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(VJ Estratégia CONCURSOS Aula 03 eT Ren A ea Re MC Cd aero Leo) Professores: Igor Maciel, Paulo H M Sousa AULA @ TEORIA GERAL DO DiREITO CIVIL: BENS Sumario Consideragées Iniciai . Corpéreos e incorpéreos.... . Méveis e iméveis . Fungiveis e infungiveis . Consumiveis iconsumiveis 1 2 3 4. 5. Divisiveis e indivisiveis 6. Singulares e coletivos . 7. Principais e acessérios 8. Publicos e privados... 9. Bem de familia... 9.1, Bem de familia legal ... 9.2. Bem de familia convencional Legislacao pertinente.... Jurisprudéncia e Simulas Correlatas .... Questées Questdes sem comentarios. Gabaritos ... Questdes com comentarios... Resumo ... Consideragées Finais .... Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br de 87 Aula 03 - Prof. Pai AULA 03 — TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL: BENS Consideracées Iniciais Na aula passada, tratamos em detalhe dos direitos de personalidade, especialmente em relacdo a jurisprudéncia que se firma em seu tratamento especificado. J4 na aula de hoje vamos continuar a tratar dos conceitos iniciais de Direito Civil, com algumas nogées introdutérias importantes para a compreenséo da Parte Geral do Cédigo, enfocando num tema: bens. Esse é um tema relativamente curto, mas que cai com graaande frequéncia nas provas. Cai com grande frequéncia mesmo! Lembro que nas provas do Ministério Publico do Trabalho n&o é comum termos questées especificas sobre os bens, ainda que tenhamos varias sobre a Parte Geral do CC/2002 (quatro em 2015, trés em 2013 e duas em 2012). Ou seja, € um tema lateral para os seus estudos. Nao obstante, como se trata de um tema mais simples, comparado com o que vira adiante, a Teoria do Fato Juridico, é uma aula que merece algum estudo, para evitar lacunas na sua preparacao. TEORIA GERAL Pet) Quanto aos bens, o que é relevante tratar para o seu concurso é a classificagaio deles, pois a aplicac&o das regras juridicas variaré em fung&o dessa classificagaio que se faz. Antes de vermos as classificagées, é de se lembrar que a categoria dos bens que estdo fora do comércio, apesar da revogacao do art. 69 do CC/1916, ainda continua vigente, j4 que o bem precisa, para circular, de apropriabilidade. Eis 0 art. 69 revogado: ‘Séo coisas fora de comércio as insuscetiveis de apropriacdo, e as legalmente inaliendveis. Assim, n&o estao sujeitas ao comércio, a circulagao, os bens insuscetiveis de apropriagdo. Os bem legalmente inalienaveis, por sua vez, também sao insuscetiveis de apropriagSo, mas 0 CC/1916 achou por bem deixar isso mais claro. Esclarecendo So inapropridveis os bens por sua prépria natureza, como o ar, o mar, 0 espaco, a luz solar. Igualmente inapropridveis sé as res nullius, as coisas de ninguém, que ndo possuem titular, como um peixe em aguas internacionais, e as res derelictae, que sao as coisas abandonadas, como uma bicicleta ou o lixo. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 2de 87 ah Por fim, inapropriéveis, n&o por impossibilidade material, mas por vedag&o juridica, so os bens juridicamente inaliendveis. 0 art. 1.911 estabelece claramente que a cldusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica também impenhorabilidade e incomunicabilidade. BS resuminds Bens inapropriaveis/fora do comércio CS [een eee Pecunia Ci Peer natureza No entanto, quanto a impenhorabilidade, 0 CC/2002 estabeleceu grandes restricées. Nesse sentido, o art. eee | 1.848 estabelece que apenas se houver justa causa, €COre’ declarada no testamento, pode o testador estabelecer clausula de inalienabilidade, de impenhorabilidade e de incomunicabilidade sobre os bens da legitima. A inalienabilidade & excepcional no direito brasileiro, assim como a inapropriabilidade dos bens em geral. Isso porque a inapropriabilidade viola regra basilar do nosso sistema juridico, que espelha as escolhas econémicas feitas em sede constitucional, pela interpretacao conjunta dos arts. 5°, inc. XXII e 170 da CF/1988. Segundo a doutrina, pela leitura desses artigos é possivel dizer com clareza que o ordenamento brasileiro se funda num sistema de trocas de indole capitalista Base desse sistema, de maneira bastante genérica, é a livre circulabilidade das mercadorias. Os bens, 0 sentido juridico da mercadoria, precisam, portanto, ser amplamente circuldveis. A inapropriabilidade, bem como a inalienabilidade, ao retirarem as coisas do comércio, ao tornarem tais bens insuscetiveis de apropriagdo, como dizia o art. 69, vedam a livre circulagao de uma gama de mercadorias que pode ser relevante. Por isso, a inapropriabilidade é excepcional, e