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eReeiIIee para aniquilar See > O COMPLO para aniquilar as Forgas Armadas e as nacdes da Ibero-América Feo, RAT - 16.49% bo. b Cages a a OG Ofrene wm eH pass te ‘9 Comnso” a we a tia ware f i a pe ae seo a cub abd. = Ete Tarts Goon. ° 2° “Preficio a edicito ae ‘pelo a. general Tasyp Villar de Aquino ile jane Apresentagao do ae ae Mohamed Alf Seineldin Preficio de : Lyndon LaRouche EIR Este livro foi escrito pela seguinte equipe de investigadores da revista EIR-Executive Intelligence Review, sob a coordenagao de Gretchen Smalll e Dennis Small: Joseph Brewda Lorenzo Carrasco Bazia Kathleen Klenetsky ‘Ana Maria Mendoza-Phau Silvia Palacios de Carrasco Cynthia Rush Peter Rush Valerie Rush Luis Vasquez Medina Primeira edigfo brasileira Copyright © 1997, Executive Intelligence Renew Titulo original: E! complot para aniquilar a las Fuerzas Armadas y a as naciones de Iberoamérica Copyright © 1993, Executive Intelligence Review ISBN: 0-943-235-10-3 (ed. original) Eudigho brasileira Lorenzo Carrasco Baztia, Nilder Costa e Geraldo Luis Lino. Capa: Dalle Griet ou Margot, aenraivecida, quadro de Peter Bruegel, o Velho, pintado por volta de 1562. Griet era um apelide pejorative atribuido ds ‘mulheres rabugentas e intrataveis, capazes, segundo wm ditado flamengo dda época, de “cometeratas de pilhagem sob o olhar do Inferno sem ser imporuunadas”” Bruegel a representa possutda de wma avidec insacidvel, dirigindo sea goela do Inferno para continuar a pilhagem - "indo ao Inferno de espada em punho", no dizer de outro ditado da época - cembora o seu alfore jd esta cheio com o produto da rapina praticada por ela e seus estranhas companheiros,inspirados no universo de Hieronymus Bosch. Dificilmente,a “Nova Ordem Mundial" poderia encontrar melhor representagto picorica. Executive Intelligence Review P.O. Box 17390, Washington, D.C. 20041-0390, U.S.A, R. México, 31 - s. 202 - 2031-144 - Rio de Janeiro - Brasil Tel/Fax (021) 262-1712 indice Prefiicio a edigao brasileira... Apresentagao . Preficio.. ‘A atualidade do compid 1. A campanha antimilitar e a "Nova Ordem Mundial" ‘A histéria do projeto antimilitar Aanentice eo as frentes atuais da guerra ... A soberania limitada: objetivo do Didlogo Interamericano ‘A democracia corrupta: arma da Comisséo Trilateral .. 105 0 despovoamento: politica oficial dos Estados Unid0s wo... 112 (0 “apartheid tecnol6gico": novo colonialismo econOmico ..... 122 0 governo supranacional: a reorganizagao da ONU para seu novo papel 126 TI, Casos exemplares ‘Argentina: completardo a "desmalvinizagao" das Forgas Armadas’” 137 Brasil: a bataha contra a "Nova Ordem Mundial” .. : El Salvador e Coldmbia: a negociagio com o nareoterrorismmo leva a0 desastre 153 167 200 4 0 Compl Peru: 0 Sendero Luminoso em guerra com a Iber0-Amétic@ uu 229 III, O pano de fundo econdmico s orgamentos militares, novo alvo dos EVA... Alto a “africanizagdo” da Ibero-América! Como sobreviver sem o FMI IV. Demoeracia? Y. Falam os patriotas Coronel Seineldfn: devo obediéncia aos valores permanentes da Nacio. Seineldin: a "Nova ordem’ quer acabar com as instituigoes Seineldin: sintese do projeto mungialista da “Nova Ordem" Escola Superior de Guerra: 1990-2000: Década vital Vice-almirante Tasso: As Forgas Armadas do Brasil e a conjuntura nacional General Noriega: nao hd invasio que mate uma idéia Prefacio 4 edicao brasileira tendo, com especial agrado, a solicitagdo do amigo Lorenzo Carrasco, combatente do bom combate ¢ defensor das boas causas, com energia, convicedo e consciéncia, para prefaciar a edigao brasileira do livro O Complé para aniquilar as Forgas Armadas e as nagdes da Ibero-América Fago-o com alegria, jubilosamente, porque é um excelente livro, que ilumina, com 05 esclarecimentos que contém, partes sombrias, escuras ou nebulosas do trabalho mesquinho, abomi- navel, execravel, diabdlico, contra as nagdes militar economi- camente fracas, como é 0 caso do Brasil, infelizmente, ¢ das na- ges irmas ibero-americanas, contra as suas Forgas Armadas, notadamente, Expoe, com meridiana clareza, com elevagio, com grande- za e com sadio espfrito de solidariedade ibero-americana, a agio desprezivel por todos os titulos, nefasta, de entidades espirias, ‘como Dislogo Interamericano e o Foro de Sio Paulo, criagdes de mentes doentias, deturpadas, lombrosianas, para 0 promover a chamada “Nova Ordem Mundial”. Sintetiza 0 livro, admiravelmente, a ago notével, humana, solidéria, corajosa, de homens de excepcionais atributos intelec- tuais, culturais e morais, como Mohamed Alf Seineldin, 0 apdsto- lo e mértir do bem, da aco pura e nobre, cujo corpo, sadio & forte, esti encarcerado, mas cuja mente e os ideais nobres, esto livres como 0 pensamento, difundindo e praticando o bem, Men- te poderosa e ideais nobres, que nio se deixam encarcerar! Voam livremente, buscando as alturas, buscando 0 Céu, como as deuias € 0s condores, com forga indomavel! E Lyndon LaRouche, 0 eco- 6 OCompta nomista do mundo livre, sem receio e sem jaga, inteiramente vol- tado as boas causas de interesse mundial, A defesa das Forgas ‘Amadas das nagies ibero-americanas, sadia economia mundi- al, geradora de desenvolvimento, de prosperidade, de riqueza para todos, ndo somente para alguns. Os brasileiros estamos amargando um governo impio, afas- tado de Deus, de esquerda radical, deletério e revanchista, de que © chefe € fundador do famigerado Dislogo Interamericano, que pretende reduzir 0 Brasil & condigdio de nagao de terceira ou quarta categoria, sem soberania, sem vontade, sem ambigio honesta, submissa, vassala das grandes poténcias, senhoras do mundo. Chefe vaidoso ¢ egocéntrico, narcisista, amante de honrarias € homenagens, nulidade enfatuada. Esté entregando o Brasil, as suas insuperdveis riquezas naturais renovaveis e ndo-renovveis; o fruto do trabalho honesto € produtivo dos brasileiros, 0 valioso patrimOnio material do pafs, construfdo com valor ¢ sactificio, durante cinco séculos, pelos nossos valorosos antepassados e pe- las geragoes atuais, ao capitalismo apétrida, explorador, selva gem e cruel. Em recompensa, €, por essa gente, proclamado “o maior estadista do ano” ou “o estadista de maior potencial do mundo”. E ele acredita nestas jocosas piadas! Pudera, est4 fazen- do servilmente tudo 0 que eles querem! Em suma, é livro para ser lido e meditado por todas as pes- soas das nagdes militar e economicamente fracas e, principalmente, pelos brasileiros Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 1996 Tasso Vilar de Aquino General-de-divisao reformado. Ex-presidente do Clube Militar (duas gestbes). Membro do Instituto de Geografte e de Hist6ria Militar do Brasil e do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (CEBRES). Apresentacdo pp ei Reema tes ciara ee essol contre ibero-americano trazendo a maravilhosa mensagem de Deus, de conversdo € salvagio, foram soldados europeus denominados adelantados. Sua mensagem no apenas expressava a salvacio spiritual do homem para depois de sua passagem pela Terra, como também propunha uma ordem de vida humana que coadjuvaria nna chegada ao objetivo de salvacdo. Sua espada reta e firme, em forma de cruz, assegurava serem cles herdeiros da ordem social-cultural dos gregos, da ordem po- Iitico-militar dos romanos, da ordem religiosa dos Cruzados & que, por meio do empreendimento transatlantico da Espanha, cum- priam maravilhosamente o plano de Deus de difundir a fé até o mais humilde dos homens do planeta. Desse modo e com essa tremenda forca espiritual e herdica, nasceu a nossa querida Ibero-América e nasceu também a raga gue a povoaria: © criollo, combina¢ao harmoniosa do aguerrido europeu € do nobre indigena. No transcurso dos tiltimos 200 anos fomos nés, os