You are on page 1of 12
Dune rarer, JOFFS, Laren Cet ° Pervenn *S Be Tours: Tsasrectwe 2000 zeres; anos depois, em 1945, teve senvolvimento mas atualmente ares rurais e quase du rales e, talvez cinco a seis tensino © de grupos de jovens, realmente de uma comuna sobre quatro mente, como veremos mai ye ele um surto de de- istem s6 cerca de mi jaisons de Jeunesses Ru- ativos. wma Orga Em todos os meios sociais, continuam a ser menos nu- merosas para a mulher ameaga 0 descanso de numeros¢ res socioculturais, e de pr Que 6 0 lazer? peaaaatessdes ee Mare, ned Rica jazer na vida operdria de seu tempo. mento das grandes indistrias acabara com 0 antigo 1 mo do trabalho, determinado pelas est interrompidos pelos jogos e festas. Ai de trabalh a0 qual (9 repouso, definido por Marx como forga de trabalho. Nesse tempo, & a realidade. Hoje, 0 repouso conjunto integrado pelas mais diversas atividades, do que para o homem e a estafa sntes € animado- sxerce conseqtiéncias tio sérias ja e a cultura que nos achamos, ponents. mais 10 poder vie observagies sobre a°situagio do © desenvol tages do ano € .p6s longas horas nos referimos, s6 restava reproducao da ni or exem| “hobbies”, dadas*, dos (19). A palavra diz nada. Compreende al tons d'Ingles ** e de outros mo- ‘obby”, porém, diz tudo e nao ides fiiteis © outras ati- vvidades importantes, positivas ow negativas se relacio- nadas com a sociedade, a cultura © a personalidade. Colecionar anéis de charuto é um hobby, como também ser fandtico por histéria em quadrinhos ou por pegas de Shakespeare. O norte-americano Larrabee (20) rea- giu, recentemente, contra a confusio existente a respeito do conceito de hobby, salientando também que autores bastante credenciados incluem entre 08 hobbies 0 gosto de nada fazer... Parece que nfo serd o conceito de hobby que podera nos ajudar a desvendar essas ativida- des especiais, uma vez que ele & mais interessante do que claro. Se avangarmos um pouco mais, seremos ameaga- dos por dois perigos duas tentagies que poderio apri- sionar nossa nova e complexa realidade e dela oferecer representagées demasiadamente esqueméticas. (Os grandes doutrinadores sociais do século XIX, ‘com menor ou maior acuidade, pressentiram apareci- mento do lazer mas nenhum deles, porém, pr i Todos 2 ilusio_intelectu espago que possibilita para Proudhon 0 tem- ete, Ei horas de’ trabalho suficiente para partici dade”. Essa identificago entre o fazer © popular parece ser ainda familiar & sociologia sovieti- ca contemporénea e, na Franca, ela reflete uma das tendéncias da “educag3o permanent cou sobretudo as varias formas deles tendem a reduzir o lazer uma “atividade livre, nfo paga que oferece uma sa- facéo imediata”. A. Ripert tentou uma critica das i das _pela sociologia norte- Mais recentemente, de- |, Kaplan e Wilensky Tisaram o lazer, levando em consideraglo toda a xidade de sua estrutura © das relagGes com dos determinantes da vida cotidiana, Na Frar (03 parciais, confus ‘contramos somente cont trérios, entre os quaig um antes’ é 0 famoso item Littré * encontrarao ‘um tempo que fica di , contentam-se em recopi 6, Somente em 19: Dictionnaire**, actescenta um novo tragées, ocupagdes s quais podemos nos entregar de es- pontinea vontade, durante 0 tempo no ocupado pelo Essas mudancas de pal ypesar de fracas, ja podem ser consideradas como sinais de evolugio dos Costumes. ,Sob nossos. olhos, deu-se uma profunda transformagao dos significados do lazer na vida popu- lar. Uma enquete sistemética, realizada em 1953, na qual se procurou verificar que representava o lazer rmitiu-nos precisar os terrogados a0 acaso nas cidades localizadas no Leste © Oeste da Franga e também em Paris, definiu o lazer opondo-o a taremos um quadro ro subsiste qualquer divida de serem cl mo opostas ao lazer: profissional. suplementar ou trabalho de com- ratérios de um exame 60 definiro lazer opon- do-o apenas a0 trabalho jonal, como 0 faz a dos economistas ¢ sociélogos que trataram des- as de uma