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L. The hm whi » NADT & ABSLUTO ~ * uh om quilibels ot OFT La he coches Aw K Ae, . Garnaut ro, oA eects 0 Nowa . 1941. . TI- ACONSTRUCAO DO OBJETO 2.1 - Introductio an Na primeira parte da reflexdo tentow-se apresentar como ¢ por que uma consideragtio das gesconti- P .¢ rupturas histéricas na histéria do pensamento ciemifico ¢ relevante, Tentou-se sugerir quo in- x G8 ”Gaensivel e pedagigico € fizer a assimlacto. a revivtnciae rememorasio dessas descontinuidades para a ou?” transformagao atual do pensamento cientfico. Sugerin-se também que o capital cultaralassimilado, dialeti- +7 zado através do conhecimento dessas descontinuidades, ¢ 0 passo anterior, quase que necessirio & construgo o YP do objeto cientifico. Ni ‘totalmente do nada, mas cada um de nés se insere numa histéria que ji 9 4 spprocuzin seus fratos cientificos cont instruments as técnicas da sua época. Conhecer melhor no apenas” 537" 2 produto, mas igualmente as descontinuidades em que se criou esse produto, é na realidade aprender 0. oe oficio de pesquisador. Desvendar a historia das suas priticas ¢ sem diivida alguma preparar-se para a cons- ~ © ot xe updo de nves ots. ——E es bjsivo go trabalho aqui emprendido, nessa parte agora, lo cosiste mais muma rememoragdo. ils 4 s ow numa assimilago, mas na tentativa de elucidar como se Sem divida “CY” nenhuma, supde-se um certo conhecimenio do pasado € = Sa ee . aa ‘operacionais da Care) * ciéacia. Mas como o fazer cientifco¢ amibém um recomeso ao mesmo tempo critico do passado ¢criador de ye gx novos © objetivo dessa parte consistird em sugerir processo pelo qual a construcao de um objeto Cw Tanta sereiea rst ‘Sugere-se aqui que essa consimugio procede a partir de uma dupla dialética: a) uma dialética as] a ‘cendente, que vai da apreénsto do tema empirico para sua construgio. dentro de um quadro de hipSteses lebricas nfo somente validas. mas Ignalmente relevantes, b) uma dialética descendent que. partindo da elaboraglo tebrica efetuada no primeiro processo da dialética ascendemie, tenta pelo contririo torneo no Somente operacional. a dois processos dialéticos, ascendente ¢ descendente. que nos permitira teniar dar conta da melhor ‘maneira possivel do modo peio qual o processo de construgdo do objeto funciona ou pelo menos se configura “ger do comthecimento emtilico dstnto e diferente do conhecimento vulgar ou do scaso comm. 2.2-- A Dialéticn Ascendente da Construciio do Objeto Construir um objeto cientifico no ¢ simplesmente identificar ou adotar uma questo colocada pelo senso comum. os partidos politicos ou 2 opinido publica. e depois refletir metodologicamente sobre © modo de aprescntar essa questo. E preciso primeiro conscientizar-se do fato de que os objetos cientificos sio dife- ©» rrentes dos objetos sociais produzidos pela sociedade ou, como. diz Bourdieu. pela sol ia espomlanea do» X SS es Sommum ou da opinido publica, Bourdieu nao nega que determinadas quesiGes ou problemas constitui- ds pela sociedade sejam importantes, mas salfenta também que objetos sociais aparentemente insignifican- tes podem tornar-se problemas e objets cientificos importantes a serem construidos: “O que conte, escreve Bourdieu, é, na realidlade, a consirugto do objeto, e a eficicia de um métode de pensar nunca se manifesta {0 bem como na sua capacidade de constitu objetos socialmente insignificantes em objetos cienficos ox, © que é 0 mesmo, na sua capacidade de reconsiruir clentificamenie os grandes objetos socialmenie impor- ‘antes, apreendendo-os de um anguio imprevisto” (Bourdieu, 1989:20). ‘Assim tanto os objetos sociaisinsignificantes para a sociedade como as objetos sociais importantes ,. ak. slo apreendidos de um modo diverso pela ciéncia. A queso nical que se cloca no processo de uma dité- !" Wy. 4 5 tica ascendente consttuliva dos objetos cientificos ¢ saber como ocore a primeira ctapa dessa construcio, agen ‘Ora. ela ocorre através da escotha de wm tema de pesquisa © yeas! 7 ze 7 Swat, ol de sates a Tentie « de fidice a Headenal. a wa dyes nen, ate a diate snnphite fanie 9 abl ae ty wey dads cane, i oy wpe. 2.2.1 ~ Escotha do tema de pesquisa, A dialética ascendente como escolha do tema. Qualquer manual de pesquisa refere a escotha do tema como sendo um dos momentos importantes de uma investigacdo empirica e sobretudo como um dos momentos importantes iniciais da construcio do objeto. Por que esse momento é ig ¢ como ele se tealiza? Sto duns questées que comvém tratar ein rofundidade. Primeiro, escolher um tema ¢ caracterizar um determinado processo como relevante para uma in- vestigasdo. ou seja, scermir - Bf0 apenas no fato de observé-lo ou de ver a sua importincia salientada pela a sociedade - um assuinte digo de estudo; mas muito mais: perceber. talvez ainda de maneira confusa. que & objeto em es SSOTEIN Tefico com deyerminados valores, Na realidade, raramente © ss faramente ura processo < ‘ou um objeto de estudo ¢ escolhido por si mesmo ¢ em si mesmo, isolado sist Se“. ‘Pesetin € cor 0 poesion podaen Ge epromiaris soil soars gee Teenologias agrdrias diversas (producSo de magds ou de uva), raramente 0 faremos simplesmente por conhe- cer sb e somenteo processo. Weber nos lemibra que ificilmente se poderia fazer abstrarlo dos valores mais ‘ntimos da personalidade do pesquisador, na sua escalha de um tema (Weber, 1958: 44). Mas o fato de esse Jao problema em questdo, iso € em nosso caso, quanto mois anplo seja seu signi tural, tanto menos ele sera capaz de uma resposta extraida do material de um saber empirico ¢ doséisiamay pessoais iltimos da fe e das idéias valorat /eber. 1958: 45-6). No-|I ys % Dicheoye« ‘ele pertence esta engajado na escolny des tema ciemtifico relevante. Ni z se pode fazer uma esoolha neutra; pelo contra~ rio, pode-se afirmar que a's ‘Porgue esti relacionada com um sistema de valores © com as conviegdes iiltimas do individuo que o escolhe, e & assim que adquire um significado valorativo determi nado. Eis. portanto, uma das dda escolha de um tema, Mas 0 como se esgothe é igualmente importan-— te, Gg Lie insaa), © que sad 1 aslnadl - ‘Na maneira de esc . ‘Uffia rupiura. Nao ha tema escolhido pelo pesquisa dor que o 10D gue.o senso comum.o.valoriza. Pelo.cos .