ibero-ame- ricanos, objeto de ameacas permanentes & ordem religiosa, cultu- ral e politica. Os imperialismos, modificando suas ordens e méto- dos, trouxeram a esta terra ~ abencoada desde 0 nascimento pela Cruz de Cristo — as maneiras mais cruéis, humilhantes e arbitriri- as de submissdo. Os libertadores, figis a sua digna e valente descendéncia ¢ como verdadeiros profetas, buscaram até com suas vidas desper- tar as consciéncias daqueles que tinham os talentos necessarios para modificar a sorte de seus irmios. Lamentavelmente, apesar wr em todo 0 continente, no conseguiram atingir © objetivo politico — os Estados Unidos da Ibero-América — tris temente reduzidos no terreno das conjunturas politicas, falsida- des e traigoes. Hoje, a voz dos povos (€ nao a de seus dirigentes ilegitimos) clama por uma identidade insinuada a partir da Historia. A hist6ria militar ibero-americana, em todos os casos, & a coluna vertebral da vida de cada um de nossos povos. £ porisso {que os atuais senhores do mundo, os mentores da “Nova Ordem Mundial”, resolveram eliminar as Forgas Armadas ¢ de seguran- ga da Ibero-América, que so a wltima barreira para a submissio total das nagdes da regio. Impedir tamanho desatino é algo que, sem diivida, ficaré em ios de cidadios valentes, soldados auténticos e deseendentes da nobre estirpe ibero-americana. Esta obra, que tenho o grande prazer de prefaciar, trard com za muitos ¢ importantes elementos de julgamento que per- mitirio enfrentar as circunstancias diffceis que temos de viver. Encerro com as palavras pronunciadas por Sua Santidade, 0 Papa Jofio Paulo Il, em 12 de outubro de 1984, em Santo Domin- 0, € que constituem para mim a missdo: “América Latina: com a tua fidelidade a Cristo, resiste a quem quiser asfixiar a tua voca- ‘$0 de esperanga!” Coronel Mohamed Ali Seineldin, Campo de Prisioneiros de Santa Maria Magdalena, Argentina. 25 de maio de 1993, aniversdrio da Independencia Nacional. Prefacio meu objetivo aqui é ajudar a esclarecer a natureza essencial do problema basico que configura, nestes momentos, o destino das nagées da Ibero-América, entre outras. Pego-Ihes que imaginem duas geometrias diferentes. Como exemplo, tomem a geometria euclidiana comum, que se bascia nos fundamentos axiomiticos, pri meio, de que 0 ponto é a menor dimensdo infinitesimal possfvel que se possa supor existir e, segundo, que uma linha reta se define como a distincia mais curta possfvel entre dois pontos. Esta geome- tria tem a sua propria estrutura axiomética. Em segundo lugar exis- te, uma segunda geometria, que foi introduzida na ciéneia moderna, ha cerca de $50 anos, por Nicolau de Cusa, sendo mais tarde desen- volvida por individuos como Leibniz, a qual nfo pressupde a exis- téncia axiomética de linhas retas e pontos, mas parte do que se co- nhece como o principio da mfnima ago, ou o que se chama, algu- ‘mas vezes, o principio isoperimétrico da geometria, 0 principio isoperimétrico do efteulo. Nessa geomettia, a tinica forma de existéncia axiomética € a ago circular — no os cfrculos, mas a agdo circular ~ atuando sobre a agdo circular. Em ambos os casos, todos os teoremas so definidos como teoremas congruentes com os axiomas bésicos e, deste modo, estio implfcitos nos axiomas. Como € dbvio, os diferentes axiomas levam a teoremas funda- mentalmente diversos € 0s axiomas de um sistema geométrico néo podem ser congruentes com os axiomas de outra geometria, porque se baseiam em pressupostos axiométicos bésicos diferentes. ‘Apliquemos © mesmo principio, como pudermos, ao pensa- mento politico e estratégico. No decurso da Hist6ria, existem apenas dois sistemas sociais axiomiticos importantes, a menos na chamada sociedade civiliza- 10 OCompls a. Um, que € a forma pag’, supde que o homem é um animal e apenas mediante algum arranjo milagroso especial certas pessoas sdo elevadas acima dos animais ¢ tornadas animais superiores, como semideuses ou coisa assim Outro sistema, 0 contrério, é 0 que ficou definido no ensinamento de Moisés, como no primeiro capitulo do Genesis: que o homem & constitufdo & imagem de Deus, nio como imagem fisica ou sensfvel, ‘mas por virtude de uma potencialidade eriadora que corresponde & Deus como Criador do Universo. Esta faculdade criadora, neste sent do taxativo, ndo apenas se define, ¢ claro, pela capacidade do homem em fazer descobertas cientfficas e progressos semelhantes na tradigao cldssica humanista das belas artes, mas também se coaduna com a idéia de amor, definida, por exemplo, no Evangelho de Sao Joao e no famoso capitulo 13 da primeira epistola de So Paulo aos corintios. Desse modo, sio dois os sistemas de organizacio da sociedade. De modo particular, a histéria européia, abarcando uns 2.600 anos, desde que Sélon de Atenas participou na expulsio dos usurdrios e da instauragdo em Atenas de uma reptiblica baseada no Direito - que delimita o verdadeiro inicio da civilizagao européia -, representa um conflito constante entre estas duas tendéncias. Uma delas afirma que © homem é um animal completamente depravado, que se eleva aci- ma desta condigdo apenas por meio de um tipo especial de magia para se converter em um semideus. Frente a ela, temos a parte crista da civilizacdo européia, que se estenden pelo planeta e considera sagrada a vida humana, em virtude de ser 0 homem a imagem de Deus, que baseia a sociedade no principio da ciéncia, das belas artes clissicas e o amor agépico e exige que 0 individuo seja nutrido, edu- cado e conduzido a formas de prética congruentes com a natureza do homem como imago viva Dei ~ a imagem de Deus. Assim sendo, 0 sistema oposto, 0 dos pagdos (ou satinicos, o que vem a dar no mesmo) acredita que a sociedade se compée, a um lado, por uma classe governante, uina oljgarquia dos ricos ou poderosos ou os “eleitos', segundo foi definido pelos bogomilos, cétaros, a exerescénci ‘maniquéia, a seita satnica do sul da Franga, de modo particular. Ou ‘como foram definidos por alguns calvinistas, entre outros: que o homem € inerentemente depravado, corrupto e satdnico por completo mas que, or um processo milagroso de graga seletiva, alguns esto predestinados ‘ constituir uma classe superior de semideuses. Isto €tipico do calvinista radical, que Adam Smith encama, crendo que pode cometer toda espé- ie de crimes mas que o fato de ser rico d4 testemunho de que, de algum modo, agradou ao Criador e, porisso, como recompensa, tornado rico e seu poder e éxito sa0 indfcios de que seus cr contra a humanidade sero tolerados. Esse € 0 conflito essencial entre a tendéncia oligdrquica ¢ a ten- déncia humanista crista, a tinica cléssica desde os tempos do fildso- fo judeu Fion de Alexandria, na definigao de imago Dei. A diferenga essencial ~ a tinica diferenga essencial — entre uma sociedade platOnica e uma crista & que o cristianismo introduziu 0 principio do agape e do imago Dei no pensamento europeu da tradi- Gao plat6nica e isto define a nossa sociedade. Dois niveis de questoes (0 motivo pelo qual apresento esta curtfssima dissertagio em esbogo € ode simplificar 0 processo de entendimento do que ocorre no mundo de nossos dias. Existem dois niveis de questdes que temos de enfrentar para encontrar a conexio entre ambos. A um lado, estamos enfrentando em wiltima insténcia, de fato, dois conjuntos diferentes de axiomas. Um é 0 conjunto de axiomas adotados pelos que dirigem a politica atual do Fundo Monetério Intemacional (FMI) ou do imperialismo britinico, os que impelem a extensio mag6nica estadunidense do imperialismo britdnico, o Rito Escocés da Maconaria, pelo menos nos niveis superiores, e catélicos corruptos dos Estados Unidos, que sii parte do mesmo esquema. Mas 0 que enfrentamos é a oligarquia: uma elite governante formada néo apenas por seres humanos, mas por