You are on page 1of 12
Maria Luisa Ortiz Alvarez (org) QUESTOES DA INTERLINGUA NA PESQUISA EM LINGUISTICA APLICADA aprendizage™ discurso pesquisa ‘S) ‘hy percepsa? Pontes Dados Internacionais de Catalogagao na Publicacio (CIP) Alvarez, Maria Luisa Ortiz ‘Novas linguas/linguas novas - Questdes da interlingua na pesquisa em linguistica aplicada / Maria Luisa Ortiz Alvarez Campinas, SP : Pontes Editores, 2012. Bibliografia. ISBN 978. 7113-404-1 1, Ensino de linguas - interlinguas 2. Linguistica aplicada 3. Comunicagao I. Titulo. indices para catalogo sistematico: 1. Ensino de linguas - interlinguas - 407 2. Linguistica aplicada - 418 3. Comunicagao - 407 Mania Lisa Ortiz Awvaeer (Or,) A INTERLINGUA NA ESCRITA DE BRASILEIROS ALUNOS DE NIVEL AVANCADO DE ESPANHOL i Arturo Salinas (Universidad Auténoma do México, Unam, México) 1, Introdugo Segundo Pulido ¢ Jurado (2001), por razdes internas ¢ externas, 0 es- panhol, em nossos dias, se encontra na fase de consolidacao como lingua de comunicagao internacional com um reconhecido prestigio em nivel mundial. Internamente, esta lingua representa um sistema linguistico com uma estrutura gramatical consolidada o que permite a comunicagao entre aproximadamente 400 milhdes de pessoas, embora apresente uma diver- sidade em outros niveis linguisticos. Externamente, como é bem sabido, oespanhol esta entre as primeiras quatro linguas mais faladas no mundo. Pulido e Jurado (2001) afirmam que “o potencial econdmico do espanhol ésté associado fandamentalmente ao seu peso demografico”. E evidente que 4populacio hispana, € um mercado atrativo, do ponto de vista do consumo, Para as empresas multinacionais. Assim, elas se vem obrigadas a utilizar o “spanhol nas estratégias comerciais dirigidas a esse mercado, Oensino/aprendizagem de espanhol no Brasil nio é uma pratica recen- 'e. Foram varios os fatores que levaram o espanhol a ter uma importincia maior dentro da sociedade brasileira hoje. Seja pela globalizacao ou pelos diferentes tratados e acordos que © Brasil tem assinado com parceiros do Tetcosul, o espanhol, como 0 inglés, esta se tornando uma lingua imprescin- divel perante as necessidades de comunicacio desse pais com seus vnaon Wetsos si am manifestado o crescimento do interesse Bes, sists egg 03 Bussil Tenorio-Mejia (1998), Benitez (1999), 'gel (1999), Kulikowski & Gonzalez (1999), Eres Fernandez (2000), Ferrari 000), Moreno (2000), Cruz (2001), entre outros. Como jé foi mencionado, o espanhol encontra-se numa fase de con- “*ldacio internacional, porém, ainda so poucas as pesquisas voltadas para 525 a compreensio do proceso de ensino/a lingua estrangeira Woravante B/LE) P A@*™ 4° espanbol con 2. Uma preocupasio constante: a procura. cin becocupasio constant: procura de um método direconada pa O espanhol ¢ 0 portugues sio li linguas muito proximas, Por ensino de espanhol para falantes nativos de portug ae cas especificas, que levassem em considerat (1997, p8) afiema que: Portugués deveraercancean, Ho essa proximidade. Catmolinga {1 vanagem inca, quando d ano da aprensizagem de un toga grata, nem sempre (ais eas vere) culms nods ak Pare iid d ing waa. Mito po cnt oes Drovavel €estacionar numa inerlingua, nei ov motes dene da meta Faclmente a fostiliagto toma cot, invabiease aualquer progress. A semethanga entre o espanhol 0 portugués permite estabelecer, desde as primeiras aulas, um ambiente de confianga para os alunos compreenderem, sem nenhuma dificuldade, a fala do professor. Isso facilita a comunicacio ‘entre ambos, contudo verificamos que também provoca constantes inter feréncias da lingua materna (doravante LM) na producio dos aprendizes © aluno brasileiro mostra, no comego do processo de apreniagers da lingua espanhola,tragos de fossiizagio na sua iterlingua, Esa fossiizgio ‘corre, talver, por acharem que 0 espaniiol é muito parecido com o portugues Kalikowski & Gonzalez (1999, p.12)afirmam que se pode esborar 0 perfil do cestudante brasileiro. que geralmente procura 0 curso de espanhol. Segundo txsas autoras, num primeiro cendtio de desenvolvimento o apreniz basi Scha que“. 