-para-que-wn-processo-dee: ‘olha possa ser considerado cientifico, melhor. prélica da Tnvestigagdo empinica, nfo € de maneira alguma ic Bversas proble- ‘maticas assinaladas pelo senso comum ou pela opinio piblica. E possivel que. no modo de detimitar o tema i ra escolhido, algumas observagSes feitas pelo senso comum ou pelos meios didrios de comunicagdo social sejam )* 21.5 tevadas em conta, mas elas sero a tal ponto criticadas, avaliadas eelassificadas, que a propria dindmica do * senso comum cu da sociologia espontdnca ~ que servit de base 4 claboracdo dessas observagées ~ seri nega XR a dialeticamente. De modo algum, o cientista ¢ unia vor que presta sa voz ao partido. opinigo publica. . 1" para solucionar os problemas no modo pelo qual o partiio ou a opinido piblica querem que sejam soluciona- Gos, Pelo contririo, ha nocessidade de uina ruptura bastante acentuada entre o moda pelo qual os temas sio .%e-escolhidos pelos politicos e © modo pelo qual os mesmos temas ou outros sfo escolhidos pelos cientistas. ¢ Durkheim, no momento em que fundava a Sociologia com a equipe de colaboradores que escreviam na Re~ vista L'dnnée Sociologique, nos lembra que, do mesmo modo que os politicos, o ciemtsta é preocupado com a pritica, a solugdo dos problemas priticos. Durkheim nfo é oposto 2 essa maneira de fazer Sociologia “Nossa prevcupagio constante, escreve ele. ao cunirario, era visivelmente de ortenté-la de tal maneira que pudesse chegar até a prética. Sao problemas que a sociologia vai forcosamente encontrar no termo das suas pesquisas.... Mas, continua Durkheim, 0 papel da Sociologia, deste ponto de vista, deve justamente ‘consistir numa libertacdo com relagdo a todes os partis. nde tanto opondo uma doutrina as di ‘mas principalmente fazendo os espiritus adotarem, diante de rais questes, uma atitude especial que so- mente 0 contato direto das coisas vat dor a ciéncia” (Durkheim, 1984: 135). Essa atilude é a atitude do cientista que escolhe seus problemas segundo um itinerério mental diverso do senso comum ou dos partidos. Escolher um tema ¢ portanto um momento de ruptura. que Durkheim considera c liberia: — gio. A cifncia e, @ fortiori, o cicntista que escolhe um tema, no se subordinam @ um partido. a uma opinido. 10 +”. objeto a valores que orientaram sua selec, mas de mostrar que a fon ido mesmo no _g® ® _ocorre sem a insergio do cjemtista dentro de um quadro de ‘que Ihe fornece um ponto de Ye “Vista muito diferente da observagao imediaia. Consideram-se a seguir alguns exeraplos, ‘mas se libertam deles, o que alhures iio quer dizer que se trata de algo neutro, uma vez que valores foram é cengajados na escolha. ~ ws —“K quesiiio que se coloca piura. Ora, Bourdieu, referindo-se a Mauss (e por SS” ey bs. v 0 define como 0 produto social varidvel de lm meio on efervesete on atic A conte seiliic au se organza no proceso da defniio€ OF bastante diferente do modo pelo qual a policia ou o servigo de ocorréncias caracterizam 0 suicidio. Giddens a AS" ‘esse respito é claro. Ele escreve que a Sociologia nfo deve considerar o suicidio como um agregado de atos *° -Y individuais, mas como um fen6meno padronizado, historic; e Giddens, citando Durkheim, Jembra bem 0 . comet do 1al como € obtio pela éznica da defnigfo proviséria, que & a0 mesmo tempo uma aj os / ca de nuptura com a obseryaglo imediaia e com a problematica elaborada pelos érgios pablicos : [egisvans a ccorréncias "Se os ulcidios ocorridas dora de wna sociedad dade dranie win periode de 3 tempo, sao tomados como um todo, verifica-se que essa totalidade nao é simplesmente uma soma de unida- “ des independentes, um todo coletivo, mas ela é, ela mesmo um novo fato sui generis, com sua prépria wni- dade, individuatidade e consegientemente sua prépria natureza” (Citado por Giddens, 1974: 7). través dessa definigdo provisiria, cientsta se encontra realmente diante de um processo novo, i ‘muito elaborado, e cwjo conteido difere bastante do contetido obtido pela cbservacio imediata. O processo de dialtica ascendente que fei usado para chegar ao conte(ido da noglo de suicidio usou a séenica da definigdo provisiria. Weber usaria 0 seu “tipo ideal” e Marx, seu método, que passa do plano da observagio concreta, para 4 construdo das determiaacdes. l De qvalquar modo; a conclusto é a mesma; escolher um tema é jé constru-lo qualitativamente dé tum modo diverso do senso comum cu da reflexdo dos politics. Nao se quer dizer com isso que 0 processo J: (g) dialético ascendeate f terminou; um segundo aspecto importante deve ser mencionado:o da relaglo entre oy tema ea abordagem teérica. + 2.2.2 A relacio entre o tema escolhido ea abordagem tedrica dite. ‘Quando se considera a histéria da ciéncia como um todo, verifica-se que nenhum objeto relevante ~ do ponto de vista cientifico foi constituido somente a partir da observacdo ime 2 mesmo. Pelo contrario, essa “imediata, da realidade dada na ccntbidode RoR a ag tiviza. i nto de vista tebrico, que modifica substancialmente-@ percep-— ‘a0 a constituigdo do contefido empirico do objeto a ser resp, Seon ne gems de referir 0 ~ ‘Quando Galileu (1564-1642) desejou