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cnviterg SISTEMAS DE ATERRAMENTO I] 11.1 INTRODUGAO ‘do elétrica de média e baixa tensio para funcionar com desempenho satisfat6riog ser suficientemente segura contra risco de acidentes fatais deve possuir um sistema de aterramento dimensionado adequadamente para as condigdes de cada projeta Um sistema de aterramento visa a: + seguranga de atuacao da protecio; + protec das instalagdes contra descargas atmosfiéricas; + protecio do individuo contra contatos com partes metilica acidentalmente; + uniformizagao do potencial em toda drea do projeto, prevenindo contra lesGes perigosas que possam surgir durante urna falta fase-terra, 11.2 PROTEGAO CONTRA CONTATOS INDIRETOS 4 Oacidente mais comum aque esto submetidas as pessoas, principalmente aquelas que trabalhan «em processos industriais ou desempenham tarefas de manuteneI0 € operagao de sistemas industria, € 0 toque acidental em partes metilicas energizadas, ficando o corpo ligado eletricamente sob tensao entre fase ¢ terra, Assim, entende-se por Contato indireto aquele que um individuo mantém com uma determinada massa do sistema elétrico que, por falha, perdeu a sua isolagdo e permitin que esse indiv iduo ficasse submetido a um determinado potencial elétrico. O limite de corrente alternada suportada pelo corpo humano € de 25 mA, senclo que ma faixa entre 15 e 25 mA o individuo sente dificuldades em soltar o objeto energizado. Entre 15 ¢ 80 mA, 0 individuo € acometido de grandes contragées e asfixia. Acima de 80 mA até a ordem de grandeza de poucos amperes, o individuo sofre graves lesdes musculares e queimaduras, além de asfxia imediata, Acima disto, as queimaduras sao intensas, o samgue sofre 0 processo de eletrs ‘a.asfixia € imediata e hd necrose dos tecidos. A gravidade dessas lesGes dependem do tempo 9 do corpo humano a corrente elétrica 11.2.1 Tensdo de Contato ou de Toque A aquela a que esté sujeito 0 corpo humano quando em contato com partes metilicas (massa) acidentalmente energizadas. A Figura 11,1(a) mostra as condiges de um individuo submetido s uma tensio de toque. A Figura 11.1(b) mostra 0 esquema elétrico correspondente. (© valor maximo de tensdo de toque que uma pessoa pode suportar sem que ocorra afibrilagdo ventricular pode ser expresso pela Equagao (11.22) 11.2.2 Tensao de Passo ‘Quando um individuo se encontra no interior de uma malha de terra e através desta esté fuindo, naquele instante, uma determinada corrente de defeito, fica submetido a uma tensdo entre os dois SSSSTEWAS DE ATERRAMENTO. 541 Quadro Motsieo | ce Disuig_| Curva de Distibugo oo Polen [ Duane Cuncreuto | i. awn natn g, F Fes vef hs gry LT TET UE TEE SOE th | = a + Ih gns 0 i i e + (a) Individuo sujeito & tense de toque (b) Diagrama eltico equivalente ut 4, cortente de curto-circulto fase © tera: ls ~ corrente de choque; A — resistencia do corpo humano; Ri ~ resisténcia do {de toque Solo; F.,~ resisténcia de contato resultante de cada pé com 0 solo: V,~ tensdo de contato. pés, conforme se pode observar na Figura 11.2(a), sendo que a Figura 11.2(b) mostra o cireuito eletrico correspondente. Cabe salientar que a corrente elétrica quando injetada no solo através de‘eletrodos ou direta- ‘mente por descarga atmostérica se dispersa em forma de arcos com centro no local de penetra- 40, podendo provocar uma tensio de passo, conforme ilustra a Figura 11,3 para o caso de uma descarga atmostérica, 11.2.2.1 Limite da tensao de passo para um individuo no interior de uma malha de terra E aquela que, durante o funcionamento de uma instalagdo de terra, pode aparecer entre os pés dde uma pessoa dando um passo de abertura igual a 1 m, em conformidade com a Figura 11.4. Quadro Metco deolsrbugo ' } 1 fy Curva de Dirigo de Poon | 18 Durr 0 Curo-reuto Be eee ‘| ry an sane — ‘ent Leon Rest Ron L 4 sion wl 4 3Re LL LLL zi wit | Bear FREE Reso th | as Lint —_Loand —a eae te \ Ar Aa . 