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Pee ECHR TEC CCE CEE CLE TE CURE EEK TEDEPRESOA Gp Suitead EO eas MINISTERIO_DAS MINAS E ENERGIA ¢ Eletrobras Centrais Elétricas Brasileiras SA GUIA PARA CALCULO DE CHEIA DE PROJETO DE VERTEDORES Diretorla de Plonejomento ¢ Engenharle - Marco de 1987 &G 2 g 3 a a 8 APRESENTACKO A ELETROBRAS, ao constatar a diversidade de critérios historicamen- te empregados na avaliagdo de cheias de pro de vertedores de jarragens do Setor Elétrico, concluiu pela conveniéncia de se pro- ceder a uma avaliagio da aplicabilidade dos diversos métodos para G&lculo de tais cheias &s condigSes existentes no Brasil. Dentro desse objetivo, foi solicitado ao CEPEL - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica - a realizagio de uma pesquisa metodoldgica sobre © assunto, que deveria concluir com a redago de um Guia, com a finalidade de auxiliar o engenheiro projetista na definigao dos Padrées de seguranga e na escolha da metodologia para cAlculo de eheia de projeto adequada a cada situagio espect fica. As atividades de _investigagio foram iniciadas no Departamento de Sistemas do CEPEL em meados de 1982, sob coordenagio do Departamen to de ‘Recursos Energéticos da Diretoria de Planejamento e —Engenha ria da ELETROBRAS. No primeiro trimestre de 1983 foi criado um co mité Assessor, formado Por profissionais de notéria competéncia no estudo de cheias, para orientar as atividades da equipe do CEPEL na Giregéo do atendimento das principals necessidades de projeto rela- tivas a aproveitamentos hidrelétricos que ser&o construfdos no Brasil, cujas caracteristicas preponderantes-sio as grandes areas Ge Grenagem, a localizagio em regiao tropical e a caréncia de dados basicos disponiveis. Esta primeira edig&o do Guia esta constituida de um texto principal Gividido em quatro capftulos. 0 capitulo 1 gornece uma vis&o geral Sc_xelacionanento entre chejas_e dnroveitamentos-hidrelétricos. 0 Sapitulo 2 sugere critérios de seguranca a seren adotados na defini ga da cheia de projeto para vertedores de barragens. © capitulo ~iSescreve a aplicacio dos nétods diretos,, isto &, dos métodos que utilizem apenas os registros fluviométricos. 0 capitulo 4 descreve @ aplicagio dos métodos indiretos, isto &, dos métodos que utilizem © conceito de “chuva de projeto" e quem portanto, usam também dados idrometeorolégicos. Seguem-se os anexos que complementam as infor magdes e an&lises procedidas. Na expectativa de que esta Publicag&o venha a contribuir para o de-~ Senvolvimento de atividades relacionadas com os estudos para apro- veitamento de recursos hidricos, sera bem vinda a colaboragéo = de seus usuarios, quer apontando eventuais falhas ou incorregdes que possam ser observadas, quer enviando comentarios sobre metodolo- gias propostas e os resultados de sua aplicagaio. Nestes casos, 2 lickta-se que os comentarios sejam enviados ao Departamento de Re~ cursos Energéticos, situado 4 rua Visconde de Inhaiima, n? 134 — ye andar - CEP-20094 - Rio de Janeiro, RJ. Finalmente, registra-se aqui os agradecimentos ao DNAEE As empre gas concession&rias que apoiaram a idéia inicial do trabalho © 208 participantes do Comité Assessor, cuja atuagao correta permitiu um técnicos do es forgo direcionamento seguro e eficiente das pesquisas. Aos CEPEL e da ELETROBRAS o reconhecimento desta Diretoria ao e dedicag&o na elaboragdo deste Guia. Rio de Janeixo,31 de margo de 1987 antonio fa¥los Tatit Holtz Diretor de Plariejamento e Engenharia ELETROBRAS =~ ai : A cheia para projeto de vertedor é um evento extremo estimado a partir de um conjunto muito limitado de in Ses. As incerte- zas existentes en ee ene sem Pre muito grandes. Tendo em vista, de um lado, os