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Liv-Monticelli Fluxo de Carga-1983
Liv-Monticelli Fluxo de Carga-1983
1, B sera indutivo (mesmo sinal que Je) enquan- to C seri do tipo capacitivo: haverd uma tendéncia a diminuir Y, ¢ au- rmentar by, Se uma das barras terminais tiver tensdo regulada (PY, HO, et.) u estiver eletricamente proxima de uma barra desse tipo, a outra barra terminal solrera os efeitos das alteragdes na relagdo Isa. Nestes casos, ‘ou seja, quando uma das tensoes terminais ¢ rigida, tudo se passa como se 0 transformador se apoiasse em um de seus terminais para clevar ou diminuir a magnitude da tensio do terminal oposto.8 ‘FLUXO DE CARGA EM REDES DE ENERGIA ELETRICA 1.23. Transformadores defasadores Este tipo de transformador permite que se controle 0 fluxo de po- téncia ativa do ramo no qual ele esti inserido. A situagio ¢ andloga a de um circuito (rede) em corrente continua no qual se insere uma fonte de tensio em um de seus ramos. Dependendo da polaridade da fonte, a cortente que passa no ramo poderi aumentar ou diminuir devido a introdugdo da fonte, eventualmente mudando de sinal. Em uma rede de transmissdo em corrente alternada, 0 defasador, como 0 proprio nome indica, consegue afetar o fluxo de poténcia ativa introduzindo uma de- fasagem entre os nds k e p (ver 0 modelo de defasador puro na Fig. 16). Ono) (yore (ns6n) Loe t ° le o Ym — In ae! Figura 16 ~ Delasador puro (r= 6) Considere-se, por exemplo, uma situagdo na qual, antes di duzir o defasador, 0 fluxo de poténcia ativa tem o sentido k-+m ( Seja > 0 0 ngulo introduzido pelo defasador, isto & #,—@ +9. S © ramo k—m for radial, © luxo Py» fiearé inalterado, passando a nova abertura angular do ramo k—m a ser dada por n= in + @. OW Sei a abertura angular sobre a sdmitancia Yiq flcara inalteradat (By = ly pois os nds pe m sofrerdo a mesma variagao angular (8, = Be + oe A= Um +6) Se 0 tamo k—m nao for radial, situagio que realmente tem interesse pritico, 0 restante do sistema tender a impedir que a aber- {ura angular Yq Vari livremente, € a variagio provocada pela introdug do desafador Seré tanto menor quanto mais “forte” for o sistema de transmisso (ou quanto maior fora magnitude da susceptineia equivalente total entre os nés k em, em relagdo a susceptancia do defusador). Neste aso, a abertura angular sobre a admitancia ig PaSsara 3 SET Bpy > He ‘0 que implicurd um acréscimo no fluxo de poténcia ativa no ramo k —"m. © mesmo raciocinio pode ser repetido para y negative, caso em que © fluxo de poténcia ativa no ramo km diminuira com a_ intro: dugio do defasador, Uma situagio extrema ocorre part sistemas infinitamente “fortes”, para os quais os angulos 8 € 4, sio rigidos. isto € ndo variam com 0 Angulo @ introduzido pelo defasador (obvia~ ‘mente, esta & uma situagao ideal), Neste C480, teM-S€ By = Gyn — 0 = Bh 6, OU Sea, a abertura angular sobre admitiincia Yq. apos.a introducao do delasador, & Bye @2n-+ 9. Iso significa que todo"e Angulo y do d fasador é somado 'd abertura angular existente inicialmente entre os pon- tos pe m (se @ for positivo, o fluxo de poténcia ativa aumentara, ¢ vic intro- iy Fino de carga — aspectos gris 9 versa). Existem, portanto, duas situagdes exiremas: o ramo k~m é radial, ASO EM GUE ym = pms Signiticando que © uxO Prw independe de 9: © ramo k—m nao € radial ¢ a rede é infinitamente forte entre os és k € m, caso eM QUE pm = On +g. significando maxima influéncia de @ sobre Pia. AS situagdes praticas esto entre os dois extremos, ou seja. para >0, LeM-Se Om < Opn < ow + @ (Felagio andiloga vale para y <0) Note-se que toda a’ discussdo precedente vale para sistemas de trans Imisso tipicos, nos quais os fluxos de poténcia ativa dependem basica- mente das aberturas angulares nos ramos (as reatincias série so muito maiores que as resistencias série). No caso do defasador puro (aquele que s6 afeta a relago entre as fases das tensdes Ey © E,, sem afetar a relagdo entre suas magnitudes), tem-se: (116) © que equivale a dizer 0, = +0. (47) pois as magnitudes das tensdes ¥, ¢ Va so iguais. Substituindo-se (1.16) em (1.11), obtém-se ie = phe mee (1.18) AS correntes Tim © Tu podem ser escritas em fungio das tensdes sterminais, da mesma forma que foi feito para o transformador em-ase, resultando Tam = ~1*Yaql Em — Ep) = Oia Ei + (= OV ml Ew (119) Ine = Siml Em — Eq) =(~ en) Ea + Ol Em Pode-se observar facilmente que ¢ impossivel a determinagio dos para metros 4, Be C do circuito equivalente 7 neste caso, pois nas expres- sdes (1.19) 0 eoeficiente de Ey, na equagio de Iq difere do coeficiente de Fy na equagio de Im (—T*Yim € ~ lq, Fespectivamente). Ja foram discutidos 0 transformador em-fase (1 = a) ¢ 0 defasador puro (1 =e"). O defasador com 1= ae"? afeta nio s6 0 fluxo de poténcia ativa mas também o fluxo de poténcia reativa (ou as tensdes terminais, ‘© que da no mesmo) do ramo onde esta inserido. O procedimento seguido na obiengdo das equagdes de In € Im» NESE Caso, & 0 mesmo dos casos precedentes. ¢ pode ser facilmente repetido por analogia. A inica dife renga, em relagio as expressdes (1.19), € que 0 coeficiente de E, na equa- ‘¢Ho de fag Passat & Ser d?4m €M Ver dE Yun, Uma possibilidade pratica10 ‘RLUNO DE CARGA EM REDES DE ENERGIA ELETAICA © simples de se representar aproximadamente um defasador com a# 1 cconsiste em utilizar-se de um modelo constituido de um transformador em-fase (t= a) em série com um defasador puro (¢ =e!) 1.3. Fluxos de poténcia ativa reativa As expressdes dos fluxos de poténcia ativa Pip € poténcia reativa cm podem ser obtidas a partir dos modelos apresentados na segio pre- cedente, conforme seri mostrado a seguir. 1.3.1. Linkas de transmissio J4 foi visto anteriormente que a corrente fq em uma linha de trans missio € dada por Fam = Yam Ex — En) + JIE, (1.20) © fuxo de poténcia complexa correspondente € Stn = Pan — iQtm = Et lam = = Tim eM (H OP — Veg eo) + jit, V2 an Os flux0s Pin € Qum SiO obtidos identificando-se as partes reais e ima- ginarias dessa equaigdo complexa, resultando Pam = Vi7Gam — Vi Vnithum C05 On — Vi Vadim S60 Oy (1.22) am = — Vidhan + bit) + VaVinbim 208 Ohm — Vi Vain SEM Ohm Os fuxos Pry © Om, 80 obtidos analogamente: Pra = Vim ~ Vi¥ondum 605 tm + Vi Voi 860 Oayy (1.23) Qo = — VElPim + BIR) + ViVi CO8 Om + Vi Vindi SEP Oa As perdas de poténcia ativa e reativa na linha sio dadas, respecti- vamente, por Pam + Pat = Gin VE + V3, 2 VV 00S Oty) tom | Ex — Em? (1.24) am + On = — BEM VE? + V2) — bug VE + VB. 2V, Fn 08 Oo ave + Ve — bim| Ex Em|? ‘Puro de carga aspectos gras te Notar que |£,~Eq| € a magnitude da tensio sobre 0 elemento série do. modelo equivalente 1: im | Ex — Em|? sto as perdas Ghmicas: ~ bun | Ex — Em | S20 as perdas reativas no elemento série: e — beh V+ V3) corresponde i geragio de poténcia reativa nos elementos shut (lembrar que, em linhas reais, bq <0 © By3,> 0). 