precisa de justificativa juridica bastante sélida. Dai a insercao de clausula de inalienabilidade, num bem que materialmente é plenamente circuldvel, néo ser recomendavel; um bem sujeito ao transito é, por vontade individual de alguém, retirado da circulag3o, 0 que prejudica o sistema como um todo. Nao a toa, a cldusula precisa ser justificada e tal causa precisa ser justa segundo andlise judicial. Nao basta inserir a cldusula, ela tem de ser apropriada. E no basta que a pessoa a julgue apropriada, o juiz fard um filtro de controle sobre essa justificativa. Esclarecendo Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 3de 87 Por outro lado, os demais bens postos fora do comércio tam ter justificativa para tanto. 0 exemplo mais elementar é 0 do corpo humano, em sua inteireza. Ele é inapropridvel por razdes de ordem moral (a sacralidade do corpo como principio) e mesmo bem pragmaticas (evitar a comercializagdo de cadaveres e partes destacaveis, o que causaria mais problemas criminais, imagina-se). Determinadas partes destacaveis, porém, como o cabelo, podem ser livremente alienadas, sem que isso signifique violagéo & regra. precisam Esclarecendo No entanto, mesmo os bens postos fora do comércio INDO podem a ele voltar, como fica bem evidente com as res ais fundo derelictae. Abandonada, por ocupagao pode ela voltar a ser bem apropridvel. No mesmo sentido, as res nullius, que inclusive sofrem proteg&o, muitas vezes internacional, para evitar que as pessoas explorem de maneira inconsequente tal bem (como as criticas que muitos paises sofrem contra a pesca excessiva em aguas internacionais). Esse é um tema muito relevante para o Direito Ambiental e para o Direito Internacional. Resumindo Regra Excecdo Apropriabilidade dos bens Inapropriabilidade dos bens + Razées juridicas (corpo humano etc.); *Justificativa) na cldusula de inalienabilidade Agora, vejamos da uma dessas classificaces, detalhadamente: 1. Corpéreos e incorpéreos Bens corpéreos sdéo os bens que tém existéncia material, fisica; sao, portanto, palpaveis aos sentidos humanos. Os bens corpéreos sao os bens que se aproximam mais ao sentido tradicional de “coisa”, especialmente para o Direito das Coisas, como o préprio nome jé indica. Jé os bens incorpéreos, ao contrario, néo tém existéncia material, fisica, ainda que possam ser oS materializados, sem que, contudo, sua esséncia possa tome nota! ser materializada. A matéria, nesse caso, € mero instrumento do bem. Essa nocao se aproxima bastante da nogdo de “bem da vida" do Direito Penal. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 44007 So exemplos de bens corpéreos os veiculos automotores, uma residéncia, uma pintura famosa, uma camiseta comum, uma mac, um cavalo, uma colecao de livros ete. Contrariamente, so bens incorpéreos, o direito autoral, os direitos de personalidade, o direito de aco, a sade, a intimidade, o crédito, o débito, a liberdade ete. 2. Méveis e iméveis A nogao de bens iméveis esta no art. 79 do CC/2002: © oe solo e tudo quanto se Ihe incorporar natural ou Imente. Igualmente, ainda que nao sejam, na DESPENCA Prética, iméveis, consideram-se iméveis para os efeitos Na prova _legais outros bens e direitos relativos a iméveis, segundo os arts. 80 e 81: 1-08 direitos reais sobre iméveis e as agdes que os asseguram; II - 0 direito 4 sucessao aberta. II - as edificagées que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; 1V-- 0s materiais provisoriamente separades de um prédio, para nele se reempregarem. Cesar Fitiza ( quatro: | 2s drvores e frutos pendentes, 0 espaco aéreo e 0 subsolo; | 2.4 bens iméveis por acessio fisica. E tudo aquilo que o homem incorpora permanentemente { ao solo, como sementes e edificios; 3.4 bens iméveis por acesso intelectual. E tudo aquilo que se mantém intencionalmente no | imével para sua exploracao, aformoseamento ou comodidade. A categoria dos bens imoveis | por acessao intelectual foi retirada do Cédigo, que a substituiu pela categoria das pertencas. i So aqueles que, por sua propria natureza, néo se podem | sobre i | 4.2 bens iméveis por forca de | | classificar como méveis ou iméveis. Nessa categoria se incluem os direitos re imdveis e as ages que os asseguram, além do direito 4 sucessao aberta. J no conceito do art. 82 do CC/2002, séo méveis os bens suscetiveis de movimento préprio, ou de remocao por Pe roval forca alheia, sem alteragdo da subst4ncia ou da destinagdo econémico-social. Ainda que nao sejam visivelmente méveis, consideram-se méveis para os efeitos legais, segundo os arts. 83 e 84: I - as energias que tenham valor econémico; IL- os direitos reais sobre objets méveis e as agées correspondentes; III - 0s direitos pessoais de carater patrimonial e respectivas acées. IV - os materiais destinades a alguma construcéo, enquanto néo forem empregados, conservam sua qualidade de méveis; V- os materiais provenientes da demolic¢ao de algum prédio. