You are on page 1of 158
(VJ Estratégia CONCURSOS Aula 01 eT Ren A ea Re MC Cd aero Leo) Professores: Igor Maciel, Paulo H M Sousa Auta 01 @ TEORIA GERAL DO DiIREITO CIVIL: PEsSOA NATURAL E PESSOA JURIDICA Sumario Consideragées Iniciai TEORIA GERAI 2. Pessoas... 1. Pessoas naturais ... 1.1. Personalidade. 1.2. Capacidade 1.3. Emancipagdo 1.4. Domicilio ... 1.5. Auséncia e presungo de morte. 1.6. Comoriéncia . 2. Pessoas juridicas 2.1, Personalidade... 2.2. Classificagdo 2.3. Domicilio 2.4. Desconsiderac&o da personalidade juridica Legislagao pertinente.... Jurisprudéncia e Simulas Correlatas . Questées. Questes sem comentérios. Gabaritos ... Questées com comentarios... Resumo ... Consideragées Finais . Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 157 AULA 01 — TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL: PESSOA NATURAL E PESSOA JuRIDICA Na aula de hoje vamos tratar dos conceitos iniciais de Direito Civil, com algumas noes introdutérias importantes para a compreensdo da Parte Geral do Cédigo. Além dos conceitos mais abrangentes, passaremos pelas nogées que formam a base de compreenséo dos demais institutos de Direito Civil, que costumam cair com grande frequéncia nas provas. Embora pareca apenas introdutéria, esta aula representa parcela significativamente importante da matéria, com a abordagem de temas exigidos em provas anteriores. Como eu disse anteriormente, hé uma tendéncia forte de questdes da Parte Geral nas provas de Nivel Superior, incluindo o MPT. Foram vaddrias as questées sobre a Parte Geral nos tltimos trés certames. Quanto aos temas da aula de hoje, por exemplo, tivemos uma questéo na ultima prova, de 2015. Sé pra vocé saber, apés o levantamento que fiz em relacéo as questées das provas de Nivel Superior, A PARTE GERAL DO CODIGO CIVIL E A QUE TEM © MAIOR NUMERO DE QUESTOES NAS PROVAS. Por isso, nessas préximas aulas, fique atento! TEORIA GERAL pre er 1. Pessoas naturais © termo “pessoa” vem do latim persona, que era a méscara teatral utilizada para empostar a voz durante a apresentacéo. Na perspectiva positivista, ser humano e pessoa sao conceitos distintos, ainda que tenham um espaco de confusao. E possivel, portanto, haver pessoa que nao é ser humano e ser humano que n&o € pessoa. Como? A resposta a primeira parte da pergunta ainda pode ser dada atualmente. Uma empresa, apenas de nao ser humana, é considera uma pessoa. A resposta a segunda parte da pergunta j4 no é mais possivel, dado o fim da escraviddo. Porém, até 1888, determinados seres humanos néo eram considerados pessoas, mas bens. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 157 Aula 01 - Prof. Pai Mas, 0 que é ser humano? A resposta a essa pergunta ndo esté no mundo juridico, porque esse conceito ndo 6 um conceito juridico, é um conceito biolégico, médico e histérico-sociolégico. © Direito Civil, portanto, n&o se preocupa com essa diviséo entre humano e n&o-humano, mas com outra disting&o: sujeitos e objetos. Ai é que o conceito de Pessoa Juridica pode ser entendido, pois somente as pessoas sao consideradas sujeitos, ainda quando n&o sejam humanas. Cria-se, assim, a categoria de sujeito de direito: “Sujeito de direito € quem participa da relagdo juridica, sendo titular de direitos e deveres”. Esse conceito da doutrina parte do art. 1° do CC/2002, que estabelece que “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. A pessoa, portanto, é um estado juridico de poténcia em relagao ao direito, ou seja, a possibilidade de ser titular de direitos e obrigacées. Nao ha, portanto, um Sujeito sem direitos ou direitos sem sujeito que os titularize, por ldgica. Atualmente, porém, a tendéncia é confundir os conceitos, pois todo ser humano & também pessoa e, consequentemente, sujeito de direito. Is © Resumindo R is Wir laos STANCE SST Tico Me (cd Lit ico) 1.1. Personalidade A personalidade é “a possibilidade de alguém participar de relagoes ju s decorrente de uma qualidade inerente ao ser humano, que o torna titular de direitos e deveres”. 1 Segundo Francisco Amaral, a capacidade é, portanto, uma qualidade intrinseca da pessoa. © autor parte da concepgao naturalista, lecionando que a personalidade é uma qualidade intrinseca, prépria, do ser humano. Se partirmos da concepgao formalista, a qualificacdo juridica que transforma o ser humano em pessoa é exatamente a personalidade. Assim, podemos dizer que a personalidade é a sombra de um ser humano projetado através de um vidro e esse vidro é o Direito. A personalidade é, assim, um valor, um principio juridico fundamental. PS © Resumindo Concepgao naturalista » Segundo AMARAL, Francisco. Direito Civil: introduclo. 