1.32. Transformadores em-fase Foi visto na seedo precedente que a corrente Iq em um transforma- dor em-fase Jim = Annu — End (1.25) © Muxo de poténcia complexa correspondente & dado por Ste = Pan HQtm = EP lin = Vee (ay Ye — Vy) (Ps) Os f1Ux0s Pim © Qi SG0 obtidos identificando-se as partes reais © imagi- hnarias dessa equagdo complexa, resultando Pan = (Gam¥a) Gam ~ (nM )Vndim C08 Ooms — (dn ¥) VnPie 86M Oa 27 Dam = — (dn Va? Ban + (ton Yi) Vim €08 Oa ~ (Cin Fe) Vain SEP Oa Estas expressdes poderiam ter sido obtidas por inspegio comparando-se (1.26) com (1.21): em (1.26) ndo aparece o termo jbj}.V? ¢, no lugar de V,, aparece din. Conseqiientemente, as expressies de Pam © Qum Para co transformador em-fase sio as mesmas deduzidas para linhas de trans- ‘missiio, bastando ignorar 0 termo que depende de if, © substituir h, POF dual 1.33. Transjormadores. defasadores Para 0 defasador puro foi visto que Tan = Yam Ey — ©! Eg) = Ya mE, Om — Eq) (1.28) © Muxo de poténcia complexa correspondente & dado por Ste = Pun — Qin = Et lin = a (129) = vam Yee IA mY, eA! Hed — Va ee)12 FLUNO DE CARGA EM REDES DE ENERGIA ELETIICA Os Muxos Puy € Qi S40 obtidos identificando-se as partes reais ¢ ima- gindrias dessa equagao complexa, resultando Pam = Vithn ~ ViVoidam COS (Oy + Pim) — ViVedbim S80 (ame * Pa) (1.30) Qim = — Vi bam + Vi Ve Pim COS (Ose + Pr) — Vi Vinion SEM (om + umd Estas expressdes poderiam ter sido obtidas por inspecdo comparando-se (1.29) com (1.21): em (1.29) no aparece o termo jbit ¥? ¢, no lugar de 04, aparece 0, + Oin- Conseqiientemente, as expressdes de Pon © Qum Para ‘0 desafador sdo as mesmas deduzidas para linhas de transmissio, bas- tundo ignorar 0 termo que depende de Fi € SUbSLIUIE Mae POF Van + Som 1.34. Expressdes gerais dos fluxos s fluxos de poténcia ativa e reativa em linhas de transmissdo, trans- formadores em-fase, defasadores puros ¢ defasadores, obedecem is expres- ses gerais Pam = (am¥a Yam ~ (Gan) Valin £08 (i + ig) ~ (ain Vi) Vebem 82M (Bam + Pam) (131) Qn = (lam Va? (Pam + BIR) + (dam) Vain €08 in + in) + ~ (Gig ¥) Vin $29 lime + Pie No caso de linhas de transmissi0, die = 1 € Gin =O. Para trans- formadores em-lase, b= 0 € Pin = 0. Para os defasadores puros, bik = 0 € din = |. Finalmente, para os defasadores, bi = 0 No inicio deste capitulo, foi formulado 0 problema do fluxo de carga como sendo edmposto de dois sistemas algébricos: o sistema de equa- ges (1.1) € © conjunto de inequagdes (1.2), Neste ponto, ¢ interessante otar que 05 f1Ux0S Pig € Qo, que aparecem em (I.1), sio dados gene- ricamente pelas expressoes (1/31) 1.4, Formulacio matricial A injegdo liquida de corrente na barra k pode ser obtida aplicando-se a Primeira Lei de Kirchhoff a situagdo geral representada na Fig, 1.1 Lt M= Stig (k= 1,.NB) (32) Esta expressio, para k ‘Puno decargn — nspecon gers 13 A corrente fig em uma linha de trans dor em-fase (Fig. 14) ¢ defasador puro (Fig. pelas seguintes expresses: 10 (Fig. 1.2), transforma- 6) € dada, respectivamente, Jam = (am + JPRRVE, + (= Yin) Em Jagg = (GinVindE, + (= dundin) Em (133) Tam = Vind Eg + (= 61a Em, conforme ja foi demonstrado anteriormente (expresses (1.20), (1.25) € (1.28), respectivamente). As expressdes (1.33) podem ser postas na seguinte forma geral Van = (dimVion + Fim) Ex + (= Aig ©! Vem Eos (134) sendo que, para linhas de