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br Sde a7 v DzrrerTo Civit = MI Teoria'e Q Aula 03 - Prof. Paulo H M Sous ri 2014 - FMP - PGE/AC ~ Procurador do Estado Consideram-se bens méveis: (A) 0 que for artificialmente incorporado ao solo. (B) as agdes que versarem sobre bens iméveis. (C) os materiais destinados a uma construgéo enquanto néo forem utilizados. (D) os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se reempregarem. Comentarios Aalternativa A esta incorreta, pois, segundo 0 art. 79, os bens incorporados ao solo, ainda que artificialmente, séo iméveis ("Sdo bens imédveis 0 solo e tudo quanto se Ihe incorporar natural ou artificialmente.”). A alternativa B esta incorreta, j4 que também sao consideradas bens imoveis as agdes que tratam de bens iméveis, na diccéio do art. 80, inc. I ("Consideram- se iméveis para os efeitos legais os direitos reais sobre imoveis e as acées que os asseguram”). A alternativa C esta correta, na dicc&o literal do art. 84 (“Os materiais destinados a alguma construg&o, enquanto nao forem empregados, conservam sua qualidade de méveis”). A alternativa D estd incorreta, porque, por forcga do art. 81, inc. II, mesmo os bens provisoriamente separados do imével continuam sendo imdveis ("Nao perdem o carater de imoveis os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem”). 2010 - FCC - PGE/AM ~ Procurador do Estado So iméveis por definig&o legal (A) somente os bens méveis pertencentes 4 heranca, enquanto no for partilhada. (B) 0 direito & sucessao aberta e os direitos reais sobre bens iméveis. (C) somente os direitos reais sobre bens iméveis e as agées que os asseguram. (D) tudo quanto se incorpora natural ou artificialmente ao solo. (E) os materiais separados de um prédio para nele ou em outro prédio serem reempregados. Comentarios ee ¥ a Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 87 Drrerto Crvti sac A Aula 03 - Prof. Paulo H M A alternativa A esta incorreta, pois, segundo o art. 80, inc. II, somente 0 “o direito 4 sucesso aberta” se considera imével, mas os bens méveis da heranca n&o perdem a caracteristica de imévei A alternativa B esta correta, j4 que também sdo consideradas bens iméveis os direitos 4 sucesso aberta e os direitos que tratam de bens iméveis, na diccéio do art. 80, incs. I e II ("Consideram-se iméveis para os efeitos legais os direitos reais sobre iméveis e as agdes que os asseguram e o direito a sucessdo aberta”). A alternativa C esta incorreta, novamente, pela dicgdo do inc. II do art. 80, que inclui no rol dos bens iméveis também o direito 4 sucess&o aberta. A alternativa D esta incorreta, porque, como vimos a partir da obra de Filiza, a doutrina classifica os iméveis em quatro diferentes categorias. O que se incorpora ao solo, natural ou artificialmente, seré bem imével por natureza (se for uma arvore) ou bem imével por acessdo fisica (edificio), mas no bem imével por definigdo legal. A alternativa E esta incorreta, pois os materiais so iméveis por acessao fisica, na classificagdo supramencionada, e nao iméveis por definicao legal. © resumindo ee ¥v az Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 87 Os bens suscetiveis de movimento prdprio, ou de O solo e tudo 0 que nele se remocéo por fora alheia, sem alteracao da substancia ou da destinag&o econémico- social incorporar a Os direitos reais sobre As energias que tenham valor imovels € as acoes que os econémico asseguram Os direitos reais sobre objetos méveis e as agdes correspondentes O direito 4 sucess&o aberta Os direitos pessoais de cardter patrimonial e respectivas agdes As edificacdes que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local Os materiais destinados a alguma construcao, enquanto no forem empregados, conservam sua qualidade de Os materiais provisoriamente méveis separados de um prédio, para nele se reempregarem Os materiais provenientes da demolig&o de algum prédio 3. Fungiveis e infungiveis Na diccSo do art. 85 do CC/2002, sdo fungiveis os méveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Infungiveis, portanto, serdo aqueles que, ao contrario, possuem peculiaridades proprias que os tornam tnicos, insubstituiveis. Atente, pois essa classificagdo vale somente para os bens méveis, eis que os bens iméveis sao, essencialmente, infungiveis, j4 que néo permitem sua substituigo por outro de mesma espécie. Vale mencionar que, a despeito de a infungibilidade ser, de regra, natural (um quadro de Picasso é obviamente infungivel, ao passo que uma caneta esferografica comum BIC é igualmente de maneira ébvia fungivel), nada impede que as partes convencionem a infungibilidade de um dado bem. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br de 87 4. Consumiveis e inconsumiveis Sao consumiveis os bens méveis cujo uso importa destruigéo imediata da prépria substancia, sendo também considerados tais os destinados a alienag&o, segundo leciona o art. 86. Inconsumiveis, consequentemente, aqueles cuja fruigSo os mantém higidos, sem destruig’o. Novamente, veja que essa classificacao vale somente para os bens méveis, eis que os bens iméveis sao, essencialmente, inconsumiveis, j4 que seu uso no importaré em destruic&o de sua substéncia. 5. Divisiveis e indivisiveis Os bens divisiveis séo os que se podem fracionar sem alteracdéo na sua substancia, diminuicdo consideravel de valor, ou prejuizo do uso a que se destinam, consoante 0 art. 87 do CC/2002. Além disso, os bens naturalmente divisiveis podem tornar-se indivisiveis por determinac&o da lei ou por vontade das partes (art. 88). Primeiro, essa divisdo vale tanto para bens méveis quanto para bens iméveis; uns e outros podem, ou nao, ser divididos. No entanto, em qualquer caso, a diviséo nao significa divisibilidade no sentido fisico do Esclarecendo termo, dado que praticamente tudo o que existe no Universo é divisivel, 4 exceg&o do Béson de Higgs. Assim, em que pese a carne de cavalo ou de jumento ser uma iguaria apreciada por determinadas pessoas, nés, tradicionalmente, classificamos 0 cavalo e o jumento como indivisivel, j4 que 0 pensamos como animal de tracao ou de esporte. Nada impede, porém, que sejam eles considerados, em algum momento, divisivel, a depender das circunstancias. A indivisibilidade pode ser oposta a um bem por escolha das partes, ou seja, ainda que divisivel, podem as partes escolher pela indivisibilidade, por numerosas razdes. E 0 caso da indtistria que escolher receber um carregamento de tomates de 20 caminhées; a entrega deve ser feita numa Unica oportunidade, por razées logisticas, no se podendo cindir a entrega. Essa é, inclusive, a dicgSo do art. 88, que prevé expressamente que os bens naturalmente divisiveis podem tornar-se__indivisiveis _ por “x prova! determinacio da lei ou por vontade das partes. 6. Singulares e coletivos A regra do art. 89 do CC/2002 estabelece que sao singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. E 0 caso, por exemplo, de uma arvore frutifera ou de uma garrafa de refrigerante. Coletivos serao os bens singulares - iguais ou diferentes - reunidos em um todo. Passa-se a considerar o todo, ainda que nao desapareca a peculiaridade individual de cada um. E 0 caso de um pomar de érvores frutiferas ou de um carregamento de garrafas de refrigerante. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 87 Nesse sentido, inclui-se a universalidade de fato, que constitui a pluralidade de bens singulares que, pertinentes & mesma pessoa, tenham destinacdo unitéria, conforme o art. 90. E 0 caso de uma biblioteca que, apesar de poder ser compreendida através de cada um dos livros, constitui uma destinagdo unitéria, um todo maior. J4 a universalidade de direito, como o nome diz, nao constitui uma totalidade na pratica. Porém, para efeito do Direito, determinado o complexo de relagdes juridicas, de uma pessoa, dotadas de valor econémico, constitui uma unitariedade, segundo 0 art. 91. E 0 caso, por exemplo, da heranga ou do patriménio. Ambos, ainda que na pratica constituam diversas singularidades, sao tomados como uma universalidade, juridicamente falando. SS Resumindo Bens Singulares Coletivos Coletivos em sentido estrito Universalidade de direito Universalidade de fato sie Gd Fico 2003 - FCC - PGE/MA ~ Procurador do Estado Constitui universalidade de fato (A) 0 conjunto de bens que, embora reunidos, consideram-se de per si, independentemente dos demais. (B) 0 complexo de relagao juridicas de uma pessoa, dotado de valor econémico. (C) a pluralidade de bens singulares que, pertinentes 4 mesma pessoa, tenham destinacao unitaria. (D) a pluralidade de bens que nao podem ser objeto de relacées juridicas préprias, devendo sempre ser alienados como um todo. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 87 Teoria e Q Ss Aula 03 - Prof. Paulo H M Sou: (E) a construgao feita sobre terreno alheio e que passa a pertencer ao proprietério deste. Comentarios A alternativa A esta incorreta, j4 que essa é a definicéo do bem singular (“Art. 89. S&o singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais.”). Veja que a prépria nogdo (se consideram independentemente dos demais) contraria a nocéo de universalidade (destinagao unitaria). A alternativa B esta incorreta, dado que essa é a definicdo de universalidade de direito (“Art. 91. Constitui universalidade de direito 0 complexo de relacgées juridicas, de uma pessoa, dotadas de valor econémico.”). A alternativa C esta correta, conforme a literalidade do art. 90: “Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes & mesma pessoa, tenham destinacao unitaria.” A alternativa D esta incorreta, porque contraria expressamente a previstio do art. 90, pardgrafo Unico, que permite que os bens que formam essa universalidade possam ser objeto de relacdes juridicas préprias. A alternativa E esté incorreta, por estar contida no conceito de acess&o por plantagao ou construgo (conforme art. 1.248, inc. V), melhor desenvolvida no tépico do direito das coisas, algumas aulas ainda a frente. 7. Principais e acessérios Segundo 0 art. 92 do CC/2002, principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente. Exemplo é 0 solo, ou um veiculo automotor. Jé 0 bem acessério é aquele cuja existéncia pressupée a existéncia do principal, como, por exemplo, a casa que se liga ao solo ou os pneus do carro. Os bens acessérios podem ser subdivididos em: 1. Ce {DO Frutos; 2. Produtos; 3. Benfeitorias; 4. Acessées; 5. Mais fundo Pertencas; e 6, Partes integrantes. Vejamos cada um desses bens acessérios: A. Frutos Sao os bens que se derivam periodicamente do bem principal, sem que ele se destrua, ainda que parcialmente, como, por exemplo, as frutas de uma arvore ou o aluguel de um imével. O art. 95 do CC/2002 estabelece que, apesar de ainda no separados do bem principal, os frutos podem ser objeto de negécio juridico. B. Produtos Ao contrario dos frutos, sua obtencdo significa redugéo do valor do bem, pois nao sao produzidos periodicamente, como, por exemplo, a madeira da &rvore ou 0 petréleo de um campo. O art. 95 do CC/2002 estabelece que, apesar de ainda n&o separados do bem principal, os produtos podem ser objeto de negécio juridico. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 87 C. Benfeitorias rs com diversas finalidades. Segundo o art. 96, as benfeltoriag ’decore! podem ser voluptuarias, uiteis ou necessarias. S&o voluptuarias as de mero deleite ou recreio, que néo aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradavel ou sejam de elevado valor, como, exemplificativamente, uma piscina residencial ou uma estatua de marmore colocada na entrada da casa. So titeis as que aumentam ou facilitam o uso do bem, como a construc&o de uma calgada ou a substituicéo de esquadrias de ferro por esquadrias de aluminio. S4o necessdrias as benfeitorias que tém por fim conservar 0 bem ou evitar que se deteriore, como, por exemplo, a recolocagéo de uma viga deteriorada pela chuva ou a reconstrugao de um muro de arrimo. Na dicgéo do art. 97 do CC/2002, nao se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervengo do proprietario, possuidor ou detentor. S&o, em geral, fendmenos vistos mais & frente, na aquisigo da propriedade. D. Acess6es Diferentemente das benfeitorias, as acess6es nado agregam alguma coisa a algo preexistente, elas s4o criacées - naturais ou artificiais - de bens. E © caso, por exemplo, a edificag’io de uma casa num terreno baldio. O regramento das acessdes obedece ao Direito das Coisas. E. Pertengas Segundo dispée o art. 93, s’o pertencas os bens que, nao constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao servico ou ao aformoseamento de outro. — o caso, por exemplo, de um radio destacavel do veiculo ou de um piano numa casa. Em regra, o negécio estipulado entre as partes ndo Prat royal abrange as pertengas, salvo se o contrario resultar da lei, da manifestacao de vontade, ou das circunstancias do caso, segundo o art. 94 do CC/2002. F. Partes integrantes S&o bens acessérios que se ligam de tal modo ao principal, que sua remoc&o tornaria o bem principal incompleto. £ 0 caso de uma torneira numa casa ou das rodas e pneus de um veiculo. Lendo os arts. 93 e 94 em reverso, chagamos & concluséo de que as partes integrantes seguem a coisa principal. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 87 DzrrerTo Civit = MI Teoria'e Q Ss Aula 03 - Prof. Paulo H M Sou: GP Fico 2015 - FUNDATEC - PGE/RS - Procurador do Estado Assinale a alternativa INCORRETA. A) Trata-se de universalidade de direito 0 complexo das relagées juridicas dotadas de valor econémico. B) Bens naturalmente divisiveis séo aqueles passiveis de fracionamento, muito embora possam se tornar indivisiveis por vontade das partes. C) Salvo se o contrério resultar da lei, quando relacionados ao bem principal, os negécios juridicos nao abrangem as pertengas. D) Readquirem a qualidade de bens méveis os provenientes da demolicéo de algum prédio. E) Sao pertengas os bens que, constituindo partes integrantes, se destinam ao aformoseamento de outro. Comentarios A A alternativa A esté correta, conforme literal disposigo do art. 91: “Constitui universalidade de direito 0 complexo de relagdes juridicas, de uma pessoa, dotadas de valor econémico.” A alternativa B esta correta, pois o art. 87 estabelece que “Bens divisiveis séo os que se podem fracionar sem alteragdo na sua substancia, diminuig&o consideravel de valor, ou prejuizo do uso a que se destinam.” Porém, o art. 88 estabelece que “Os bens naturalmente divisiveis podem tornar-se indivisiveis por determinacéio da lei ou por vontade das partes.” A alternativa C esté correta, novamente por expressa previsdo do art. 94: “Os negécios juridicos que dizem respeito ao bem principal nao abrangem as pertencas, salvo se o contrario resultar da lei, da manifestacéo de vontade, ou das circunstancias do caso”. A alternativa D esté correta, segundo dicgo do art. 84: “Os materiais destinados a alguma construcao, enquanto nao forem empregados, conservam sua qualidade de méveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolic&o de algum prédio.” A alternativa E esta incorreta, pois as pertencas nao constituem partes integrantes. Partes integrantes sao partes integrantes e pertencas sao pertengas, nao se confundindo. Vide, novamente, o art. 93: “Sao pertencas os bens que, no constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, a0 servico ou ao aformoseamento de outro”. & Resumindo Relembre, na distingo entre os bens principais e os bens acessérios, as subcategorias de bens acessérios: Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 87 ‘* Derivam periodicamente do bem principal A obtengao reduz o valor do bem principal * Acréscimos num bem preexistente * Criagées - artificiais ou naturais - de bens *Destinadas de modo duradouro ao uso, servigo ou aformoseamento, sem ser parte integrante *Ligados de tal modo ao principal que sua remocdo tornaria ele incompleto 8. Publicos e privados Sdo piblicos os bens do dominio nacional pertencentes as pessoas juridicas de direito ptblico interno, segundo o art. 98 do CC/2002. Nesse sentido, constituem bens pliblicos, na dicg3o do art. 99: I - 0s de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e pracas; II - os de uso especial, tais como edificios ou terrenos destinados a servico ou estabelecimento da administracao federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; IIT - os dominicais, que constituem o patriménio das pessoas juridicas de direito publico, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Firs 2016 - CESPE — PGE/AM - Procurador do Estado Com relagéo a pessoas juridicas de direito privado e bens publicos, julgue o item a seguir. Consideram-se bens puiblicos dominicais aqueles que constituem o patriménio das pessoas juridicas de direito publico como objeto de direito pessoal ou real, tais como os edificios destinados a sediar a administragSo publica. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 87 fe] . Teoria e Q Ss J A Aula 03 ~ Prof. Paulo H M Sou: O item 102 esta incorreto, pois, segundo o art. 99, inc. III: "S&o bens ptiblicos os dominicais, que constituem o patriménio das pessoas juridicas de direito ptiblico, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades”. Por outro lado, pelo mesmo art. 99, inc. II: “So bens publicos os de uso especial, tais como edificios ou terrenos destinados a servigo ou estabelecimento da administracdo federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias”. Ou seja, a questdo misturou as duas categorias. Por exclusdo, todos os demais bens sao particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Consequéncia dessa distingSo é que os bens publicos em geral nado estado sujeitos a usucapiao, conforme regra do art. 102. Segundo o art. 100, os bens publicos i jc, de uso comum do povo e os de uso especial sdo na prova inaliendaveis, enquanto conservarem tal qualificagaéo. Ja os bens ptblicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigéncias da lei, segundo dispée o art. 101. A entre os bens piblicos de uso comum do povo e de uso espe e bens ptblicos dominicais pode ser transposta por meio de dois institutos: a afetagdo