez, 0 att. 28.2¢, estabelece que os “Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiéncia & protegao social e ao exercicio desse direito sem discriminagdo baseada na deficiéncia, ¢ tomardio as medidas apropriadas para salvaguardar @ promover a realizacdo desse direito, tais como: Assegurar igual acesso de pessoas com deficiéneia a programas e beneficios de aposentadoria 22. Temos, portanto, comandos normativos, internalizados com forga de norma constitucional, que impdem ao art. 45 da Lei n, 8213/91 uma interpretagfo a luz de seus prineipios, da qual penso ser consectirio [6gico encampar sob 0 mesmo amparo previdencirio 0 segurado aposentado por idade/tempo de contribuigao que se encontra em idéntica condigao de deficiéneia, 23, Assim, 0 elemento norteador para a coneessio do adicional deve ser 0 evento “invalidez” associado a “necessidade do auxilio permanente de outra pessoa”, independentemente de tais fatos, incertos e imprevisiveis, terem se dado quando o segurado jé se encontrava em gozo de aposentadoria por idade. 24. Ora, 0 detentor de aposentadoria no deixa de permanecer ao amparo da norma previdenciria. E! 0 que dispe o art. 15, inciso I, da Lei n. 8.213/91 (Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuigdes: I - sem limite de prazo, quem esté em gozo de beneficio). Conceder a cobertura previdencidria a0 aposentado por idade ou tempo de contribuigao quando do advento de incapacidade qualificada que Ihe exija o auxilio permanente de outra pessoa afigura-se-nos encontrar respaldo também naquele dispositivo legal, Poder Judiciério Conselho da Justiga Federal Turma Nacional de Uniformizagao dos Juizados Especiais Federais 25. Logo, no se apresenta justo nem razoavel resttingir a concessdo do adicional apenas ao segurado que restou acometido de invalidez antes de ter completado o tempo para aposentadoria por idade ou contribuigdo ¢ negé-lo justamente a quem, em regra, mais contribuiu para o sistema previdenei 26. Seria de uma desigualdade sem justo discrimen negar 0 adicional a0 segurado invalido, que comprovadamente carece do auxilio de terceiro, apenas pelo fato de ele ja se encontrar aposentado ao tempo da instalagao da grande invalidez, 27. Aponte-se, ainda, que aqui nao se esta extrapolando os limites da competéncia ¢ atribuigao do Poder Judiciério, mas apenas interpretando sistematicamente a legislagao, bem como a luz dos comandos normativos de protegtio a pessoa portadora de deficiéncia, inclusive nas suas lacunas e imprecisdes, condigdes a que esta sujeita toda ¢ qualquer atividade humana, 28. Neste sentido, entendo que a indicagio pelo art. 45 da Lei n © 8.213/91 do cabimento do adicional ao aposentado por invalidez, antes de ser interpretada como vedagdo a extensio do acréscimo aos demais tipos de aposentadoria, pela auséneia de mengdo aos demais beneficios, deve ser entendida como decorrente do fato de ser 0 adicional devido em condigdes de incapacidade, usualmente associada & aposentadoria por invalidez, porém, nao exclusivamente, tal como na hipdtese em que a invalidez se instale apés a concessio do beneficio por idade ou por tempo de contribuigao. 29. Segurados que se encontram na mesma situagdo de invalidez e necessidade nao podem ser tratados de maneira distinta pelo legislador (cardter relativo da liberdade de conformagio do legislador ADPF-MC 45/DF), sob pena de se incorrer em inconstitucionalidade por omissio parcial, em sua feigo horizontal (Sarlet, Marinoni, Mitidiero, Curso de Direito Constitucional, RT, 1* Ed. p. 793), onde se tutela, por forca de uma mesma condigdo de invalidez, apenas parcela dos segurados. 30. A mesina esséncia de entendimento foi aplicada pelo STF quando do julgamento do RE 589.963-PR, no qual foi declarada a inconstitucionalidade parcial, sem proniincia de nulidade, do art. 34, parigrafo tinico, da Lei n. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), onde se reconheceu a inconstitucionalidade parcial por omissio do legislador, ante a “inexisténcia de justificativa plausivel para a discriminacio dos portadores de deficiéncia em relagdo aos idosos, bem como dos idosos beneficidrios da assisténcia social em relagio aos idosos titulares de beneficios previdencidrios no valor de até um salirio minimo”. Neste caso, entendeu a Suprema Corte que o legislador nao poderia ter autorizado, para fins de percepco de beneficio assistencial, a desconsideragio da renda minima assistencial de outro idoso, deixando de fora do comando normative a desconsideragao da renda minima assistencial de pessoa deficiente ou de idoso detentor de beneficio previdencidrio também de um salério minimo. Reconheceu, portanto, a situagao de omissao legislativa inconstitucional, ao se deixar de fora do amparo normativo pessoas que se encontram em idéntica condigao de protegdo constitucional ou legal. 