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Teoria e Critica Pos-Colonialistas
Teoria e Critica Pos-Colonialistas
‘As descrigdes de Fernio. Canteen Do dina e terra do Brasil (edigio inglesa de 1625), Jean de Léry, em Viagem @ tera do Brasil (1578), ¢ Gabriel Soares de Sousa, em Tratado descritivo do Brasil (1587), com sua pretensio de’ objetividade sobre frutas tropicais, esmeraldas, rios e outros temas, como também a atomizagio dos objetos deseritos pelos pintores e botinicos holandeses, como Albert Eckhout, Willem Piso, Johan Niehoff e Georg Marceraf, escondem o discurso imperial A I textos literérios escritos sob @QREEENBEEED or natives que receberamsua educacio na metrSpole e que se sentiam gratificados em poder eserever na lingua do europeu (nessa época nfo havia nenbuma consciéncia de cla ser também do coi ; ED. = GEENA spoons deren Australia sentiam-se privfleradas em pertencer a classe dorminante, ou em ser por ela protegidos, e produziram volumes © de poems ¢ romances. (1601), de Bento Teixeira QM (1769), de Basitio da Gama, sio exernplos clissicos desse fendmeno na literatura brasileira Embora muitos dos temas (0 fato de que supostamente a cultura do colonizado era mais antiga do que a evropéia, a brutalidade do sistema colonial, a riqueza de seus costumes, leis, cantos & provérbios) abordados por esses autores estivessem carregados de subversio, sem diivida os autores io podiam ou nao queriam perceber essa potencialidade. Além disso, a manutengio da ordem ¢ as npostas pela poténcia imperial nao permitiam nenhuma manifestagio que pudesse restrigies| mg > diferente dos critérios candnicos ou politicos. SMR ses soa de exes, 4 parr de ato gan irene. GEMBETIED com 05 padres da metopole. Evidentemente, essas Titeraturas dependiam do cancelamento do poder restritivo, ou seja, comegaram a ser escritas ou umas décadas antes ou a partir da independéncia politica. A oscilagio de “brasilidade” nas obras de Basilio da Gama, Santa « Rita Durio, Clindio Manoel da Costa, dos poetas rominticos e de José de Alencar € muito nitida: a bajulacio a0 colonizador, o estilo literério portugués, o afastamento da retérica camoniana, temas brasileiros, fabricagio da mitologia brasileira. Pela conscientizacio pés-republicana, com Machado de Assis ¢ com 0 Modernismo, ocorre a guinada completa do estranhamento ¢ afastamento da literatura brasileira dos parametros metropolitanos, sejam esses portugueses ou franceses. Devido 4 manutengio da centralizacio britinica, acredita-se que a literatura em inglés oriunda das ex-coldnias Dritanicas tenha ido mais longe em sua énfase na linguagem, na parédia ¢ na sitira. Em Things Fall.» ° Apart (1958), Chinua Achebe ridiculariza o administrador colonial que deseja escrever um livro sobre os costumes primitivos dos selvagens do alto rio Niger, quando 0 autor j havia exposto a ¥ complexidade de costumes, religiio, hierarquia, legislacio e provérbios da tribo dos Igbos na regito r chamada Umuofia f T estos ltetirios produaidos por representantes do poder colonial (viajantes, administradores, esposas das! calonizadores, religiosos). texts literarios prodhzidos por natives, mas sob supervisio colonial (religiosos mativos, classe intelectual educada na metro, protegidos des colonizadores) 3. textos literrios eseritos por nativos a partir de certo grav de diferenciagio dos padres da metrépole, acé sua uprura total (Quadro 8, O: 183 momentos da Ineratura pés-colonial QUESTIONANDO 0 CANONE LITERARIO Quais sio os documentos histéricos ou literirios nos quais a voz do subaltemo € transmitida? Como o colonizado se descreveu durante séculos de submissio? Como o europeu viu a presenga do autro? No cinone literirio 0 colonizado encontrou sua voz ou esta ficou