efeitos da rup tura de uma barragem do porte das pertencentes ao Setor E£létrico, @, de outro lado, os altos custos de construgao de vertedores ca. Pazes de evitar tais catastrofes, 8 necessArio que a Engenharia Brasileira utilize os conhecimentos,os mais atualizados,e os méto Gos, os mais adequades As nossas condigées, na solugéo do proble ma. Durante a elaboragdo do Guia, os diversos métodos de c&lculo usu almente adotados no Brasil e no Exterior foram investigados em situagdes tipicas de projetos de hidrelétricas. Nesta pesquisa, novas metodologias foram também desenvolvidas. 0 Guia devera ser til na pratica, na medida em que entremeia a descrigio te6rica Com exemplos didaticos e indicagées referentes As limitages de cada método. Rio de Janeiro, 31 de margo de 1987 Le Jerzy 2bigniew Leopold Lepecki : Diretor Geral — CEPEL 7 Adi PARTICIPANTES DOS TRABALHOS PARTICIPANTES DOS TRABALHOS ~ ELETROBRAS Antonio Carlos Tatit Holtz Diretor de Planejamento e Engenharia Akio Miyamoto Chefe do Departamento de Recursos Energéticos Nelson da Franca Ribeiro dos Anjos Sergio Barbosa de Almeida Chefes da Divisio de Recursos Hidricos Alcides Lyra Lopes Chefe da Divisdo de Hidrologia Operacional Fernando Campelo Cavalcanti de Albuquerque Coordenador do Projeto - CEPEL Jerzy Zbigniew Leopold Lepecki Diretor Executivo Acher Mossé Diretor do Laboratério de Sistemas Elétricos Leslie Afranio Terry a Chefe do Departamento de Sistemas Jerson Kelman Coordenador do Projeto Joari Paulo da Costa eae Jonatas Costa Moreira (1982=1983) Jorge Machado Damizio Nelson Luis da Costa Dias ~ COMITR ASSESSOR - Erton Carvalho 7 Heinz Dieter Fill Lineu Asbahr Marco Augusto Siciliano! Nelson L. S. Pinto i Ricardo Kern : ' S8rgio Augusto de Arruda Camargo a Valter Hernandez Vasco Gil de Almeida Santos” (1) Palecido em dezembro de 1985 (2) Membro do Comité até 1985 2 | | vi Homenagem Péstuma | Marco Augusto Siciliano SUMARIO CAPITULO I - JINTRODUGAO 5 1.1 - Objetivos do Guia f... 2. eee eee eeee sees OL n 1.2 - Ruptura de Barragens por Influéncia de Cheias SEE Hee 1.3. - Padrées de Seguranga Desejaveis ..........0..04. a = ' M&todos de CAlculo ....... 1.4,1- Métodos Diretos .. 1.4.2- M&todos Indiretos ................00000000. 14 1.4.3- Pratica do Setor Blétrico ................. 16 1.5 = Dados B&sicos .......... a teeeeergeces 18 1.5.1- Dados Pluviom&tricos ..........0.0005 - 18 ++ 20 1.5.3- Dados Meteorolégicos 22 1.5.4- Dados Fisicos da Bacia ............0.4 1.5,5- Dados de Reservatérios e Barragens ........ 23 1.6 ~ Referéncias ...... | ~1.5.2- Dados Pluviométridés ...... | ; 2.1 cAPfTULO II - DIRETRIZES PRINCIPAIS - Critérios de Seguranga ...--+seserrteree sees 2.1.l- Estudos Econdmicos «..+ereeeeeeerees 2.1.2- Registros Curtos ..- 2.1.3- Armazenamentos a Nontante «+++ 2.1.4- Alteragées do Uso dos Solos .- - Métodos Preferenciais para Célculo de Cheia de Projeto ~ Referéncias ..eeereeeeeeeeereeeee CapfTULO III - MBTODOS DIRETOS - Anélise de Frequéncia de Cheias -..- 3.1.1- Escolha da Série 3.1.2+ Distribuigio de Probabilidades «.---+ 3.1.3- Homogeneidade das Series ---- 3.1.4- Escolha da Distribuigdo de Probabilidade - 3.1.5- Uso de Marcas de Cheias «---- 3.1.6- Regionalizagio de Curvas de Frequéncia de Cheias 3.1. 7- Métodos de Regionalizacgdo -.. 3.1.8- Delimitagio da Regido Hidrologicamente Homogénea 3.1.9- Nymero de Anos Equivalentes .-- 27 27 29 31 31 32 34 35 35 36 37 46 52 58 60 63 69 Saf yaa AFF VAS VWI yo FAUNAS 3.2 - Determinagio da Cheia de Projeto .... 70 3.2.1- Uso de Hidrogramas Tipicos ...........e2e20202. 70 3.2.2- Influéncia de Reservatérios na Bacia ... + 74 3.2.3- Pico Instant&neo ..... 74 i 3.2.4- Modelo de Séries Temporais ...... 