7 (a) ndivduo sujet a tensa de passo (0) Diagrams elétrice equivalent M2 R.4, ~ resisténcia de contato do pé direito; A... — resisténcia de contato do pé esquerdo; /, — corrente de curto-circuito fase: de paso Terra; /y~ corrente de choque: F2,—resisténcia do corpo humano: R, ~ resisténcia do solo; V, tensao de contato. 542 FIGURA 11.3, ‘Tensio de passo por raio FIGURA 114 Individuo sobre uma matha de terra 11.3 ATERRAMENTO DOS EQUIPAMENTOS Captruco Onze Descarga Atmostérica TOTTI: Bsiinas Para reduzir as tensdes perigosas de passo, por exemplo, as Subestagoes stio dotadas de uma ‘camada de brita cuja espessura pode variar entre 10 ¢ 20 em, methorando o nivel de isolamenia do operador, conforme se observa na Figura 11.4. O valor maximo da tensiio de passo que uma pessoa pode suportar sem que ocorra a fibrilagda ventricular pode ser expresso pela Equagio (11.19), ‘A corrente maxima admitida pelo corpo humano, denominada comente de choque, pode ser determinada pela Equaglo (11.25), Era prética antiga a instalago de trés malhas de terra nos projetos industrials, respectivamente para ligagao dos para-raios, equipamentos de média tensdo ¢ equipamentos de baixa tensio, Verificou-se, entretanto, que, interligando-se as diferentes malhas de terra, obtinha-se um aterramento de maior eficiéncia e seguranga. A malha de terra construida sob o terreno onde esti implantada a subestagao, devem ser ligadas as seguintes partes do sistema elétrico: + neutro do transformador de poténcia + paira-raios instalados na(s) extremidade(s) do ramal de ligagiio; + carcaga metilica dos equipamentos elétricos: transformadores de poténcia, de medigao, de protegdo, disjuntores, eapacitores, motores etc.; + suportes metélicos das chaves fusfveis e seccionadoras,isoladores de apoio, transformadones de medigao, chapas de passagem, telas de protegdo, portdes de ferro etc.; 4 ELEMENTOS DE UMA MALHA DE TERRA 5 de terra ISTEMAS DE ATERRAMENTO 543 + estruturas dos quadros de distribuigdo de luz.€ forga; + estruturas metiicas em geral. No caso de a subestagao ficar distante das instalagdes industriais propriamente ditas, pode ser conveniente a construgao de outra malha de terra para a ligagdo das partes metélicas das maquinas € equipamentos de produgao, As malhas devem, porém, ser interligacas, A malha de terra produz maior seguranga quando construida sob 0 local onde foram instala- dos 0s equipamentos a ela conectados, pois esse procedimento uniformiza o potencial na drea em questa. s principais elementos de uma malha de terra a) Eletrodos de terra ‘Também chamados de eletrodos verticais, podem ser constitu{dos dos seguintes elementos: + Ago galvanizado Em geral, apés um determinado perfodo de tempo, 0 eletrodo (haste cantoneira ou cano de ferro) sofre corrosio, aumentando, em conseqiéncia, a resisténcia de contato com o solo. Seu uuso, portanto, deve ser restito + Aco cobreado Dada a cobertura da camada de cobre sobre o vergalhao de ago, 0 eletrodo adquire uma elevada resisténcia a corrosio, mantendo as suas caracteristicas originais ao longo do tempo. O processo de eletrodeposigao tem-se mostrado, na pritica, mais eficiente que o proceso de encamisamento da haste que, quando submetida a choques mecfnicos para cravamento no solo, muitas vezes tem © vergalhio de ago separado da capa de revestimento. A Figura 11.5 mostra dois diferentes tipos de eletrodo de terra; haste prolongavel e haste comum. -Superticie Totalmente Lisa Haste Comum b) Condutor de aterramento No caso de solos de caracteristicas dcidas, pode-se utilizar 0 condutor de cobre nu de secdo niio inferior a 16 mm: Para solos de natureza alcalina, a seco do condutor de cobre no deve ser inferior a 25 mm, Em subestagdes industriais aconselha-se, até por motivos mecfinicos, a utilizaglo do condutor de aterramento com segao nio inferior a 25 mm*, A grandeza da corrente de defeito fase e terra poder, porém, determinar segdes superiores. A Figura 11.6(a) mostra a seo de cabo utilizado como condutor de aterramento, ©) Conexdes. ‘Sio elementos metilicos utilizados para conectar os condutores nas emendas ou derivages. Existe uma grande variedade de conectores, destacando-se 0s seguimtes. 