8 Ed, Rio de Janeiro: Renovar, 2014 Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 3.de 157 Concepcao formalista Tauro} ie etelarliletTely Pessoa Mas, e quando comega a personalidade da pessoa fisica, surgem trés diferentes teorias: a Teoria Natalista, a Teoria Concepcionista e a Teoria da Personalidade Condicional ou Condicionada. A Teoria Natalista é aquela cuja maior parte da — doutrina brasileira € adepta. Segundo ela, a fatencao Personalidade comega com o nascimento com vida, dai Teoria Natalista. Para se aferir se o nascituro nasceu ou n&o com vida faz-se o Exame de Docimasia Hidrostatica de Galeno. Com o resulto, permite-se saber se o nascituro efetivamente teve respiragéo natural extrauterina, e, portanto, nasceu com vida e morreu na sequéncia, tendo adqui inda que por tempo curtissimo, personalidade. Ou, por outro lado, se © nascituro néo chegou @ respirar sem a ajuda do cord&o umbilical, ou seja, teve apenas respiracao intrauterina e, por isso, 6 considerado natimorto, no tendo adquirido personalidade. &, em sintese, a previsao do art. 2° do CC/2002: A personalidade civil da pessoa comeca do nascimento com vida; mas a lei pée a salvo, desde a concepsao, os direitos do nascituro. Ou seja, o nascituro ainda pessoa n&o é, dependendo para adquirir tal nominagéo do nascimento com vida. Trata-se de mera expectativa de direito, ou seja, o nascituro é uma “pessoa em potencial”. Consequéncia dessa perspectiva estaria contida na disting3o que existe entre os arts. 121 e ss. (homicidio) e 124 e ss. (aborto) do Cédigo Penal. Obviamente, na esteira do art. 2° do CC/2002, em que pese pessoa ainda nao seja, o nascituro tem seus IE esaseacanas direitos protegidos, da mesma forma como se protege a expectativa de direito, em certo sentido. Contrariamente, a Teoria Concepcionista, apesar de bem menos adeptos possuir, encontra alguma escora no ordenamento. Segundo essa teoria, a personalidade comega desde a concepcao. Assim, tao logo concebido o nascituro j4 & considerado pessoa para todos os fins, exceto determinados direitos que dependem de seu nascimento com vida. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 157 Essa limitago, porém, por si sé nao teria o condo de tornar o nascituro menos que pessoa, “mera expectativa”. A questo de determinadas situacées juridicas no serem aplicdveis ao nascituro nao seria questao de personalidade, mas de capacidade. Ha desencontros nos partidérios dessa Teoria quanto ao “quando” essa concepgao efetivamente ocorreria, se ja téo logo quando ha o encontro do évulo com 0 espermatozoide (nidagéo) ou somente quando da implantaggo do embrigo no utero. A aplicagao dessa teoria seria vista no ordenamento juridico brasileiro, a partir de determinados entendimentos jurisprudenciais. Por exemplo, caso o nascituro venha a falecer em acidente automobilistico, a indenizagao seria devida pelo seguro obrigatério, DPVAT, mesmo que ele no tivesse ainda nascido. Igualmente, ser devida indenizacéo por danos morais ao nascituro, nas situagées nas quais sua moral fosse atacada. Por conta das numerosas controvérsias a respeito da aplicabilidade dessa Teoria, ela acaba sendo subdividida em duas, a Teoria da Concepcionista Pura (esta que vimos acima) e a Teoria da Personalidade Condicional. A Teoria da Personalidade Condicional é, a rigor, uma perspectiva hibrida da Teoria Natalista e da Teoria Concepcionista. Para essa Teoria, a personalidade ja se iniciaria com a concepcao, mas estaria condicionada (condic&o suspensiva) ao nascimento com vida. Ou seja, o nascituro ja deteria direitos, pessoais e patrimoniais, desde a concepgdo, mas a aquisigo desses direitos estaria condicionada ao nascimento com vida. Contraprova dessa Teoria seria, segundo seus defensores, a previsdo do art. 1.798 (“Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou jé concebidas no momento da abertura da sucesséo”), que condicionaria 0 recebimento da deixa sucesséria ao nascimento com vida, a posteriori. Em que pese parecer a Teoria mais adequada, a Teoria da Personalidade Condicionada é sujeita a forte critica tanto dos defensores da Teoria Concepcionista quanto da Teoria Natalista. Tecnicamente falando, porém, ela n&o encontra escora juridica adequada, sendo que doutrina e jurisprudéncia dividem-se quanto a aplicacao duas primeiras. 