e se empenhou no século XVII em analisar a queda dos cor- pos, ele nfo se limiton a observar 0 fenbmeno como qualquer um de ns 0 faria. Nao foi dessa maneira que procedeu, Galileu descobrin a constante de aceleragdo dos corpos em quedia livre porque introduzi no fend- ‘meno a ser observado um ponto de vista tebrico, Koyré, depois de ter mostrado como Mersenne Riccioli fracassaram rotundamente no modo de reproduzir as experiéncias de Galileu, afirma que na “is a ey err aT ene Big oe 8c 1) Se a a a aie a That que Se deseja agju afirinar & que Galileu foi capaz de fazer a descoberta da constante, gracas & intro- ‘duel de um ponto de vista teérico na cbservaglo. Renunciou as perspectivas da observacio imediata preci 3, baseadas nos pressupostos da fisica teéricaaristotélica. Em oposieao, adotou a posigdo teérica de Copér- nico, o qual tinha negado a idéia arstotlica de que a terra era imével Se . ‘Pelo contrario que girava ao redor do sol open cect eee can pod den natureza matematizivel (mathesis), Galiléu no apenas adotou essa posido teérica mas também procurou YAZET Sus avaliagoes experimentais dentro dessa perspectiva, elaborada em termos matematicos. Dito em outras palavras, Galileu € depois dele Huygens abordam a queda dos corpos a panir de un ponto de vista Ah ldn ulbdh ac nen itd Pewcaact orto? u teérico e substituem desse modo a abordagem baseada na observacio imediata, Sem divida, a demonstragdo ‘matemitica do fendmeno observado muito mais complexa e, de um certo modo, nessa exposigo, falsifica- ‘se tanto a representagso teérico-matematica do fendmeno observado, como a descoberta da constante univer- fale scales doe convo spots le de sige trans bata aia oe i onsise em introduc na observaglo uma perspecivaterica, na realidad, £9 meno Tempo a neato de rol imediata e sua substituigGo qualitativa por um modo novo de perceber o fendmeno gu Slow aetna hae se véem as mesmas coisas no fendmeno observado, se essa observago € feita a partir da observagdo imediata ou a partir de um ponto de vista tebrico. Conta-se uma historia a res- peito de Einstein. Ele teria dito que sua maior preocupagdo teria sido de saber como 0 mundo poderia the ‘parecer se ele fosse sentado sobre ura raio de Iuz. Sem diivida a hist6ria pode ndo ser verdadeira, mas 0 que € verdade ¢ que de fato, no modo de Einstein observar os fendmenos ¢ movimentos dos objetos fisicos, a relagdo desses com uma velocidade padrdo, a da huz, estave incluida. Novamente percebe-se por detris da histéria a necessidade de relacionar 0 planeta cbservado a umn ponto de vista tebrico que substtui a observa- 30 imediata ¢ auxilia a perceber no mesmo propriedades ou caracteristicas que de outra maneira nfo pode~ ‘iam ser alcangadas e conceituadas. Sem divida, objetar-se-4 que mido isso pertence @ fisica ou no miximo ao dominio das cincias cexatas da natureza; mas que, na pritica, as ciéncias da cultura so diferentes. Todavia, basta olhar os clissi- ‘os para perceber que a sua conceituapo dos fendmenos ou processos a serem conceituados nao depende de ‘maneira alguma da observagao imediata. mas, pelo conirério, de uma observacdo a ser levada a efeito a par- tir de uma abordagem teérica. Weber no analisa o espirito do capitalista sendo na sua relagio com a religio pprotestante. Durkheim mio analisa nem as formas elementares da vida religiosa, nem o suicidio, nem o soci- listo, senéio-na.sua_telagdo. com_meios-efersescentes-historicos-ow-anmices-e-anormais—Na-reatidade. “Durkheim usa uma concepedo da histéria. que Francois Simiand ja defendia. No fim do Século XIX e inicio do Século XX, 0 problema de uma histria ciemtifica se colocou fe simples eventos cronolégicos, Em todos esses autores a construclo do objeto ci partir de uma observagdo imediata do fato, tal como poderia ser recebido por nossa se: introdugio de um ponto de vista teérice. que modifica sensivelmente 0 contedido ¢ as propriedades que se ‘devem observar no tema escolhido, Dir-se-a que, na medida em que progride a elaboracio desse ponto de vista teérico ou a dedugdo das suas implicagdes. também se transforma a percepelo e a conceituagao do ob- Jeto, Dito em outras palavras, poder-se-ia perguntar se a construgio do objeto no passa justamente pela ‘laboragio de um sistema de relagdes que vao se tomar hipsteses ¢ dar toda a relevancia ao fenémeno obser- vado. 2.2.3 - Sistema de relagbes hipotéticas ¢ s rocesso observado 3? Cele, Na secdo anterior descreveu-se como a dialética ascendente da construcdo do objeto necesita incluir uma abordagem tedrica do objeto a ser pesquisado. Sugeria-se que a construpdo dessa relago entre aborda- ‘gem teérica e objeto cientifico a ser observado modifica substancialmente 0 contetdo. Se objeto; Ot Fie ae Be ei, bo mean, gece ce ceca pe ars mee iG Peciageas perceee Was enol agora & sabes on se ints prosSepr Ty daTetea acendeuted Sonstto de ‘Bjeto ciemtifico ¢ a abordagem teérica adotada em cada pesquisa empirica: Dito de outro modo, nlo basta” dizer que se optou por um determinadé quadro teérico referencial que permite substituir 0 ponto de vista da observacio imediata; convém ainda acrescentar a idéia de que é possivel estabelecer um certo mimero de 12 je ? : edaletiet], ar alapenes site Rrvatedergher atidhadan. E, Tuainn the 9 te «ee nile artnet » Teton ¢ Bot cs ‘elagtes te6ricas ene o objeto, considerado & luz do quad tebrico de referéncia, © 0 contelido desse objeto’ escolhido, Tratar-se-d a seguir desse aspecto da construgao dialética ascendente, 47 Nedatet A primeira modalidade a considerar diz. respeito a possibilidade de usar 0 contetido da teoria, ou, , . ‘soja. de estar: 20 supondo que a formnlacdo da mesmna seja suficientemente ¥' ™ 