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A LITERATURA NAO E UMA SO: Os ENFRENTAMENTOS A CENSURA E AS DISSIDENTES ESTETICAS QUE PODEM MAIS Paulo César GARCIA UNEB Margarida tanto pode ser nome de uma flor ‘como de mona de equ® fou de mona de amapo Se escrevo Margarida assim com M maitsculo am nome de mulher, inda que 0 neguem os miseulos do sapaz chamado Sérgio, contido em Margarida (eaqui jé nao é mais verdadeira a reciproca) ‘Waldo Motta Transgress6es, SEDPFE dos culturais no Brasil propositou desacomodar 0 surgimento dos estu essencialmente ligadas & estrutura do es trgos candnicos em andlises cerradas, terto, Foi por esse percurso de estudos ques 2° persc ada do EU tem sido empreendida srutar a posigao em torno dequem fala no espaco textual, a posicdo marc para pensaro didlogo com as narrativas © as poesia wind vez qué * vores vem Heeryindo cada vez mais no espaso literdrio, a exemplo da poss de Waldo (Moca (2017) ¢ em demais textualidades. Convenhamos “tonfiguracio confortivel do projeto moderno em questionar iodo de perseguigdes da ditadura militar no Brasil no periodo dos anos 60 a ido século XX. partir desse tempo convivi com uma realidade escolha, um signo, um discurso. Passei a constr que nao foi uma ‘oeuno texto num que me abafava, Buscava ir 0 meu arquivo, n4© 368 sneer mash 0 fe Nene eS Sees Oe On, tae Fea efics veoh on vos era gerado, com avés pardos SOE NERS por atemo, descendente da rapo da Calica, na venta e enservadorbraseio segs o calgD que rien de oma caste raga e #630 homogmnelzaos ¢ eis sbretodo, era a gareia. do modo ardndse 38 classficar 85 categorias de genero, Um padrio ordindrio que m0 me pertencia, no me via como steto padronizao © impost; masque me wing ene 2° (dado lugar naturaizado © puscava me distancia. se aspt py raorrs = thon verdes = Date Os Sat ‘também por esse paradigma. Procuravanio'er estigmatizado quando identiicado como binirio, regulado por um sistema vigente © due ava medo em falar da aan enrtec exalHse er isomao que desava nos anes 8D) hanlp aarvr avo meu cl de aolecenteeingsesavana Universidade cm um suo de icencitura em Letras Vernéculas Por queintroduzo aminha voz para tratar de dissidentes estéticas;oqueme far percorveralinha da historia cruzada com a.atual? ‘Censuras, medo, regulacdes? vpanicaro euso de Liencatra em Letras, pude pensar 0 quanto ers pose critica, por intermédio da iteratura. Letras ¢ poder, Letras e saber sio moventes, eslocadas,traspassadas. A virada das paginas da vida para as das artes ‘Aliteratura pode na época, como hoje pode, me oferecer didlogos incomensurdveis para questionar sujeitos, contexts, formas de existencias e refleir possibilidade de { genero ea sexualidade serem sempre construidas. A difeenca, on as diferent falam, flevam em épocas passadas e, em pleno século XXI, 0 terror direta nos assola Nesse escrito efémero, me envolvo como porta-vor de wm balbucic. Como retrata Hugo Achugar, “trata-se do real e do imaginado, da circunstincia do deseo, balbucio énosso orgulho, nosso capital cultural, nosso iscurso Fa nosso discurso queer” (ACHUGAR, 2008, p. 14). coco exalt aque que nto boca, mas are dete Tala batbucla, A Imager me remete para obras teria i 0, “Motta, convo demais pootas de sua geracdo, enfrentaram & j ets estan bes Aon Med oa epaco imaginiieepreckro de Stra no pai: © fvencta daleto paiub escrito no verse da poesia de Motta (como, ut de sors de aap; rz poclaidade ao wo de sy « gcse o poe de fala emamblentes de guetos do passado e, hoje, reas provas de Bzame Nacional de Nivel Médio ENEM)-No poems espa & imagem da bicha,desafiando corpos © autenticando @ du ecrita postica em trata do eu concebivel fora