familias poderosas que existem na forma especial de corporagées ‘ou companhias, o que significa que a estrutura corporativa sobrevi ve & morte dos membros da familia e, assim sendo, as corporagdes ‘ou companhias so quase imortais. Estas estruturas corporativas su- ‘gam o sangue da sociedade mediante vérias formas de pritica da usura, como as grandes fundag6es filantrépicas que sugam 0 sangue dda economia para obter os fundos com os quais praticam a sua bene- ‘meréneia para modelar o pensamento das universidades, modelar a cultura, controlar as instituigdes e a politica interna e externa de pa- fses como a Inglaterra e os Estados Unidos. ‘Assim sendo, a questio axiomética de fundo é essa oligarquia. Como qualquer conjunto de axiomas, este conjunto particu- lar de axiomas inerentes oligarquia gera teoremas, do mesmo 12 OCompto modo que os axiomas da geometria geram os teoremas da geo- metria, E os teoremas se desenvolvem em resposta a circunstin- ccias determinadas ¢ guardam certa ordem entre si, mas so mais ou menos dedutivamente congruentes com os pressupostos axiomaticos fundamentais, ‘Temos, portanto, que essa € a forma encontrada para enten- der a complexidade da politica de Londres, Washington e Nova York, orientadas de modo especial contra as nagées da América do Sul, 0 que inclui a destruigao literal do Estado nacional sobe- ano como instituigao. Para este fim, a destruigéo das Forgas Ar- madas se apresenta claramente como um passo necessétio. que enfrentamos é uma oligarquia que pertence a tradig#o da ‘Sociedade Thule, a sociedade secreta que deu origem a Adclf Hitler, Esta oligarquia classificou os povos de origem mediterrnea, 0s ne £808 € 0s orientais como seres aptos para serem hilotas, como uma espécie animal em nivel de sociedade inferior & dos “eleitos”, as sociedades de brancos do Norte ou anglo-saxdes, por assim dizer. Seu objetivo é axiomético: exterminé-las pelo aspecto tecnol6gico, particularmente; eliminar a pritica da ciéncia e da razio entre estes ovos, para reduzi-los a hilotas, como os escravos de Esparta ou os personagens das parédias de Jonathan Swift sobre os britinicos do inicio do século 18, qualificando como yahoos as classes baixas da Inglaterra, incapazes da fala, analfabetas, humandides assemelha- dos a babuinos governados por cavalos ou, talvez, pelos traseiros dos cavalos, a aristocracia britinica, © objetivo € reduzir a inteligencia, eliminar 0 autogoverno dos povos de origem mediterrdinea, os negros ou outros de pele escura e regular-lhes © nimero, assim como a oligarquia espartana assassi- ‘ava os hilotas a fim de limitar-Ihes 0 nimero & quantidade deseja- da. Uma vez que se entenda isso, este derivado imediato das suposi- ‘sOes axiomiéticas da oligarquia ou do paganismo, compreende-se completamente tanto o aspecto essencial das atrocidades perpetra- das pelos anglo-americanos contra os pafses da América do Sul, por exemplo, como o motivo pelo qual os bolchevistas pertenciam a0 ‘mesmo campo filos6fico e, em tltima andlise, ao mesmo campo es- tratégico dos banqueiros anglo-americanos do Ocidente. Nao existe diferenga moral alguma entre a oligarquia da Gra- Bretanha e a dos Estados Unidos ~ essencialmente, « oligarquia liga- da ao Rito Escocés da Magonaria ~ e 0 bolchevismo. Nunce existiu. Filosoficamente ambos significam essencialmente 0 mesmo; € & Preficio 13, apenas enganar 0s incautos sugerir que em algum momento a oli- garquiia anglo-saxZ tenha sido boa porque, no caso, lutava contra a ameaga bolchevista. Isto é pura invengo. Ambos representavam, essencialmente, a mesma postura filoséfica. ‘Ao nivel dos teoremas, existiam, sim, diferengas que poderiam ter resultado em uma guerra termonuclear, embora houvesse um acor- do entre os dois conjuntos de superpoténcias, desde os dias em que Churchill Roosevelt se reuniram com Stélin em Yalta. Hoje, 6 essa a situagdo. Devemos entender que os feoremas que configuram as questdes particulares por nés enfrentadas nao sio mais que reflexos dos pressupostos axiomiticos bisicos. De nossa parte de- fendemos a civilizagio cristi contra esses oligarcas pagios e os seguido- res de Adam Smith, Nao sio menos oligarcas nem menos pagios os estadunidenses que se dizem catélicos e promovem Adam Smith, Séo 0 ‘mesmo que qualquer outro oligarca pagio. E buscam destruir o que indi- 4quei que eles buscam destruir. Temos de reconhece-to. ‘Também temos de formular a nossa politica com relagao a esse inimigo, 0 inimigo de toda a Humanidade, 0 inimigo do proprio Deus; temos de planejar nossa resposta a partit da compreensio dos mas sos axiomas, enfatizando 0 ensino, a inculcagao de nossos axiomas no entendimento da populacio e elaborando nossos teoremas como ‘espostas apropriadas & ameaca que se nos apresenta, respostas apro- priadas que sejam plenamente congruentes com os principios axiométicos que devem ser as premissas dos nossos esforgos. A geopolitica é paga por natureza E do ponto de vista axiomético que melhor podemos compreender as implicagdes das doutrinas geopoliticas de variadas aparéncias. A geopolitica se origina do conceito de que a Natureza em si, com seus efeitos sobre 0 homem, regula a conduta humana e, deste modo, define os seus interesses, como asseveram os diversos geopoliticos, Essa idéia da Histéria se acha obviamente relacionada a ele- mentos como 0 culto & deusa Mie-Terra e outros tipos semelhantes de paganismo, como o culto a Gaia, por exemplo, que é a mie de Satands no culto de Delfos. Ou seja, seu filo era Piton, a vibora ou serpente, a forma grega ou pelagiana de Satands ou Osiris, ete - a serpente. Ela € 0 protétipo da Rameira de Babildnia, ¢ 0 que repre- sentava a Roma pagi e € o que representam os seus équivalentes de 14 OCompla nossos dias. Esse tipo de erenga religiosa representa um conceito oligérquico do homem. Quando falamos de um conceito oligdrquico do homem, © fazemos do ponto de vista religioso-mitolégico. O protstipo des- tas crengas € a idéia mitol6gica do Monte Olimpo, na qual os vérios, deuses siio mais ou menos como uma espécie de consércios ou fun- dagdes de beneficéncia ou consércios financeiros quase imortais, que sio como personalidades ow pseudo-personalidades, mantendo © seu poder através das geragdes por meio de instrumentalidades ‘humanas - no imortais, mas quase imortais. E as pessoas que ser- vem estes afetados, estas entidades, estes deuses pagios, so semideuses, como, talvez, Henry Kissinger. E sob essa ética que temos que compreender a geopolitica. En- tender que ela representa esse tipo de fendmeno pagio dentro do Ambito da sociedade européia, na qual, evidentemente, inclufmos as Américas; que ela se baseia na concep paga da natureza, oposta & nogdo de que o principio da imago Dei dirige a Histéria - 0 desen- volvimento de idéias, suas aplicagdes aos mecanismos criativos, a transmissio de idéias na prética de uma geragio & seguinte por mi desta capacidade do individuo, tudo isto como causa determinante da Hist6ria. Este deve ser esse 0 nosso ponto de vista, enquanto 0 geopolitico per se € um pagio, essencialmente um satfinico, consci- ente ou inconsciente, que baseia suas idéias, como Jean-Jacques Rousseau, no culto & natureza e no culto ao homem, considerando-o em um estado natural totalmente depravado e assemelhado ao do babusno. E sob essa 6tica que podemos compreender, como devemos fa- zer com a geopolitica, os demais fendmenos deste perfodo. E claro ‘que a geopolitica tem especial importincia, j4 que é o dogma reinan- te, mais ou menos desde a década de 1880, entre a forma da forga oligdrquica responsdvel pelas duas guerras mundiais deste século e pelas diversas aventuras colonialistas e neocolonialistas do final do século 19 e do século 20, af inclufda a variante neocolonialista que 