relegada 2 auséncin? Ninguém pode negar que atualmente ha uma verdadeita extensio do cinone literitio, jf que textos de mulheres, indfgenas, escravos e membros de outros grupos historicamente marginalizados comecaram a emergir. Houve tempo em que 0 cinone literfrio estava fechado: somente um 233nT eonra Lrvendara conjunto de textos, cansagrados comio esteticamente excelentes, era escolhido pelo grupo social e politicamente dominante, ¢ considerado digno de set lido, com a conseqitente exchisio de outros textos que nio coadunavam com o ponto de vista do grupo hegeménico. Um maior nimero de textos esto sendo estudados como representagdes da experiencia e da cultura da mais variada gama de grupos de pessoas. Houve comprometimento nos padrées literirios? Os textos formadores do cinone foram escolhidos pela sua exceléncia literiria ou pela representatividade cultural? E legitimo insistir sobre uma representagio politicamente correta para cada minoria, em detrimento da utilizagio de eritétios literirios? Discutem-se muito, atualmente o cinone fteririo e sus formagio, Enqeant ERD em O cinone ocidenial (1995), insiste sobre SD deplora qualquer ideologia na critica literéria, 4 (multiculeuralismo, m0,_afrocentrismo) (1998), que Sabe-se, contudo, que a formagio do cinone literdrio deuese porque cettas obras fiterrias em’ determinados perfodos hist6ricos.cultuavam. interesses e propésitos. culturais particulates, como se fossem 0 7 ‘como certos textos foram selecionados por interesses, commando-se, portanto, dignos de serem estudados. B 2 permearam as escolas do ensino fundamental, ico padrao de investigagio literiria. E extremamente interessante saber interessante investigar como as idéias de excelencia lite ‘05 exames vestibulares, o curriculo dos cursos de Letras nas universidades. Os romances de José de Alencar (1829-187), o principal escritor da brasileira e expoente maximo do Indianismo, foram apropriados no cinone literirio brasileiro porque nos periodos pés-independéncia e pos-repiblica “necessitava-se de alguém que mostrasse orgulho, amor, defesa da pitria, ¢ criasse arquétipes de uma terra edenica e da unificagio nacional. Na Inglaterra, as obras de Altied Tennyson (1809-1892) naturalmente entraram nto cinone literrio por causa de seu enaltecimento do imperialismo britinico, da coragem de seus soldados e dos arquétipos criados no conjunto de poemas sobre os fundamentos miticos do povo inglés. Por outro lado, muma sociedade patriarcal e machista, os textos ¢ as biografias das escritoras brasileiras do século XIX € do inicio do século XX foram quase todos suprimidos. Suas obras foram literalmente relegadas a0 esquecimento. Somente nestas iiltimas décadas a academia brasileira (especialmente nas universidades federais do Rio Grande do Norte, de Minas Gerais e de Santa Catarina) resgatou a historia € as obras de autoras brasileiras. O mesmo aconteceu no bojo da sociedade branca e enropéia dos Estados Unidos. Entraram no cinone hiteririo estadunidense os textos dos ex-escravos Frederick Douglass (1817- 1895) ¢ Harriet Ann Jacobs (1813-1897) apenas nos diltimos vinte € cinco anos do século XX, devido a interesses de diferentes experiéncias culturais e de formas literirias ARELEITURA A releiuira @ uma estratégia para ler textos literdrios ou nfo-litersrios e, dessa maneira, garimpar suas implicagdes imperialistas ¢ trazer & tona © proceso colonial. A releitura do texto faz emergir as nuangas coloniais que ele mesmo esconde. Quando se 1@ um romance da literatura brasileira do séeulo XIX, por exemplo, nada se depara, 3 primeira vista, sobre os contrapontos da riqueza pessoal dos personagens, da suntuosidade de seus solares e de sua vida folgada, A reinterpretagio ou a leitura