transmis, dim=1 € Gin =0: para trans- formadores em-fase, bid, = 0 © Gin = 0: €, para defasadores puros, bis € diq= I. [Lembrar que os delasadores com dyn #1 so representados fon ator pola Tf trom translormador em-fase (m= 0) Considerando-se /ue dado em (1.34), a expresso de J, (1.32) pode ser reescrita da seguinte maneira = GP +S Gi + tintin] Ex +S (~ dim Yin) Em (1-35) NB, pode ser posta na forma matricial vE, (136) em que —vetor das injegdes de corrente, cujas componentes sto 1k= 1, NB) E-~ vetor das tensoes nodais cujas, componentes sto E,= Ve" Y = G+)B— matriz admitancia nodal Os elementos da matriz. ¥ sdo Yin =~ din Vm ti (137) = jb +S bi + aba Mend Em geral, essa matriz € esparsa, ou seja, tem uma grande proporgao de elementos nulos, pois Yiq= 0 Sempre que entre 0s nds k © m nao exis- tirem linhas ou transformadores. Note-se que, se 0 elemento existente entre as barras k e m for uma linha de transmissio, Yq = — Jimi Se for tum transformador em fa8@, Yin = —dinJim € S€ for um defasador puro,4 |RLUXO DE CARGA EM REDES DE ENERGIA ELETRICA Yim= —€-/*" Yq. Se a rede for formada de linhas de transmissdo © transformadores em-fase, a matriz Y sera simétrica. A presenga de de- fasadores torna a matriz assimétrica, pois neste caso, para o modelo da Fig. 1.6, Yn = Cig © Vag = —O™ Yamw A injecdo de corrente 1,, que € a k-ésima componente do vetor I, pode ser colocada na forma T= Maat Y YwEm = So Yom Eims (1.38) em que K € 0 conjunto de todas as barras m adjacentes i barra k, in- cluindo a propria barra k, ou seja, 0 conjunto K é formado pelos ele- mentos do. conjunto 0, mais a propria barra h. Considerando-se que Yin = Ginn + JBum © Em = Vue? & expresso (1.38) pode ser reescrita da seguinte maneira n= ¥ (Gim + JBim) Vm (1.39) A injegdo de poténcia complexa 5, € St =Pr—JQ.= Eth (140) Substituindo-se (1.39) em (1.40) © considerando-se que Ey obtém-se: St= Ke YL Gem + JB) Vm") al) As injegdes de poténcia ativa e reativa podem ser obtidas identificando-se fas partes real © imagindria da expresso (1.41) PL = Va LY, Val Gim 005 Om + Bi S62 Osh (14a) Q VT ValGim $m Oy — Bin 08 On) 15. Impedancia equivalente entre dois nds Nesta segdo sera descnvolvida uma expresso que da a impedincia (ou a admitancia) equivalente entre dois nos quaisquer de uma rede de impedincias: modeladas por / = YE. Este resultado & muito importante € sera utilizado varias vezes nos capitulos subsequentes Seja Z= Y-' a matriz impedancia nodal da rede (¥ € Z simétricas). A impedancia equivalente entre os mds k € m pode ser determinada como se segue’ ‘Pvo de cope aspects gees 16 1) Imagine-se que todas as fontes de corrente (L) sio desligadas da rede e que uma fonte de corrente ideal e unitaria seja ligada entre 0s nés k Rede (a) (b) Figura 17 ~ Determinagio de 22% fi) Nesta situagdo, a diferenga de tensfio entre os nds k e m sera dada por Ey Em= Zin + Zam — 2Z em 1.43) sendo Zi. Zim € Zim elementos da matriz Z, conforme € indicado a seguir. Zu Zim silk = 7 (144) nt Zoom | -1 | m16 ‘UXO DE CARGA EM REDES DE ENERGIA ELETRICA {i) A impedineia equivalente = € dada pelo cociente da queda de tensio entre os nds k—m e a corrente aplicada. Como a corrente & unitaria tem-se Zu + Zam — 2Zim (14s) Problemas 1.1. Considerar um sistema constituido de trés barras e trés linhas de transmissdo, cujos dados, em p.u., esto tabelados a seguir (ver o ‘modelo equivalente 1 representado na Fig. 1.2): Linha r x bo 1-2 | 010 | 1,00 | 09s 1-3 | 020 0 | 0.10 0.10 | 1,00 | 0.05 a) Montar @ matriz. admitincia nodal ¥; tomando 0 né terra como, referéncia, 6) Colocar a matriz ¥ na forma Y= G+jB, em que G & a matriz condutincia nodal e B é a matriz susceptincia nodal 12. Determinar a matriz impedancia nodal (Z= Y do problema precedente. 