f6r- sobretudo, por oposi¢io a0 conjunto das ne fe obrigagdes da vida cotidiana. Dever-se-4, lientar que ele 86 € praticado e compreendido pelas pes- soas que o praticam dentro de uma dialética da vida co- tidiana, na qual todos os elementos se ligam entre si reagem uns sobre os outros. O lazer nfo tem qualquer significado em si mesmo. Sobre o lazer poder-se-ia es- crever quase o mesmo que Henri Wallon escreven sobre ‘0 jogo que, de certo modo, faz parte do lazer: “O jogo é, sem diivida, uma infracdo as disciplinas e tarefas, jimpostas ao homem pelas necessidades priticas de sua existéncia, da preocupacio com sua situagdo © sua pes- soa, mas‘ém Tugar de negé-las, ele as reafirma”. ‘As trés fungies do lazer Na enquete citada linhas atrés, todas as respostas afirmam que o lazer, qualquer que seja sua fungao, é iberagio e prazer. Em seguida, as res- postas diferenciam-se em trés categorias que, @ nosso ver, correspondem as trés fungGes mais importantes do lazer: a) fungio de descanso; b) fungao de diverti- ‘mento, recreagao e entretenimento; c) fungio de desen- volvimento. ‘© descanso libera-se da fadiga. Neste sentido, 0 lazer & um reparador das deterioragdes fisicas ¢ nervo- sas provocadas pelas tensées resultantes das obrigagSes cotidianas e, particularmente, do trabalho. Apesar de ter havido uma melhoria na execugdo das tarefas fisicas, 0 ritmo da produtividade, a complexidade das relagdes industriais e, nas cidades grandes, a disténcia entre 0 lo- cal de trabalho e da habitacdo, deterrainam, certame um aumento na necessidade de repo i ‘ente © pequenas ocupagées sem obje monstrou o Dr. Bize, essa exigéncia apresenta-se ainda mais forte com relagao aos dirigentes: 85% dos quadros superiores da industria se declaram em estado de esta- fa (24). Para qualquer categoria de trabalhador, o estudo da fungo de recuperagio pelo lazer deveria am- pliar o campo das pesquisas sobre a fadiga e a fatiga- bilidade que, na Franga, restr a observagdes ‘nos locais de trabalho, Sob a orientagéo do Dr. Metz esboga-se nesse sentido uma nova tendéncia. Traba- Thos médico-sociais vém sendo realizados sobre as re- 32 lages entre ritmo de tabalhd e 0 ritmo do ize, recorrendo cada vez" mais & colaborago da psicologi do trabalho ¢ da psicosociologia to lazer. A segunda fungéo compreende divertimento, recrea- nfo *. A fungdo. procedente iretamente, a0 tédio. Georges uuito sobre 0 nefasto efeito da monoto- fas parcelares sobre a personalidade do ). Henri Lefebvre esbogou uma ané- trabalhador lise das alienagdes do homem contemporineo, que le- Dai a busca de uma vida de compl compensacio e de fuga por meio de diver séo para um mundo diferente, e mesmo enfrentado todos os dias. A ruptura poderé les reais, baseadas em mudangas (viagens, jogos, esportes), ou ent ficticias, com base ‘na teatro, romance. . .) ide, que depende dos automatismos da agao cotidia da formagao prat lidades de tos recres oferece novas. possibi- a vida de agrupamen- possibilita 0 desen- 33 pre ultrapassadas pela continua e complexa evolucio da sociedade ¢ incita a adotar atividades ativas na uti- lizagio de fontes diversas de informagao, tradicionais ou modernas (imprense, filme, rédio, televisio) ‘A funcdo de desenvolvimento pode ainda vas formas de aprendizagem (learning) voluntéria, 2 serem praticadas durante toda a vida e contribuir para ‘© surgimento de condutas inovadoras e eriadoras. Sus- Citard, assim, no individuo libertado de suas obrigagées profissionais, comportamentos livremente escolhidos e que visem ao completo desenvolvimento da. personali- dade, dentro de um estilo de vida pessoal e social. Esta funcdo apresenta-se menos freqtientemente do ‘que a precedente mas tem uma grande importancia para © incremento da cultura popular. As trés fungdes so solidétias, esto semipre inti- ‘mamente unidas umas as outras, mesmo quando pare- cem opor-se entre si, Na verdade, essas fungées acham-se presentes, em graus variados, em todas as si- tuages e em rela¢do a todos os individuos; podem su- ir; manifestar-se uma de cada vez ou simultaneamente na mesma situagio de lazer: As ve~ to de tal modo interpenetradas que se torna di- distingui-las, Na realidade, cada uma delas nio passa quase sempre de uma dominante. O lazer .