0 expanhol€ fice semelhante a lingsa matern, to fic ques pov entender tudo eno precisa escuar” (nsdio nossa) A.assersio acim, E confirmada por Feira (997, pS) gue pol ia oe * inguas faz com que o ako fale uma mista de porous ee Me que realmente st flando a ingu-alvo orwvan LS) aroplaente za p> Terminologia Espanol como Lagoa Estrangira (E/LE) ¢ pemeey ‘Ausgdandone do precio de si prenzage despuolcome Pevdptexo nacional quanto cm ternacionsl Preise 2 FMewaks 8c Goma 1999, 12) cl espaol x ely semen 8 eS fall qe se puede entender todo y 90 neczsta exit 526 i, © espanhol € 0 portugués serem linguas proximas também ro de fate < aluno brasileiro, antes mesmo de comecar o es oe ido de E/ i ese vel” compreensio oral eescrita da LA, o que permite 10 com falantes naivos. Estudos tm demonstrado Teer ea on falantes de portugues de espanhol. Numa pesquisa em ee ram exposios a grvagdes em io, Jensen (1989p. 851) ve roe 5 espanhol € o portugues sio mutuamente intligiveis entre econ 8 menos nos esos das meds feta no ext, Una ots sire 604 Pr wolvida por Henriques (2000, p.263), mostra que existe um vomon econo cmlcrr, aproximadamete de 8879494" ene sos ge espanhol e portugués. Assim, nio poderiamos classificar 0 a praieico como principiants,¢ sim como um flv paneipiante “Almeida Filho (1995, p16) argumenta que os hispanofalantes aprendi- vende portugués cém frequentemente a percepefo de que esto falando ou + er endo ettado ao tentar falar ¢ escrever na LA nos primeiros estigios. Gi wleramos essa colocagio igualmente vida para 0 caso dos falantes de pornagues que estao aprendendo espanhol Portanto, acreditamos que um ensino com base em uma progressio lenta gradual dos contetidos pode no motivar devidamente 0 aluno e terminar fonduzindo-o a uma aprendizagem inapropriada. Almeida Filho (1995) sirma que a familiaridade dessas linguas indica que o ensino deve se basear em uma progressdo de contetidos de processo mais agi! para possibilitar, assim, experiéncias de uso comunicativo, ensino tematico ou interdisciplinat. © autor (apud FERREIRA, 1998) ainda menciona que esta proximidade entre as duas linguas “permite adequar um planejamento evolutivo no qual experiencia de aprender linguas torna-se parte da experiéncia de aprender fouttas disciplinas.” Por outro lado, Higgs & Clifford (apud TARONE, 1995) acreditam que amaior desvantagem de uma experiéncia baseada principalmente no uso ‘comunicativo da linguagem, sem muita atengo as estruturas gramaticais, leva aluno a uma relativa fluéncia e sucesso em termos de comunicagio. Porém, © sbrendiz corre o risco de produzir formas gramaticais ou fonologicas que Sedesviam da norma, A tespeito da escolha entre 0 ensino da forma ¢ do uso, Widdowson (1978, 1.36 Es {178 36) sugere que: tum conhecimento de uso (comnicatv) preci, Faect2 da necessidade, incluir um conhecimento de forma (gramatical)” ‘Autor acrescenta, ainda, que € sensato planejar cursos voltados para 0 527 Pen nce ANCA uso. Porém, isso indo significa que nio possamos usar exercicios para siste matizar estrunuras gramaticais quando for necessario A discussio sobre qual é a melhor metodologia, um ensino/apren- dizagem com enfoque comunicativo ou aquele com base na forma, nos faz pensar sobre as necessidades especificas dos nossos alunos, neste caso 0s alunos brasileiros. Acreditamos que 0 ensino de espanhol para brasileiros precisa tanto das metodologias de base comunicativa como das metodologias de base estrutural, pois se pot um lado, a experiéncia saseada no uso comunicativo nos permitiria desenvolver programas mais dinimicos ¢ motivadores, dado 0 entendimento reciproco que se estabelece entre os brasileiros ¢ os falantes de espanhol, por outro, os ‘exercicios gramaticais auxiliariam o aluno a sistematizar as estruturas que ‘causam mais problemas na aprendizagem. De acordo com Marton (apud JORDAN, 1991), 0 aluno adulto esta beleceri inevitavelmente um processo de comparacao entre a LA ¢ a LM. "Assim, seria melhor induzi-lo