75 +y 3+2.5- Geragiio Multivariada ..... pees 77 vy 3-2.6- Alternativas de Modelagen ealete 78 3.2.7- Desempenho do Modelo 78 - Limitagées . - Referfincias ...... capfTULO IV - MfTODOS INDIRETOS - Andlise de Frequéncia de Chuvas Intensas ... 4.1,1- Escolha da Série .. seveeee 109 4.1.2- Homogeneidade das Séries .. 112 4.1.3- Escolha da Distribuigao de Probabilidades ..,., 116 4.1,4- Determinagdo da Chuva de Projeto .........04.2. 118 - Modelagem Estocdstica de Precipitagao . 4.2.1- Alternativas de Modelagem .............+ ad 4.3 4.5 4.6 = Precipitag&o Maxima Provavel ....+++seeeeeeeeeee erence 4.3.1- Metodologias para Obtengao da PMP ........++ 4.3.2 Massa de Vapor D'dgua numa Coluna de Ar ....... 4.3.3+ Modelo Esquematico de uma Temvestade ... 4,3,4- Ajuste de Umidade ........ 4.3.5- Escolha dos Modelos .......e eee eeeeeeeeeereeees 4,3.6- Transposicao de Tempestades .. 4,.3.7- Séries de Temperatura .... ~ Trans formagao Chuva-Vazio .....++.++-- eee eee eee 4.4.1= Modelos Empiricos ...-.+eeceeee eee ce teen eee eeee 4,4,2- M&todo das Isécronas . 4,4.3- Hidrégrafa Unitdria 22.2.2... ee eee eee eee eee 4.4.4- Modelos Digitais de Simulac&o Hidrolégica ..... 4,4,5- Calibragao dos Modelos .....+ 4.4.6- Condigdes Antecedentes ....... ~ LAMAtAGSeS 6 eee eee e ee eee eee e ener eee - Referéncias ... id 132 133 135 136 140 141 148 152 156 156 158 159 166 168 170 180 182 Ir IIT Iv VI vir ANEXOS Fator de Seguranga para Cheia Decamilenar Tabela para Testes Estatisticos Escolha de ,Distribuig&o para Estimagao de Eventos Extremos Estimag3o de Quantis Modelos Estocdsticos para Vazdes Didrias Um Modelo de Geragio Estocdstica de Precipitagao Umidade Atmosférica e Modelos de Tempestades xiii RESUNO Este guia tem o objetivo de auxiliar na definig&o dos padrées de seguranga ena escolha de metodologias para cdlculo de cheias de Projeto de vertedores em grandes barragens. © capitulo 1 apresenta a introdug&o ao tema, contendo uma descri g&o dos padrées de seguranga adotados em alguns paises, um levan- tamento dos métodos de cdlculo de cheias que vem sendo empregados no dimensionamento de vertedores do Setor Elétrico Brasileiro, e uma descrigao dos dados bdsicos necessdrios para cdlculo de cheias de projeto. A leitura deste capitulo pode ser omitida sem Prejuizo da compreensdo dos capitulos subsequentes. © capitulo 2 sugere que a cheia de projeto de vertedores de gran- des barragens seja calculada pelo critério da VMP ou pelo crité- rio de tempo de recorréncia de 10000 anos. Esta sugestdo corrobo- ra a tendéncia recente do Setor Elétrico Brasileiro. No entanto o Guia admite que estudos econdmicos possam indicar outros niveis de seguranga, em circunstancias especiais. © capitulo 3 descreve a aplicagéo dos métodos ditetos, isto é, dos métodos que utilizam apenas os registros fluviométricos. Den- tro da andlise de frequéncia de cheias, destaca-se a questdo da escolha da distribuigdo de probabilidade a adotar. Pesquisas de- senvolvidas especialmente para elaboragio deste guia revelaram que os critérios de adequagio de ajuste (qui-quadrado, Kolmogo- rov, minimos quadrados...) ndo séo potentes o suficiente para se- vem titeis na estimagiio de eventos decamilenares. Sendo assim a avestigagao concluiu pela conveniéncia de se adotar critérios ‘obustos para escolha da distribuicdo de probabilidades. Ou seja, jeve-se adotar uma distribuigio capaz de estimar eventos extremos sem erros desastrosos, qualquer que seja a populacao. Dentro des~ ta ética, a pesquisa indicou preferencialmente @ distribuigéo ex- Ponencial de dois parametros. Esta conclusdo é baseada na hipote- se de que a assimetria de populagéo situa-se entre 1,0 e 2,5. Ca- so o hidrélogo tenha convicgdo de que a assimetria da populagao sob estudo