31. Pela mesma razio, niio se de deve interpretar o art. 45 da Lei n, 8.213/91 ¢ entender que sua norma de protego social ampara exclusivamente o segurado cuja invalidez ja se encontrava instalada ao tempo da concessio do beneficio, exatamente por ter sido a razdo de sua concessio. Tal restrigao hermenéutica implicaria em a Conselho da Justiga Federal Turma Nacional de Uniformizagio dos Juizados Especinis Federais flagrante inconstitucionalidade por omissdo do dispositivo legal, assim como incorreu 0 pardgrafo tnico do art 34 do Estatuto do Idoso, ao tratar de maneira diferenciada pessoas que devem se encontrar dentro do mesmo espectro protetivo da norma, sendo ainda de se invocar 0 principio da proibi¢do da protego insuficiente (ARE 745745 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 02/12/2014, PROCESSO ELETRONICO DJe-250 DIVULG 18-12-2014 PUBLIC 19-12-2014), 32. Na esteira da doutrina patria, “a interpretagdo restritiva do art. 45 da Lei n. 8.213/91 implica interpretagdo que viola, a um s6 tempo, o principio da vedagao da protegdo insuficiente de direito fundamental (Rel 4374, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, j. 18/04/2013, DJ 04/09/2013), e o principio da isonomia (RE 580963, Rel, Min, Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, j. 18/04/2013, DJ 14/11/2013). Por essas raz6es, operando-se interpretagao conforme & Constituigdo, deve-se compreender que 0 adicional de que trata o att. 45 da Lei n. 8.213/91 tem como pressuposto de concessao 0 fato de 0 segurado se encontrar incapacitado de modo total e permanente, necessitando ainda da assisténcia continua de outra pessoa, independentemente da espécie de aposentadoria de que seja titular” (Savaris, Direito Previdenciario, Problemas ¢ Jurisprudéncia, Alteridade, 2* Ed. p. 134). No mesmo sentido: Castro e Lazzari, Manual de Direito Previdenciario, Gen, 17° Ed. 33. Nesse mesmo sentido, tomo a valer-me da Exeelsa Corte, que, no recente Julgamento do RE 778889, sob o rito da Repercussao Geral, deu-lhe provimento para “reconhecer o direito da recorrente ao prazo remanescente da licenga parental, a fim de que 0 tempo total de fruigo do beneficio, computado o periodo jé gozado, seja de 180 dias de afastamento remunerado, correspondentes aos 120 dias de licenca, previstos no art, 7° XVIIL, da Constituigdo Federal, acrescidos dos 60 dias de prorrogaséo, tal como permitido pela legislacdo, fixando a seguinte tese: ‘Os prazos da licenca adotante néo podem ser inferiores aos prazos da licenga gestante, 9 mesmo valendo para as respectivas prorrogacées. Em relagdo & licenca adotante, ndo é possivel fixar prazos diversos em funcdo da idade da crianga adotada”’. 34, Na oportunidade, analisando a diferenciagio legal existente no servigo piblico federal, quanto duragao da licenga-maternidade entre a mie-gestante ¢ a mae-adotante, prevista na Lei n° 8.112/90, a Suprema Corte a considerou “ilegitima”, apontando, apos consideragdes de varias ordens (quanto ao histérico proprio das criangas adotadas, sua maior suscetibilidade doenga, dificuldades na adaptagao a nova familia, autonomia da mulher, etc.), que “ndo existe fundamento constitucional para a desequiparagdo da mae gestante e da mde adotante, sequer do adotado mais velho e mais novo”, fugindo da mera [iteralidade do dispositivo legal e assentando o julgamento na norma juridico- valorativa que esta subjacente no texto legal. 35. No referido recurso extraordinario, 0 STF reconheceu a natureza constitucional da questo quanto ao estabelecimento de ptazo diferenciado para a licenga-maternidade concedida as gestantes ¢ as adotantes, questo esta semelhante a dos presentes autos, quanto a0 tratamento diferenciado conferido a aposentados que se encontram em uma mesmia situagdo de invalidez. 36. Note-se que 0 caso posto sob a anilise da Corte Suprema, em suma, versou sobre situagées faticas distintas (maternidade biolégica e por adogio), tendo, diante de tal distingiio fitica, 0 STF decidido pelo direito constitucional da adotante a ter >

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