2. ampla, Nesse caso # teoria E quase que s¢ adota ay na) Pode-se, por « Sq eemplo, tomar da teoria a p = Nesse caso material empinito se "25 propr desejos de realidade, a 43°" Iupotese teria ser coreoborad. Convém evidentemente expliir o que se entende por “deeos de reali- V9 dade" ou seja quais sio as propriedades on caracteristicas bisicas desses desejos ¢ se nés 2s encontramos em y todos 0s sonhos. Caso se descubra um tipo de material ¢ do apresenta as propredades ditas no | enunciado tebrico. teFse-a, alraves do experimento, uma gett aw cman, yw NOTE diz respeito & construcéo dialética 2 assim formulada 02 0 conjunto de. rlaces entre cit ¢ teria ona ealidade popes formulas teoricamente por axtesiosi. So propesigBes capazes de veicular e expressar as propri material empirico evidente- , ‘mente de um modo hipotético, UE Wada ‘A segunds modatidade na construgio do o A teoria mas ndo diretamente ao eonteido gas pie se aii psc i 206 ost Ss ae ae Seca ce tem-se de um Tado ur~ v objeto empfnico e um conceito expressando-o pelo menos provisoriainente. Do outro lado tem-se 0 foco cen-~ ~oruet's, tal da abordagem teérca, Pode-se tratar de uma abordager clasista como dizem os anglo-caxtoe, ou ainda | de uma perspectiva de Foneault, ou de Bourdicu, oriunda dos pressupostos das respectivas teorias de cada we gla Ut, Welt-58 que cada conjunto de pressupasios trios referene a cada autor é um inodo de conceber a piadie Ode real Kcics. Enquanto que o uso dos rmarxistas ou neo-marxistas leva 0 pesquissdOr & ‘ ‘Considerar seu tema em termos de huta de ‘00 até de protetarizacao do bomem do cam- ¥ Po, os, da icv de Foust o levario a anlar o toma eoolido om termos de emunciados ding a ave hanteooeo leat cos capazes de revelar um limiar de existéacia dentro de um espago associado a eles, apazes igualmente de prescrever posigtes aos agentcs envolvidos ou ainda capazes de serem relacionados 9 }GaLe, positivamente ou confitivamente com dominios e poderes que se exercitam num espaco colateral. Dito era cwubiy % 2 oulras palavras. a partir dos pressupostos tedricos da matriz de abservagdo sugerida por esses pressupostos pode-se construir um sistema de relagGes tedricas que, de um lado, decorrem dos pressupostos; , de outro] ‘enyolyem.pn.determinam as propriedades do.objeio.empisice-a-ser-andlisade-———- ‘Un exemplo fad melhor conpreender essa perspectva constratva dum sistema derlapdes. tis «, - Poa como Bachelard e Bourdieu o sugerem. Suponhamos que 9 > Zi ~Tecnologias agricolas novas (=y), a sua pergunta tedrica ndo é mais a respeito do objeto cientifico definido ie Sines Soon n Provisoriamente, A sua questio dentro do processo de uma dialética ascendente se reliciona com \ \s lacks, time, 9sistema de relagdes tebrico-hipotéticas que o fardo compreender como 0 processo de geracio de tecnologia aoe determine Ta Fi IES que o mesmio adquire nesse quadro de referencia tedricas. ailEyanen, tha” Oa, para dar Fesposta a essa questo, ele podera sugerir, dentro de uma abordagem tebrica oriunda Y dos pressupostos da igoria de Foucault. que o enunciado “geragio de tecnologia”, como limiar novo de exis- \éncia dentro de determinados municipios. depende na realidade de mnicra-poderes circulando entre 0 espago p> |. réprio do enunciado (y) e o espaco colateral (x), Tratarsse-ia de uma primeira relagio basica x - y. Xs ‘Mas a construeio do sistema de relacSes dentro do procesto dilético ascendente ndo para nesse © nivel. Terd gue mostrar como pode ser explicitada essa primeira ca entre a presenga de \%° lesipiers al twee =x) € 0 emunciado seca Ta ge coer ee ees . ‘No momento em que o pesquisador enfrenia essa quesilo, ele entZo estard obrigado a nfo somente = aprofundar a on as MAL cus D1 em na laisse sa . ‘ geragaio de tecnologias depende de micro-poderes (X- 3). €sS¢s, por sua vez, podem (e tendem a) procurar no «\, 2° SR espace correlato um tipo de asociagdo ou de alianca que reforgao dinamismo da geraco de tecnologia, Esse PCD) lie de alanga pode ser dado operacionalment através de ours enuneiadosrlativs a limiares de existén- ew Se? cna imeressadas na geraio, O desencadear de tais aliangas entre_micro- res de um io a referida geracso e tecnologia ¢ mcr pederes de nar Sa TS a aa a ea ee get te S a © , ee ornate. ae vals cn. tan peel te nt te ml "esntécia a0 proceso de gerapoe ao dos mic podees invetindo em eftivar este proceso, Taps portanto, jé um modelo com uma relacéo central e duas h as, uma que diz respeito a um . Cabe. entéo, formular nma quarta relacio relaiva & procura de uma alianga maior, dentro dos micro-poderes locais e de dispositive de alianga, com wm conjunto de outros pode- res que. ma UA mais, 0 do lugar onde a tecnologia seria gerada. Nesse caso, entdo, Sgi-se a uma quaria relagdo, que evidencia como micro-poderes locais ¢ dispositivos de aliangas, como 0 espago colateral associado, se esforgam em tecer relagdes que reforgam seus dominios respectivos, para en- ‘frentar os conflitos e fazer circular uma maior intensidade de poder ¢ de saber na tela de relagdes estabeleci- ‘das. Dito de outro modo, pode-se desoobrir em termos concretos que 0s micro-poderes; a saber, de cientistas, ou de fornecedores de teenologias que ndo existem desro do préprio espago municipal onde queriam gerar . ‘Tecnologia nova, mas igualmente onde encontravam uma oposi¢do. No total, tem-se uma relagao central e » ‘és secundirias, as quais podem ser transformadas em hipéteses teéricas. E suficiente para isso formalizar x seu conteide dizendo ‘ TT BETSFIO Us Vacaoloin (wiped da pasanga do alrviperes () Giescpader elnead”| < com esse problema), a SE eS a aR ea EE SS See: ES colateral, estabelecendo um dispositive de alianca (formal ou informal) . TIL -O estabelecimento do dispositivo de alianga tende a fazer surgi conlits oriundos de poderes j@ constituidos, institucionalizados. ~ a IV - A superagdo dos confliios se efetua na medida em que os micro-poderes proprios a geraco de _¢* tecnologias ¢ 0s do dispositivo de alianga estabelecem relagdes positivas com 0s micro-poderes de um espago * + ysf?