esteja préxima ao limite inferior do citado intervalo, a distribuicSo Gumbel poderd ser considerada preferencial. Outras distribuigdes de dois pardmetros poderéo ser consideradas, mas em nenhum caso estudado alguma distribuigéo com mais de dois paréme- tros mostrou-se competitiva. Diversos aspectos préticos para a realizagdo da andlise de fre- quéncia de cheias sao akordados no capitulo 3, tais como: homoge- neidade da série, técnicas de regionalizagio, uso de informagées oriundas de marcas de agua e uso de hidrogramas tipicos. © capitulo 3 apresenta ainda uma alternativa para a produgéo de hidrogramas de projeto baseado no uso de modelos estocdsticos pa- ra séries temporais. Nesta abordagem a série de vazdes é encarada como um conjunto de varidveis aleatérias igualmente espagadas no tempo e cuja evolugdo temporal deve ser representada matemdtica~ mente. A disponibilidade de uma longa série sintética pode dar impressio de que ¢ possivel ter confianga absoluta nos resultados encontrados com seu emprego. Entretanto a utilizagao de séries geradas nao cria infcrmago aiguma. Afinal o processo de selecdo de um modelo e de estimagio de seus parémetros é feito a partir de inferéncia com a série histdrica. Portanto, a utilizagio do modelo estocéstico de vazdes deve ser encarado simplesmente como uma maneira eficiente de se manipular a informag&o existente. a ‘ x ‘ : 7 © capftulo 4 descreve a aplicag&o dos métodos indiretos, isto é, dos métodos que utilizam o conceito de “chuva de projeto" e¢ que portanto usam também dados hidometeorolégicos. SHo descritas al- gumas técnicas estatisticas baseados em andlise de frequéncia e em modelagem de séries temporais. Uma.alternativa conceitualmente distinta ¢ a da determinacio da PMP (Precipitagdo Mdxima Prova- vel). Este tépico é apresentado com @nfase na aplicabilidade em xvi PV PVPRAAWIN youd i regides tropicais e com grandes dreas de drenagem. Nestas cir. cunsténcias, as cheias excepcionais resultam de uma distribui¢so temporal e espacial das chuvas que no necessariamente inclui um extremo de precipitagio didria em-algum ponto da bacia. 0 recurso sugerido consiste em modificar o padrao das precipitagdes em cada sub-bacia, no sentido de obter um evento meteorologicamente plau- sivel que acarrete as condigSes mais adversas para o dimensiona- mento do vertedor. Alguns modelos de transformag3o chuva~vazao, suas condigdes de aplicabilidade, calibracio e definig&o de con- digSes antecedentes, sio apresentados. 2 xvii ABSTRACT This guideline is directed to design engineers concerned with the issue of selecting safety standards and hydrological methods for the definition of spillway design flood in large dams. The introduction (Chapter I) contains a description of foreign safety standards, a survey of the methods that have been used for the design of the Brazilian Electric sector's dams and a description of the basic data that are needed for the calculation of a design flood, The understanding of the subsequent chapters is not dependent on the reading of this chapter, Chapter 2 suggests that the design flood of a large dam should be calculated using either the Probable Maximum Flood criteria or the 10,000-year Flood. This suggestion corroborates the recent trend of the Brazilian Electric Sector practice. Nevertheless, the guideline admits that under certain cirecunstances economical studies may indicate other safety levels. Chapter 3 describes the use of Direct Methods, that is, methods based only on flow data. Special attention is given to the problem of choosing a probability distribution to model the flood frequency curve. The work done by the research team involved in this publication showed that the Power of goodness