a fazer melhor uso dessa comparacio para evitar que ele cometa erros devido a assimilagdes indevidas. Jordan (1991,p.789) ‘menciona que, no caso do ensino de linguas estrangeiras para adultos, parece ser itil assinalar as diferengas morfolégicas ¢ fonol6gicas basicas entre as —| eR «os aifosvesice ines nde educacin “Mucho pela cont ‘Onissio da preposeio wean @ pads» [opie Sees aime [sede i es nies. TEE tec con apexes ‘muchas diacusiones ow ‘Orissio apreponigide| miles © gastos paral ‘muchas vezes wn gran problema Uso evade da prepost:| .Uegando cds ver mis tarde Paral construct de miguinas undo lea Is adolecencia ee [Uso indevido e pros] Ee mi poo devs Sey sce BBP | Deeve mca devia. | buscando saison profisonal ef ee a ae 4 complement indie fe | por una mor evaded de ile m alee expo | say nv itn, Bevaieee sempo pars car ea ae pose caren empano Tos tabures son un dos pipes. Pncoyendo, rom por ests ‘aromes que personas pero ae os dos primer hg, puede decir PS aquela Gpaca era mucho| cama nencin, dada © eo sy aries is Otros errs geficos poem seridentcados como italien $0 eausados pela propria LA, Nao podemosafrma, com estes 0% dees sio intrainguais. Sugerimos que outras pesquisas sobre aq ‘spanhol permitam gerar tas conclusoes 539 @ Com relasio aos erros gramaticnis constata confusio entre ve eh omissio-e uso imdngh do pronome complement indireto fre coma nossa expertin © tendéncia a de se que possam ajudar nossos alunos a sist ‘entar erradicar esses ertos, tematizar essas estruturas, QUADRO 3:Frwos gramaticais (eros) tun hijo que se cambiar en un homie se tornaba muchas la nifies que hay que ser bien connruda] los padees tienen elegido la cucla. | El progreso Gentfico costa macho Volvendo on el tempo de 08 hij 4 vinta bien par _[-tenemos que piensar Ios 10s nen que eligt uno de leben desfratarla sin Lines a internet ya ejerzcan a rasa Empezemos por decir que No @ ie yo tenga alo en comin ara ellos estaten siempre. Coad Megara adoesnei ‘tras personas hari, Com relagio 20 uso dos verbos, observamos no quadro 3 que 0° ‘cometidos com bastante frequéncia nos niveis iniciais, ainda sio perssten's nas produgdes escritas dos sujeitos. Esse € 0 caso das ditongacées inadeqs das € do uso indevido dos verbos haber e fener. ‘Notamos, também, a presenga de erros cometidos por alunos oe veis intermediarios, tais como 0 uso do futuro do subjuntivo ¢ do a ‘pessoal, tempos inexistentes em espanhol. Também verificamos 0 080! quado dos verbos que expressam transformacao, Esses ettos si0 | sae estruturas que tendem a se fossilizar na interlingua dos sujeitos pesa™i so nt at Psa sca Ann ¥ 9, Considerasses finais BI sl pb cnc enw ee SGN aM APN condurida por Cruz. (2001), em que se estudam os estigios de IL na oralidade dc ot obleaspetsstentes desde os nv a da sprendiage ‘Apenas uma coleta de dados slidades e fossilizacdes na competéncia comunicativa dos sujeitos pesquisa Ne a cooclci ee EET REE EE aa 'A semelhanga entre 0 portugués e espanhol é, sem diivida, uma grande ajuda para brasileiro que comeca a aprender espanhol como LE. Porém, com muita frequéncia, torna-se uma fonte de confusio. Representa tum elemento facilitador para o aluno cujo objetivo s6 entender 0 espanhol ¢ ter um conhecimento basico. Todavia, € um empecilho para quem quer ter um conhecimento mais profundo da lingua, principalmente devido as constantes associagées que 0 aluuno estabelece Assim, concordamos com Almeida Filho (1995,p.17) que defende a ne- cessidade de uma “metodologia portadora de algumas especificidades” com base na lingufstica contrastiva. Com isso, as armadilhas da tao mencionada facitidade seriam evitadas pois como acrescenta 0 autor “a familiaridade ine rente a proximidade das linguas é a favor de uma progressio de experiéncias de contetido ¢ de processo mais Agil, possibilitando experiéneias com areas de uso comunicativo”. Somos da mesma opiniio de Lima (2002) quando a autora menciona gue o professor deve possuir uma boa formagio. Ou seja, ter um excelente nivel linguistico /comunicativo e uma