_e5extemo bem maior do que aquele onde se pretende getar a tecnologia. ot ¥ V - Em defititivo, € a relacdo de associagdo entre micto-poderes locais. dispositive de alianca ¢ tmicro-poderes de um espago maior que permite neutralizar 0 conflito e desenvolver a geracio de tecnologias. Essas cinco hipéteses formais sugeridas abstratamente sfo o que Bachelard chamaria uma total * sintétca a priori. Elas nao so diretamente rads da teoyia, mas so (com todas as reservas le = outro, gerar a tecnologia, Poder-sevia refi {gerago-de tecnologia gera uma primeira forma de saber, que essa primeira forma de saber se intensifca e tende a se omar qualitativa no momento do estabelecimento dos dispositivos de alianga e que, por sua vez, esse saber associado a0 poder se ope a0 saber detido pelos poderes constituldos; mas que, finalmente. a superacio «dessa oposigio poderia ecorrer no momento em que os micro-poderes locais e o dispositive de alianga se tunem aos poderes de um espago externo e ao saber do mesmo, para investislos no processo de geraclo de tecnologias, ‘Nese caso, 0 sistema de relacies seria um pouco mais complexo mais prOximo dos pressupostos a teoria de Foucault, onde saber e poder esto intimamente associados. ‘Chegado a esse ponto do processo dialético ascendente. através do qual o objeto se constréi contra o | ‘ suber ow a representagdo imediata do objet. toma evidente que no proprio objeto empiric haverdo de se gut identificar as propriedades que resultam das relagtes estabelecidas Ea a caso do exemplo acima citado, a gerayao de tecndlogia, s= ela depende do saber ¢ de micro- 4. poderes associados, ter4, como contetido. propriedades que resultam desse saber ¢ desse poder. Nao & por ‘acaso, por exemplo, que no RS, em Bento Gongalves. a0 lado da produgto da ua se criou e se gerou una tecnologia capaz de construir sobretudo méveis de cozinha, sob a forma de uma setor auténomo, Na realida- de, os micro-poderes dos artesbes toneleiros. capazes de fazerem bartis para o vinho, associados aos conhe- cimentos dos funileiros e serralheiros. produzirain no somente um setor industrial relativo a méveis. mas sobretudo um tipo de mével que tinha aceitagdo no mercado dos anios 70. devido & forte explosio demograti- ca.e 8 transferéncia de muitos jovens para a cidade. Mas, do outro lado, como o setor principiante se articu- Jou com um espago maior, tanto para escoar a produgdo, como para aperfeicod-la, um saber técnico foi aper~ feicoando o nivel e tomnanda-o aceitive! e comercifivel dentro de um espago maior de mercado, Na pritica, 0 14 aio ae Sa © —qadus questdes priticas, e como ele se articula com essas questées, esclarecendo-as ou fornecendo subsidios produto atual resulta de micro-poderes ¢ saberes acunmulados e sintetizados, mas capazes de se integrar nos saberes dos primeiros artesBes Talvez até seja possivel demonstrar que a taxa crescente da produgio tem uma relagdo com 0 nivel qualitativo ¢ talvez quantitativo das transformagtes dos saberes, associado & formagiio dos micro-poderes © sua institucionalizagdo tanto organizacional como empresarial, Seri que com esse exemplo sempre parcialmente inadequado se mostrou que da escotha de um tema se pode chegar & construgdo de um sistema de hipdteses teGricas, através de uma dialética ascendente? Pelo ‘menos ¢ © que se pretendeu sugerir. Falta todavia perguntar-se: qual é a relevncia de tal construgio? 2.24 -Relevancia da construgio tebrica 47 ¢ avalin sm pail areal Be peadthor ses e os objetivos de cada uma delas — que antecipam os resultados -, 0 proprio autor se envontrara diante da necessidade de perguntar ¢ o problema formulado rele- ‘¥ante? Poderd até formular perguntas anexas, como a de saber se nio somente & relevante mas vidvel ¢ ope- TacionalizAvel, ou ainda se, pelos resultados que se espera obter através dos objetivos tracados, se podera Chegar a conclusdes importantes, capazes de ser generalizéveis para além do caso estudado, all ‘Sem davida, formular todas essas perguntas ¢ até certo ponto iniciar wma que pode ser auxiliada por colegas de pesquisas ou outros pesquisadores que trabatham na area. Acredita-se que a rele- ‘vancia depende muito da capacidade de o autor sugerir a adequagdo da sua problemética construtiva as ne- cessidades do ambiente social. Mas tais sugestdes sfo Sempre relacionadas com a teoria. ‘Alguns critérios podem ajudar a tragar melhor a relevancia. Primeiro, pode-se 2 ‘—Donito o tema assim elaborado respond a determinadas questdes concreias e prélicas da sociedade histérica ~,. ‘em que Se Vive, ou seja, mostrar como ele se insere no processo de desenvolvimento, respondendo a determi- K operacionais para sohicion4-las. De, qualquer modo para iss0'levar-se-8o em conta as propriedades do tema que a abordagem tebrica permitiu formular. Segundo. pode-se perguntar pelo quadro das hipSteses teéricas formuladas © o poder operecional~ ~- das-mesmidsrse-o-estudo-empreendide-trar icoamentos-esclarecimentos-em-relae7~ io, 4 teoria vigente mas al Dito de outro modo, etalver de maneira “j5> soma de conhecimentos jd adquiridos por pesquisasteiricas e empiricas anteriores. A proposta se relaciona e ‘se situa em relagdo a esses conbecimentos anteriores. Seré que ela os aperfeiqoa. toma-os mais operacionais, 7 4 ‘on seri que inova” Dito de outro modo, convém expressar 