é um conjunto de ocupacdes as quais o individuo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se * ou, ainda para desenvolver sua informacao ou formagao desinteressada, sua participacao social voluntéria ou sua livre capacidade criadora apés livrar-se ou desembara- gar-se das obrigagbes profissionais, familiares e sociais. Cultura de vivéncia e vivida As relagdes entre 0 lazer © as obrigagSes da vida cotidiana e as existentes entre as fungées do lazer, umas com as outras, determinam de certo modo uma partici- aco crescente ¢ ativa na vida social e cultural. Essas a caress do sexo, f0 iso UFMG — Mestrado em Lazer Professora: Christianne Luce Gomes DUMAZEDIER, ‘Joffre. Lazer e cultura popular. Séo Paulo: Perspectiva, 1973. rs elagdes so de grande importincia na cultura vivida de nossa sociedade. Talvez devamos desconfiar de todas as atuais teorias que de modo abstrato pretendem explicar as relagSes entre a sociedade e a cultura. Vie~ ram todas elas de épocas em que os fenémenos aqui estudados nfo se apresentavam em toda sua amplitude De outro lado, elas precisam ser repensadas em funcdo de uma sociologia concreta do lazer real e possivel, propria de uma civiizacio industrial e democrética. Referimo-nos a todas as teorias, no importa quais se jam seus postulados —democriticos ou aristocraticos, individualistas ou coletivistas — quer se trate de K Mannheim ou Ortega y Gasset, de Toynbee ou Plekha- nov. Para que uma teoria cultural possa ser consi- derada viva, precisa corresponder néo s6 4 um conjunto de valores como também ao modo como esses valores sdo vividos pelas varias classes ou categorias sociais Nos dias de hoje, essa cultura depende, cada vez mais, dos ideais e das maneiras como o lazer é praticado, Os criadores, educadores e ativistas, que se pro- Oem orientar idéias e atos, conhecem muito bem as no- ‘vas dificuldades que surgem quando se deseja que uma idéia penetre nas massas ¢ passe a constituir uma for- Ga... As reunides sociais, os fins de semana e as fé- ras, possuem também um certo contetido de idéias-for- sa. Nao serd somente a falta de entusiasmo e de com- peténeia dos animadores sociais e culturais que poderé iF 08 graves fenémenos de indiferenga cfvica ot. como seriamos levados a acreditar, caso nos mos nas inimeras confissdes © autocriticas es- tereotipadas que semeiam o caminho de seus revezes No se pode afirmar que um novo regime resolveria todos esses problemas, Pelo menos achamos que po- desiamos langar uma hipétese, dizendo que estéo sendo elaboradas transformagdes profundas © ambfguas no intimo dos homens de todas as classes sociais, partindo de certas futiidades denominadas lazeres. Um novo homo faber Jé salientamos que 0 tempo tomado do trabalho profissional, no decorrer de um século, nfo se transfor- 35 ‘mou, inteiramente em lazer. G. Friedmann tem razio quando se refere, provisbria e prudentem trabalho”. Por exemplo, 25% dos operérios da cidade exercem uma segunda profissdo, apés as horas suple- ‘mentares, regulamentares ou pelo’ menos obrigat6 Necessidades econémicas? Achamos que sim, ma necessidades dependem, muitas vezes, menos de uma necessidade real do que de um novo tipo de vida. Em paises de nivel superior ao da Franga, o tempo liberado pelo trabalho € ocupado sobretudo por outras formas de trabalho. Na cidadezinha de Akron, nos Estados Unidos, onde as empresas que exploram a borracha re- duziram 0s hordrios a trinta e duas horas semanais, qua- se a metade dos assalariados (40%) executa trabalhos ‘complementares ¢ 17% exercem voluntatiamente uma segunda profissio. “Menos trabalho, menos lazer" Q7...