conirapontual revela que a origem dessa riqueza esté enraizada na escravidao de findios e negros, no comércio da carne humana, na invasio ¢ violagio de terras alheias, nos castigos horrendos, na manutengio do estado racista. Fundamentando-se mio na intima relagio entre literatura metropolitana (portuguesa) ¢ colonial (brasileira), mas na realidade social e cultural, a releitura € uma volta “ao arquivo cultural (que é lido] de forma nfo unfvoca, mas em contraponto, com a consciéncia simultinea da histéria metropolitana que esti sendo narrada ¢ daquelas outras historias contra (¢ junto com) as quais atua 0 discurso dominante” (SAID, 1995, p. 87). A reinterpretacio é, portanto, uma maneira de reler os textos oriundos das culturas da metrépole e da coldnia para focalizar os efeitos incisivos da colonizagio sobre a produgio litera, relatos étnicos, registros hist6ricos, discursos cientificos e anais dos administradores coloniais, A releitura € a desconstrugio das obras dos colonizadores, de nativos a servigo dos colonizadores € de escritores nacionais, Demonstra como o texto € contraditério em seus pressupostos de raca, civilizaco, justia, 2343) 3 edd) Teorra © critrea pbs-covomratrsras religiio, Pde em evidéncia a ideologia do colonizador e 0 processo da colonizagdo. Uma desconstrugio de yvela que o colonizador que insiste na selvageria das tribos da Nigéria ¢ um mentiroso, porque o romance de Achebe esta cheio de epis6dios de literatura oral (oraura, provérbios), de leis para ditimir questdes litigiosas, de priticas religiosas, de convivéncia social harmoniosa, A teinterpretagio faz parte da inevitavel tendéneia do académico que trabalha com o pés- colonialismo para subverter o texto metropolitano. As estratégias subversivas revelam (1) a forma da| dominacéo © (2) a resposta ctiativa a esse fato. Isso acontece quando (1) se denuncia o titulo de’ “centro” que as literaturas européias deram a si mesmas, ¢ (2) se questiona ponto de vista europent que “natural ¢ constantemente” polariza o centro ¢ a periferia, E importante desafiar este tlkimo item, ou seja, frisar que mio € legftimo ordenar a realidade dessa maneira, Até meados da década de 1960, Prospero, o duque © mago, em A tempestade (1611), de Shakespeare, eta analisado como um homem maltratado pelo proprio irmio, Prospero é descrito como um pai bondoso, um orientador de sua filha Miranda e de seu futuro genro Ferdinand, um homem que castiga apenas quando a necessidade urge, um cavalheiro que sabe perdoar os inimigos e esquecer 0 mal que The fizeram, Uma leitura pés-colonial, no entanto, comega a desenvolve respeito desse personagem. Prospero revelo Caliba; 0 senhor que escravizou nativo apés seduzi-lo; o controlador da memoria de Ariel, Calibi € Miranda para satisfazer sua ambigio; o déspota que mantém o dominio sobre a sexualidade de sua filha Miranda ¢ de seu futuro genro Ferdinand; o personagem que sai da cena triunfante ¢ imune a qualquer ato de insubordinagio. Essa releitura revela as implicages do encontro entre colonizador € colonizado, as estratégias de dominacio do primeiro, a marginalizacio e a objetificagio do nativo, a resisténcia do escravizado pela utilizacio da Kngua do colonizador e pelo revide fisico. Revela 4 também a incipiente histéria da colonizagio britinica ¢ suas estratégias de polarizagio que serio t desenvolvidas na terrfvel hist6ria do império inglés entre os séculos XVIII ¢ XIX. | A peca QGUSMNMGGANEGMAMD (1587), de José de Anchieta (1534-1597), parece revelar simplesmente um drama singelo © primério com que o missiontio podia facilitar a pregacio da doutrina cristi, Uma leitura pés-colonial traz 8 tona a (SME © / as quais revelam © maniqueismo (ou binarismo) de Anchieta, a objetificagio dos