0 modo pelo qual ela se sina em relaglo a tots) cesses conhecimentos € resultados obtidos, quer seja do ponto de vista teérico, quer empiric. Finalmente. uma gps de espe 8 vahlidde no apes comin, mas igualmente em termos de secursos hainianos, tempo, infa-esirutura, Muitas pesquisas no Brasil, pelo fato de serem in formadas ou consttuidas a pani de pressupostos te6ricos formulados em condides sociologicas ¢ historicas diferentes das nossas, tendem a sugerir problemas que implicam 0 uso de nfo somente altos custos, mas recursos hnumanos dos quais ndo se dispde. HA necessidade portanto de se formular a questo da viabilidade da elaboraco proposta nesse nivel da elaboracdo, a fim de proceder a uma reavaliagzo critica de todo © pro- ‘sesso dialtico ascendentee incluir as modificagdes necessarias, ‘Respondidas as trés perguntas mencionadas, nfo se deve acreditar que a construgo do objeto termi- nou. Ha necessidade de proceder a uma dali e, que normalmente se costuma ch - _todologia.¢ que ¢relativg ap Ose Wenicas dE coleta de 15 ach pele tere pesos Fletins per abncton afer anleclis de 70 ray wate ai arbres #8. wap do ho! Lice wai oyerac esas (aauttes 5 sy Q acai din dadi 2 0 : Neue maga. do aoe WI - DIALETICA DESCENDENTE NA CONSTRUGAO DO OBJETO ‘Supde-se que tenhamos percorride todo o percurso anterior, ou seja, que se tenhe feito uma primeira seins despite ptilonn wise Baa ces sae recs. ln ch Sen 2 escentemt, agora éeber como susfompar 2 ‘dts led aeons pelo cae ka erperinch on eds a és de téenicas e procedimentos que de um lado se adequam a0 esquema teérico das hipéteses formuladas e, de outro, possiblitam a demonstracdo, corroboragdo ou verificagdo empirica dessas hipdteses tedricas. = Dito de outro modo, com a formulaco das hipéteses dentro de um quadro tebrico, tense mostrado «que a realiade empiric nfo éimedintamenteobseriveleobervada, masque a cbtervapo se fark através do ponto de vista tobe, adapiado na clsborago das hipieses ‘mrca e shordagsm do ral beh oepesada de exconea keer @ eae ¢ emis oe ‘Mifosira Como de veriicagao, que possbilitem a demonstragao dessas hipoteses baseadas nos, da Teoria manasta. Se, elo contro, as hipsteses prmuladas Com base NOS press io “qual Trabalha com linguagem ¢ enunciados, haveri necessidade de formular uma dialética descendente que eve em conta procedimentos, métodos. amostras capazes de trabalhar com esse material empfricg, oriundo de uma coleta de dados que visa antes de mado a goleta de um material referente a dados de Ghisté- rias de vida, material biogrifico em geral), as tcenicas © 35 io adequados a : form ‘Convém Jembrar que (cnicas € métodos experimentais, para Bachelard © ~ Bourdieu, s80. respectivament, teoria materializada para o primeiro (Bachelard, 1968) ¢ teoria em ato ou ” 4 para tentar mostrar como, 3. 2” queda livre como constante universal, na realidade, nio se entende sem uma relagdo com hipéteses tedricas, ~ cuijos pressupostos sto bastados, de um Jado. na teoria Coperniciana e, do outro, na filosofia Platoniciana, SS aX qual sugere que a realidade material que aleta nossos sentidos pode set matematizada, ou sj, transformada — ofS em idéias matenifiicas. xv no dese) “penso 4 do de qui Bachelard, Bourdieu e outros nio fazem nada mais do que retomar essas perspectivas, Sem divida jam dizer necessariamente que todo 0 universo do mundo social pode ser matematizado, mas suge- ~ rem sobretudo que nilo se pode separar a metodologia da teoria, Bourdieu escreve que a separago atval que existe entre teoria e metodologia ndo é fecunda e conduz a duas abstragies Pelo contrario, escreve Bourdieu, ue se deve recusar completamente esta divisio em duas instancias separadas, pois estou convenci- ie néo se pode reencontrar o eoncreto combinado duas abstragbes” (Bourdieu, 1989: 24), 16 “a, em segundo Tugar, como sugerir yina amostra se ‘apresentar a relac&o das técnicas de coleta dos 3s hipéieses ¢, Sinalmente, como constituir uma codificagio que distibua 0s dados segundo as hipéteses ~ Tomas ou os conceit Pesenes nessa hipteses. Tentar-se-entfo suger uma modalidade de relt6- io ‘um desses pontos nfo € exaustivo, mas se situa no caminho da dialética descendente da construco do objeto. ‘Veja-se, portanto, # primeira etapa dessa dialética descendeme: a formulagao das dimensdes ope- racionais e dos indicadores. Ct ee ae tract oabipada ve meatefi om Sern Neale Lande ernie om ie hipttelS que intuia reagde’ entre um ‘ema escolhido, definido provisoriamente, e um ou Varios conceitos das hipéteses tedricas. ‘A questdo central agora a set analisada é mostrar que o tema escolhido e as relagBes hipotéticas™ formuladas contém um certo nimero de dimensOes operacionais. Essas sS0 como que um efeto ou uma con- seqjiéncia do modo pelo qual os conceitos teéricos e explicativos agem dentro desse tema, determinando-lhe ropriedades, Retomando uma analogia que Mauss toma da Fisica, sabe-se que um metal aquecido se carac- y ‘eriza por uma dilatagdo, Dito em outres palavras, a dilatagdo € ura efeito do aquecimento. Ha uma relagao ‘entre 05 dois fendmenos. Do mesmo modo, se variarem as causas ou os sonceitos tedricas pelos quais so ‘expressos, teremos efcitos variados. A questo central da dialética descendente consiste em identificar no tema as dimensdes operacionais que so um efeito das causas hipotéticas, as quais devem ser igualmente ~~ operacionalizadas. ‘Um exemplo. ainda que nfo seja da Fisica, permitiré melhor captar esse processo de operacionali- ‘aco, Chamar-so-é de dimensées se imagina que um conceito te6rico 3.1 [Dimiensies Operacionaisle Indicadores 42 oe reendedor. Constréi-se uma dind- referente & dtica protestante, outra referente ao espirito do