* E provavel que motivagdes de ordem psicolégica jamente misturadas com necessidades eo- Em muitos lugares, independente do traba- tho profissional complementar, verifica-se uma crescente expansio de atividades manuais em parte desinteressa- das, em parte as, quer no local de trabalho, quer no jardim da familia, {sso serd lazer? Nao sera lazer? Vimnos que em 4, 60% dos operérios consideram tais ‘como integrantes do lazer, contra 25% que mm de trabalhos necessérios © 15% que apre- sentam as duas respostas disso, sabemos por uma sondagem oficial realizada pelo Institut Francais d’Opi- ion Publique (LF.OP.) que, em certas regides da Franga, pessoas pertencentes ao grupo dos di cuidam mais de seu préprio jardim do que os operérios (44% contra 36%) (28). Trata-se de uma atividade jessada. Os dois aspectos interpenetram-se, um preso das obrigagées ¢ 0 outro 20 dos lazeres. Deno- minaremos essas atividades de sem dade Jue a proporgao seja inversa em paises econo- como ‘a Iugoslivia ssas atividades ocupam quase Assim, em plena ci trabalho © pelas relagées que deta rest desenvolve nos trabalhadores e, em especial, rios, situagbes ¢ atitudes prépr ponés que, cada vez mais, 0 si siderado nao-profission tam um homo faber de um tipo novo, se relacionado com o processo coletivo de produgdo, ¢ muito mais independente do que o outro; © trabalho fica cada vez mais reduzido a um meio de ganhar a vida, a um ganha-pao ¢ j4, em certos aspectos, a um ganha-lazer, Desse modo, valoriza-se na cultura vivencial um novo trabalho manual individual e desin- teressado. Devido a seu valor ctiador, poderd equilibrar ’am mum trabalho con- administrativa e constituir a base de uma reflexao que coloca em trabalho manual em seu justo lugar na “civi- lizago do trabalho”. Os locais onde se pratica o brico- lage ¢ onde os pequenos inventores desenvolvem seus trabalhos so exemplos da possfvel funcio que 0 traba- tho manual poder vir a ter na cultura popular. Encon- tra-se af a semente de renovagio para toda ¢ qualquer cultura, Freqlientemente, porém, esses novos artestos de domingo, restringem'se 2 jardinagem © 20 bricolage ‘Alguns operdrios parisienses, estudados por Chombart, de Lawe, afirmaram dedicat até cinco horas por dia a essa atividade. ..! Sao pessoas indiferentes aos pro- blemas que ultrapassam sua vida particular; poderdo ser bons pais e bons maridos (apesar de, segundo uma cangao da cantora francesa Patachou, nem sempre ser idade ter um marido bricoleur”*; s4o cidadaos rizados, que nfo se preocupam com problemas ios, sociais ou culturais; os meios de informacao das massas abundam em torno deles, mas no 05 u individuos isolados, comportam-se como arte- sos voltados sobre si mesmos, quase como nos tempos ‘em que ndo havia imprensa, cinema, divisao do trabalho fou Tuta de classes. Esses fatos astaz importantes so subestimados pelos sociolégos da recreacio e daqueles que se preocupam em como utilizar o tempo de lazer. ‘Um novo homo Indens Por volta de 1850, a cultura dos operdtios apre- sentava-se ainda profundamente influenciada pelas fes- tas © jogos tradicionais, corporativos e religiosos. Agricol Perdiguier escreveu reportagens pitorescas sobre esses costumes, as vezes fantasistas © outras brutais. Em nosso contexto soci aram-se de um modo que nenbum dos filé- XIX seria capaz. de prever. Hoje € per- 1¢80 aos jogos e concursos, que no mais se apresenta relacionada com acontecimentos im-se, progres- errio ligar os jogos vos da pobreza. Ainda que a predilecdo pelo jogo sempre tenha sido do go: tanto das classes abastadas quanto das populares, der-se-d levantar a hip6tese de que, atualmente, certos jogos so considerados um Iuxo’ conquistado pelas ‘massas, como aconteceu._ com o turismo € 0 esporte. Apés a instituicao do Pari-Mutuel Urbai cortidas de cavalo deixou de ser um pri 508 ricos, freqtientadores do Hip6dromo de Longchamp. © Pari-Mutuel Urbain registrou, em 1949, mais de Vinte e oito bilhdes de apostas, isto é, quatro vezes muis do que nesse mesmo ano dispunha a Direction Générale de la Jeunesse et des Sports para custear todo 0 seu programa. Por volta de 