544 Capiruno Onze + Conectores aparafusados. jo pegas metélicas de formato mostrado na Figura 1 1,6(b) utilizadas na emenda de condutores, ‘Sempre que possivel deve-se ramento. tar a sua utilizagdo em condutores d + Conexiio exotérmica E um processo de conexao a quente onde se verifica uma fusdo entre 6 elemento metilico de conexiio ¢ o condutor. Existem varios tipos de conexio utilizando este processo. A Figura 1 L.6(¢) ilustra uma conexio exotérmica tipo derivacdo (T). J4 a Figura 11,6(4) mostra uma conexio exoiérmica tipo eruzamento (X). A conexio exotérmica é executada no interior de um cadinho, sendo que para cada tipo de conexio hi um modelo especifico de cadinho, A Figura 11.6(e) ilustra um cadinho préprio para a conexao tipo (1) pa 1 emenda de condutores. 4) Condutor de protegio F aquele utilizado para a ligagdo das massas (por exemplo; carcuga dos equipamentos) 204 terminais de aterramento parcial e principal, Est titimo seré ligado & matha de terra através do condutor de aterramento. A NBR 5410/04 estabelece a segdio minima dos condutores de protecio eas condigées gerais de instalacdo e operagao, valores estes explicitados no Capitulo 3, (a) ) () FIGURA 11.6 Acess6rios para atha de terra @ (a) Cabo; (b) Conexao aparatusada; (c) Conexao exotérmica em; (d) Conexao exotérmica em X: (0) Gadinho, ‘Num sistema de aterramento, considera-se como resisténcia de terra 0 efeito de trés resisténcias, a saber: 11.4.1 Resisténcia de um Sistema de Aterramento | SSISTEWAS DE ATERRAMENTO 545 + aresisténcia relativa as conexdes existentes entre os eletrodos de terra (hastes e cabos); + aresisténcia relativa ao contato entre 0s eletrodos de terra e a superficie do terreno em torn dos mesmos; + aresisténcia relativa ao terreno nas imediagdes dos eletrodos de terra, denominada também resisténcia de dispersio. primeiro componente € de valor desprezivel perante os demais e, portanto, no € considerado no dimensionamento do sistema de aterramento. Na pritica, a resisténcia de terra pode ser -geralmente identificada como sendo as demais resisténcias especificadas, Cabe salientar que é grande a densidade de corrente nas imediagdes dos eletrodios de terra sendo notivel 0 valor da resisténcia elétrica, conforme se observa na ilustragio da Figura 11,7, ‘Como a corrente se dispersa de maneira fantéstica no solo, tormando-se a densidade praticamente nula, a resisténcia do solo no percurso da corrente elétrica é considerada desprezivel, conforme se observa na Figura 11.8. Haste de Terra Maiha\de Terra Linas Equipotenciais do uma Haste de Torta _ FIGURA 11.7 FIGURA ILS Dispersio de corrente por eletrodo Percurso da corrente de defeito fase-terra Investigagdes realizadas mostram que 90% da resisténcia elétrica total de um terreno que envolve tum eletrodo nele enterrado se encontra geralmente dentro de um raio de 1,8 a 3,5 m do eixo geo- métrico do referido eletrodo. Dessa forma explica-se porque é normal durante o tratamento do solo, através de produtos quimicos, retirar a terra em tomo do eletrodo e misturd-la a substincias redutoras de resisténcia do solo, Na realidade, produz-se artificialmente um eletrodo de grande seqiio transversal cuja resisténcia pode ser dada pela conhecida expresso R = p X L/S, em que