of fit indices (x*, Kolmogorov-Smirnov, sum of squares, ...) are not sufficient to be useful when estimating the 10,000-year flow. The research recomends the use of robustness criteria to choose the probability distribution. That is, one should choose the probability distribution that can estimate the 10,000-year flow without large error for every population. Within this approach the two-parameter exponential distribution resulted 4n an overall better behaviour. This conclusion is based on the hypothesis : xi that the population skewness is between 1.0 and 2.5. In the case that the engineer can have indications that the population assimetry is near the lower-bound of the above interval, the Gumbel distribution should be considered also. Other two parameters distributions should be applied, and in every studied case, the outcomes of any three (or more parameter) distribution led to worse results. Also discussed are over other practical aspects of flood frequency analysis —ast stationarity of annual maximum series, regionalization techniques, use of benchmark information and of typical hydrographs. Chapter 3 presents an alternative to flood frequency analysis based on the use of time series stochastic models. In this approach, the hydrograph is considered as a set of random variables equally spaced in time, which evolution is to be mathematically modelled. The use of stochastic models can be seen as an efficient method to extract the information contained in the record. Nevertheless, the availability of long synthetic data produced by stochastic models can give the impression that it is possible to have absolute confidence on the results obtained with its manipulation. This is not true, as the model building was done based on the recorded data. : Chapter 4 describes the use of Indirect Methods, that is methods in which the design flood is the result of a design storm routed through a rainfall-runoff model. In this way, besides flow data, meteorological data are also employed. The chapter describes the application of frequency analysis to storm rainfall data and time series stochastic models to precipitation series. A conceptually distinct alternative is the use of the Probable Maximum Precipitation, This approach is presented with special attention to the applicability — on tropical and large areas. Under these circumstances, extreme floods are the result of temporal and space rainfall patterns which not necessarily induces extreme daily point rainfall. q The suggested approach consists in rearranging the pattern of recorded storms so that adverse meteorologically plausible + events are obtained. Some rainfall-runoff models are presented . as well as their applicability conditions. Calibration and the definition of the antecedent watershed conditions are discussed. pox - GUIA PARA CALCULO DE CHEIA DE PROJETO DE VERTEDORES TEXTO 1.2 cae{TuLo I~ INTRODUCAO - Qbietivos do Guia Este guia tem como objetivo auxiliar o engenheiro projetista na definic&o dos padrdées de seguranga e na escolha de metodologias para cdlculo de cheias de projeto de vertedores em grandes barragens. Entende-se por cheia de projeto a hidrégrafa afluente ao apro- veitamento tal que a capacidade dos vertedores e os efeitos de amortecimento do reservatério sejam definidos conjuntamente para garantir a seguranga da barragem na hipétese de ocorréncia deste evento. - Ruptura de Barragens por Influéncia de Cheias Podem-se classificar as causas de rupturas de barragens em humanas e naturais. Entre as humanas relacionam-se os atos de terrorism e guerra, erros de projeto e construgdo, e falnas na operagdo das barragens. Por exemplo, cheias artificiais podem ser provocadas por operagdes