0s britanicos e os pagdos do mesmo naipe (como os principes Philip € Charles, da familia real britinica, promotora do culto a Gaia, a mie de Satands) pretendem impor a0 mundo. Lyndon LaRouche Rochester, Minnesota, EUA 19 de fevereiro de 1993 A atualidade do complé ste livro, publicado pela revista EIR-Executive Intelligence JReview em 1993, tem se convertido em um manual para a defe~ ‘sas das ameacadas instituigdes soberanas da Tbero-América, Em vé- rios pafses da regio, ele € estudado como obra de consulta entre 0s oficiais militares. No México, a Secretaria de Defesa Nacional pu- blicou uma edigao de 5.000 exemplares, que foram distribufdos como leitura obrigatéria para os oficiais. O impacto que tem causado nfo tem sido enfatizado por nés, mas pelos proprios porta-vozes do po- der anglo-americano, que se sente afetado. Por exemplo, em novembro de 1994, as vésperas da primeira reunio de espula presidencial das Américas, o jornal estadunidense Miami Herald publicou uma edigao especial dedicada aos assuntos ‘mais urgentes da regito. Na segZo referente relagio Forgas Arma- das-democracia a influéncia d’O Complé entre 0s militares ibero- americanos foi o principal destaque. “Muitos militares latino-ameri- canos esto nervosos e um livro de grande vendagem explica por- que. Da Guaternala a0 Brasil, hi oficiais lendo The Plot (O Comps), um livro que sugere que © Pentégono esta envolvido em um plano para reduzir ou, mesmo, abolir as Forgas Armadas latino-america- nas. Em El Salvador, os livros nio dio para 0 gasto”, diz. artigo. ‘A matéria inclui uma apreciagdo sobre o livro feita por Gabriel Marcella, instrutor do Colégio de Guerra do Exército dos EUA ¢ amigo do embaixador Luigi Einaudi, um dos principais mentores da trama desmilitarizadora, que, nervosamente, adverte: “Devido & hostilidade que existe, nio é dificil entender porque o livro O Complé est sendo vendido como pio quente em toda a regido e preocupa 0s analistas estadunidenses. Quando Lyndon LaRouche tem mais 16 OCompts credibilidade na América Latina que 0 Pentégono, isto é preocupante”. Mais recentemente, 0s autores de_uma reportagem sobre “Se- ‘guranga e democracia regional”, publicada na edigio da Primavera de 1996 da revista Joint Forces Quarterly, editada pela Universida- de de Defesa Nacional dos EUA, reconhecem que 0 designio supranacional que paira sobre as nacGes ibero-americanas nio pode ser totalmente executado, até agora, devido a resisténcia oposta pe~ las Forgas Armadas dos diversos paises da regio. Na mesma edigio, ao lado das opinides de vérias personali- dades do Establishment, foi publicada uma resenha do livro, a qual tenta, de forma canhestra, negar a existéncia de “um complo” como 0 descrito na obra. O autor, James Zackrison, analista do Gabinete de Inteligéncia Naval (OND), afirms E facil deixar de lado 0 tema deste livro como outra estra- nha teoria conspiratéria, Depois de tudo, a citagao da contracapa nos diz que a introdugao 6 (de autoria) do econo- mista estadunidense ¢ ex-preso politico Lyndon LaRouche. Suspeito que esta publicagdo no tem vendido muito nos Estados Unidos: uma busca em uma rede de bibliotecas mos- {rou que somente hé trés delas que possuem 0 livro ao pats. ‘Nao obstante, milhares de exemplares tém sido vendidos na América Latina ¢ os militares mexicanos imprimiram uma edigdo especial de 500 exemplares (sic). Diz-se que (0 livro) estd na lista de leituras obrigat6rias de vérias academia mili- tares e colégios de guerra da regio. Os estudiosos dos as- suntos latino-americanos que no o derem importincia, 0 fardo em seu préprio risco. Porém, se € apenas uma conspira- G40 de LaRouche, por que atrai tanto a atengio dos leitores latino-americanos? Os autores deste livro compilaram toda a informagio correta , depois, a aplicaram em um argumento tnico, Entretanto, sua légica envolve a conjectura de uma relagao causal entre a intengio dos acontecimentos e as pessoas envolvidas. Po- r6m, 0 livro esté recrutando um séquito crescente entre os militares da América Latina. Portanto, deve ser estudado para se entender uma das influéncias que atuam sobre os mem- bros das Forgas Armadas do nosso Hemisfério. Ademais, 0 proprio Pentégono tem sido obrigado a sair em A ctualidade do compld 7 campo para negar a existéncia de planos para a redugdo dos exér- citos do continente. Em agosto de 1996, o general Lawson Magruder, comandante do Comando Sul do Exército dos EUA, sediado no Panamé, fez uma visita a Bolivia, durante a qual ne- g0u veementemente a existéncia de um chamado “Plano Bush” contra as Forcas Armadas ibero-americanas e acusou fundador da EIR, Lyndon LaRouche, de fomentar a discussdo sobre seme- Ihante trama, Tal plano, disse ele, “nunca existiu como politica oficial” dos BUA. A visita do general Magruder ocorreu duas semanas depois que ‘© correspondente da EIR no Brasil, Lorenzo Carrasco, visitou 0 pafs e proferiu uma série de conferéncias em instituigdes militares e civis sobre 0 tema do livro que tem provocado tal debate em toda a Tbero-América. As novas ameacas de Einaudi ‘Todas as evidéncias indicam que a resenha d°O Complé publicada na Joint Forces Quarterly foi encomendada pelo personagem que, partir do Departamento de Estado dos EUA, dirige 0 esforgo para o desmantelamento das F.As. ibero-americanas, abrindo 0 caminho para a submissdo das nagdes que elas esto encarrega- das de defender as decisdes tomadas pelas entidades supranacionais que representam 0 poder do Establishment anglo- americano. Referimo-nos ao embaixador Luigi Einaudi, que foi assessor politico do secretério de Estado Warren Christopher até 1996 e, durante muitos anos, tem sido a eminéncia parda do De- partamento de Estado para a politica interamericana dos EUA. Conhecido como o “Kissinger do Kissinger” para a América La- tina, Einaudi tem sido incansével na labuta para 0 cumprimento de uma das demandas centrais do Establishment, a criagao de tuma forga militar supranacional nas Américas, a qual reiterou em um artigo publicado na mesma edigao de Joint Forces Quarterly na qual foi publicada a resenha de James Zackrison. No artigo, Einaudi sugere que a Junta Interamericana de Defesa seja subordinada a Organizagiio dos Estados Americanos (OEA) e passe a atuar como o brago militar desta tiltima, facultando-lhe a capacidade de intervir nas nagdes da regio. A proposta, acrescenta ‘uma ameaga transparente: se as nagdes da Tbero-América continu- 18 0-Complo rem opondo obsticulos & reforma pretendida, os Estados Unidos (ou a Organizagao das Nagdes Unidas (ONU) terdo que imtervir uni- lateralmente, como ocorreu no Panamé ¢ no Haiti. Em suas préprias palavras: “Devido ao desuso do Tratado do Rio ¢ se a Carta da OFA continuar carecendo de estipulagdes sobre o uso da forga, as ativida- des armadas para manter a paz correspondem as. Nagdes Unidas oa ago unilateral dos Estados Unidos”. Tudo isto em meio a comedi- dos argumentos de que ndo esta propondo uma politica imperialista, ‘mas um mecanismo para fazer valet a “vontade coletiva da regido” Einaudi no oculta que a tarefa central de uma tal forga de intervengo supranacional seria a imposigdo forgada nas Améri- as da “Nova Ordem Mundial” propalada pelas forcas politicas anglo-americanas, as quais integra com destaque o ex-presidente George Bush e que pressupde a supressio total da soberania das nagSes sobre os assuntos cruciais para os seus destinos. Einaudi ndo € uma voz isolada na politica do Departamento de Estado. Nas reunides dos ministros de defesa do continente realizadas em Williamsburg, EUA, em 1995, e Bariloche, Argen- tina, em 1996, as posigdes expressadas pelo entdo secretirio de Defesa estadunidense William Perry revelaram uma_identidade com aqueles planos, Na reunio de Bariloche, realizada