13. Determinar a imped: do Prob. 1. 14, Considerar bis = bis ") para o sistema Sy entre os nds 2.¢ 3 da rede equivalente para a rede do Prob. 1.1 4a) Calcular as matrizes Ye Z para o novo sistema, tomando a bar Fa I como referéncia (note que no existem ligagdes para 0 nd Kerra: as matrizes Ye Z passam a ter dimensio 2 x 2) ) Determinar a impedancia equivalente 2$', entre os nds 2 ¢ 3 da nova rede; comparar com 0 resultado obtido no Prob. 1.3. Capitulo 2 FLUXO DE CARGA LINEARIZADO © fuxo de poténcia ativa em uma linha de transmissdo € aproxi- madamente proporcional & abertura angular na linha € se desloca no sentido dos angulos maiores para os Angulos menores. A relago entre 0s Mluxos de poténcia ativa eas aberturas angulares & do mesmo tipo da existente entre os fluxos de corrente e as quedas de tenso em um cir- cuito de corrente continua, para a qual é valida a Lei de Ohm. Esta pro- priedade possibilita o desenvolvimento de um modelo aproximado, cha- mado de fluxo de carga CC, que permite estimar, com baixo custo com- putacional e preciso aceitavel para muitas aplicagdes, a distribuigdo dos fluxos de poténeia ativa em uma rede de transmissdo. Este tipo de modelo linearizado tem encontrado muitas aplicagdes na andlise de sistemas eletricos de poténcia, tanto em planejamento como na operagao do sistema, © fluxo de carga CC ¢ baseado no acoplamento entre as varidveis Pe 0 (potencia ativa/angulo) e apresenta resultados tanto melhores quan- to mais elevado o nivel de tensio. Além disso, o mesmo tipo de relagao valida para linhas de transmissio pode ser estendido também para trans- formadores em fase ¢ defasadores. Este modelo linearizado, no entanto, ndo é aplicavel para sistemas de distribuigio em baixa tensio, nos quais 6s uxos de poténcia ativa dependem também, e de maneira significativa, das quedas de tensdo. Nestes sistemas & possivel a utilizagaio de modelos linearizados baseados em outras caracteristicas fisicas da rede, que nao a relagdo Pt Deve-se observar que 0 Modelo CC nio leva em conta as magni- tudes das tensdes nodais, as poténcias reativas € os taps dos transforma- dores, Por esta razio ele no pode substituir por completo os métodos nio-lineares de fluxo de carga, mas tem, todavia, grande utilidade em fases preliminares de estudos que exigem & anilise de um grande niimero de casos, © que dificilmente poderia ser feito utilizando-se os métodos convencionais. Em fases subseqiientes dos estudos, se for necessirio 0 Conhecimento de variaveis como as magnitudes das tensbes, os fluxos de poténcia reativa ¢ 0s valores dos raps de transformadores, entdo deve-se partir para uma solucio exata utilizando-se um dos métodos elissicos de fluxo de carga (Newton, desacoplado, ete.)1 ALUXO DE CARCA EM REDES DE ENERGIA ELETRICA 21, Linearizagio Considere-se 0 fluxo de poténcia ativa Py em uma linha de trans- isso, dado pela expresso (1.22) deduzida no capitulo precedente: Pan = Vigin — WV 98 am —V;VgPim 820: 1) © Muxo no extremo oposto da linha & Ps = V2him — VeVedtn COS Oy + ViVain SED Oo 22) Ji foi visto