1880, democratizaram-se outros jogos que outrora, eram reservados juventude burgue- sa, aqueles jogos de aco que compreendem “virtudes educativas”, como os esportes. Huxley chega ver no esporte a nota dominante de nossos tempos. Porém, a0 Jado dos amadores ativos, hé um grande nimero de espectadores que conduz mascotes e bandeiras, mas nada praticam. Enquetes demonstraram que tais, espectadores, recrutados entre operdrios, empregados € elementos pertencentes aos quadros podem constituir até um tergo ov a metade de uma cidade, como Viena. Em 1947, 0 LF.OLP. informava-nos que 40% dos fran- ceses interessavamese sempre pelos esportes € que 35% tinham “um leve interesse” pelo Tour de France*™. Podemos ir mais longe ainda: esse gosto moderno © popular pela vida “jogada” podera assumir aspectos, mais graves, no sentido amplo em que € empregado fria” de graves conseqiiéncias na vida cotidiana, E uma vida liberta de qualquer obrigagao, insere-se em limites de espago e de tempo de antemfo’circunse 6 regulamentada ¢ fi ‘apresentando-se_acompa- hada de uma conscincia’ especifica da realidade se- cundéria ou de uma franca irrealidade com relagio & vida comum”. Talvez se devesse colocar nessa categoria a vida das férias na qual, durante um certo tempo, tenta- -se viver como rico ou selvagem e que tende a ser, intei- samente, diversa da vida cotidiana. Seria possivel apresentar outros exemplos do mesmo género, recor rendo a atividades que nestes tiltimos cem anos foram surgindo. Que resulta de tudo isso para a cultura vivide? Em ssico ensaio sobre o homo ludens, Huizinga* (29) ta ter o jogo um Tugar menos importante na nossa rura formal, provinda de uma tradigdo hebraico-grega a, de certo modo enfraquecida pela 1a Escola, em geral. Os jogos esportivos, por exem- ‘no mais ocupam em nossa formagio o lugar que de Pindaro. No entanto, certos is, ocupam um lugar preponderante 0 jox0 iscéncia fornou uma exigéncia da cultura popular, nascida do lazer. O jogo poder deter- minar mudangas profundas tanto na cultura tradicional quanto nas de vanguarda e conferir uma poesia paralela a vida de todo o dia € um pouco de humor no com- promisso social. © jogo poderé também levar a que desprezemos a humilde vida cotidiana como o teme H. Lefebvre ou, ainda fazer que dela nos evadamos para nos divertirmos (no sentido estrito), como compensagio pelo esforco cultural € como um tipo de indiferenca por qualquer responsabitidade social. Desenvolve-se, ento, uma vida “jogada” em detrimento a qualquer ‘tipo de vida de compromisso. de trabalhadores. ‘Um novo homem imaginsrio Pouco tempo depois da publicaco do Manifest Comunista de Karl Marx, quete sobre sobre For ambulantes”. Dirigiu esse trabalho o jovem Nisard (30); talvez se possa duvidar de seu depoimento, mas @ documentagao apresentada é pre i volumes, faz ele uma an inhos mais lidos no meio popular das ci na rural. Passamos a sabe mimero de obras que “mor: aco razoavel com o nii ciéncias ocul sobre bébados de fazer perder o félego”), de parédias dos disc grafias romanceadas, de almanaques de sonhos “especialmente destinados & sobretudo, romances da Sr norneia do coragdo humano que qua- lificaria de primaria e que esquece totalmente qualquer deixando para trés todos os romances |i- cenciosos”. " Acrescente-se, ainda, Le Secrétaire des Amants ¢ Choix de Lettres d'Amour. Nisard afirma que “cs conselhos séo igndbeis ¢ que ele de class Deve-se salientar, ainda, que Nisard se recusa a analisar os romances que eram vendidos por quase nada, parte essencial do antigo estoque dos vendedores ambu- antes. Quem lia esses livros? “Tais folhetins, livrecos € dramas, ao alcance do mais modesto comprador, esto nas mos dos jovens operdrios. Tudo aquilo que no século anterior foi introduzido pela depravacio, em ma- téria de tola obscenidade e corrupei, foi largamente ultrapassado pelos nossos romancistas modernos", afir- ma a redaco do jornal L’Atelier . Estendemo-nos sobre essa enquete de Nisard porque. ela demonstra até