da naturalizacio sy ipo bidzio. Margarida © Sérgio to ois em um, Corpos em estado de quetranformam a subjetividade raves criticada por adjetivos abjetos: ‘Menos que flor, Margarida vaso, um vaso pablico ‘Onde os asentados cam _Agjetivosestopidos Pela vidinha que leva sempre atolada na merday 365 ‘Margarida é uma bicha, ser sobretudo verme por: (MOTTA, 2017, p. 269-270), fazem presentificar nas VozeS atonacom Que somos? Ecoando as foreas ocultas aves ‘as vores emergenciais vem zeneas de cultura latino-americana, srantia de leituras literdrias. O poeta “Waldo Motta apresenta a performance da cultura brasileira conservadora & tradicionalista ‘Sem deixar de lado os/as 1m jstas brasileiros/as 40 i Riceae le rama 370 Dare racemic wet acts to iinet eT aio de Andrade 8 Lygia Fagundes Teles e oe ropevouomotenit ar poca®(ACHUGAR, 2006) sales fliagder gs pecor orn de TN subjeividades fora ° Cane Lisp ec estlos PrOPFION Pars jetividades fora do . ; fede modo primor ste se exuios de ginero, aver Ml contexto soci! ‘pe ance do adc. XX POEMS alam | a ; dees Mle e homossexuaigades: Visto* pelosdefensores |) go sminista, as vores de lesbian \ reas de qe as eorndos parenteral ro eae eo Seat van jt sendo viscado 0 terme patlogicn da sajits perverts, doentios» ME rena centifica!™, Atendendo para 3S dem: ual arttieae politen ji nao reproduz tais conceitos © ava nalinguagem, nao somente d& modo imanente, anterpretando como e quem é visto, alizado & medida de leituras e possiveis Wi andas da sociedade, a experimentarto passa a rever um intelect conhecimento que se adentt sessencializada, mas de forma transgressiva) como éafetade, como éinserido e margin elucubragoes de subjerividades. Por isso, Letras e politica sto mestras para me Ostextoslite da dramaturgia trataram de despertar como «a idenidade serual tragava os rumos para a capacitagao do centro ¢ da margem, fonte, pode mais, transmitir outras formas xrmissiveis e possiveis sob compreender como sujeito, srisios, as cenas decinema, Entre o centro e a margem, a terceira de discursos, de poder falar no horizonte de encontros per aspects que etavam presents no espaco das letras. As obras que ousavam Sef lidas, compreendidas, pensadas me davam o prazer de ler. Dai para a pratica em sala de aula. Lembro-me do tempo coma docente do censino de priiro grau, atual ensino fundamental que, em meus planos de aula, hhavia 0 recorte transgressor. Era preciso, Deixei o outro lado do conhecimento adquirido transparecer. ‘Na atividade de aula, a sessao de cinema, O objetivo era escrever € POF ® 112 Em 17 de mai & ; [na Em & mai e190,» Orcas Manila Sue (OMS) eon a homosraae incenacional de doenges mentas em uma Assembleia Gera. Até entdo, a homossexualidade eu tae 10 doenga e em alguns pass existia"atamento.A data & considerada urn marco e se comemors © Di Invemacional conta a Homofobia. (O Const Feder sera como doen em 1985 ho Federal de Picologia do Brasil dixon detatar 2 oF? suse dn evi iadaaoponto de exerci o pensamentoeincentvar fal se OPaire(1995) com a apstatematica de mostrar oreacionam = vrsonagens masculinas,traduzia a partir do frato do corpo o desejo soos Padre, A turma sensibilizada com a promessa de novos temp. fai chamado & atencio pela orientadora educacional da Escola da rojetar o filme com esse tema. O drama Bp en inst do rtgoni porn gustos asian ok ema menina, ois dramas exstentes para poueas cabegs pensantes? duas hist6rias afrontosas, duas medidas, dois afrontamentos, Co quefaria coma leitura do conto “Testamento de .Jonatas deixado a Davi" jot) de foto Siverio Trevisan!? Poderia ser adotada no ano de 1996? E hoje, amo poderia homenagear Caio Fernando Abreu no ano