equivocadas de vertedores, criando condigées criticas para os aproveitanentos de jusante. Grande parte das rupturas de barragens registradas no passado tiveram origem em acidentes naturais, que —_ provocaram “de resisténcia na solicitagées nfo previstas -ou~ rédugée: barragem. ‘Entre esses acidentes, destaca-se a ocorréncia de cheias excepcionais de tel ordem que acabam provocando a elevagao do nivel d'dgua a montante da barragem e o galgamento da estrutura. Este evento tem origem na ocorréncia de uma cheia mais severa do que a de projete ov, no_caso de barragens com vertedores controlados, na extrema rapidez dea elevacéo do nivel d'égua, que, por-—vezes, impede a ativacado dos vertedores em tempo Util. | Para reservatérios “pequenos", em que a cheia ) 7 a ‘ de projeto pode provecar elevagées répidas do nivel do 01 reservatorio, por exemplo 1 a 2 m/h, caso as comportas néo sejam abertas a tempo, a questdo torna-se importante. © problema esté ligado principalmente & prépria dinamica de tomada de deciséo com relacdo A aberture das comportas. Euclides da Cunha, Brasil, 1977; Machy II, fndie, 1979; Tous, Espanha, 1982, romperam devido ao atraso na abertura das comportas. A engistia entre a certeza de se provocar uma grande cheia a jusanté e a divida quanto & possibilidade de reter, parcialmente, a enchente no reservatério ¢ tanto maior quanto menor o tempo disponivel para a tomada de decisdo. Nos casos acima, obviamente a deciséo nao foi correta, mas é fécil compreender as razdes, face 8 subida dos reservatérios, gue se deu, em todos os casos em ritmo superior a 2 m/ h. Quando os reservatérios sSo grandes, a evolug3o da cheia ¢ lenta e, com as comportas modernas, o risco de ndo funcionamento é muito pequeno. Segundo levantamento feito pelo International Committe on Large Dams (ICOLD), o galgamento foi responsével por cerca de 35% dos rompimentos de barragens ocorridos entre 1900 e 1975 (Simmler e@ Semet, 1982). As conseqiiéncias de um transbordamento dependen do tipo de barragem. Barragens de concreto podem suportar considerdvel transbordamento sem perds de estabilidade. Entretanto, 0 rompimento, quando ocorre, costume ser brusco, causando uma onda instanténea, que, 280 se propagar para jusante, aumenta rapidamente os niveis d'dgua. Este é o acidente mais propenso 4 provocar vitimas fatais, devido ao pequeno tempo disponivel para © aviso. Barragens de terra ou enrocamento em geral nio suportam transbordamentos visto gue o processo de erosio provoca @ formagéo progressiva de brechas por onde a Agua flui. Neste tipo de ruptura gredual, 0 onda de cheie , resultante atinge vazdes inferiores 4s geradas pele ruptura instanténea. A onde de cheia resultante do galgamento da barragem tem © seu potencial destrutivo caracterizado pelo tempo de chegada da frente de cnda e elevagao méxima do nivel d'aégua ao longo do 02 vale. Os estudos destinados a Prever estes parametros devem evar em conta o comportamento das barragens (regime de ruptura gradual ou instantdneo), ao Propagagéo da onda no canal de jusante e os efeitos de rupturas em cadeia. Os prejuizos causados pelos rompimentos de barragens podem ser Classificados em'diretos e indiretos. a Os prejuizos diretos correspondem as perdas de vida e danos ma- teriais na barragem e nas zonas inundadas. A drea inundada pode ser prevista através de procedimentos de simulagdo do acidente, Como 08 desenvolvides pelo United States Geological survey ¢ Netional Weather Service dos BUA. A definigdo na fase de projeto das dreas afetadas com o rompimento de barragens, permitird definir os critérios de Seguranga e natureza de ocupagéo dos mesmos. Para 9 quantificagdo dos prejuizos sio necessérias informagSes sobre o ntimero