que Ponto as obras féceis de ficgéo so adoradas muito apreciadas pela metade dos franceses_alfabetizados pertencentes aos meios populares... Néo nasceu pois, com 0 cinema o gosto popular pelas obras de ficcio seria mais justo afirmar que a orientagdo apresentada elo cinema, no sentido de passar para a tela tais ro- ances, corresponde a esse desejo profundamente po- ular. Nunca seré demais insistir que a cultura operétia, or volta de 1848, téo admirada por Dolléans e Duveaw, constitufa provavelmente a cultura de uma pequena mi- mites, autodidatas Com o desenvolvimento do lazer, surgiu uma pro- cura crescente de obras de ficco que pade ser satisteita, de modo sem precedentes, depois da descoberta da imprensa, dos sons ¢ das imagens com movimento, Nessa procura, a inffincia de Méliés no tardou a se sobrepor & de Lumiére. © cinema constitui um meio sem precedentes de “‘visualizar os sonhos". Essas obras de ficgao conseguiram impor-se até sobre a televisio, instrumento adaptado as reportagens diretas sobre gran~ des acontecimentos. Elas constituem o essencial de quinze milhdes de exemplares de revistas femininas heb- domadérias *. Os romances representam quase a metade da produglo de livros e quase 80% dos empréstimos das bibliotecas populares ®. Porém, no so 0s mesmos. romaneés lidos no tempo de Marx e de Nisard. Contra- riando a opinio comum, poderiamos dizet que 0 gosto do piblico popular vem progredindo} apesar da-medio- cridade das producdes artisticas (0 piblico mais escla~ recido acha que 90% da atual producéo séo formadas por “abacaxis literdrios ou cinematogréficos”).° Aqui, também, verifica-se uma certa ambigtiidade na quali- dade das obras de fiego que alimentam 0 lazer das masses ‘Nesta cultura vivida ocupam um lugar muito mais importante do que na cultura escolar e univer satisfages provindas da imaginagdo. matic adquirida na escola e na uni se reformar, caso pretenda refletir, mais as necessidades de nosso tempo. Do mesmo modo, co- mo afirma E. Morin, a maioria das ideologias dominan- tes sfio demasiadamente ra importincia 20 homem imaginério tegrar 0 imaginério na Porém, os mecanismos de projecao e de identificacao, suscitados pela fic¢o, poderdo abafar o espirito seletivo ‘“Jmpoe-se rein- idade do homem” (26). a contribuir para o estabelecmiento de confusdes entre © mundo real e o ficticio. Entio, a personalidade aliena- -se e passa-se a viver a vida das celebridades de ci © a vida por procuracao substitui a de constituir um sonho agradével, o prazer da desvia qualquer aco pessoal e ainda favorece a reali- zagio de ages inadaptadas. Tanto 0s jogos ficticios, quanto os reais contribuem para tirar 0 mundo vivido e le ele no passat a qualquer par ‘um refugiado ou exilado, indiferente ipacio ativa na vida de seu tempo. ‘Um novo homo sapiens © Iazer no & somente o tempo da distragio, re- creagio ¢ entretenimento mas, também, aquele no qual se obtém uma informacao desinteressada. HA um século © jornal no entrava nos lares operérios. Por de 1846, L’Atelier, 0 famoso jornal escrito por operdrios © para operdrios, contava, no méximo, com 42 mil assinantes e era uma jornal men: compravam pov Hoje, o jomal ido_pela grande maioria dos lares tura € uma atividade de descan- cuja duracéo varia de meia hora a uma hora por (32). A’quase totalidade do piblico das cidades por semana, um hebdomadério, ¢ mais da metade lo menos, dois deles (cidade A). Pode-se acres- que, no fim da semana, quase a metade do piblico popular das cidades assiste, na televisio a nal cinematografico € 93% dos ouvintes de rédio decl Faram que ligam seus aparelhos para ouvir os jornais falados. De acordo com uma sondagem do IN.S.E.E., realizada em 1953, 77% do conjunto da populagio ra diofénica “desejam que sejam apresentadas mais repor- tagens do que informagdes ou, entéo, que hi entre 0s dois tipos de programas”. Em outros tempos, 2 populacao operdtia ficava isolada nos bairros em que morava ¢ 0 trabalho predominava sobre a cultura, vi- vendo