1.2. Capacidade De outro lado temos a capacidade. E possivel que alguém tenha personalidade, mas no plena capacidade; ou, ao contrario, que alguém tenha capacidade sem plena personalidade. No primeiro caso temos os menores de 16 anos, que tém personalidade, mas nao tém capacidade, segundo estabelece o art. 3°, inc. do CC/2002. J4 no segundo caso temos as Pessoas Juridicas, que tém plena capacidade, mas nao tem plena personalidade, especialmente em relag3o aos direitos de personalidade que so proprios das pessoas humanas (direito de disposig&o do corpo, direito de voz, direito a liberdade religiosa etc.) Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 157 A capacidade € a medida da personalidade. Pode-se fazer uma analogia com um copo: a personalidade € 0 copo, a capacidade é a marcacdo desse copo. Alguns tém um copo pequeno, com poucas marcagées de medida e pouca capacidade; outros possuem um copo grande, com muitas marcagdes e grande capacidade. Por isso, pode-se ser mais ou menos capaz, mas nunca mais ou menos pessoa. A capacidade é “manifestagéo do poder de acg&o implicito no conceito de personalidade”. 2 rs &P Resumindo Personalidade Capacidade Determinada pessoa pode ter capacidade juridica, mas é faticamente limitada, em todos os sentidos. Nesses casos, a incapacitagao ¢ absoluta, pelo que nenhum ato pode ser praticado, sob pena de nulidade. Os dois elementos limitadores da capacidade sao a idade e a satide. Temos aqui uma importe modificagao da legislagao civil trazida pela Lei 13.146/2015, a Lei Brasileira de Paten ao Incluséo da Pessoa com Deficiéncia, ou Estatuto da Ceitiicso Pessoa com Deficiéncia - EPD, que alterou o CC/2002 profundamente na matéria de capacidade. © antigo art. 3° estabelecia trés casos de incapacidade absoluta, veja sé: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiéncia mental, nao tiverem o necessério discernimento para a pratica desses atos; IIL - os que, mesmo por causa transitdria, néo puderem exprimir sua vontade. Porém, © novo art. 3° lil ita a incapacidade absoluta Paci aos menores de 16 anos, apenas. No caso de Na prova! incapacidade absoluta, ha a representac&o do incapaz pelos pais, tutores ou curadores, que exercem os atos em nome da pessoa. Em geral, os pais serao os representantes do menor, por facilidade. Eventualmente, porém, na auséncia dos pais, 0 absolutamente incapaz, por conta da idade (art. 3°), sera representado pelo tutor. 2 Segundo AMARAL, Francisco. Direito Civil: introduco. 8° Ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2014, Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 157 J na incapacidade relativa a limitacéo é parcial, pois se entende que o discernimento é maior. O art. 4°, igualmente modificado pelo Estatuto da Pessoa com Deficiéncia, estabelece quais sdo os casos de incapacidade relativa: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em téxicos (foram retirados “os que, por deficiéncia mental, tenham o discernimento reduzido’ IIT ~ aqueles que, por causa transitéria ou permanente, no puderem exprimir sua vontade; IV- os prédigos. ATENGAO ESPECIAL!!! O inc. III do art. 4° fala daqueles EZ: Seadinhal (Ue, Por causa transitéria ou permanente, no puderem exprimir sua vontade. Antes do Estatuto da Pessoa com Deficiéncia essa situagdo se enquadrava na incapacidade absoluta; agora se trata de uma causa de incapacidade relativa! ee roma oe 2016 - TRT - TRT/4? Regiao — Juiz do Trabalho Substituto Considere as assertivas abaixo sobre capacidade civil. I - Sao absolutamente incapazes os que, mesmo por causa transitéria, no puderem exprimir sua vontade. II - Séo relativamente incapazes os que, por deficiéncia mental, tenham o discernimento reduzido. III - S&o relativamente incapazes os ébrios habituais e os viciados em toxico. Quais s50 corretas? a. Apenas I b. Apenas II c. Apenas IIT d, Apenas II e IIT e. I, Ie Ill. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 157 Voltando @ pessoa com deficiéncia, elas, inclusive, n&o tém mais limitagéo ao testemunho. O art. 228, incs. II e III, do CC/2002 n&o admitia como testemunhas aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, nao tinham discernimento para a pratica dos atos da vida civil e os cegos e surdos, quando a ciéncia do fato que se quer provar dependa dos sentidos que Ihes faltam. Essas limitacées deixaram de existir e a avaliagéo sobre o testemunho depende da anilise judi jades especificas de cada pessoa. Como ele faré isso? O §1° estabelece que para a prova de fatos que sé elas conhegam, pode o juiz admitir 0 depoimento das pessoas a que se refere este artigo. Nesse caso, diz 0 §2°, a pessoa com deficiéncia poderd testemunhar em igualdade de condigées com as demais pessoas, sendo-Ihe assegurados todos os recursos de tecnologia assistiva. Mas, e como ficou a quest&o da capacidade das pessoas com deficiéncias depois da Lei n°. 