que as perdas de transmissio na linha so dadas por Pam + Pou = GinlV2 + V2 — 2¥,Vn COS Osm) 23) Se os termos correspondentes as perdas forem desprezados nas expres- 80€5 de Puy € Pou, terse Pan = — Pri = ~ViVabin SEM Oa (24) As seguintes aproximagdes podem ainda ser introduzidas em (2.4): W=Vy = 1 pu Om 25) sen Oy =1 by Xin © fluxo Py pode entdo ser aproximado por Pom 26) Esta equagdo tem a mesma forma que a Lei de Ohm aplicada a um re- sistor percorrido por corrente continua, sendo Pyq anilogo a intensidade da corrente: 6 € 0 anilogos as tensdes terminals: € X4y andlogo resis téncia. Por esta razdo, 0 modelo da rede de transmissio baseado na lagdo (2.6) & também ‘conhecido como Modelo CC. Considere-se agora 0 fluxo de poténcia ativa Py, em um transfor- mador em-fase, dado pela expressio (1.27) deduzida no capitulo precedente: Pam = (Aon Vi)? Gm — (Am Vi) Ven Bem COS Ome (Ae Va) Vo iy SO ky, (2.7) Desprezando-se os termos correspondentes as perdas ¢ introduzindo-se a8 aproximagoes (2.5), chega-se a Pano ce cng inearindo 19 Pn = dimen Ohms (28) sendo que dig pode ainda ser aproximado por din 1, caso em que a expresso do fluxo de poténcia ativa no transformador se reduz a expressdo (26) valida para linhas de transmissio. O fluxo de poténcia ativa Py, em um defasador puro & dado pela expresso (1.30): Pam = VE dam — Vi Von am 608 (Oamn + Gi) — Ve Ve Phe $60 (Osm + Pin) (2.9) Desprezando-se os termos eorrespondentes as perdas € considerando-se Ve=Vy= Iu iq = Xin) chegase a Pan = Xin! Se0(0in + Pin) 2.10) (Os angulos (x € Gum podem ter, individualmente, valores elevados. O mesmo, entretanto, nZo ocorre com a abertura angular efetiva Oym + um existente sobre a admitancia ),q, que € da mesma ordem de magnitude das aberturas angulares existentes em linhas de transmissio ¢ transfor madores em fase. Isto permite que seja feita a aproximacio Page = Xin hn + Om) uty © fuxo Pyq tem duas Componentes: uma, que depende do estado dos 16s terminais (xip!uq) € Outta, que sé depende do Angulo do defasador (az!@in). Considerando-s¢ gx como sendo constante (no caso em que in Varia automaticamente pode-se tomar © valor bisico), a expresso (Zi) pode ser representada pelo modelo linearizado da Fig. 2.1, onde 2 componente invariante do Mluxo (xiq!Pin) aparece como uma carga adicional na barra k e uma geragdo adicional na barra m (ou vice-versa, Para Pin Negativo). Pon o— © e+ we Kim Pe Xin Om Figura 21 ~ Modelo linearizado de um transformador deisador puro20 FLUKO DE CARGA EM REDES DE ENERGIA ELETRICA 22. Formulagdo matricial (P 0) (© modelo linearizado desenvolvido anteriormente pode ser expresso matricialmente por uma equagao do tipo 1= YE. Para maior simplici- dade de exposigio, considere-se inicialmente uma rede de (ransmissio sem transformadores em-fase Ou defasadores. Neste caso, 08 fuxos de poténcia ativa nos ramos da rede so dados por Pon = Xint Om (2.2) fem que Xin € a reatdncia de todas as linhas em paralelo que existem no. amo k—m, A injecdo de poténcia ativa na barra que saem da barra, ow seja A € igual a soma dos fuxos Pe= Y xinOim (k= 1, NB) (2.13) Esta expresso pode ser colocada na forma Pr=CX xem +S (mint nd (214) que por sua vez admite uma representagio matricial do tipo P=BO (245) em que: o P= vetor das injegdes liquidas de poténcia ativa B — matriz tipo admitincia nodal ¢ cujos elementos sio: — vetor dos dngulos das tensdes nodais Bin = —Xinl (2.16) A matriz B, que aparece em (2.15), € singular, pois, como as perdas de transmissio foram desprezadas, a soma dos componentes de P € nula, ou seja, @ injegdo de poténcia em uma barra qualquer pode ser obtida a partir da soma algébrica das demais. Para resolver este problema, elimi- ha-se uma das equagies do sistema (2.15) ¢ adota-se a barra correspon: dente como referéncia angular (), = 0). Desta forma, esse sistema pass a ser ndo-singular com dimensio NB— 1 ¢ os fngulos das NB—1 barras uno de crs tinearizaso 2 restantes podem ser determinados a partir das injegdes de poténcia es- pecificadas nessas NB—1 barras (supde-se que a rede seja conexa) Considere-se agora um sistema no qual, além de linhas de trans- missdo, existem também transformadores em-fase e defasadores. Em re- lagio ao modelo desenvolvido anteriormente (P = B'0), duas observagoes devem ser feitas: uma referente a formacio da matriz dos coeficientes B © outra quanto ao vetor independente P. Transformadores em-fase © delasadores sdo tratados da mesma forma que as linhas de transmissi0 na formagao da matriz de B, ou seja, a regra de formagdo dessa matriz € 4 mesma para os trés tipos de Componentes. No que se refere ao velor P, deve-sc levar em conta em sua formagio a existéncia das injegdes cquivalentes utilizadas nia representagio de defasadores, conforme € in- dicado na Fig. 2.1 Considere-se como exemplo o sistema representado na Fig. 22, no qual a barra 5 foi adotada como referéneia, Neste caso, 0 modelo P= BO assume a forma A ee 0 0 % Pa mxib | sibtadtead | —aad 0 O Py 0 sadtasa | ad Os Ps 0 0 ash |asttat) |[o ir Ps Kas =P,-Pe-PyePy Figura 22 — Rede-exemplo de cinco barras22 FLUXO DE CARGA EM REDES DE ENERGIA ELETRICA A utilizagio do modelo P= B0 pode ser ilustrada pelo sistema de trés barras representado na Fig. 2.3, onde todos os dados aparecem em pu. AS matrizes Be (B)"' so dadas, respectivamente, por B 2 By" Figura 23 — Rede-sremplo de trés burrs Os Angulos nodais (em radianos) so obtidos da seguinte mancira va | is 0s =14 o=@y'e a 7 1 | sie] | -10 3/8 ou seja, 02 = —0,25 ¢ 0; = —0,375. Os Muxos nas linhas so dadas por 75 Pya= xi 02= = Xi30.3 = 075 x7} 023 = 0,25 uno oe carga resins 23 23. Modelo CC A relagio P = B@ pode ser interpretada como o modelo de uma rede de resistores alimentada por fontes de corrente continua, em que P €0 vetor das injegdes de corrente, ) € 0 vetor das tenses nodais € Bé 4 matriz admitancia (condutncia) nodal. Assim sendo, todas as propric- dades validas para circuitos em corrente continua podem ser utilizadas para facilitar 0 entendimento do modelo linearizado da rede de trans isso. No Modelo CC, a componente P, do vetor P & a intensidade de uma fonte de corrente continua ligada entre 0 né k € a barra de refe- réncia: a reatincia xy interpretada como uma resistencia: € Us, como fa tensio do n6 k. A’Fig. 24 representa 0 Modelo CC correspondente a rede-exemplo de cinco barras dada na Fig. 22. Figura 24 ~ Modelo CC pura a rede-exemplo de cinco burrs da Fig. 22 Uma caracteristica importante do modelo lincarizado € o fato de ele fornecer uma solugo mesmo para problemas que ndo poderiam ser resolvidos pelos métodos convencionais de fluxo de carga, Isso ocorre freqiientemente em estudos de planejamento quando, para uma dada rede, testam-se acréscimos de carga/geragdo, Nesses estudos observam-se pro- blemas de convergéncia nos programas