ela voltada sobre si prépria. Atualmente, despertou w.necessidade’ de alargar as fontes de Os operérios lo muito caro. infor- magéo, sem qualquer ligacdo com 0 meio de trabalho. Essa_necessidade vem sendo satisfeita © desenvolvida devido & descoberta da rotativa, 20 abaixamento do prego dos jornais ¢ as profundas mudangas das técnicas visuais de apresentacdo. Os “digestos” de varios niveis tiveram um sucesso crescente. Finalmente, em todos, cs meios sotiais, houve uma grande difuséo dos livros documentérios, principalmente os tipos biografia, nar- rativas histéricas ¢ relatos de viagem. Neste ponto, rdam 0s dados r A producéo com os das depart eulantes (32) Os jornais didrios, sobretudo no interior, consti- das. pessoas, verdadeiros iis, reportagens, crOnicas, LFOP,, iéem, regularmente, as terior € quase 37% to- to des reportagens e enquetes (31). Uma fragio do piblico reserva parte de seus lazeres nao s6 para informar-se como também para documentar- -se de modo sistemético © espontaneo, sobre assuntos de sua escolha, Inchii-se af, a metade dos chefes de 43 familia da cidade de A e 40% deles actitariam, de boa vontade, gozar férias pagas de doze dias, dedicadas a0 estudo, que aproveitadas para aprofundar um certo numero de conhecimentos © aptiddes. Pela ordem de preferéncia, so os seguintes os centros de interesse escolhidos: problemas do trabalho, geral, problemas cientificos e técnicos, quest -econdmicas ¢ polfticas, preparo para o exercicio de uma fungao responsavel numa dada organizacio. Pode- se estimar em cerca de 10% da populagio do mei popular urbano (operirios e empregados) os autodi datas que aproveitam grande parte do lazer para desen- volver seus conhecimentos. Em Paris, esses autodidatas podem procurar melhorar seus conhecimentos recorren- do a 25 escolas de formacdo geral acelerada e, ainda, aos estégios de educacao popular, formagao industrial ¢ educagéo sindical. O lazer aproveitado para estudar constitui a base imprescindivel da chamada “cultura permanente” (33), cada is necesséria para que Se possa acompanhar a répida e complexa evolugo de nossa sociedade. Finalmente, essa busca de informa- ‘g6es, sérias pelo contetido e agradaveis pela apresenta- ‘¢80, poderao no futuro determinar mudancas profundas, na difusio através do rédio ¢ da televisio, jomais ¢ associagdes que promovam a aquisi¢o de conhecimen- tos necessérios apés a Escola. O lazer dedicado 20 estudo oferece novas possibilidades para reorganizacé Ao contrério, a procura de informagéo poder apresentar um outro aspecto: limitar-se a assuntos agra- daveis, mas_ perigosament A. fotografia da Princesa Margaret, na capa de uma revista como Point ‘Monde, poder ser responsével pot um grande aumento de tiragem. A sondagem feita, pelo LF.O.P., sobre a leitura de jornais, mostra que sto mais lidas as noticias locais, nascimentos, faleci- mentos, relatos de festas banguetes, apresentando um. indice de 86% de leitura regular. 'O conjunto desse iétio sobre a vida local poderé vir a constituir ‘a base de uma cultura econdmica, social, politica ou artistica. Porém, a maioria das redages dos jornais diérios despreza essa possibilidade. Depois das noticius “4 locais a escolha do pitblico recai sobre as historias em quadrinhos (65% de casos), noticias diversas (57% ). Esse tipo de leitura podera produzir um descanso sadio, com a condigdo de que seja complementada, Em si mesma, essa leitura no favorece, de modo algum O° ‘alagamento © aprofundamento dos conhecimentos ne- ‘essérios a um cidadio moderno, interessado em carese a par com seu tempo. Pér outro lado, 0 sente-se submerso que Lazarsfeld chama de “gui " pessous que Iéem e ouvem para ele e Ihe deixam no seu es © entdo cle se volt acessiveis. Apesai feito na apresentaco de a 2 capacidade de compreensio © assim 0 nfo se desen- volveu em fungdo das necessidades de uma verdadeira democracia, Como salienta Varagnac, 0 p ét-se a par dos. acontecimentos Cabe, ainda, indagar se a pl guida de discussdes, no