13.146/2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiéncia? Primeiro, vocé tem de entender que o objetivo do Estatuto é dar paridade de status as pessoas com deficiéncia. Tais pessoas ndo passam mais, a partir da vigéncia da Lei, a se submeterem ao regime geral da tutela e curatela, tipico dos relativa e absolutamente incapazes. jal acerca das possi © Estatuto reconhece, em seu art. 6°, que a defi ncia no afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I - casar-se e constituir unido estavel; IT- exercer direitos sexuais e reprodutivos; IIT - exercer 0 direito de decidir sobre 0 ntimero de filhos e de ter acesso a informacées adequadas sobre reproducao e planejamento familiar; IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilizagao compulséria; V- exercer 0 direito 8 familia e & convivéncia familiar e comunitéria; e VI - exercer 0 direito & guarda, tutela, curatela e 8 adogio, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Em outras palavras, o Estatuto reconhece que as pessoas com deficiéncia necessitam tomar suas decisdes autonomamente, mas com apoio especial daqueles que Ihes apoiam, permanecendo intacto 0 principio da dignidade humana, previsto na Constituigéo Federal, e estampado no art. 4° da Lei. Para isso, & necessdrio avaliar a deficiéncia da pessoa em questéo, considerando, conforme estabelece o art. 2° do Estatuto: 1 - os impedimentos nas fungées e nas estruturas do corpo; IT- 0s fatores socioambientais, psicolégicos e pessoais; IIT - a limitago no desempenho de atividades; € Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 157 | IV - a restricao de participagao. Apenas quando necessario for a pessoa com defi a curatela, nos termos do art. 84, §1° do Estatuto, que constitui medida protetiva extraordinéria, proporcional as mnecessidades e as circunstancias de cada caso, que deve durar o menor tempo possivel, conforme estabelece o §3° do mesmo artigo. Extraordindria que é, na sentenca devem constar as razées e motivagdes de sua definigSo, preservados os interesses do curatelado (art. 85, §2°) Veja-se que, de maneira bastante interessante, o art. 1.768, inc. IV do CC/2002 prevé que a prépria pessoa - a pessoa com deficiéncia - tem legitimidade ativa para promover o processo que estabelece os termos da curatela. E o reconhecimento de que a pessoa tem capacidade suficiente inclusive para esclarecer quais s&o os limites do exercicio de sua capacidade para os atos negociais e patrimoniais. [Esse processo de tomada de decisao apoiada foi ido pela criacdo do Capitulo Til, que | j estabelece, no art. 1.783-A do CC/2002 que estabelece, em seus 11 parégrafos, a | chamada “tomada de deciséo apoiada”, que ¢ “o processo pelo qual a pessoa com | | deficiéncia elege pelo menos 2 (duas) pessoas idéneas, com as quais mantenha vinculos e | j que gozem de sua confianca, para prestar-Ihe apoio na tomada de decisio sobre atos da | | vida civil, fornecendo-Ihes os elementos e informagées necessérios para que possa | Lexercer sua capacidade,” _ Os relativamente incapazes néo sao representados, Cray seja por tutor, seja por curador, como os Na prova’ absolutamente incapazes. Eles sao assistidos, o que consiste na intervencgaéo conjunta do assistente e do assistido para a pratica do ato. 1.3. Emancipacgao A lei civil permite que o incapaz, em determinas situacées, atinja a plena capacidade ainda que se inclua nos casos de incapacidade, por se entender que, apesar de lhe faltar a idade necessaria, atingiu maturidade suficiente. A emancipaco, assim, é a aquisigo da plena capacidade antes da idade legal. Quando isso ocorre? Segundo o art. 5°, pardgrafo unico, nas seguintes hipdteses: I - pela concessao dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento publico, independentemente de homologacdo judicial, ou por sentenca do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercicio de emprego publico efetivo; IV - pela colagéo de grau em curso de ensino superior; V = pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existéncia de relago de emprego, desde que, em funcéo deles, 0 menor com dezesseis anos completos tenha economia propria. Primeiro, tenha em mente que emancipagéo e menoridade so coisas distintas. © menor Pesce atencao Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 157 emancipado continua sendo menor, apesar de possuir plena capacidade civil. Tanto continua menor que a capacidade penal ainda no Ihe é plena, havendo ai situagdo de inimputabilidade decorrente da menoridade, ainda que civilmente capaz ele seja. O inc. I traz duas situagées distintas. A primeira (“concessao dos pais”) & chamada de emancipacao voluntaria; a