entre 7 e 9 de outubro de 1996, apesar de no se haver chegado a qualquer conclusio subs- tancial sobre estratégia ou politica, a principal iniciativa apresenta- da por Perry foi a de que os EUA estabelecertio um Centro Interamericano para Estudos de Defesa com sede em Washington. Segundo porta-vozes do Pentégono, o centro € considerado “uma ‘operagio do Departamento de Defesa” e tem 0 propésito de garantir uma perspectiva comum de estratégia militar ¢ “institucionalizar a iregdo civil das Forgas Armadas”. Perry especificou que os func nérios que trabalhem em assuntos militares, “a maioria civis seleci- onados em ministérios de defesa, chancelarias ¢ assessores legislativos de assuntos militares”, serdo levados aos EUA para “re- ceber cursos de treinamento direto”. O principal objetivo ¢ “criar ‘um conjunto de lideres civis” que serdo encarregados da diregao da politica militar da regiao. Ao mesmo tempo, equipes de instrutores visitardo varios pafses ibero-americanos para proferir cursos espect- ficos. A Universidade de Defesa Nacional est4 a cargo da coordena- ‘go do plano ¢ do curriculo dos cursos. A verdade € que, por trds de todas as ambigiiidades dos do- A atuaidade do complo 19 cumentos de Bari che, 0 ambicioso projeto para a criagdo do ovo centro oficializa como politica do Pentégono para a Ibero- América 0 chamado “Plano Bush” para 0 desmantelamento das F.As. da regidio, que, até agora, vinha sendo executado por inter- médio de organizagdes niio-governamentais (ONGs) ou pelos chamados “circulos académicos”. O Brasil e 0 “controle civil” das Forcas Armadas No Brasil, a ofensiva para submeter os militares ao chamado “poder civil” teve a sua primeira tentativa séria durante o governo do presi- dente Fernando Collor de Mello, que obedecia cegamente aos desig- nios da “Nova Ordem Mundial”, entdo encabegada pelo presidente George Bush. Todavia, coube ao presidente Fernando Henrique Car- doso, membro fundador do Dislogo Interamericano, uma das insti- tuigdes-chaves do compl6 antimilitar, mudar a orientagao da politi- cea de seguranga nacional brasileira, submetida a constantes ataques por parte dos desmilitarizadores. Em novembro de 1996, apés a reunido de Bariloche, 0 Go- verno brasileiro deu a conhecer a sua nova Politica de Defesa Nacional, em um documento ago. e genérico. Como comentou nna ocasio 0 jomal O Estado de Sao Paulo, “pela primeira vez na historia do Brasil, um governo - e, ademais, civil - fixou diretri- zes claras e piiblicas para as Forgas Armadas, deixando claro que esté consolidada a subordinagio dos militares ao poder civil”. © aspecto mais grave da nova polftica € que ela acaba com a doutrina de seguranga nacional brasileira, baseada no bindmio seguranga e desenvolvimento, Ou seja, sob a perspectiva “globalista” do atual Governo, as F.ASs. sio transformadas, de fato, em um mero corpo de vigilancia submetido aos vaivéns politicos internos © externos, afastando-se de seu compromisso hist6rico fundamental de participe da construgdo da soberania econémica nacional e, até mesmo, de seu papel igualmente hist6rico como poder moderador. Desvinculadas do desenvolvimento econdmi- £0, cientifico e tecnolégico como eixo de uma politica de defesa nacional, as F.As. ficam limitadas as agdes estritamente militares € A participacao nas missdes militares “unimundistas” da ONU. 20 0 Comps Retorno ao século 19 No que pese a resisténcia encontrada pelo “compl6”, os planos da oligarquia anglo-americana tém avangado quase cronometricamente € 0s inimigos do Estado nacional soberano tém ganhado terreno. Em. toda a Ibero-América, as economias nacionais se desintegram sob 0 létego da chamada “globalizagdo”, eufemismo que mal disfarga a submissao das economias nacionais aos ditames um sistema finan- ceiro mundial regido pela usura, ou seja, uma nova forma do mais ‘cru colonialismo. Particularmente, a partir do governo de George Bush - que, em alianga com sua “parceira” britfnica Margaret Thatcher, desatou a insdnia “livrecambista” por todo 0 mundo -, a Ibero-América tem perdido as suas empresas estatais, inclusive aque- las consideradas de interesse estratégico para seus paises, e est a ponto de perder totalmente 0 controle de seus ricos recursos natu- rais, No Brasil, o Governo Fernando Henrique Cardoso esté decidi- do a entregar © complexo mineiro-industrial da Cia. Vale do Rio Doce e outras ricas reservas de minerais estratégicos &s empresas de mineragao da Commonwealth, Em nome de uma suposta “modernidade”, que nos asseguram ser a porta de entrada para o século 21, na realidade, o que estamos presenciando em toda a regido € um retorno ao mais puro colonialismo do século 19, particularmente em sua faceta britinica, Esse nao é um abuso de retérica ou um paralelo abstrato: a guerra contra os Estados nacionais soberanos 6 dirigida com 03 métodos e por instituigdes que executam a geopolitica do Império Britanico. Com o desmantelamento das Forgas Armadas e a su- pressio do prinefpio de autoridade central, dirigimo-nos um novo processo de “balcanizacio” do Hemisfério Ocidental, semelhante a0 ocorrido com as ex-coldnias americanas da Espanha nas pri- meiras décadas do século 19, por maquinagao da prépria Ingla- terra, com 0 propésito explfcito de obstaculizar-lhes o desenvol- vimento aut6nomo com a imposi¢ao de sua doutrina do livre co- mércio. Hoje, em seu aff de controlar os recursos naturais com os quais espera sobreviver ao iminente colapso do sistema financei- ro internacional, 0 Império Briténico volta a atuar por conta pré- pria, deixando & margem os seus acordos com os Estados Unidos para atuar em cons6reio nos assuntos do Hemistério Ocidental. A ctualidade do complo 21 A frente terrorista Continuando com as semelhangas com 0 século passado, quando 0 Império Briténico, sob a lideranca de lorde Palmerston, desatou as redes anarquistas e terroristas de Giuseppe Mazzini contra os inimi- ‘g0s do Império, hoje, um dos principais instrumentos da estratégia desmilitarizadora € 0 fomento de “insurgéncias” terroristas na Ibero- América. No momento em que estas linhas sao escritas, ha trés des- tas frentes de guerra irregular abertas na regio - no México, Co- Jombia e Peru - e, a qualquer momento, alguma outra nago pode sofrer o mesmo processo. Os cfrculos de apoio politico do Império Britanico tém desatado 0 que 0 Establishment oligérquico considera um “terrorismo étnico”, empregando a arma do indigenismo, pro- movido e sustentado do exterior pelo aparato “unimundista” da ONU, ue conduz suas agdes por meio de uma pleiade de ONGs. No México, o Exército Zapatista de Libertagio Nacional (EZLN) foi erigido como uma forga politica para impor ao Governo todas as condigdes de negociacao, inclusive as_mais estapaftirdias, como 0 virtual direito a ndo ser derrotado militarmente. Na Colombia, a narcoguerriha das Forgas Atmadas Revoluciondrias da Colmbia (PARC) € do Exército de Libertagao Nacional (ELN), constitufdas no “terceiro cartel” das drogas e com um forte respaldo da ONU, conduzem um plano separatista na regio de Urabé, o qual contem- pla a presenga na regido dos “capacetes azuis” da organizagao. A 0 & estratégica pela possibilidade de poder sediar um novo ca- nal interoceanico paralelo ao Canal do Panamé. Como afirmou 0 general Harold Bedoya Pizarro, comandante do Exército colombia- no: “Se continuarmos permitindo que nos digam, internacionalmen- te, como devemos salvaguardar nossas fronteiras, perderemos Urabé, tal como ocorreu com o Panamé. A qualquer pafs do mundo interes saria a regido de Urabé e se os colombianos continuarmos fazendo- thes 0 jogo, perderemos o canal Atrato...Urabé estd na mira dos eu- ropeus... No Peru, a audaciosa invasdo da residéncia do embaixador Japonés em Lima, efetuada pelo Movimento