em que completaria go anos, 20 tracat a estratégia de ler os contos “Pela noite” e “Aqueles dois’? A revota ea indignacto de alguns alunos ealgumas alunas do passado se repetem? ‘Aliteratura é uma sO? Estar recorrente ao exercicio da censura ou se encontrar nos daustros e na berlinda de acontecimentos que a cerceiam? Seis meses apés ‘esse ocorrido, no final do ano: de 1996, fui demitido. A justificativa: & experiéncia ‘com outros profissionais que estavam selecionando. Uma forma velada de preconceito a mim € 20 trabalho que visava. Século XXI, em pleno ano de 2018. critico em torno de um passado que me afeta, me atinge- Calo a boca? Ao sentir a ‘ita do eterno retorno, nao poderemos atuar comaliteratura por estar reticente sum grupo fundamentalista que quer reger um Estado? ‘Onde as anélises literdrias ‘autores/as podem ser Jidos/as? A comunicacao Jiterdria estaria ‘sob os auspicios ‘do cerceamento a liberdade de expressio? Escolas, Universidades, discentes ¢ docentes mao devem &© curvar 30 ‘adotado nao deve se curvar 40 ato do conservadorismo do passadoeaum Estado de Excegio, Como dialogar om 0 vetor social e politico, configurando um perfil curricular e pedagogico que retroceda aos gestos de disciplina e de regulacao? Abrir mio das perspectivas Escrevo este texto com 0 punhado 371 372 ado de direito€laico? A atuasto Be ca ras, Literatura, Artes e ais conscient® € Politica fica sempre as pessoas se veem pautadas a a ado, Texto, autor e narrador pela intolerancia daliteratura arte © de percepote da memriay ent © po meio d inguagem, nfo somenss por trazer (CHKLOVSKI, 1976), mas por pereeber e sentir as diferencas sociasy culturais e politicas do meio Vigente, cultural mare: vida, memeria e experiencia SE ‘encontram com os vinculos fue ecomo se manifestam com propriedade a questio sobre o formalismo abrir para outro modo de dentro d0 ‘ea estrutura textual “rater devirsuetono plano de percepcto 0 Zeal de como escancarar paraalém doescrito, do dito, ereio ser um ‘exercicio infindivel. Falar de um lugar serdo precisos. Pequena parte do como docente foi descrita 20 dar {que nfo quero mais e tracar 0s deslocamentos fundamento dos contextos de minha hist6ria varao de coer os frutos. Entre a realidade ea ficeio, as rupturas sto incontidas, porque requrem sujeitos que se enunciem e com enfrentamentos @ nao deixar ine calar. Assim, este texto 6 desregrado, balbuciado, com recortes que assinam os vinculos utoficcionais'. ‘Se € preciso que se reconhera a si no espaco textual literério por um percurso que cause semelhangas com a vida, 0 poder de reconhecimento ¢ 4 todo instante uma procura que objetiva reencontrar ou reelaborar novas formas de scber deste sujeto, Por iss0, a todo instante sou o estranho, aqvele propositadamente posto por um reflexo dialético do real, de modo a afetar # sensibilidade, quando percebo 0 que esta por detris da constituigao de sujeitos autoritz . trios = normatizados por um centro de conhecimento reducionista- igoeasapaeen atos que normatizam ainda mais a pessoa, circunscrevendo-s 4 higienizisic dos costumes, do habitat do conherimento dicipinado, gonasconvergentes para sueitos serem catequizados pelo sistema de rascista. O que e como me desejo se vinculam para as divergenciss ente me fila, buscando falar com aliteratura,em obras que mergulham que vibram em tempos coléricos atuais. sualizam as politicas de subjetividades, mira a uma dada performance. Como s,m corpos estampados wando as frestas do arquivo vis m estética (FIGUEIREDO, 2013) de suas préprias inventividades, os sue incorgoram “nao um individuo em plenitude @ esplendor, ms nentos descontinuidades” (MARQUES, 2003) palatavels a serem reescritos, reposicionados. nha experiéncia de docente na area de Es entes para diferirleituras. Atravessar tros daficcao literaria, com as suas Jacunas que V0 sendo permitidas. 