e a desafetacgao. Os bens ptiblicos de uso comum do povo e os bens publicos de uso especial estéio afetados a uma funcdo publica. Dai serem inaliendveis e, consequentemente, impassiveis de usucapido. Ao contrério, os bens publicos dominicais nao est&o afetados a uma fungao publica. Apesar de serem bens publicos, néo cumprem uma fungao piblica, por isso podem ser alienados e, segundo um eco da jurisprudéncia mais recente, sdo passiveis de usucapiao. Essa diviséo nao é estanque, e se transpée por meio dos dois institutos supracitados. Assim, determinado bem pUblico, que ndo cumpre funcSo publica, pode ser Mdecore afetado a uma fungao publica; contrariamente, um u bem publico que cumpre funcdo publica pode ser desafetado, deixando de cumprir essa funcéo. De qualquer forma, prevé o art. 103 que 0 uso comum dos bens publicos pode ser gratuito ou retribufdo, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administracao pertencerem. Maiores detalhes sobre essa distinc&o serdo tratados pelo Direito Administrativo, ja que é Id que essa matéria teré ampla relevancia, acerca do regime juridico dos bens da Administracao Publica. — Gd S5icar 2015 - FUNDATEC ~ PGE/RS - Procurador do Estado Assinale a alternativa correta. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 87 DzrrerTo Civit = MI Teoria e Q s Aula 03 - Prof. Paulo H M Sou: A) De acordo com 0 Cédigo Civil, séo bens publicos aqueles pertencentes as pessoas juridicas integrantes da Administrag&o Publica. B) Os bens publicos de uso comum, de uso especial e dominicais séo insuscetiveis de alienacao. C) Os bens pertencentes as empresas estatais prestadoras de servicos publicos em regime de exclusividade s&0 impenhoravels, se a lei assim determinar. D) Os bens publicos podem ser adquiridos por usucapiao urbano, desde que nao estejam afetados a servico publico. E) Os bens piblicos iméveis podem ser gravados com hipoteca, desde que em garantia de dividas da Fazenda Publica com credores publicos. Comentarios A alternativa A esta incorreta, pois de acordo com o art. 98, “So piiblicos os bens do dominio nacional pertencentes as pessoas juridicas de direito publico interno”. Ha aqui, uma distinc&o, que vocé veré melhor em Direito Administrativo, decorrente do bem publico X bem estatal. Ha autores que consideram que os bens da Administrac&o Indireta nao se incluem nos bens pUblicos e outros adotam posigdes intermedidrias, como é 0 caso de Celso Antonio Bandeira de Mello. A alternativa B esté incorreta, dado que os bens dominicais podem ser objeto de alienac&o, conforme regra do art. 101: “Os bens publicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigéncias da lei.” A alternativa C esta correta, pela diccao invertida do art. 98, pardgrafo Unico: “Ndo dispondo a lei em contrario, consideram-se dominicais os bens pertencentes as pessoas juridicas de direito ptiblico a que se tenha dado estrutura de direito privado”. Ou seja, a rigor os bens da empresas estatais prestadoras de servico ptiblico serdo tratados como bens dominicais, muito proximos ao regime juridico privado; no entanto, se a lei tratar especificamente do tema, sero eles tratados como bens de uso especial, dentro do regimes dos bens publicos em geral e, portanto, insuscetiveis de penhora. A alternativa D esta incorreta. Ha jurisprudéncia, ainda incipiente, permitindo a usucapido de determinados bens publicos, como os dominicais, mas essa corrente é francamente minoritaria. Vale, ent&o, a previsdo geral do art. 102: “Os bens publicos nao esto sujeitos a usucapiao.” A alternativa E esta incorreta, eis que ao passo que o art. 100 estabelece que “Os bens ptiblicos de uso comum do povo e os de uso especial so inalienaveis”, sdo eles, consequentemente, impassiveis de hipoteca. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 87 9. Bem de familia 9.1. Bem de familia legal A Lei 8.009/1990 estabelece a impenhorabilidade do bem de familia, assim, entendido, segundo o art. 1°, como o imével residencial préprio do casal ou da entidade familiar, limitado a uma unica residéncia I este utilizada pela entidade como residéncia permanente, ’atencdo segundo o art. 5° da Lei. Se a entidade familiar tiver mais de um imével, considera-se bem de familia o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado junto ao Registro de Iméveis como o bem de familia, por meio de escritura publica, nos termos do art. 6° da Lei. O bem de familia abrange, ainda, segundo o paragrafo Unico do art. 19, o imével sobre o qual se assentam a construciio, as plantacées, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou méveis que guarnecem