Revolucionério Tupac ‘Amaru (MRTA) em dezembro de 1996, coloca em evidéncia 0 fato de que as redes britdnicas em toda a regido esto ativadas sem respeitar instituigdes ou fronteiras. Esse é um plano de guerra continental executado por uma alianga entre 0 chamado Dislogo Interamericano e 0 Foro de Sio 22 OCompia Paulo, a organizagdo continental criada por iniciativa do Partido Comunista Cubano em 1990, para reviver a antiga Tricontinental comunista dos anos 60-70, a qual vincula todos os grupos terro- ristas ¢ narcoterroristas do continente, Nesse cendrio se inserem os constantes e cada vez mais au- daciosos ataques contra as Forgas Armadas e seus lideres que se atrevem a opor alguma resisténcia a tal ofensiva e, embora o pla- no dos desmilitarizadores nao tenha atingido o seu objetivo final, ninguém pode ter a ilustio de que, com o fim da “Guerra Fria", a tempestade tenha passado e se augura uma época de estabilidade e prosperidade mundial. Seineldin e LaRouche Nessa verdadeira guerra que se trava em nosso Hemisfério, cabe destacar duas figuras que tém representado grandes obstécalos & imposigao da “Nova Ordem Mundial” globalista: Lyndon LaRouche € 0 coronel Mohamed Alf Seineldn, atualmente martirizado ra pri sto por imposigio explicita dos préceres do Império Briténico. ‘As Ultimas adverténcias feitas por Seineldin em uma carta escrita ao presidente da Argentina, Carlos Menem, em 22 de agosto de 1996, revelam a razio politica do seu encarceramento. Nela, Seineldin reitera 0 seu compromisso com os prineipios que moti- varam 0 pronunciamento militar de dezembro de 1990, causa de ‘sua condenagiio a prisdio perpétua - a defesa da soberania nacio- nal e das instituigSes militares argentinas -, e pede a Menem que indulte os demais oficiais condenados pelo movimento, com a excegao dele proprio. “O tempo transcorrido até o presente, desde que fui condena- do & pristio perpétua, longe de deprimir-me, fortaleceu as pro- fundas convicgdes que me levaram a tomar as atitudes militares {que so do conhecimento pablico, tanto na ordem nacional como internacional. Os ideais que defendi e continuarei defendendo até a minha morte tm a ver com uma consideragio ética da pessoa, da familia e da sociedade. Ademais da plena vigéncia do “fato nacional’, (eles) me impdem que eu siga combatendo os inimi- 208 internacionais", enfatizou Seineldin © coronel Seineldin continua sendo a figura que representa uma das maiores gestas do continente contra o Império Britinico, A atualidade do complé. 23 ‘como foi a Guerra das Malvinas. A propésito da vergonhosa visi- ta a Londres do general Martin Balza, comandante do Exército argentino, onde pediu perdao 4 Coroa britanica pela guerra, 0 jomnal El Clarin fez. 0 seguinte comentario em dois artigos publi- ‘eados em 4 ¢ 5 de novembro de 1996: “Para os britinicos, depois {que encabegou em 1990 a repressao ao levantamento carapintada’ liderado pelo ex-coronel Mohamed Alf Seineldin, Balza se con- verteu em uma garantia do controle do poder politico sobre os militares...Até 1990, os britdnicos sempre colocavam como con- digo para 0 restabelecimento das relagdes a seguranca de que 0 poder politico havia subordinado os militares, como garantia da palavra dos governos democraticos argentinos de nao voltar a usar a forga para recuperar as Malvinas”. Finalmente, a importancia peculiar de LaRouche para a guerra que se trava contra © complo €, por um lado, 0 seu diagnéstico de que 0 fator subjacente aos ataques contra os Estados nacionais € as Forgas Armadas ibero-americanas € a necessidade da oligar- quia internacional ameagada pela crise financeira que se avizi- nha, de remover os obsticulos para a imposigio de uma econo- ‘mia de rapina que assegure os recursos fisicos. para o que imagi- ‘nam ser a sua Sobrevivencia, Por outro lado, LaRouche tem-se erguido como o baluarte para a criagZo de um novo sistema financeiro internacional, que promova um renascimento econdmico global baseado no fortale- cimento do Estado nacional soberano € nos direitos cristdos inalienaveis da pessoa humana. Silvia Palacios € Lorenzo Carrasco Correspondentes da revista EIR no Brasil I A campanha antimilitar e a "Nova Ordem Mundial" 1| A historia do projeto antimilitar fhegou a hora de os patriotas ibero-americanos, civis € mi res, s€ apresentarem para 0 combate. E agora que deve de- fender 0 direito soberano de suas nagdes a manter Forgas Atma- das nacionais, se desejam ainda ter pafses a defender em futuro no muito distante. E demasiado pequeno 0 ntimero dos que quiseram reconhe- cer a existéncia do projeto da “Nova Ordem Mundial” para elimi- nar a instituigdo das Forgas Armadas na Ibero-América. Por ou- tro lado, ¢ demasiado o nimero dos que alegam que tudo que se discute ¢ o “redimensionamento” das Forgas Armadas, bem como de todas as instituigdes do Estado, devido a uma crise econdmica gue, em sua opinifo, nfo tem solugdo. Mas 0 que esti em jogo & muito mais do que isto. O plano de desmantelamento das Forgas ‘Armadas € uma questao relevante néo apenas para os militares: 0 que se acha em jogo nesta luta é nada menos que a propria exis- téncia do Estado nacional. Se no se conseguir deter esta trama nefasta, desatar-se-4 uma desintegragao da economia € das insti tuigGes nacionais que terminardé em um genocidio de proporgdes inimagindveis. Nagdes inteiras desaparecerdo. , portanto, imprescindivel que os civis também se juntem a essa luta. Em junho de 1991, a revista Resumen Ejecutivo de EIR publicou um ntimero especial intitulado A ‘Nova Ordem’ de Bush: eliminar a soberania e as Forgas Armadas da Ibero-América, no qual eram apresentados detalhes do projeto antimilitar. Advertfa- mos, entio, que a politica de destruigdo das Forgas Armadas “nao se orienta unicamente contra as instituigdes castrenses, mas tam- bém contra a Igreja Catdlica, os sindicatos, a inddstria nacional € 28 0 Compls qualquer forga institucionalizada que possa oferecer resisténcia ao objetivo final de ‘Nova Ordem Mundial’ de George Bush: a subjugagao colonial, o saque dos recursos e 0 genocidio da popu lagdo do Sul, considerada excessiva”, Decorridos seis meses, em janeiro de 1992, a revista investiu novamente contra o projeto, desta feita, com um suplemento especi- al sobre o “chamado as armas” contra a “Nova Ordem" feito pelo coronel argentino Mohamed Ali Seineldin e seus companheiros de armas. “A batalha decisiva que o continente enfrenta ndo é a da ‘de- mocracia’ contra a ‘ditadura’; a alternativa 6 mais entre o genocidio € 0 desenvolvimento...0 que se encontra em jogo na Tbero-América 6 a propria existéncia do Estado nacional”, advertia a revista. todos os pafses da regio, ergueu-se a resisténcia contra tal projeto, mas é chegada a hora de se passar da resisténcia naci- onal a uma decidida e unificada ofensiva continental, jé nfo mais para opor resisténcia, mas para derrotar o inimigo e todos os seus planos. A publicagao deste livro tem como objetivo o de ajudar a elaborar esta estratégia, s planos do inimigo esto claramente definidos: “O que se vislumbra mais adiante € um exército mundial”, anunciou alegre- mente, em 29 de margo de 1993, Paul Volcker, presidente estaduni- dense da Comissao Trilateral na reunido anual deste destacado 6r- B80 de planejamento estratégico do Establishment anglo-america- no. Os trilateralistas aprovaram grande parte de suas deliveragées sobre a forma de esmagar a resisténcia & criagao de um Exército das Nagdes Unidas. O préprio Volcker anunciou que estava conseguin- do financiamento para 0 projeto do exército mundial. Volcker é a epitome dos banqueiros que forjaram 0 projeto antimilitar. Em 1979, como presidente do Sistema da Reserva Federal (o banco central privado dos EUA), ele iniciou premedi- tadamente 0 que ele proprio chamou de “desintegragao controla- da” da economia mundial, elevando a niveis insdlitos as taxas de Juros primarios nos EUA. O objetivo desta politica foi claramen- te enunciado pelo presidente do Citibank, John Reed, em declara- (es feitas em 1990 & revista brasileira Veja. “Pafses tém desapa- recido da face da terra. O Peru e a Bolivia desaparecerio”, disse Reed. Os banqueiros declararam uma guerra global contra todos 6s prinefpios da civilizacdo crista ocidental, nos quais a ordem mundial se baseou nos tiltimos 500 anos. As premissas bésicas do projeto antimilitar slo as seguintes: A histéria do projeto antimilicar 29 1. Que permanega sacrossanto o dominio do Fundo Moneté- rio Internacional (FMI) sobre a economia mundial. Em outras palavras, que toda @ atividade econOmica seja regida pela usura e Por seu companheiro insepardvel, o malthusianismo. 