de habitantes, localizagdo das zonas industriais e agricolas na rea e valor das instalagdes. A maior Gificuldade € a quantificagio do valor econdmico da vida humana. Pode-se cogitar em separar as perdas de vidas humanas das quantificdveis em unidades monetérias. Os prejuizos indiretos sao: EEE ~ Paralisagdo das atividades econdmicas na drea do acidente po- dendo se refletir em outras dreas; ~ perda da energia que seria gerada pelas usinas avariadas e ca consequente substituigaéo por alternatives de geragdo mais ras (térmicas) durante © perfodo de reconstrugdo. No caso de danos generalizados em sistemas de grande porte (exemplo: Rio Grande e Parané), o acidente -pode implicar em falta de ener- gia em importantes dreas industriais e residenciais, com gra- ves custos sociaisr ~ traumas psicoldgicos e danos fisicos dos sobreviventes destes acidentes. 03 1.3 - padrées de sequranca bese jdveis Os diversos beneficios obtidos com @ construgéo de barragens para o aproveitamento de potenciais nidroelétricos tém, como contrapartida, nio sé a inundagdo de dreas de interesse social (exemplo: cidades, terras férteis, provincias minerais @ localidades turisticas), como também coloca em risco populagées © benfeitorias instaladas a jusante. Por outro lado, as vezes\o custo de construgao dos vertedores pode ser um fator critico para a viabilidede dos projetos. Acei- tando que néo se pode garantir 9 seguranga total das barragens € que os recursos existentes pate 0 empreendimento sdo limitados, alguns autores sugerem que = determinagso des cheias ae projeto dos vertedores seja feita baseando-se om estudos econdmices (committee on Hydrometeorology 1973; Fahlbusch, 1979). Neste ti- po de estudo, somem-se os custos de construgao do vertedor a0 tantes do transbordamento da a do valor esperado dos prejuizos resul devido & ocorréncia de cheias mais severas que do este total se torne barragen projeto. A condigdo étima é obtida quan: minimo. andlise econémica no tem sido aplicada, Ne prética, @ aversio ao estabelecimento de valores possivelmente devide a monetérios & perda de vidas humanas. As diversas entidades e pessoas Separar o item perdas humanas cria outros problemas. no projeto em gerel possuem diferentes o prego da obra, os implicem envolvidas perspectivas. Para oe maioria daqueles que yv5o pagar para garantir ume maior segurang® Jé os moradores das recursos adicionsis em menos recursos para outros investimentos- vonas de inundago estarso sempre a favor Gestes dispéndios, gue se refletirao favoravelmente ne ua seguranga e de suas propriedades. o mundo, inclusive no os padrées de seguranga usados em todo paseados ume ceasia, para 0 célculo de cheie Ge projeto #80 classificagdo de barragens de acordo com a seguinte linha geral: ie AAAI + Em barragens grandes e importantes,a cheia de projeto deve ser excepcionalmente severa e obtida, seja através do conceito da mdxima cheia provével) seja pela atribuicdo de probabilidades infimas & sue ocorréncia (tempo de recorréncia de 10.000 anos). + Para barragens cuja localizacio e porte nao oferecem riscos de Perdas de vide’ ou graves consegiiéncias, podem-se admitir cheias menos severas como critério de cdlculo. Os critérios de classificagio das barragens nestas duas categorias e em diversas subcategorias variam de pais para pais. As tabelas 1.3.1 e 1.3.2 s80 exemplos. No Brasil, a Comis- sdo de Seguranga do Comité Brasileiro de Grandes Barragens-CBGB classificou as barragens, de acordo com o potencial de risco, segundo @ tabela 1.3.3 e, de acordo coma dimensdo, segundo a tabela 1.3.4, A tabela 1.3.5 fornece os critérios de cheias de projeto recomendados pela Comissao. 05

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