AR inversamente proporcional a area S, A Figura 11.9 representa a resisténcia de um sistema de terra de eletrodos verticais em para~ Jo, cada qual tendo uma resistencia de terra de 100 ©, em fungao do niimero de eletrodos e da distancia entre estes. Por este grifico pode-se determinar, para um mimero total de 20 hastes de tum sistema de aterramento mantidlas a uma distincia de 3 m entre si aresisténcia equivalente que Ede 14 Q. Mantendo-se, porém, @ mesmo mimero de hastes ¢ aproximando-as entre si para uma distancia de 1,5 m, a resisténcia equivalente obtida ¢ de 23.0, aproximadamente, Cabe ressaltar que a distincia minima entre eletrodos contfguos deve corresponcler ao com- primento efetivo de uma haste. Este procedimento deve-se ao fato de que quando dois eletro- «dos demasiadamente proximos sao percorridos por uma elevada corrente de falta, dispersa por ambos, esta provoca um aumento na impedancia mitua. A Figura 1 1.10 expressa a eficigncia de tum sistema de eletrodos verticais em paralelo, em fungdo da quantidade de eletrodos utilizada ¢ da distancia entre estes. 546 (Captruvo ONZE y 0 : ee th. é i Resisténcia de Terra esi de ead LH aetetrodos Paratetos eletrodos 2 100 Ohms ea Bie = 1000 6 3 | 3 0 & a bs i 8 | g 3 € 310 1m & é \ 30m 8 100m 3 30,0m & © 10 20 30 40 50 60 70 80 Numero de Eletrodas Na pritica, a resistencia dos dispersores em paralelo exige que o terreno tenha certas dimensies s vezes niio disponiveis em dreas de installages industriais. A aplicago de muitas hastes em terrenos de pequenas dimensdes resulta, essencialmente, um notavel desperdicio de material com resultados pouco compensadores, m ricura 11.10 a Fficiéneia dos eletrodos SSS sno 0 Efendi de un Satemna do Elettodos . Nersoas 4 0 3 z & z é a 30m 2 go 5 8 4 a we 20m § 20 | a 15m 0 0 10 2 3 40 50 6 70 €0 Numero de Etetrodos 11.5 RESISTIVIDADE DO SOLO Para o projeto de um sistema de aterramento, é de primordial importancia o conhecimenia prévio das caracteristicas do solo, principalmente no que diz respeito 4 homogeneidade de sua constituigao, A Tabela 11.1 fornece a resistividade de diferentes naturezas de solo compreendidas entre valores inferior e superior, que podem ser usados na elaboragao de projeto de malha de tem desde que nio se disponha de medigdes adequadas. Para célculos precisos de resistividade do solo Enecessario, porém, realizar medigdes com instrumentos do tipo terrometro. MAS DE ATERRAMENTO 547 ‘TABELA 11.1 Resistividade dos solos Solos alagadigos pantanosos Lodo Hiimus Arg plisticas Argilas compactas Terra de jardins com 50% de umidade ‘Terra de jardins com 20% de umidade Agila seca Agila com 40% dé umidade Agila com 20% de umidade Areia com 90% di umidade 1300 Areia comum 8.000 Solo pedreoso nu 3.000 Solo pedregoso coberto com selva 500 Caledrios motes 400 “aledrios compactos 5.000 Caledrios fissurados 5 1.000) Xisto 300 Micaxisto 800 Granito ¢ arenito 10.000 .1 Método de Medigao (Método de Wenner) Consiste em colocar quatro eletrodos de teste em linha separados por uma distancia Ae enterrados no solo com uma profundidade de 20 cm. Os dois eletrodos extremos esto ligados ‘a08 terminais de corrente C1 ¢ C2 € os dois eletrodos centrais esto ligados aos terminais de potencial P1 e P2 do terrometto, ‘Alguns instrumentos do tipo Megger de terra dispem de um terminal guarda ligado a um eletrodo, com a finalidade de minimizar os efeitos das correntes parasitas de valor relativamente elevado, que podem distorcer os resultados lidos. A disposigdio do terrdimetro para medigao e dos eletrodos esté representada Para realizar wma me seguidos alguns pontos bésicos + oseletrodos devem ser cravados, aproximadamente, a 20 em no solo, ou até que apresentem resisténcia meciinica de cravagio consistente, definindo uma resisténcia de