boa preparacio psico-pedagogica, para Poder reconhecer as dificuldades especificas dos alunos brasileiros. Tanto os Professores, como as pessoas envolvidas na tomada de decisoes sobre quais materiais adotar nao podem “se deixar levar” pelas propostas supostamente comunicativas encontradas nesses recursos didaticos de ae tlmente, concordamos com Cruz (2001) quando revela a necessida- de de novos insumos que proporcionem oportunidades de imersa0 na LA. lem disso, a motivacio e a participacio do aptendiz sio muito importantes ara 0 sucesso da aprendizagem. O aprendiz nao deve se limitar a pratica ‘pasala de aula, Ele deve tomar a iniciativa, se formar um agente ativo no sex. Brocesso de aprendizagem procurando situacdes onde possa usar de maneira mica ¢ criativa a LA. sal (dest on tmnt Pat a Uns AN REFERENCIAS. ALMEIDA FILHO, CP. Dimensies comunicatvas no ensino de lingnas. Campy Pontes 1993, Pinas ontes 1995, 7 BENITEZ, P. Metodologias y materiales para la ensefianza del espaol como Lk Tn: Actas del VI seminar: La enseianza del earl a lnsohablantes: Difultade commategias, Consejeria de Educacion y Ciencia, Embajada de Espana en i Oxford University Press, 1974, ze Idiosyncranc dialects and error analysis. In; IRAL, IX (2): pp-147-60, lings, 1971. The significance of learner's errors In IRAL, V (4). pp. 161-70, 1967 CRUZ, M. Estigios de Inertingua:estada longitudinal entrado na orlidade de ies srasiiras aprendizes de espanho. Tese de doutorado. Campinas: UNICAMP, 2001 RERNANDEZ, 1. B Ua peoduccion demaicralcs didicsioos de espaol lengua cextranjera en Brasil In; Anuar Brusiro de Estudos Hishénics, Suplemento Ei en Bras pp. 59-80, 2000 FERNANDES, TRP.A prerenga da L1 na ecritainicial inal de Heenciandos em Letras! Epanbol. Dissertagio de mestrado, Brasilia: UnB, 2002 FERRARI, A. A pesquisa no ensino de espanhol no Basil. In: Anats de Semana de Laras, Cascavel: EDUNIOESTE. pp. 13-17, 2000. FERREIRA, L.A interlingua do falante de espanhol eo papel do professor: acctagio ‘cita ou ajuda para superi-? In: ALMEIDA FILHO JCP. (Org). Portages pars etrangeros, interface com oespanbol. Campinas: Pontes, 1995 ——__ Perspectivas interculturais na sala de aula PLE. In: SILVEIRA, R. (Ors), Portugués Lingua Estrangira: Perpectvs. Sio Paulo: Cortez, 1998 Interface portugués/espanhol. In; ALMEIDA FILHO, JCP. (Ore) Parimatros Alwaisparao ensino de Portugués Lingua Estrangera, Campinas: Pontes 1997. FRIES, C. Teaching and Learning English asa Scand Lanquae. Ann. Arbor: Univers of Michigan Press, 1945, GONZALEZ, N. A questio de ensino de espanhol no Brasil. In: Perpetita Ano + No. 8 Jan./Jun. Floran6polis,1987. HENRIQUES, E. Intercompreensio de texto escrito por falantes nativos de portugués e de espanhol. In; DELTA Vol. 16, No, 2p. 263-295, 2000 542 i SS Ma Us Ou Auer (Oe B On the Mutual Inelgbiiy of JENS pp. 848-852, 1989. DAN, I.) Portuguese for Spans Wei: Hispania 74. pp-788-792, 1991, KULIKOWSKI, M. & GONZALE7, x tande determinar la justa medida de na LADO R. Lins: Acs Cars ichigo chien Une {hts te Mees mans bsp ence refexiones sobre Ia competenca comaniaiva denote Ins Rita Hipansta disponivel onlin 01106 2081 -TARONE, E. ¢ YULE, Fs ot te Langu Lear Oxo Oxrd Unies Press, 1995 ‘TENORIO-M Mestrado. Bras SpanishandPoruguce SET Hip h Speakers: A Case for Coy Espatiol pata brass, Sl b CeTEani. In: Amur aod es 1957 LE? Ns ios mimon oles Certs, Mad sino jn language learners. In TRL IX() A, R. Politica Linguistica pola dees deepen n Bail Tese UnB, 1998, SANTOS, P.O ensino de portagués como segundalingu par fants despa teoria e pritica. Ia CUNHA, MJ. e SANTOS, (Org) Essie « Pago of Portugués para Estraneiras. Beast: Edunb, 199 SELINKER, L. Incerlanguage-In: IRL X. pp 209-50, 1972 Redicoerng Intrlonguae. Longean: ses, 1992. SRIDHAR, SN. Contrastive analysis, cero nasi and iteranguage: thse phases ‘of one goal. In: CROFFT, K. (ed) Reais o Engi a Second Lae fr teachers and tahes trains Cambri: Wintnop Publishes nc 780. WIDDOWSON, H. O enn de nua pars a coma Camas: Pes 5

You might also like