capitalista empr mica operacional que acentua de um modo sistematico 0 comportamento ético do protestante, que deseja ser ame para io realiza obras (vaballan) gue Des Shengoe: ar uals por mas Wee em Sendo um siceso, Jevam o crente a pritica do ascetismo ¢ a uma nova disponibilidade de escutar 0 chamado de Deus, aprofun- dando 2 sua voca¢o, Fazendo novas obras, ele novamente tem sucesso, e ¢ levado a praticar mais a husil- dade ¢ 0 ascetismo religioso, a dindmica é temporal e dura até a hora da morte, para o fiel que acredita na salvacéo, Ao lado dessa dindmica religiosa, Weber constr6i uma dindmica econdmica necesséria & sobrevi- véncia. Nessa, o trabalho ¢ valarizado. porque 0 individuo que quer ser salvo ndo pode ser passivo na sua esposta a Deus. Ndo pode praticar mais a mendicdncia. A ética protestante the sugere o trabalho. Portanto, 0 individuo investe no trabalho econdimico suas aptidtes e capital, se os tiver. Caleula Facionalmente os lucros possiveis que serio frutos dessa aco econémica. Tem esperanga de éxito. Se 0 su~ e550 vier com os lucros, o que ele fard? Weber nos diz que, no espirito do capitalismo, 0 agente econémico indo usa os lucros para viver na riqueza, mas continua tendo uma vida frugal e modesta. Os valores da vida teligiosa informam sua ago econdmica, O que fazer ento com os lucros? Ele os investe, a dindmica eco- nnomica recomega. ApridSes pestoais e Incros sto investidos; e, com novo célculo racional, uma chance de outros lucros é possivel. ‘Uma tabela permite recapitular essa dupla dindmica correlacionada, da vida religiosa ¢ da vida econdmica. Os dados sero procurados para demonstrar essa relagdo hipotélica e tedrica entre conceitos operacionais que s4o, na pritica, um desdobramento da relagdo abstrata entre ética protestante ¢ espirito do capitalismo, Uma tabela permite visualizar melhor essas dimenstes: 7 1) O individuo crente querser _[1) Agao econdmica para a sobrevi- salvo. importancia do conceito| vncia pelo trabalho. lde predestinaggo. Deus chama [2) Investimento de aptidées no tra- balho, empreendimento capitalista. 3) Realizagao de obras: espe- |) Calculo racional dos lucros, espe ranga de ser abencoado pelo _|ranga de obté-los. [seu trabalho, ito no traballo® sinal da ‘sua relagdo de amor com Deuse [de ser um p . '5) Humildade, ascetismo- 5) Frugaldade, modéstia, (6) Disponibilidade para nova- _ ]6) Disponibilidade dos lucros para mente escutar o chamamento _|reinvestimentos, Jde Deus e recomecar a at /4)Sucesso do empreendimento eco- némico ou lucros, Todo esse trabalho de construgio do objeto em Weber é anterior & propria pesquisa empitica. S6 depois de ter constrnido as duas dindmicas correlativas uma da outra cle pode se pergumlar gue tipos de da ~ ccs pas demons on vein saeco (Os dados nao existem em si mesmo, fora do sistema ~ As técnicas de codificagao dos dacs sto miltiplas ¢ diversficadas. Codificar um questionério fe-~ chado para of car © organizar Tesposias quantitativas ndo € a mesma coisa que epaificar uma his- ~ ira de 1 qual a pessoa entrevistada se refere a fats, acontecimentos vivides por ela € S60 Grupo, ~ Etro de um processo histérico estrutural tipico. Na propria palavra expressa pela pessoa entrevistada. as declaragSes ou argumentagies subjetivas de uma histéria de vida misturam-se com fatos objetives. Sera por- tanto necessirio tentar codificar as duas faces da vida experienciada: a face interna, intima ou subjetiva, € @ face externa com seus dados,fatos ¢ verbalizagées objetivas. Talvez a grande redescoberta da pesquisa anual seja justamente de ter dado novamente a palavra a0 entrevistado. Mas toma-se-mmais difcil codificar um_ _conteido que se expressalivremente numa narrativa, ou na face interna da naraliva da hist6ria de vida. ‘Duas tendéncias de codificagio se apresentai. A primeira parte da realidade objetiva da entrevista | fou historia de vida. Considera essa como um dado que em si tem seu significado, Elaboram-se portanto Pode-se entio distinguir na entrevista 0 que é introduc ou resumo sumirio Tatredutbrio, sto €, uina frase recapitulativa do contetido do texto. Segundo, pode-se analisar o proprio texto, dividindo © mesmo em parigrafos, Chamar-se-d essa fase de segmentagao, Terceiro, pode-se conside- rar 0 conteiido da dindmica do texto sob o dngulo da narrativa dos fatos, da argumentacdo utilizada ¢ da, padronizasio tedriea So trfsniveis que aparecei numa histéria de vida: o individuo conta, narra; o indi- suas xeflendes-préprias-fntimas-sobre a-sua-vider-seu grape: ‘ estrutura social. Finalmente 0 individuo insere determinados padrées tebricos presentes em,ciéncias diver- ‘sas, Numa entrevista realizada junto a migrantes, a dindmica apresentada por eles historiava fatos sucessi.§ —__ ‘vos, empregos diversos. Argumentavam a respeito da separagdo das suas mulheres efilhos. Algumas vezes introduziam o carster exploratério da relagio que existia entre eles ¢ os patrdes sucessivos. Na pritica, nesse ‘iltimo nivel, j4 sugeriam como suas experiéncias de trabalho eram na realidade espoliadas. exploradas. assavam de um nivel da narrativa para o nivel da teoria marxista vulgarizada, Através de técnicas diversas. pode-se reconstruir de um certo modo a historia de vida de cada um dos individuos e estabelecer um quadro ‘comparative, A perspectiva ou a tendéncia desse tipo de interpretacdo é, a partir do fato ou processo da pro pria historia, restaurar esse procesto individual coletivo ¢ até estrutral. Pode-se até, no proprio proceso de restauragio do fato, constmvir u ou seja, seguir parcial- rmente a escola de Chicago (1935-1935). Veja-se que, nesse caso, © caminho da restauragdo do contetido ¢ rigorosiiniento indutive. A questio é: chega-se a uma generalizagdo ou & elucidago de urna tend&ncia mais era) através desse caminho indutivo, muito tEenico e somente te6rico a posterior’? Popper ja nos assinalow que, da observagdo de 99 cisnes brancos. no posso concluir a existéncia de que “todos os cisnes (100%) s0 bbrancos”. Pode haver um cisne negro por ai. Da restauragio de histérias de vida com posso concluir uma generalizagio (Popper. 