contato, aceitavel; + os eletrodos devem estar sempre alinhados; + adistincia entre os eletrodos deve ser sempre igual; + para cada espagamento definido entre os eletrodos, ajustar 0 potenciémetro e 0 multiplicador do terrémetro até que o gallvandmetro do aparelho indique zero com o equipamento ligado; + oespacamento entre os eletrodos deve variar de acordo com a série daTabela 11.2, equivalendo a uma medida por ponto para cada distincia considerada; + adistincia entre as hastes corresponde & profundidade do salo cuja resistividade se esté medindo, conforme ilustrado na Figura 11,12; 548 FIGURA 11.11 Ligagao do terrémetro aos eletrodos de medida de tesistividade do solo ae CaptruLo ONZE pp oe = =P rt ae OOOO @) rd + seo ponteiro do galvanémetro oscilar insistentemente, isso significa que existe alguma interferéncia que deve ser eliminada ou minimizada, afastando-se, por exemplo, os pontos de medigao; + devem ser anotadas as condig&es de umidade, temperatura etc, do solo; + ovalor da resistividade deve ser dado pela Equacao 11,1 2x ex ARO m) aby ‘TABELA 11.2 Resistividade média do solo (0+ m) A distancia entre eletrodos, em m; R~ valor da resisténcia do solo indicado no potencidmetro do terrOmetro, em . — com base nos valores resultantes da medigdo, calcular a resistividade média, ou seja ~ calcular a média aritmética dos valores de resistividade do solo para cada espagamento considerado;, = caleular 0 desvio de cada medida em relagdo & média aritmética anteriormente determinada; — desprezar todos os valores de resistividade que tenham um desvio superior a 50% em relagio médias — para um grande mimero de valores desviados da média, em campo; — persistindo os resultados anteriores, a regido pode ser considerada como nao aderente a proceso de modelagem do método de Wenner. A Figura 11.1 conveniente repetir as medigies lustra a disposicdo dos eletrodos no plano do terreno e a diregiio em que devem ser realizadas as medigoes de resistividade, | HIGURA 11.12 Passagem da corrente pelos tlerodos de potencial AIGURA 11.13 io dos eletrodos no terreno urna medicdo da resistividade dosolo SISTEWAS DE ATERRAMENTO 549 1.5.2 Fatores de Influéncia na Resistividade do Solo A resistividade do solo & fungie de varios fato ‘aque este est submetido no instante da medigaio. s que podem variar, dependendo das condigdes, 11.5.2.1 Composigao quimica A presenga e a quantidade de sais soliveis e dcidos que normalmente se acham agregados ‘a9 solo influenciam predominantemente no valor da resistividade deste, Sabe-se que. quando é necessério reduzir a resistencia de uma determinada malha de terra, adicionam-se adequadamente produtos quimicos ao solo circundante ao eletrodo de terra. Ha varios produtos quimicos a base de mistura de sais, que, combinados entre si e na presenga de égua, formam 0 GEL, produto de uso comercial ¢ de grande eficiéncia na redugao da resistividade do solo, Esses compostos tém as Seguintes caracteristicas: + sao higroscépios: + dio estabil idade quimica ao solo; + no sto corrosivos: + niio sao atacados pelos dcidos; ‘+ so insohiveis na presenga de Sigua; ‘+ tm longa duragdo (geralmemte de 5 a 6 anos), 0 tratamento de solo através da utilizagdo de sal e carvéo vegetal, ainda de largo uso entre alguns instaladores, ndo apresenta os efeitos esperados, principalmente pela curta duragio de sua eficiéncia e também pela agressio corrosiva atuante nos eletrodos de terra. 