1m simples plural de encantos [...] em que lemos apesar de tudo # tos que se encenam nos textos 376 dew desines mle bea do que na eporels s ea ca er 2 r 10. eimimdcionny a z 2 Aponte ivi vecom ont, | | in scrita barroquizada, ave! ge pols fragment a Gent ra er ove Hs dos navonsntes © Percorrennos vost rants, de poder™o5 a espace oe one ie ean Teracara sam n0cOeS derivadas da biologia © da sca en amatencona |g Er ! Tee emianemnomm sme | in rT meinen | ‘a cn eins mie: a ON dee = Beers It quem, no entanto,traz 9 (ESPOSITO 2010, . #4) Pass Michel Foucault (1988), ee * Fr om qu iia ponent consnD—TTen © STS de i apa bed poser emprende ooo etu00 SESS — | a ek os anpeios da ois a sober 2 GHSPLDAT | Tre en bopder a forza de eta vids¢ das populses coms ; po da atuago do seit Poe A provaos iis orca de administrar e gerar 0 ‘cla como empreendimento do poder e centro e localizagio da autoridade. Ao situs si eaaences, ao iar estratgias avesis aos repimes de dominasao e basa por emancpr os corpos a goverablidae da vida tem em ments 0 dominio veistencia dlineada pela biopoitica. Ao voltar-se para eixos teenol6gicos, com fentes 2o econdmico, psiquico e social, agendando 0 biopolitico como veio de circulagao de saber, a literatura agencia 0 que nos precede e procede, territorialza « deserritoralza, representa e restaura sentidos da histéria hegemonica © subalterna, reescrevendo possibilidades de existéncia do outro nuttidas pelo corte +homogeneizante do significado. Como pensar a categoria de género por essa porta de entrada, quando a agressbes, momentos de tensdes se calcam em aparatos discursivos das redes Sociais e atravessam as sas de aula com teor disciplinante e de violencia? Estando todos ¢ todas afetados e afetadas pela biopolitica, ao escrever este texto, procure Fedatoch, sere orando, ao manchts efor na propor gee mee page ness eve 57S parti, Fn ops umes eg eokibeninn.Owenonumenc sens sone ee rt po to Re rear re ee eer nee spovas experizneits 20 redor de signos estabelecdos euturalmente, entre rmoderniade.E necessrio formar o curriculum em queskve acaurse cnc Humans © Ter coo operons Je euros qe nt 6m as que ensejem criticamenteo local de saberes. A dineco €tatar Pas de detidades Sexi ed genera na erature razr debates como “Brier (2003) opera sobre o significado de “performance” Par a cxtca sidense, o meio de refletir a performance como"é realizada com o objetivo veo de manter o enero em sua estrutura bindra um objetivo que no pode wibuido, devendo, 20 inves ser compreendido como fundador ¢conslidador sto" (BUTLER, 2003, p. 200).Como Professor de iterarurae cultura, analisar Fe ar obzas de autores e atorasdigiica a mina postura decree. Nao 377 sensante submisso € nem o operador de ditames fundamentalists pela maiz fundamentalist, Nb cabem mais psturas de vlna As ees as negras, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, tavestis, ae ve bindios/as, Cabem desfazer postu, habits, posites rdadeios everdadeiras, inicos etnicas para as identidades de género|ede Entre ato e relatos homégrafos, os corpos estdo em cena, no real; no rio no fieional, Todos recaem em potentes excesos © possives mentos dos arquivos pessais, Experéncas reais com puntos aie am as verdades. Escrever & preciso, viver éimprescindive sem as amass vos LGBTO}s O repo as aos insancs eels Seni “vei Taser Que eran cane Hob 378 como naturalizad 0 corpo 0, sempre : cel ‘sti em movimento NO CAmpo ses audivels € poder assimilar as verem interpretadas Sem