nativos, 0. vilipéndio de sua cultura, a superioridade da civilizagio européia (e da religiio cristi). O texto dramitico expée as claras a ideologia colonial, - Normalmente a leitura de O Atenen (1888), de Raul Pompéia, mostra a hist6ria do internato como reflexo da sociedade no terceiro quartel do século XIX, ou seja, a historia da elite brasileira, “enriquecida pela sctentrional borracha ou pela charqueada do sul”, no contexto de faléncia ¢ da» decadéncia do regime monérquico de base escravista. Uma releitura poderia revelar o sistema educacional curopeu como centralizador e esmagador da personalidade; a resisténcia de uma sociedade oprimida que anseia por uma independéncia verdadeira, em todos os sentidos; a elite traidora da nacionalidade © do povo; a incapacidade de distanciar-se do contexto de dependéncia completo; o surgimento dle sujeitos/agentes que constroem dos escombros a autonomia da nagio. se 0 usurpador que se apoderou da ilha pertencente a 1. Passar de tira aitude que define a literatura como enaltecedara ¢ transcendente para uma visio de literatura inserila no contexte histérico e no espaco geopaltico, 2 Pereeber como as obras de certos auwores aprofundaram o impetialismo, o colonialimo © o pattarcalisma, especialmente quando supéem que os leitores sejam do sexo masculing ¢ brancos, (Chissificar o autor segundo esquema representando os ts momentas da literatura pés-colonial, Detectar na fieéo a ambigidade ameagadora do nativo e da mulher diante da ideologia dominante da conquist, Descobtir o silénicio absoluto, escondendo o sistema escravagista, a objetificagio da mwvlher © 0 aviltamento de nnativos, embora mascaraos ats de manifestagbes de riquezas de patiarcalisma 6. Tnvestigaro aprisionamento do espago colonial e ps-colonial pelo texto europew ox pela teoria literiria oriundos das rmetrdpoles renascentistas ov modernas, ‘Quadro 9. Esratéyias para aalisar uma obra da pont de vise pos-colonial 235i) conta wivewenee AREESCRITA gua inglesa (porém nao exclusiva A reescrita é um fenémeno literirio, muito utilizado em I desta), que consiste em selecionar um texto candnico da metrépole e, através de recursos da parddia, produzir uma nova obra escrita do ponto de vista da ex-coldnia. A reescrita faz parte do contradiscurso, originalmente usado por Terdiman (1985) para demonstrar os métodos empregados pelo discurso da periferia contra o discurso dominante do centro imperial. A selecio gira em torno de certos textos particularmente preeminentes ¢ simbélicos que © discurso dominante irradiava para impor sua ideologia. A reescrita tem por finalidade a quebra da ocultagio da hegemonia candnica € 0 ‘ “questionamento dos varios temas, enfoques, pontos de vista da obra literiria em questo, os quais reforgavam a mentalidade colonial. Logicamente, a reescrita desemboca na subversio dos textos WS eanénicos e 10 dentro do processo subversive. Virios autores latino-americanos r ram A tempesade, Além das obras de George Lamming e Aimé Césaite, basta menicionar A tempestade, de Augusto Boal, Unopia slvagem, de Darey Ribeiro, a pega Caliban (1997), de Marcos Azevedo, e A-tor-men-ta-do Calianus (2001), de Guilherme Duries. © romance Wide Saygaso Set (1966), da caribenha Jean Rhys (1890-1979), € uma reesctita de Jane Eyre (1847), de Charlotte Bronté (1816-1855); Robinson Cruse (1719), de Daniel Defoe (1660-1731), foi reescrito em Poe (1986), do sul-afficano J.M. Coetzee (nascido em 1940). A subversio do cinone literstio através da reescrita nio consiste em apenas substituir um texto candnico por outro modemno. De fato, 0 algo extremamente complexo, porque envolve pressupostos individuals ¢ cinone em si conté comunitirios sobre a literatura, estilo, géneros literdrios © outros. Esses