550 (Caetruta ONZE 11.5.2.2 Umidade A resistividace do solo ¢ a resistencia de uma matha de terra so bastante alteradas quando varia a umidade existente no solo, principalmente quando este valor cai a niveis abaixo de 20%. Por este motivo, 0s eletrodos de terra devem sem implantados a uma profundidade adequada para garantir a necessaria umidade do solo em torno destes ‘Otteor normal de umidade de um solo, além de variar com a localizagio, depende também da época do ano, sendo que nos periodos secos oscila em 10% € nas estagdes chuvosas pode atingir a 35%. ‘A utilizagio de uma camada de brita de 100 a 200 mm sobre a érea da malha construfda ao tempo, bem como o proprio piso das subestagdes abrigadas, servem para retardar a evaporagdo da égua do solo, além de oferecer uma elevada resistividade, cerca de 3.000 Q - m, reduzindo os riscos de acidentes fatais durante a ocorréncia de Falta entre fase ¢ terra. 11.5.2.3 Temperatura A resistividade do solo ¢ a resisténcia de um sistema de aterramento sito bastante afetadas quando a temperatura cai abaixo de OPC. Para temperaturas acima deste valor, a resistividade do solo e a resistencia de aterramento se reduzem As correntes de curto-circuito fase-terra de valor elevado podem ocasionar a ebuliglo da gua do solo em torno do eletrodo, diminuindo a umidade e elevando a temperatura no local, prejuali- cando, sobremaneira, o desempenho do sistema de aterramento, 11.5.3 Resistividade Aparente do Solo (p,) FIGURA 11.14 Solo estratficado em varias ‘camadas A resisténcia elétrica de um sistema de aterramento depende de dois fatores basicos: + uresistividade aparente do solo para aquela malha de terra especftica: + a geometria e a forma que foram adotadas no projeto da maha de terra. Define-se resistividade aparente do solo a resistividade vista por um particular sistema de aterramento, Assim, um solo homogéneo pode apresentar-se com diferentes valores de resistividade vistos por duas malhas de terra distintas. Ou ainda, uma mesma malha de terra pode interagit srentemente com um solo de mesma resistividade média, Para que se possa determinar a resistividade aparente dos solos € necessério que se adote uma das técnicas disponiveis de modelagem. O solo é constitufdo, em geral, por varias eamadas hori zontais com formagio geolégica diferente, sendo, por esta razo, modelado em camadas estrat ficadas, conforme mostra a Figura 11.14 No entanto, sera adotada a modelagem de estratificagao do solo em duas camadas, conforme definida na Figura 11.15. . ; TIGURA 11.15 Solo estratificado em duas eamadas SISTEMAS DE ATERRAMENTO 551 18 Camada do Solo 2" Camada do Solo A medigio de resistividade do solo deve ser feita apés a terraplanagem e depois de decorrido aalgum tempo para a estabilizagao fisico-quimica do solo. Porém, a pratica indica que em muitos. [projetos o instalador nao segue este principio, prejudicando os resultados encontrados no céleulo da malha de terra. processo de medigio da resistividade do solo, segundo a Segdo 11.5.1, fornece os elementos, necessérios para a determinagio da resistividade média do mesmo. Neste livro, serd utilizado um método bastante simples para a estratificagdo do solo, Seus resultados so de preciso razosvel quando a curva resultante da medigo da resistividade do solo apresentar uma formagdo seme ‘thante a uma das curvas das Figuras 11.16 11.17. Isto é, este método somente é aplicdvel quando, 10 solo puder ser estratificado em duas camadas. ara estratificagio do solo em varias camadas deve-se utilizar outro método, cujo estudo foge ‘a0 escopo deste livro. Normalmente so encontradas, neste caso, curvas com a formagaé seme~ Ihante a da Figura 11.18. aon) Him FIGURA 11.16 FIGURA 11.17 Solo de duas eamadas Solo de duas camadas 2 (am) FIGURA 11.18 Solo de varias camadas (nm) 552 FIGURA 11.19 Curva de resistividade do solo Captruio ONZE Considerando-se realizadas as medigdes nos pontos indicados ma Tabela 11.2, devem ser ado- tados os seguintes procedimentos: tividade média do solo a) Tragado da curva de res Plotar no eixo H (profundidade da malha) os valores das distancias entre as hastes de medigao ‘eno eixo