a casa, desde que quitados. Mesmo no imével locado a Lei se aplica ao locatdrio. Nesse caso, segundo o paragrafo unico do art. 2°, a impenhorabilidade aplica-se aos bens méveis quitados que guarnecam a residéncia e que sejam de gue propriedade do locatario. Num ou noutro caso, porém, os jatento! _—_vefculos de transporte, as obras de arte e os adornos suntuosos nao séo abrangidos pela Lei. concreto. E vou exemplificar com o polémico “caso dos pianos” do STJ. Em sede de REsp, 0 STJ julgou que o piano era penhordvel; logo depois, em outro REsp, o mesmo ST/J disse que o piano era impenhoravel. Instalada a polémica, verificou-se que nao havia contradig&o, ao final. que é um adoro suntuoso? Depende da anilise do caso GB ourispriaencia No primeiro caso, 0 piano foi tido como penhoravel porque era um adorno suntuoso, ndo sendo utilizado pelos moradores para algo além de um mével caro. Era quase uma obra de arte. No segundo caso, porém, o piano era utilizado por um dos membros da familia para ministrar aulas de piano, cuja renda era revertida para o sustento da casa; neste caso, ele néo era um adorno, mas um instrumento de trabalho. Por isso, deve-se atentar para a fungdo que o bem Esclarecendo tem, antes de se julga-lo. Obviamente, determinados bens, como um vaso chinés antigo, sdo obviamente adornos suntuosos, sem que seja necessdrio perquirir muito sobre sua utilidade ou funcionalidade. Ao contrario, a unica geladeira do imével esta longe de ser um adorno ou obra de arte. A impenhorabilidade abrange qualquer tipo de divida civil, comercial, fiscal, previdencidria, trabalhista ou de outra natureza, contraida pelos cOnjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietérios e nele residam. As excegées estao previstas no art. 3° da Lei: Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 87 aquisigao do imével, no limite dos créditos e acréscimos constituides em func3o do respectivo contrato; III ~ pelo credor da pensao alimenticia, resguardades os direitos, sobre 0 bem, do seu coproprietério que, com 0 devedor, integre unio estavel ou conjugal, observadas as hipéteses em que ambos responderao pela divida; IV - para cobranga de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuigées devidas em fungao do imével Familiar; V - para execugao de hipoteca sobre 0 imével oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar; VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execugao de sentenca penal condenatéria a ressarcimento, indenizagao ou perdimento de bens. VII - por obrigacéo decorrente de fianca concedida em contrato de locacao. Igualmente, segundo o art. 4°, nao se aplica a ~ impenhorabilidade do bem de familia quando o credor yi DO adquire imével mais valioso, de ma-fé, quando em ands. insolvéncia, alienando ou nao a moradia anterior. Atente para a peculiaridade da propriedade rural. Pois Curiosidade bem, tenho eu uma Unica fazenda, de 100.000 ha, sem que seja proprietario de qualquer outro imével, seja urbano, seja rural, seja residencial, seja comercial. Posso opor a impenhorabilidade das minhas terras contra os credores? Obviamente que isso geraria uma distorgéo absurda, pelo que a lei, prevendo essa situac&o, criou um dispositivo valioso, insculpido no art. 4°, §2°: Quando a residéncia familiar constituir-se em imével rural, a impenhorabilidade restringir- se-d 4 sede de moradia, com os respectivos bens méveis, e, nos casos do art. 5°, inciso XVI, da Constituicgo, 4 drea limitada como pequena propriedade rural. Como a pequena propriedade rural ndo tem um tamanho Unico, mas varia de acordo com a regido do pais, néo é necessario decorar qual é esse tamanho, basta lembrar que se trata do médulo rural. 9.2. Bem de familia convencional Tratamos do bem de familia sob a perspectiva da legislacéo especial, a Lei 8.009/1990; agora, trataremos do tema a partir da perspectiva do CC/2002, diferenciando as duas situacées. A impenhorabilidade, que em geral é legal, como vA INDO mos, pode ser convencionada. Ou seja, pode-se ais fundo instituir bem diverso do determinado pela Lei 8.009/1990 como bem de familia, como ja indica o art. 40 da Lei. Por isso, segundo 0 art. 1.711 do CC/2002, pode a entidade familiar, mediante escritura publica ou testamento, destinar parte de seu patriménio para instituir bem de familia, desde que n&o ultrapasse um terco do patriménio liquido existente ao tempo da instituiggo, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imével residencial estabelecida em lei especial. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 87

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