1974) aE O caminho que se propée, na perspectiva da construgdo do objeto na fase de uma dialética descen- dente, é bem diverso, Estabelecou-se. no momento extremo da dialética ascendente. uma série de relagSes. com hipdteses ¢ objetivos correlacionadas. Agora. trata-se de relacionar estas com o material empirico: as historias de vida, por exemplo. | 23 Dito de outro modo, podem-se considerar as istbrias de vida e outros documentos relativos a coleta |! {Ge dads, do ponto de vista nto do pesquisador ¢ das suas ténicas, mas do ponto de vista do foco teérico, ‘00 seja do sistema de relagSes hipoidicas estabelecidas provisoriamente a priorl. ‘Supie-se, por exemplo, a coleta de dez ou quinze histOrias de vida relativas a narragiio do modo pelo qual uma determinada tecnologia foi gerada em diversos municipios rurais. Fala-se aqui de uma técno- Jogia importante (mag2, implementes agricolas, fabricago de vinho), As historias de vida das pessoas en- ‘olvidas nesse processo expressam testemunhos qualitativos. Para codificar 0 contetido, como se proceder4? ‘Nao se procedera somente a partir da aplicago das téenicas anteriormente utilizadas, mas a partir | dos conceitos tebricos chaves expressos nas hipSteses; sem divids, se respeitaré rigorosamente 0 contetido das narrativas recolhidas. Mas a codificacZo, antes de i I ses. Se ase co tetion€ de Foucni, SS sare ques deve et primi hgar promi, me ine] ‘gem das historias de vida, emunciados que revelam os micro-poderes em ago colocar-se-di em relevo esses eenunciados raros, Procura-se~4 configurar 0 espaco a eles associado. Tentard se desvendar qual é o espaco ‘colateral relacionade com o espago associado, Aprofundar-se-fo os confltes individuais e estruturais narra~ dos ¢ presentes mos dois espagos, até descobrir a estratégia ou as estratégias usadas pelos agentes para supe- rar os confitos e finalmente gerar a tecnologia nova estudada. Tal perspectiva codificadora do contetido das narrativas ndio parte apenas das técnicas. Nao dissocia) as téonicas da teoria, mas, ido das narrativas col de vida. do ponto de vista —de-teoria, ¢ articula as técnicas operacionais de codificagdo a essa teoria, no sentido de Fazer como que o proprio proceso de codificagdo seja uma teoria em ato. Pode ocorrer que a teoria sugira a necessidade de] snventar téenicas operacionais de codificago mais adequadas como tabelas, procedimentos novos de classifi~ cago, Neste sentido, o pesquisador devera recorrer ao arsenal disponivel ja experimentado nas rupturas © cdescontinuidades das quais se falou na 1° parte. Pode ser que também seja obrigsdo a criar novas téenicas. ‘De qualquer modo, a teoria deverd a iva. “Se eu ractocino, diz Bachelard, experimen 5c er SpOTRTS EE elec Gilad TE) Ea cla ose quer sem oa provar determinados fatos. mas visa-se descobrir relaybes, elucidar tendéncias com o materia empirico es- larecido pela teoria. A logica da prova, substitui-se a légica da descoberta cientifica, a qual implica de- ‘monstraglo experimental, mas também focos teéricos para iluminar fatos ou temas escolhidos e analisar as propriedades relacionadas dos mesmos através de técnicas operacionais subordinadas teoria, Sem teoria. indo haveria umia légica da descoberta diferente da }6gica do senso comum. - __Acredila-se a0] que. na dialGica descendent. da.constryin.do-objeto.-o-que-é-importante-nbo-éa~ ~~ ~~~ Sociagdo das técnicas de codificagio da propria teoria, mas, pelo contririo. a matcrializagdo da teoria em alos técnicos hierarquizades. 0 que a insere no processo de codificacdo e, portanto, de experimentacdo. Atra- ‘dessa materializago ou encamaglo, ¢ Teoria se enriquece de caracteres operacionais que a tornam bem ‘ais qualitaiva, Esse qualitativo no é, porém., o qualitativo abstrato da sintese hegeliana, mas © qualitativo conereto da aco técnico-experimental. Esta introduz um rigor no modo de ordenar 0 material empirico e ‘mostra conto em iltima andlise esse mesmo material empirico, quando ¢ lido com a perspectiva da teoria, revela um significado que ndo era imediatamente presente na sociologia espontinea do senso commun ou da opinido piblica imediata Poder-se-ia evidenciar como cada uma das técnicas ulilizadas no experimento, como os sistemas de coordenadas. as tabelas de duplas entradas, as medidas de ritmos dos enunciados e compatibilidade dessas rmedidas entre si - formam um conjunto técnico de procedimentos que. como totalidade especifica da pesqui- sa empreendida, ndo existe Seago na sua relapdo com a teoria usada para seleciond-los e organizé-los. Ape- nas se elucidaria melhor 0 que foi dito anteriormente. Mas 0 trabalho légico dessa organizagio coerente ~ acrescentaria pouco. Prefere-se passar para 0 terceiro nivel da dialética descendente: 0 nive] da interpretacio. ~~ I 3.5-Q Nivel da Interpretacio |) & A interpretaca-no-nivel.da.dialética descendents. 1ambém, serd relacionado com.toda a. teoria. O Ponto de vista tedrico, com os conceitos usados, tera que pexpassar todos os capitulos, desde a colocagao do problema, até os ulos interpretativos. passando pela metodologia usada. Nao ha um tnico momento em = aque se abandons q teoriacentifea la ndo € apenas subjacent toda a contr do bjetg ela ¢ a ma ——" 24

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