2. A soberania saiu de moda; é um conceito obsoleto, substitul- do pelo “globalismo” da chamada era pés-moderna, Nao se trata aqui de um pequeno ajustamento da énfase dos eventos internacionais, mas de uma dedicagao total & eliminagdo do proprio Estado nacio- nal como forma de organizagéo social da vida humana. 3. O comunismo esté morto, o que deixa como Unica poténcia ‘mundial a combinagdo anglo-americana: a inteligéncia britinica no comando da forga estadunidense. Todas as nagdes tém de se adaptar a este mundo dominado por uma tnica superpoténcia e, portanto, ninguém necessita de instituigGes militares nacionais. O lugar da Thero-América neste esquema é assimilar-se aos Estados Unidos em sua economia, governo, cultura e estrutura militar. ‘Como se pode demonstrar, esses tr€s pressupostos so falsos, mas tém logrado a aceitacZo publica por conta de sua repetigao cons- tante pelos meios de comunicagdo. Além disto, 0 projeto jé pode avangar até onde se encontra devido & covardia e a vacilagao de suas pretensas vitimas, embora os pretextos para a inago tenham varia- do. Alguns aprovam, dizendo que a “desmilitarizagio” s6 poderia ocorrer a outros, que seu pats e suas Forgas Armadas sio suficiente- ‘mente fortes para ser nao afetados. Outros dizem poder tolerar uma “parte” de tal politica, porque poderiam com ela obter uma partici- pacio melhor que seus vizinhos na “Nova Ordem Mundi Freqtientemente, entre estes encontram-se os que criticam 0 coronel Seineldin por encabegar uma luta frontal contra a “Nova ordem mun- ial”, insistindo em que ele “perdeu” ao receber uma sentenca de confinamento indefinido na prisio, enquanto eles “ganharam””¢ fi- caram “livres”, em melhores condigdes de negociagio. ‘Um militar ibero-americano que cometeu esse erro foi o general salvadorenho René Emflio Ponce, que encabecou a aceitacao do acor- do de paz orquestrado pela ONU entre a guerrilha e os militares salvadorenhos alegando, a cada concessti, que, desta maneira, 0s militares evitariam a sua prépria destruigdo. Hoje, as Forgas Arma- das salvadorenhas ndo apenas esto sendo desmanteladas e entre- Bues as comunistas, como o préprio Ponce foi classificado como “assassino” pela mistificadora “Comissao da Verdade” da ONU, tendo sido ordenada @ sua humilhante expulsio da forga. 30 0 Compia Seria bom que outros pretensos reformadores ouvissem a ad- verténcia crua ¢ direta feita por Samuel Huntington, idedlogo da ‘Comissio Trilateral, aos “democratizadores” do mundo. Devem-se “expulsar ou reformar 0 quanto antes todos os militares potencial- mente desleais, af inclufdos tanto os principais partiddrios do regi- ‘me autoritério como os reformadores militares que tenham ajudado a criar 0 regime democrético. Estes tiltimos sto mais inclinados a perder a sua preferéncia pela democracia que a disposigao de inter- vir na politica”, diz Huntington em seu livro de 1991, A Terceira Onda: a democratizagao no final do século XX (edigao brasileira da Ed. Atica, Rio de Janeiro, 1994), A intengao € destruir a totalidade da instituigao militar e, portan- to, todos 08 oficiais militares so alvos, independentemente de que oponham resisténcia, mantenham a “neutralidade” ou mesmo adiram A causa inimiga, A campanha contra os militares salvadorenhos 6 apenas o inf- cio da campanha para a criagio de tribunais internactonais para jul- gar todos os militares ibero-americanos pelo “crime” de defender as suas nagdes. Jé teve infcio a propaganda internacional para insuflar © julgamento dos militares, baseada na falacia de que as Forgas Ar- madas ibero-americanas cometeram crimes compardveis ou piores que os dos nazistas na Segunda Guerra Mundial ou os dos sérvios, na atualidade. J4 existe uma campanha mundial para que os tribunais inter- nacionais cancelem as anistias nacionais que foram concedidas ao pessoal militar participante nas campanhas antisubversivas dos anos 60 a 80 em varias nagdes ibero-americanas. Para estes e ou- tros off Propéem-se novos julgamentos, desta feita em tri- bunais internacionais como a Corte Interamericana da Costa Rica ou os tribunais de outros pafses, inclusive os BUA. ‘Com essa ofensiva, propdem-se nfio somente a levar a julga- Mento os oficiais militares, como também torné-los alvos de ten- tativas de assassinato por grupos narcoterroristas. Os propagan- distas pré-terroristas dos “direitos humanos” ja comegaram a pu- blicar no Peru e na Colémbia listas de militares e policiais antiterroristas acusados de “violar os direitos humanos”. ‘Nao hd, portanto, onde se esconder. O préprio inimigo esté so- brevoando todas as trincheiras. Chegou a hora de lutar. Para derrotar 0 inimigo, é preciso conhece os seus objetivos, a estratégia que est4 empregando e, o mais importante, o seu flanco mais vulneravel. Tam- A. historia do projet antimiliar 31 bém é preciso ter bem claro 0 motivo pelo qual se lta, porque 86 assim € possfvel mobilizar toda a populagdo em defesa da Patria. Assim sendo, uma parte importante deste livro é a que explica “como sobreviver sem 0 FMI”. J4 transcorreu muito tempo desde {que 0s oficiais militares nacionalistas ibero-americanos deixaram 0 desenvolvimento econdmico de suas nages, precisamente, nas maos de banqueiros e tecnocratas que, na verdade, estavam mais devota~ dos a destruir as suas nagdes. Como demonstrou detalhadamente 0 estadista e economista Lyndon LaRouche, em recente entrevista & Resumen Ejecutivo de EIR,’ as vit6rias obtidas contra os narcoterroristas no campo de batalha serdo passageiras, a menos que 6s militares assegurem a adogao de solugdes viéveis dos problemas reais aos problemas reais nacionais. Isto, porém, requer dar um fim a0 saque patrocinado pelo FMI. “E quase impossfvel combater as guerrilhas e, ao mesmo tem- ‘po, submeter-se ao FMI", acentuou Lyndon LaRouche na entrevista ‘Se alguém executa o programa do FMI ou programas semelhantes ‘contra a sua propria populacao e tenta, ao mesmo tempo, combater as guerrilhas, esté empreendendo uma batalha perdida, porque, en- quanto 0 FMI “recruta’ os guerrilheiros, vem 0 Departamento de Estado dos Estados Unidos e ameaga cortar qualquer pequena ajuda forem mortos mais guerrilheiros, e os magons vém e 0 acusam de violar os direitos humanos. Assim sendo, para se travar essa luta, necessita-se de uma politica firme ¢ decidida, mas baseada em afir- ‘mar o bem-estar do povo. Sem isto, pode-se perder”, enfatizou ele, saque e a destruigao da Thero-América néo é um fenémeno natural nem um castigo ordenado por Deus para esses povos, mas 0 resultado da usura imposta pelas forgas financeiras transnacionais, cuja politica perversa tem destruido as mesmas nagdes do Norte em cujo nome dizem trabalhar. Se mobilizar os seus recursos morais ea sua vontade politica, a Ibero-América, pode colocar de joelhos 0 inimigo anglo-americano. 