segunda (“por sentenca do juiz”) € chamada de emancipagao judicial. As demais hipéteses previstas nos outros incisos séo causas especiais de emancipagao. No caso dos incs. I e V, a idade minima jé vem estabelecida pelo préprio CC/2002: 16 anos. Assim, a emancipacdo voluntaria, a fan emancipagao judicial e a emancipacao pelo trabalho decore! (seja pelo estabelecimento comercial, seja por emprego) somente ocorrem aos 16 anos. Em geral, para as demais situacées, a doutrina também entende haver limite minimo de emancipacdo aos 16 anos. Isso porque, antes dessa idade, 0 menor ainda é absolutamente incapaz, firmando-se o entendimento de que nao se poderia emancipar o absolutamente incapaz, mas somente o relativamente incapaz. No entanto, na situacéo prevista no inc. II, a emancipagao pelo casamento, peculiar. Excepcionalmente, para evitar a imposicao de pena ou em caso de gravidez, 0 menor de 16 anos g Bccis natal (idade reputada pelo art. 1.520 como a idade ndbil) > pode contrair casamento, desde para evitar imposicdo de pena ou em caso de gravidez. Com a revogagao dos incs. VII e VIII do art. 107 do Cédigo Penal, porém, a primeira hipétese desapareceu. A segunda hipotese continua em vigor, ou seja, em caso de gravidez, pode- se adquirir plena capacidade civil ainda antes dos 16 anos. Ha quem sustente, inclusive, que mesmo os menores de 14 anos poderiam adquirir plena capacidade civil pelo casamento, em caso de gravidez. No entanto, essa percepgdo se choca com o preceito de que ha presungao absoluta de violéncia no caso de relagdes sexuais que envolvam menores de 14 anos, como se depreende do art. 217-A do CP. Quanto ao inc. III, a aquisigéo da capacidade também sé ocorreria aos 16 anos, ainda que discussées maiores sobre o assunto sejam inécuas, j4 que os certames exigem idade minima de 18 anos para a tomada de posse no cargo publico. No entanto, atente para dois detalhes. Primeiro, a aferigio da idade deve ser feita deve ser feita na posse, nao na inscriggo ou na realizagéo do a a certame. Segundo, a jurisprudéncia, em situagdes WM Jurisprudencia peculiarissimas permite ao menor, j4 emancipado, aprovado em concurso piiblico em idade préxima 4 maioridade civil, a posse no cargo. No entanto, a critica que se faz vem do Direito Penal, j4 que 0 menor, mesmo emancipado e j4 tendo tomado posse no cargo piblico, ainda é menor e, Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 157 consequentemente, inimputavel. Logo, se cometesse crime de mao prépria de funcionrio publico, contra a Administracdo, sofreria as sangées tipicas do ECA, e nao do CP. Por fim, quanto ao inc. IV, a aplicabilidade pratica 6 remota, j4 que o sistema de ensino brasileiro é bastante rigido, em raz4o das regras da LDB. No entanto, no plano teérico, nada impede que menor de 16 anos consiga a graduagéo em Nivel Superior e, com isso, logre adquirir plena capacidade. Ainda assim, a doutrina reputa contraproducente permitir a emancipacdo num caso de absoluta incapacidade civil. De qualquer forma, veja-se que o art. 5° exige, para a emancipacéio, que o menor tenha ao menos 16 anos em trés hipoteses: concessdo pelos pais, sentenca judicial e estabelecimento civil ou comercial ou emprego privado. Por outro lado, ha trés decore situagées nas quais néo se exige textualmente que o menor tenha 16 anos completos: casamento, emprego ptblico e colag’o de grau em ensino ona oe raticar! 2016 - TRF - TRF/4? Regiao - Juiz Federal Substituto Assinale a alternativa correta. superior. A respeito da capacidade civil, levando em conta a Lei n° 13.146/2015: a. O direito 20 recebimento de atendimento prioritério da pessoa com deficiéncia néo abrange a tramitag&o processual e os procedimentos judiciais em que for parte ou interessada. b. A pessoa com deficiéncia - assim entendida aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza fisica, mental, intelectual ou sensorial, 0 qual, em interag&o com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participagao plena e efetiva na sociedade em igualdade de condicées com as demais pessoas - é considerada capaz para casar-se e constituir unio estavel, exercer direitos sexuais e reprodutivos e conservar sua fertilidade, mas no para exercer o direito 4 guarda, tutela, 4 curatela e 8 adocao. c. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada pratica de todos os atos da vida civil. Contudo, a incapacidade cessaré, para os menores, dentre outras hipéteses legalmente elencadas, pelo desempenho de fungées inerentes a cargo publico comissionado ou de provimento efetivo. d. Qualquer pessoa com mais de dezesseis anos pode casar, independentemente de autorizacao de seus pais e representantes legais. e. A curatela de pessoas com deficiéncia afetaré téo somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial, isto é, sua Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 157 DzrrerTo Civit = MI Teoria e Q s Aula 01 - Prof. Paulo H M Sou: definicfo_néo alcanca o direito ao préprio corpo, @ sexualidade, ao matriménio, a privacidade, 4 educacdo, satide, ao trabalho e ao voto. Comentarios A alternativa A esta incorreta, segundo o art. 9°, inc. VII: “A pessoa com deficiéncia tem direito a receber atendimento prioritario, sobretudo com a finalidade de tramitag’o processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou interessada, em todos os atos e diligéncias”. A alternativa B estd incorreta, conforme o art. 6°, inc. VI, do Estatuto da Pessoa com Deficiéncia: “A deficiéncia néo afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para exercer o direito a guarda, a tutela, a curatela e a adogo, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”. A alternativa C esta incorreta, na forma do art. 5°, pardgrafo Unico, inc. III: “Cessara, para os menores, a incapacidade pelo exercicio de emprego pubblico efetivo”. A alternativa D esté incorreta, na literalidade do art. 1.517: "O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorizagdo de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto n&o atingida a maioridade civil”. A alternativa E esta correta, pela leitura do art. 85, § 1° do Estatuto da Pessoa com Deficiéncia: “A definic&o da curatela ndo alcanca o direito ao proprio corpo, a sexualidade, ao matriménio, a privacidade, a educacdo, a satide, ao trabalho e ao voto”. Por fim, as agées de estado serdo vistas mais adiante, quando tratamos do Direito de Familia e as relagées de parentesco e filiagéo, além da tutela e curatela. 1.4. Domicilio © domicilio € a localizagdo espacial da pessoa, ou seja, local onde ela estabelece suas atividades, com animo definitivo, como se extrai do art. 70. Como um atributo da personalidade, o domicilio é considerado a sede juridica da pessoa, seja ela pessoa fisica/natural ou pessoa juridica. Portanto, muda-se o domicilio, transferindo a residéncia, com a intengao manifesta de o mudar. A prova do animus resulta da declaragéo da pessoa as municipalidades dos lugares que deixa e para onde vai, ou, se nao fizer declaragaéo alguma, da propria mudanga, com as circunstancias que a acompanharem. tome nota! Pes &P Resumindo REQUISITOS Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 157 * Residéncia sArime defintve O domicilio segue trés regras: + Todos tém domicilio, ainda que residéncia nao tenham (art. 73 do CC/2002). Ou seja, 0 domicilio é necessario, sempre. O domicilio obrigatério e mesmo 05 que nao tém resid@ncia tém domicilio, como os sem teto ou os errantes, que se deslocam constantemente. Em geral, como se fixa o domicilio dos que no tém residéncia? Utiliza-se 0 local onde for encontrada a pessoa como seu domicilio, segundo o art. 73 do CC/2002. ONSET © domicilio ¢ fixo, apesar de se permitir mutabilidade (art. 74 do CC/2002). Por isso, é possivel tem domicilio e residéncia diferentes. Como? Imagine que, terminada a faculdade, vocé resolva seguir a carreira policial e é aprovado num Concurso de Delegado da Policia Federal. Durante um semestre, vocé passara um periodo em Brasilia/DF, fazendo um curso de treinamento, Se vocé nao é de Brasilia, nesse periodo em que vocé estiver Id, seu domicilio continua sendo a sua cidade de origem, mas a sua residéncia seré, nesse caso, Brasilia; Toda pessoa tem apenas um domicilio. O Direito brasileiro admite pluralidade de domicilios, excepcionalmente (art. 71 do CC/2002). Assim, o ator que tem uma casa em So Paulo/SP, uma casa no Rio de Janeiro/RJ e outra casa em sua cidade de origem, pode ter considerado qualquer dessas residéncias como C. Ey A fixidez também 6 quebrada quanto as relacées profissionais, pois também se considera domicilio da pessoa natural, quanto as relagées concernentes a profissao, o lugar onde esta é exercida. O pardgrafo Unico do art. 72 ainda estabelece que se a pessoa exercitar profissdo em lugares diversos, cada um deles constituira domicilio para as relagdes que Ihe corresponderem. Veja-se que, no caso do art. 73 do CC/2002, temos 0 domicilio aparente, também chamado de domicilio ocasional. Chama-se Curiosidade aparente por aplicacio da Teoria da Aparéncia, ou seja, a despeito de sob a ponte nao ser o domicilio do sem- teto, aparente sé-lo, pelo que se o considera o domicilio. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 13. de 157 Direrto Crvit = MPT y Teoria e Questées Aula 01 - Prof. Paulo HM Sousa ¥ © domicilio, como disse antes, em geral se fixa com a residéncia. A partir do CC/2002 podemos estabelecer uma diviséo do domicilio em dois: A. Domicilio voluntario: em regra, o domicilio é voluntdrio, salvo as excegdes legais. Nesse sentido, permite ainda 0 CC/2002 0 estabelecimento de domicilio voluntdrio, por contrato. Segundo o art. 78, por contrato escrito, podem os contratantes especificar domicilio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigacées deles resultantes; B. Domicilio necessdrio/legal: ¢ a situagéo em que a Lei determina um domicilio mesmo que a pessoa queira ter outro. Quando isso acontece? Vejamos: 2011 - PGR - PGR - Procurador da Republica Quanto ao domicilio civil da pessoa natural, é correto afirmar que: a) () Domicilio e residéncia so conceitos sinénimos, mesmo se a pessoa tiver mais de uma residéncia; b) (.) Domicilio ocasional ou aparente é aquele local onde a pessoa alega ter residéncia, sem contudo residir de fato; Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 157 y DzrrerTo Civit = MI Teoria e Q s Aula 01 - Prof. Paulo H M Sou: ©).() © domicilio profissional, que é 0 local onde é exercida a profisséo, néo implica em quebra do principio da unidade domiciliar; d) () A residéncia transitéria, por motivos de férias, sendo constante, pode ser considerada mudanga domiciliar. Comentarios A alternativa A foi considerada correta pela Banca, ainda que evidentemente incorreta. Domicilio e residéncia sdo expressdes sinonimias apenas e tao somente na linguagem comum, como facilmente se extrai do art. 74: “Muda-se © domicilio, transferindo a residéncia, com a inteng&o manifesta de o mudar”. A alternativa B esta incorreta, dado que é 0 domicilio no qual se aplica a Teoria da Aparéncia, conforme se extrai do art. 73: “Ter-se-& por domicilio da pessoa natural, que néo tenha residéncia habitual, o lugar onde for encontrada”. A alternativa C esta incorreta, segundo o art. 72, pardgrafo Unico: “Se a pessoa exercitar profissao em lugares diversos, cada um deles constituira domicilio para as relagdes que lhe corresponderem”. A alternativa D esta incorreta, pela auséncia do elemento animico exigido pelo art. 74: ‘Muda-se o domicilio, transferindo a residéncia, com a intencao manifesta de o mudar”. 1.5. Auséncia e presungao de morte Neste topico, a rigor trataremos da extingio da pessoa natural, de maneira mais ampla que a mera auséncia. Além da auséncia, veremos também a presuncao de morte e a comorigncia, institutos juridicos todos ligados a extingo da pessoa, de modo direto ou indireto, a depender do caso. Em realidade, o fim da pessoa significa o fim de sua capacidade. De acordo com o art. 6° do CC/2002, ela termina, no caso da pessoa natural, com a morte. A exting&o da pessoa juridica tem regimento préprio, como veremos mais adiante. Mais uma vez, assim como 0 termo ser humano, o termo morte é um conceito que n&o pertence ao Direito. © que significa morte é, atualmente, um conceito médico, de morte encefélica, ou seja, a cessago da atividade cerebral atestada por médico. Por isso, atualmente, a morte sempre deve ser estabelecida mediante atestado de morte, segundo 0 art. 9°, inc. I do CC/2002. Em algumas situacdes, a pessoa nao pode ter sua morte atestada por médico, porque néo se sabe se ela morreu, com absoluta certeza. Ai é que entram as situagdes de auséncia e presungdo de morte. A auséncia é estabelecida pelo art. 22 do CC/2002: Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicilio sem dela haver noticia, se ndo houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-Ihe os bens, o juiz, 2 requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Publico, declarard a auséncia, e nomear-lhe-a curador. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 157 Art. 23. Também se declararé a auséncia, e se nomeard curador, quando 0 ausente deixar mandatério que no queira ou ndo possa exercer ou continuar 0 mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. Em outras palavras, a auséncia ocorre quando a pessoa desaparece do domicilio sem deixar representante, havendo divida quanto a sua existéncia. Nesse caso, segundo tal artigo, instaura-se um processo para que possa o juiz decretar a auséncia. Esse processo é regulado pelo CC/2002 e pelo CPC. Como? Primeiro, 0 juiz vai mandar arrecadar os bens do ausente e nomear um curador, que sera, segundo o art. 25, prioritariamente, 0 cénjuge do ausente, sempre que ndo estejam separados judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declarag&o da auséncia. Caso ndo tenha cénjuge, ou