fatores estio embutidos nas estruturas institucionais © formam as grades escolares, a publicagio de textos escolares, exames para vestibulares, hierarquizagio em mengio € em citagbes pela academia. A finalidade da reescrita € (1) a i | suubstituigio de textos, 2) 2 conscientizacio das instituigBes académicas, (3) a relistagern da hierarquia dos [textos ¢ (4) a reconstrugto dos textos candnicos através de leituras alternativas Robinson Crusoe, uma natrativa “autodiegética”, nao menciona sequer uma vez 0 sexo feminino, mas mostra a grande previdencia e trabalho meticuloso do homem em varias situacies limites. O romance reescrito Foe tem a personage Susan Barton (inexistente no romance candnico) como narradora; cla dé sua versio das aventuras do Robinson Cruso (sic) na ilha desabitada. Na segunda e terceita parte do romance, Susan luta para que o escritor Defoe nio se aproprie da versio feminina \ da narrativa ¢, mais uma vez, anule a vor feminina recuperada, No romance pés-colonial Friday, a0 conttétig do caribenho salvo por Crusoe, ndo € 0 indigena ingénuo que aceita sem nenhuma problematizacio a versio religiosa, comportamental ¢ lingiistica do eutopen. O negro ¢ mudo Friday, agora reescrito, recusa a recuperagio de sua historia pelo homem branco e tenta articular diversos modos de expressio para “escrever” a histéria do negro pelo negro. : a 502), de Joseph Contad, os afticanos sio descritos sob o ponto de vista colonialista, como “um rodopiar de bragos negros, um bater infinito de palmas das maos, de pisar aye. « adoidado de pés, o balangar de corpos, de rolar de olhos, sob a enlanguescéncia de folhagem cansada 2 e imévet Ered TT '58, Achebe reinstala a rica cultura africana, rejeita os ¥ esterestipos criados pelos colonizadores, confitma a complexidade ¢ a ambivaléncia da cultura africana, constr6i uma profunda e criativa etnografia e, acima de tudo, apropriaese da forma do romance (a ferramenta dominante da representagio imperial britanica) ADESCOLONIZACAO +O deslocamento do cinone literitio, a releitura ea reescrita fizem parte de um programa geral de P Enganam-se aqueles que pensam que a declaragio de independéncia politica .o produz, por si, a descolonizagio da mente e que as literaturas nacionais e o ensino da cigncia, da historia e da geografia ficam livres de inscrigBes e de residuos coloniais. Ao contrério do que muita gente pensa, a descolonizagio é um processo complexo ¢ continuo e no ocorre automaticamente apés a independéncia politica. Apés a independéncia politica das col6nias, ios poderosos, sempre latentes, das forgas resquai 236ed) Terra € CRITICA POS-COLONTALISTAS calturais © institucionais que sustentavam o poder colonial. Como em geral os defensores € proclamadores da independéncia sentem-se herdeiros dos modelos politicos europeus ¢ relutam em. rejeitar a cultura importada, nfo podem escapar de uma profunda cumplicidade com os poderes coloniais dos quais quetiam se libertar. Em muitos casos, portanto, a libertagio pura e simples dos liames coloniais, (modelos econdmico, politico ¢ cultural) nfo ocorre. Historicamente, isso aconteceu mais nas colbnias de povwadores do que nas colaias de socedades fnvadidas. Embora nestas dltimas a descolonizagio fosse mais radical ¢ abrangente, profundos resicuos ainda existem, 1 Contestago cs interpretagbes eurocéntricas. 