1982: o langamento do projeto projeto de “desmilitarizagdo” da Tbero-América foi estabelec do oficialmente como politica dos Estados Unidos a partir da gran- 1) Entrevista com Lyndon LaRouche em Resumen Ejecutvo de BIR, Vol. X, Nai, 7 primeira quinaena de malo de 1993, 32 0 Comps de crise de 1982-1983 nas relagdes hemisféricas. Em 1982, duas importantes instituigdes politicas e econOmicas das Américas foram golpeadas por duas ondas de choque sucessivas: a Guerra das Malvinas, de abril a junho daquele ano, e a eclosio, em setembro, da crise da divida externa ibero-americana, com a declaragao do presi- dente José Lépez. Portillo, do México, de uma moratéria a divida deste pafs. Embora poucos se dessem conta naquele momento, os dois acontecimentos guardam intima relaco entre si O primeiro golpe desintegrou os arranjos militares sobre os quais, durante décadas, haviam-se baseado as estratégias de defesa ibero. americana. O impacto da decisio estadunidense de apoiar a Gra. Bretanha em sua guerra contra a Argentina ia além da injustiga de sua repulsa aos méritos hist6ricos evidentes das pretensdes territoriais ar- gentinas sobre as ilhas Malvinas, ocupadas ilegalmente por forgas bri- Vinicas desde 1833. Ao fornecer a Gri-Bretanha, poténcia extracontinental, as informagoes e meios militares para travar a guer- ra contra a Argentina, os Estados Unidos violaram um compromisso solene contrafdo com a Argentina em virtude do Tratado Interamericano de Assisténcia Recfproca (TIAR). Essa trai¢ao transmitiu uma clara mensagem a todos os pa ses signatérios do tratado. Anos mais tarde, em 1991, esta mensa- ‘gem seria enfatizada de modo cortante por Luigi Einaudi, impor- tante funcionério do Departamento de Estado de quem falaremos mais adiante, em um semindrio realizado no Centro Woodrow Wilson, em Washington. Segundo ele, foi na batalha “das ilhas Falkland/Malvinas que ficou demonstrado que a grande alianga mitolégica dos Estados Unidos com 0 resto do hemisfétio é exa- tamente isto: mitolégica’. O falecimento repentino do TIAR nas mios dos Estados Uni- dos também colocou de imediato a todos os paises das Américas 4 questio sobre que sistema de aliancas deveria substituf-io e em que hip6tese de defesa nacional. As poténcias anglo-americanas Jd tinham pronta a sua resposta, aproveitando a crise para Propagandear o estabelecimento de um governo completamente Supranacional sob a doutrina de uma presumida ‘seguranga de- mocritica coletiva’. Mas, para os patriotas da Ibero-América, a Guerra das Malvinas ¢ a crise subsequente indicavam coisa muito diferente e, novamente, despertaram 0 sonho hist6rico de uma Tbero-América forte, independente e integrada: enfim, uma “Pé- tria Grande” ibero-americana, A historia do projeio antimititar 33 Fatores econédmicos basicos Houve apenas um lider estadunidense, 0 economista ¢ estadista Lyndon LaRouche, que organizou apoio & causa argentina na Guerra das Malvinas, tanto nos Estados Unidos como internacionalmente, e se op6s & decisio estadunidense de se aliar com seu préprio inimigo hist6rico, a Gra-Bretanha. Em palavras que podem parecer proféti- cas, LaRouche advertiu que a guerra nao era apenas um conflito pe- las ilhas, mas que fora provocada por interesses financeiros anglo- americanos cada vez mais desesperados pela bancarrota do sistema financeiro mundial. Com a deterioragao da crise internacional da divida, denunciava LaRouche, tais interesses procuravam criar um precedente para realizar investidas “extrajurisdicionais” da Organi- zagio do Tratado do Atlantico Norte (OTAN) contra pafses do setor subdesenvolvido. O objetivo dos anglo-americanos, além de derro- tar a Argentina, era 0 proprio princfpio da soberania nacional. LaRouche, colocando em destaque a questao de fundo da unidade das questdes militares e econdmicas, recomendou que as nagGes ibero-americanas visassem 0 flanco mais vulnerdvel das pretensas poténcias coloniais: 0 sistema financeiro. Em maio de 1982, na entrevista & imprensa ocorrida no palécio presidencial mexicano de Los Pifios, ap6s se reunir em particular com o presi dente L6pez Portillo, LaRouche conclamou a Ibero-América a se unir € deflagrar a “bomba da dfvi a forma de der- rotar 0 inimigo anglo-americano, tanto na guerra entio travada no Atlantico Sul, como na crise da divida, que se avizinhava. Em agosto do mesmo ano, LaRouche desereveu uma estratég econdmico-politica integrada, mediante a qual a Tbero-América po- deria insistir na adesdo rigorosa ao prinefpio da soberania e ao dite’ to a0 desenvolvimento no Hemisfério Ocidental e, a0 mesmo tem- po, forgar as potencias industriais a sentar & mesa de negociagdes € reformar o insolvente sistema financeiro internacional dominado pelos anglo-americanos, reforma que j4 se fazia necesséria ha muito tempo. A Operacao Judrez, como se chamou a estratégia de LaRouche, propunha que a Tbero-América declarasse conjuntamen- te uma moratéria 20 pagamento da divida externa e formasse um mercado comum ibero-americano independente, atos que permit am & regio se defender, a curto prazo, de qualquer represélia e otimizar 0 desenvolvimento a longo prazo. Com 0 devido investi- mento em seus abundantes recursos, pleiteava LaRoche, a Ibero- 34 0 Comps América poderia converter-se em uma superpoténcia econémica. ‘A proposta colocava em cena a possibilidade de transformar com. pletamente a geometria esstratégica do mundo, Ao formar-se nas Amé- ricas um bloco de poder independente, todo 0 esquema da “Nova Yalta", a divisdo do mundo em esferas de influéncia das duas super- potGncias em que se empenhavam os interesses anglo-americanos, poderia ser derrubado. Nasce 0 Didlogo Interamericano Entretanto, os anglo-americanos ndo permitiriam a concretizagaio de tal perspectiva com facilidade. Aproveitando 0 caos em que cairam as redes polfticas e institucionais na Ibero-América, pelo duplo efei- to da Guerra das Malvinas e da crise da divida, os interesses anglo- americanos se moveram com rapidez para perpetuar o dominio poli tico na regio, Deste esforgo, surgiu o Didlogo Interamericano (DI). Em junho, julho e agosto de 1982, foram apressadamente orga- nizados trés semindrios sobre 0 tema das repercuss6es da Guerra das Malvinas quanto as relagées interamericanas, auspiciados pelo Cen- {to Académico Woodrow Wilson, um think-tank sediado em Washing- (on, financiado e dirigido pelo governo estadunidense *O diretor do Programa de estudos latino-aiericanos do centro era, entio, Abraham Lowenthal e um dos pesquisadores era Louis Goodman, que eneabe- saria, quatro anos depois, o projeto do infame “Manual Bush” contra “70 Genito Acadéenico Woodrow Wilson fl criado em 1968 para servirde centro particular de pesquisa © documentagdo politica, patrcinado pelo govemo.€ diigido or um comitéconsituid por oto funcionéros ofcitis, entre cles o sectetiro de Estad, € outros oriundos do setor privado, mas nomeados pelo Bovemno, caite eles ‘wnninaresfinanceiros anglo-americanos como Jol Reed, presidente do Cisbank, Mex Kunpelman, presidente honorério da Liga Anddifamagio da B'nai B'rith (ADL) ¢ Dwayne O. Andreas, presidente do giganiesco cartel graacliro Archer Daniels Midland, Em 1977, © Ceniro Woodrow Wilson eriou um Programa de Exiuder Latino. merianos, fnanciado conjuntamente pelo govero estadunidense ¢ plas indaybes Ford, Melion Rockefeller, © Fundo dos Irmdos Rockefeller, 0 Banco Munda, vases ‘ransnacionas estadunidenses e um grupo de “visiondros lideres veneauclancn do eter brivado deste pas", Desde ent, o Cento tem convidado dezenas de pensuitadonee& idadlos influenes ibcro-americanos para colaborar corn seus volegss esedunidenses ‘em projeos de intesesse part 0 governo estadunidense. Ao final de 1991, por exempl, © Centro criou ur projeto especial de ts anos sobre assuntos venezuclanon,

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