seja, jé separado, a curadoria dos bens do ausente ficaré a cargo dos pais, segundo o §19. Depois disso, comega 0 procedimento de arrecadacéo, que nada mais é do que a indicacéo dos bens que compunham o patriménio do ausente. Feita a arrecadagao, 0 juiz publica editais durante um ano, na internet, no site do Tribunal, na plataforma do CNJ, no érgao oficial e na imprensa da comarca, reproduzidos de dois em dois meses, anunciando a arrecadag3o e chamando o ausente a entrar na posse de seus bens, na forma do art. 745 do CPC. Cuidado, porém, porque hé uma excesdo a esse prazo Anuo. O art. 26 estabelece que no caso de o ausente ter a, deixado representante ou procurador (nos casos de EBsadinnat art. 23), esse prazo sera de trés anos, e ndo de apenas um. Em outras palavras, esse prazo é uma espécie de “chance” que o juiz dé para o ausente voltar, antes que seus bens sejam postos a disposi¢éo dos herdeiros. Caso o ausente, seus descendentes ou ascendentes aparecam, cessa a curadoria, conforme o art. 745, §4° do CPC. Do contrario, continua-se com o procedimento. Quem fara o pedido de abertura proviséria da sucesso? Os interessados. Quem sao os interessados? Segundo o art. 27, somente se consideram interessados: I - 0 cénjuge nao separado judicialmente; IL- os herdeiros presumidos, legitimos ou testamentérios; IIT - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; IV - 0s credores de obrigacées vencidas e nao pagas. Decorrido 0 prazo de um ano da arrecadaciio dos bens (ou de trés anos, no caso de ter deixado o ausente procurador ou representante), se nenhum herdeiro ou interessado aparecer, o MP solicitaré a abertura da sucesso proviséria. Atente, porém, porque a sentenga que determinar a abertura da sucesso proviséria s6 produzira efeito \ ZB Beadinhal 180 dias depois de publicada pela imprensa, e néo Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 157 automaticamente, como em regra ocorre no Processo Civil. Excecéo da exceg’o, ainda que a decisdo sé tenha eficdcia depois desse prazo, tao logo transite em julgado, j4 se procede a abertura do testamento, se houver, e ao inventario e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. Novamente, se aberta a sucessdo proviséria pelo MP e nenhum herdeiro ou interessado aparecer para requerer o inventario até 30 dias depois de transitar em julgado a sentenca que mandar abrir a sucessao proviséria, a arrecadacdo dos bens do ausente sera feita sob a forma da heranga jacente, vista na parte de Direito das Sucessdes. Caso continue jacente a heranca, seré declarada sua vacancia, passando ao dominio do Estado, também conforme veremos mais adiante. Antes da partilha, seja a sucesso proviséria aberta pelos r herdeiros ou pelo MP, o juiz, quando julgar & come no! conveniente, pode converter os bens méveis, sujeitos a deterioragdo ou a extravio, em iméveis ou em titulos garantidos pela Unido. E uma tentativa legislativa de evitar prejuizo aos herdeiros por conta da demora tipica do procedimento sucessério. Outra tentativa de evitar maiores prejuizos é permitir que os herdeiros se imitam na posse dos ben: \6veis do ausente. No entanto, o art. 30 exige que eles deem garantias da restituigdo dos bens, mediante penhor ou hipoteca equivalentes aos quinhées respectivos. E se o herdeiro nao puder prestar tal garantia? Ele sera excluido, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administragéo do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia. Porém, o excluido da posse proviséria poderé, justificando a falta de meios, requerer que Ihe seja entregue metade dos rendimentos do quinhao que Ihe tocaria. Mas nem todo herdeiro precisa prestar essas garantias. Os ascendentes, os descendentes e o i cénjuge, uma vez provada a sua qualidade de Bi tradinnat adinha! herdeiros, podem entrar na posse dos bens do ausente, independentemente de garantia. Empossados nos bens, os sucessores provisérios ficarao representando ativa e passivamente o ausente. Desse modo, contra eles seréo movidas as aces pendentes e futuras. Mas, ndo podem os herdeiros simplesmente alienar os bens iméveis, talqualmente ocorre com os méveis, ou os hipotecar? Sim, desde que mediante ordem judicial, para evitar a ruina. Igualmente, esses bens podem ser desapropriados, claro, n’o sendo vedado ao Poder Publico fazé-lo apenas porque se encontram inseridos no procedimento sucessério provisério. Os frutos dos bens caberdo aos sucessores provisérios, nos termos do art. 33, prestando anualmente contas ao juiz. Se o ausente reaparecer nesse periodo, Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 157

You might also like