p (resistividade do solo) os valores referentes as resistividades médias correspondentes aos pontos medidos para uma mesma distincia entre as hastes, conforme a Figura 11.19, Deve-se profongar a curva no ponto (H,; pj) até o eixo p, determinando, assim, o valor p, Para se determinar © valor de p, (resistividade da camada inferior do solo), deve-se tragar uma assintota a curva de resistividade e prolongi-la até 0 eixo das ordenadas, b) Determinagao da resistividade média do solo (p,) O valor da resistividade média do solo pode ser caleulado a partir da Equacdo (11.2), Pa = aX Ki 2) O valor de K€ obtido através da Tabela 11.3 a partir da relagdo p./p,, cujos valores so definidos no grifico comespondente & curva de resistividade do solo, equivalente ao gréfico ilustrado na Figura 11.19, ara se determinar a profundidade a que se encontra a resistividade média, introduzir o valor de p,, na curva da Figura 11.19, obtendo-se 0 valor H,. Piam) ¢) Determinagao da resistividade aparente do solo (p,) Introduz-se ma Tabela 11.4 0 valor de K,, dado na Tabela 11.3, juntamente com o valor de K,, dado na Equagao (11.3), obtendo-se o valor de K,, a partir do qual se determina 0 valor da resistividade aparente através da Equagao (11.4). (3) B=KX Dy a4) R — raio do circulo equivalente A érea da malha de terra da subestagdo, dado pela Equagd0 (1.5), correspondendo a dreas retangulares. Para sistemas de aterramento utilizando-se eletrodos verticais, o valor de R & dado pela Equagdo (11.6); H,. ~ profundidade da camada de solo correspondente a resistividade média, rf ug DX Dd, S ~ Grea da matha de terra, em m’. R- (11 N ~ niimero de eletrodos verticais; D, ~ distincia entre os eletrodos verticais, em m. ‘GURA 11.20 Parcurso da corrente de curto- sireuito fase-terra franco no ‘primério TTenstio Primaria SISTEMAS OE ATERRAMENTO 553 Subestagao Gonsumidora Subastagao Media Tensao Supridora 2 2 5 Aterramento fs son 2 ; 11.6 CALCULO DA MALHA DE TERRA _ em subestagGes de poténcia, Para malhas de A seguir serd estudada a metodologia mais utili terra dedicadas a pequenas subestagdes do tipo distribuigdo, pode-se aplicar o processo demonstrado nna Segao 11.7, mento dos seguintes parame- © céileulo da malha de terra de uma subestago requer o conhs ros: + resistividade aparente do soto (p,) + resistividade da camada superior do solo (p,)s + resistividade do material de acabamento da superficie da frea da subestagao (p,); + corrente maxima de curto-circuito fase-terra (,9); + tempo de duragao da corrente de curto-circuito fase-terra (7)). 11.6.1 Resistividade Aparente do Solo Conforme o disposto na Segio 11.5.3 11.6.2 Corrente de Curto-circuito Fase-terra As dimenses do terreno de algumas indistrias, principalmente aquelas localizadas em éreas urbanas, tornam invidvel a dissipagio das correntes de curto-circuito que & proporcional a drea dlisponivel para a construgao da mailha de terra, o que dificult o seu eélculo pelo métode do TEEE 80. A corrente de curto-cireuito adotada no ealculo da malha de terra deve ser a de planejamento no horizonte de 10 anos. O método de cétculo das correntes de curto-circuito foi explanado no Capitulo 5, ‘Como se sabe, a segdo do condutor de uma malha de terra é func da corrente de curto-circuito ffase-terra, valor maximo que pode ser obtido tanto do lado primério- como do lado secundario da subestagio. Serd adotada a corrente que conduzir © maior valor. a) Corrente de curto-circuito tomada do lado primério da subestacaio idera-se que condutor primério de fase faga contato direto com a matha de . conforme mostra a Figura 11.20. Neste caso, co terra da subestagai b) Corrente de curto-circuito tomada no lado secunddrio da subestagdo para uma impedincia desprezivel

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