a Testriglo ao 7, p- 50) 2 abjeedo deve 80 *pensada cultura, go eae “oes © Har do oe ox/éasubatrmos/arasteando campos gosta « st espossidos/as de exiséncia 08/48 que Aierimento" dissemi de atuagio em gue 2P" : sn 0 PFO} z : aa ae rer paria da diferenca, mediadas pelas vozes potticas, experiencia © 4 : err ecuturalmente os T0B27=5 Je fala e os marcam na tensio vménico eo estado de fora, 0/a abjeto/a, entre ofa strias de genero e de sexualidades nio se tornam o poder! esentam 08/38 jeto de nacido. restauram, do jogo atrbuida entre o hee’ siveleo/a invisivel, As assime " rte eee de od anode venrateton na nedida do que se ve edo que se pode dizer sobre 0 que é visto, competéncia para vere qualidade para dizer, das propriedades do de quem tem tepuoedos possi do tempo, como afirma Ranctére (2005, . 17) Sea'iteratara permite respirar’, como pensa Barthes (2003, p. 172), tratar de LOBTOI+, ocupando espaco no literario, se da porque ela necessita de mais {slegos para ouiea lingua no e fora do poder, com testemunhos que habilitem © ‘outro sendo e semore possivel. Sem tomar o ex-céntrico como estado de excesd0, e sim de provedor de desmascaramento das estruturas bindrias convencionais ¢ também das anticenvencionas, 6 preciso buscar reportar as dissidéncias sexuais «de genero para ler‘ver os sujeitos, como os que suplementam ordens, desenham slits e suas frontira. — ean que, em BaléRalé 18 Improvisos, 0 escritor brasileiro Marcelino aa ‘special, no conto “Homo Erectus’, manifesta o enunciado de eae sara ao abrir o prentincio de que amar pode bene ¢di'o ai Cogsge eeeee ae ‘elacional,éindiscipinar, Dar o cu, para Freire Gagenci a lar uma politica de ocupagdo, de por em ago gener™S ine pen nes seta © matador eee para eer pana ttn ov snus mods av etna oseniede Homer elo rn : rem como a iso de Marcelino Frere permisividade exc era sume de enunato, Coro in fiking pve Se consis por um moo Ge di vor uma esttica que se torna ética,nBo $6 por representa os renos/as, mas por enfrentar e resstir aos que nomeiam e expressim ae pvaente. Trata do registro da emergencia do sueito ai habitado no espaco livo de Freire se fazendo com a tentativa de procurar suprir a incapacidade de Ipsecerrelasio homogéneacom real e com o/2 outro/a, Assim transformaco ca emerge da existéncia de si apoiada na “desteritorializasio como primeiro, no originirio” (PELBART, 2016, p, 80), a exemplo fas esquizoanaliticas, como Guattari pense. Nao hi ambigo de zara pragmitica ontolégica em funcio da exstencia, e sim, decartograli- der, o que quer se tornar 0 sueito, 0 dar 0 cu? O querer para si nfo completar, refazer, adensar,redesenbar,reaeitando os préprios ritésios ‘mode de contraversio que encontra para escrever, ciado retoma a formulacio de Tereza De Lauretis para abordar 2 -faormulheres, das bichas que mio sto homens, “pao so homens nem malheres(PRECIADO, 379 380 recon erat ous pecs 8 MERIDA Py reansony pons qu8nt0 0 SENTERO Fey mn rove ajustam A nceliiilidade go 1a 0° ve rem demarcadas pela paolog seromt ‘Garr projeta a revolio ana? eae ct ae pein de sy suns GFERS 36 carp 5 nc ried, mas 0 ANS considerndo coms * caro bioptico PH a ccs ono prin de amor anal? (PRECIAD, eS vcr. Signitcn HHT a 2000, p14) essa a questio 40 cacrev ue fo pee rerae re re ce a <2 né Hern, de Guy Hoequengher (2000, Revd peice rico frances, Tratase, 4 pi ‘TERR Fora insert do quer € efit pel een fants TH priacipia, | seu saber enunciao pels “sHMs3s ® vos aot fondamentalies tea os eerocenrados que S10 HOPES via modernidade” (PRECIADO, 2000, a ps0) Hoequenehem nue 9° iscursos em Foveau €em Deleue nig 4 F como apinsio doquec come Pensa sobre a subjetividades miradas peas ss ven