de fluxo de carga causados ou por insuficiéncia de suporte de poténcia reativa ou, entdo, por falta de capacidade de transmissio para atender as novas condigdes de carga.24 FLUNO DE CARGA EM REDES DE ENERGIA ELETRICA Em ambos 0s casos, 0 modelo linearizado fornece uma solugdo que pode servir como indicativo do que esta ocorrendo com a rede. Meso sendo aproximada, a solugao do Modelo CC & mais itil que a informagio dada por um programa convencional de fluxo de carga que diz simplesmente que a convergéncia nao foi obtida. A nica condigao exigida para que ‘© Modelo CC fornega uma solugao € que a matriz B’ nao seja singular, © que equivale a exigir que a rede seja conexa, Figura 25 — Redeexemplo de duas burras Considere-se o sistema de duas barras representado na Fig. 2.5, no qual as magnitudes das tensdes nodais slo unitdrias © a resistencia da linha é nula, A Fig. 2.6 apresenta duas curvas P x ) para o sistema da Fig, 25. A curva I se relere a Modelo CA Pa = Nipl SED Om (2.17) | Curva 2 (modelo CC) Curva 4 (modelo CA) : ~ ° Om Figura 26 ~ Curvas Pi? para os modelos CC ¢ CA, ‘node carp ineariado 25 enquanto 4 curva 2 corresponde ao Modelo CC Pam = Xia Oam (218) Pode-se notar que, para um nivel de carga P2, ambos os modelos forne- cem uma solugao, Ja para um nivel de carga mais elevado, P', 0 modelo nao-linear nao tem solugdo. A solugdo fornecida pelo Modelo CC, apesar incorreta, pode ser iil pois di uma idéia de quanto esti sendo exce- ida a capacidade de transmissio da linha, enquanto o modelo néo- -linear simplesmente diz que no ha solugio viavel. Conforme foi apontado anteriormente, uma outra razio pela qual fs métodos convencionais de fuxo de carga apresentam dificuldades de convergéncia em alguns estudos de planejamento é a falta de conhe- cimento sobre 0 comportamento reativo do sistema (reatores, conden- sadores, raps, barras PY, etc), O modelo linearizado P= B'0 ignora a parte reativa do problema, que entdo 6 ser considerada em fases subse- alientes do estudo, quando se tiver uma idéia mais conereta sobre as condigdes futuras do. sistema. 24. Represemacao das perdas no Modelo CC Em redes de transmissio com dimensdes elevadas, [2] 0 montante das perdas de transmissio pode ser muito grande quando comparado com 0 nivel de geragdo da barra de referéncia (ou barra de folga). Por exemplo, perdas totais de S00 MW para um nivel de geragao na barra de referéneia de 1.000 MW. Em situagdes como esta, os fluxos estimados pelo Modelo CC nas linhas que esto ligadas diretamente a barra de referéncia, ow esto em suas proximidades, podem apresentar erros muito elevados (100%, por exemplo) devido a’ nao consideragao das perdas de transmissao e da conseqiiente redugio da geragio da barra de refe- réncia (por exemplo, em vez de gerar 1 000 MW, gera apenas 500). Visto de outra forma, pode-se dizer que as perdas correspondem a cargas dis- tribuidas por todo o sistema, e que sao atendidas pela barra de referén« Isto porque, na formulagio usual do fluxo de carga CA, a injegio de poténcia ativa na barra de referéncia nao é especificada, sendo dada pelas perdas de transmissio (s6 conhecidas apds a resolugao do problema) ‘mais a carga liquida de todas as demais barras do sistema (cargas menos geragioy, Nesta secdo seri apresentada uma maneira aproximada © de baixo custo computacional de ge incluir © efeito das perdas de trans- missaio. no Modelo CC.