1 Reescritura auto-reflesiva da historia da colOnia na qual se pereebe que a realidade do passado tem influenciado 0} presente 2, Desafio 3 centralidade, & universalizagio e 3s forgas|2, A marginalidade ou excentricklade (raga, género, hhegeménicas. nnortmalidade psicaldgica, exclasio, distinct social, hibridisio cultural) uaa fonte de energia crates alla com os discursos existentes| 3. Instalagio do contradiseurso pela iransgressio 3, A ironia e 2 parddia Uissolugio das formas Iteririas eusopZias ov suns] ¢, 20 mesino tempo, os con fronteras ‘Quadro 10, Os prineipios da descolonizagio. Aeestratégia do poder colonial é deixar uma elite nativa que perpetua sua ideologia e seus paradigms. Operando através do antigo conceito de omprador, © neoclonialimo torna-se manifestagio das operacSes da globalizacio do capitalismo ocidental ¢ a estratégia para controle global. Pode-se dizer que a globalizagéo da economia mundial baseia-se (1) no fato de que as mudancas no controle econémiico € cultural nio ocorreram ¢ (2) ma coniviegio de que a formagio da elite comprometida com as nagbes hegem@nicas era premeditada ¢ realizarase através de discriminagées, lutas classistas € priticas educacionais, Adermais, 0 eurocentrismo continuou influenciando a mentalidade das nagdes " politicamente independentes com seus modelos culturais, especialmente pelo binarismo (literatura ¢ oratura;linguas européias e kinguas indigenas, inserigGes culturais européias € cultura popular ete) 1. Apropriagio da lingua colonial pelo eseritor oriunda] “0 escritor[africano] deve ser capaz de moldar a lingua do daexcolénia colonizador pats que poss transmitir a sua esperiéncia specifica” (ACHEBE, 1975). 2, Recusa de adotar a lingua do colonizador “Qual € a diferenga entre um politico que afiama que a Alvica nfo se deseavolve sem o imperialismo ¢ 0 escrit ‘que afirma que a Affica necessita das linguas européias (NGUGI, 1986), 3. Recuperagio e reconstrucio da cultura pré-colowial. | Spivak (1995) © Bhabha (1984) argumentam sobre a impossbilidade dessa recuperagio devido a processos de mmiseigensgio cultural durante o periodo colonial 4. Aceitgio pelo esertor de uina idemtidade wansmacional | *O impé ‘¢ 20 mesmo tempo, o aprofandamento ca erica diatecapitalismo mundial para os intelectuais da periferia? Nao é possivel que a intima ligagio entre pos- ¥". 2) modernismo © pés-colonialismo, este considerado o filho do primeiro, acontega nio por novas (sf perspectivas sobre a cultura ou de uma reviravolta do poder, mas apenas um pretexto, ou s¢ja, por causa da visibilidade crescente de intelectuais dos paises emergentes como inovadores? Essa problematizacio nio invalida a atitude ¢ 0 esforgo do académico brasileiro, profissional de Letras, em seu comprometimento para descobrir como os povos estio fixados em estruturas opressivas e para descortinar a subjetificacio de tais individuos (nea)colonizados. O seu esforgo para a flexibilidade da teoria existente € 0 surgimento de outras teorias autéctones so de grande valia para reinterpretar todes 0s textos pré- ¢ pés-independncia politica oriundos da inserigio colonial (BONNICI, 2000). Tendo como prinefpio que descolonizar nio € simplesmente livrar-se das amarras do poder imperial, mas procurar também alternativas mio repressivas 20 discursoimperialista, a descolonizagio da literatura ¢ da critica literéria dario um nove € mais aprofindado entendimento 0 académico. £ andlogo ao sentimento do escravo afro-americano Frederick Douglass (1817-1895), quando descobriu o segredo da escrita. “Houve uma nova ¢ especial revelacio, explicando coisas até entio obscuras e misteriosas, contra as quais © meu entendimento juvenil tentava vishumbrar, mas lutava em vio. [..] Foi uma grande vitoria, estimada por mim sobremaneira. A partir daquele momento, entendi o caminho da escravidio para a liberdade” (DOUGLASS, 1988, p. 78). 238REFERENCIAS ACHEBE, C. Morning yes om eration cay. NewYork: Doubleday, 1975, APPIAH, K. A; GATES, H. L. The dictionary of global culture, New York: Knopf, 1997. ASHCROFT, B.; GRIFFITHS, G.; TIFFIN, H. 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