queinctam confessaraverdade 20 S00 © acs silencios que s¢ colocam pura privcs de resistencia ¢ PrOUtores ‘ge saber critco sobre si mesmos. A par Frodo da cura, asim, & de #6 aprOPrat 2 sfechar 0 Anus para que a energia ot teonal que padia fui através dle se convertese hhonorivel saudével sic companhiriemo viri, em. intercimbio linguistico, em comunicacio, em R ‘em capital” (PRECIADO, 2000, p. 136). a 1 ‘em publicidade, ‘evolugdo anal, como datada, a partir dos manifestos 1970, 6 a proposta de Preciado como via de Paraele,acultura ocidentale falocéntsica -elacies sociais e afetivas a longo imprensa, Vivenciar a era da Lsbicos e gays dos anos 1960 © descolonizaroanus. Oqueisso significa” comprime o anus como modo de vontrote das dahistoria para implementar uma sociedade produtiva. Cuir, visto por um lugar de ocupacdo na estética iteraria brasileira, apresenta-se na operacio critica € politica do conhecimento, elevando 0 corpo ao patamar de formagio social, de poder trans-formar, descentralizat as subjetividades. Revendo com Barthes a leitura do desejo homosexual, Pat! fem que Um exo Terrorist € aguele que intervém sci en ee ee ee py orn 0 1e5ico, olivro de Hocquenghem é 9 primero liv terrorista“que w cietamente a linguagem heterossesual hegemonea, Eo primers cerco acerca da relaclo entre capitalismo e heterossexuaidade por um gay que nao oculta sua condo de escéria soca «anormal car aalar. (PRECIADO, 2000, p. 138). 'o crtico cultural: “se tem que se abrir o anus piblico, veremos Jo pel via cultural. Os meios de comunicisio sto redes extensas ¢ consrucao @ normalizagao da identidade: TERRORISMO ANAL = 0 KUTURAL (PRECIADO, 2000, p. 144-159, grifos do autor. Ketural’, e agendar um curriculo ji efetivado na Espanha, Suécia| ‘nagdes europeias que dialoguem sobre a cultura de género € largumento ideolégico para nlo delxar a escola com partidos, reduzem e maltratam o terreno féril para germinar sujetos modo para se pensar a realidade em corpos indisciplinados tem 381 sedua em tempos de intolerincia e conservadorismos. Talver,Svely para a problematzacdo quando a expresso de estranhamento tormar-se, do que dfere ecomo se enuncia por renincias, ‘com a heteronorma, coloca os sujltos em crise NO 2 =o aires uve odes reo sicer sexo aconsideraciodeque nd {door at danga a assinalat €23tenG20 4 anile 2 2 a as cverss eas da avid oxy gee das lagen de ference nica, 38195, Je Case, dg xt Site, de orentaeto serua-. Nese content, julgo guy se ae pis oe ia de mbm, como instrument de ane an er deveamento da clei ter segundo uma estratégia de resistencia a sistemay 4 ee endenia blerauizane d ing thaata,2014,p-30 ‘Avapontar para oquee como nos movem, dentro de uma perspeciva ai, spor do saber colonizado, de quem esté em desconformidade com o mesmo ¢ pereeer que os suits descolonizados sio dessemelhantes perante a5 relabes sesimiliveis acs generos impostos e naturalizados, do ferninismo que procura construir subjatividades de mulheres menos objetificadas e violentadas fisica e B82 simbolicamente, de conjugacdes de racas no jogo do conservadorismo colonial, de ‘exerctar a mangira como o racial € descartado para a classe burguesa e capitalista ‘© em desconsiderar a diversidade sexual negra, gays, transexuals, travestis dos ‘dominios da heterossexualidade cisgénera (a que reconhece o genero de nascenga darante o percurso da vida), faz-se por um mergulho da histéria dos suits Assim, Inocéncia Mata motiva a reposicionar a estrutura politica, tomando 0 se ugar como mulher e negra ‘No mesmo perfil politico, a critica italiana Teresa de Lauretis 2 ‘angumenta que o ujeito nao é constituido somente no género, mas também me Pi alidade esto em constante construgio, Jas culturais e socais, da propri F a experitncia do “assim, Jorge Luis Peralta (2014) enaltece o oe on argentina e com o qual merece devidaconsderasio, re ntn sé imbuido © modo de dilogar com a lieratura bres, ene? ‘ ra dos ltimos sos do século XX e da atvaidade, Ai ineiuo a obra de Joto Gilera Now ollae ‘uma excrita recheada de intervalos, sobi s, sobretudo, por transversalizar ° que ¢ intermediado aos transitos e por deformacdes propositais para se , po fora-de-ordem, Diante disso, para Peralta Em resumo, a literatura oferecia os ‘Aissdentes sexu uma série de possibilidades que transcendiam a esfera estrita do literirio, Dado que expressar a dissidencia foi a menos plausivel dessas shemnativas, constatamos que a literatura vale mais, sobretudo, como peca fundamental na articulacao de um conjunto de identidades, identificagoes experiéncias que nao sio (hetero) normatvas, durante 3Q3 jum periodo que os mesmos estudos LGBT parecem ddesprezar ou considerar irrelevante para uma genedogia da ‘desobediencia (homo) sexual, cujo inicio & geralmente fixado nos anos 70 (PERALTA, 2014, p. 3, traducio nossa], ze,0 registro de cunho fictional quereflete a manifests deme ‘mesmo acobertada pelo distanciamento dewma subjetividade Titerdria, seu valor & transposto para 2 esi do outro, na escritor que vale muito mais. see wt * ‘cee a —- pound?! PINE Peeters 0s ats cnsiterae mom | Si : CConsiderando a intensidade de resistencias que deveros sore i avn eos csc lear cea tq Programa de P-Graduto em Letras Lear e Calta perp fis bas Noor os governos do Present Ls Inco tas sg Fu Prsdenta Dim Rousse foram crass «contruidas poesia sa indi, om dates frtels para que o conhediento brotsse em tote ta tempos de semelnanca 3 nagem de O gio (1893), em que o pntor norueyay oa ovard Manch reat 0 assombro do terror, do temor, de desepero qu a aso o suet atersexo © LGBTQL+, podendo religar 208 eos colons, pg ee ‘naremidadesdalgicas da culturas marginais devem resstr aos fritos maduos ra dd materildade do saber que nao pode ficarrestrito 8 imanéncia de inguageng 2 aries ¢ doutrrérias, pois 0 fomento ao conhecimento critico nao pode deixae a eset produzido,o que anteriormente era abafado, silenciado, oprimido. Cieular ay as linguagens para [me] revelar um modo estratégico para poder posicionar o politit diferente, adiferenca e 0 acimulo de visoes culturaise plurais. Bis a matéria de mest saber ming ‘A nossa sociedade de espeticulo esté enredada cada vez mais em redes falar B84 ‘Ws dias as stuagdes de tensdo que a nagdo brasileira vivencia, com uma men politica de Estado esmagadadora em subtrairo direito & cultura, arte e& educasio por ©omo pratias lives e como direitos humanos. A tinica forma que encontramos fron ‘os aarmos is artes, literatura e& cultura numa busca de reaparethamento Sree pelos que deturpam e mutilam para imprimir bas Dees on ats a “Sorresponde a uma eee brasileiro Antonio Candido, “aliteratura os "utara persona} universal que deve ser satisfeita sob pena de ev ‘dade Potave pelo fato de dar forma aos sentimentos €& visio a ole gees preei aa aly cot ee {instrament concise demas ene ‘sci as otnnbes de restiao ds dee ea dels como a mtr, + serio, « meta ae “amt nem ne qunione cue dam mass oes lata pls dros humans (CANDIDO 97s) desde sempre, para o grito do oprimido, liso vale desde romantice Castro Alves que, em pleno século XIX, conclama em sua raa libertacdo dos escravos e para a nossa atualidade do século XI, eleicio presidencial fora pautada naintolerancia ecom retornosaos dorese até fascstas de pessoas que querem nos govermar. ‘patamar

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