dard lugar a um ersats de em todos os campos de conhecimento. O desent mento do prazer di em lugar de pre informagoes 1 dar, entéo, a i quando o que Um novo homo socius © lazer despertou, também, novas formas de ciabilidade © de agrupamento, desconhecidas no sé- 45 cculo passado. Villermé, no decorrer de suas enquetes realizadas em Reims, Lille e Mulhouse, ndo encontrou associagées recreativas ou culturais mas, somente, socie- dades mutualistas de cardter mais ou’ menos politico. Em compensago, 0 que mais o impressionou foi a importincia dos cabarets *, na vida operéria. Lendo-se 0s relatos: preciosos ¢ comoventes de Villermé, pode-se das campanhas do grupo de ‘ou de A. Perdiguier, contra o alcoolismo ope- rério, existente nessa época.“E muito comum ver-se operdrios de Manufacture de Lille, afirma Villermé, tra- balharem somente trés dias por semana e passar beben- do os outros quatro e, como esclarece esse Autor, tal situagdo jé existia antes que as manufaturas entrassem em fase de expanséo”. Em Reims, num bairro que compreende uma terca parte da cidade, a maioria dos que ganham melhor trabalham somente durante a Siltima metade da semana, passando 2 primeira parte em orgias. Dois tergos dos homens ¢ um quarto das, mulheres que residem em certas ruas vivem freqiiente- mente embriagados. Villermé apresenta a seguinte concluséo: “Para o operério tudo é, por assim dizer, uma boa oportunidade para ir a0 cabar quando esta feliz para rejubilar-se e quando tem preo- cupagées domésticas para esquecé-las. Numa palavra, no cabaret que ele contrai dividas, que as paga quando pode,, que acerta suas compras, faz € onde até combina o casamento da filha ( Atualmente, so os cafés que cons importante para o lazer de todos e, particularment operdrios. Porém, a0 contrério do que pensa a maio- ria dos franceses, 0 alcoolismo agudo provavelmente est em regressio, se comparado com a bebedei neralizada, existe! essa calamidade continua a existir, mas cada vez € mais, insuportével. Aumentou, sobretudo a vergonhe provo- cada pelo alcoolismo © nunca serao suficientes as me- didas tomadas para coibi-lo. F absurdo que os excessos. Tondo a paler “ober” pando, pra 2 Jingu poragues alcodlicos sejam, ainda, responsaveis por 40% dos aci- dentes rodoviérios (estatistica oficial de 1958) que as mortes, determinadas por delirium e cirrose do figa- do, ultrapassem nos dias de hoje o-mimero de 10.000 casos por ano. Pode-se dcrescentar que as despesas, anuais na Franca com bebidas alcodlicas sio mais altas do que as destinadas ao ensino ¢ & habitagio, tomadas i smo, porém, n&o goza do io entre 0s jovens de hoje como outrora De acordo com G. Duveau, em cem anos, 0 rimero dos estabelecimentos de vendas a varejo de be- bidas pera serem tomadas no proprio focal, se relacio- nadas com 0 total da populacao, dimiimuiu e, possivel- mente, também, 0 nimero de seus freqiientadores ! Segundo uma enquete do LNE.D., em 1960, 16% dos franceses véo ao café uma ou mais vezes por semana. As mudangas notadas sio, porém, mais qualitativas € as instalagdes dos cafés tendem a se modernizar, multi- wam-se 05 jogos de todos os tipos e diminuiu 0 dos cabarets mal ajamados. A policia sabe que ‘malfeitores ¢ jovens desajustados preparam seus planos , mas nem todos os cafés silo covis de ban- A maior parte dos cafés so locais onde se proces- sam trocas de mais variados tipos, que evoluiram jun- tamente com as fungGes do lazer. De acordo com nossa, sondagem na cidade A, os seguintes motivos foram invocados, por ordem de precedéncia: encontro com amigos, relagbes sociais com colegas e clientes, oportu- nidade de sair com a familia, necessidade de discutir apés 0 trabalho, necessidade de discutir apés uma reu- aio, espeticulo ou certame esportivo. O total compre- ende 80% das respostas # No entanto, sio as organizagbes.recreativas € fas a forma mais original de sociabilidade desen- pelo lazer. Essas organizacdes, regulamentadas i de 1901 (que de modo na Franea pela proliferaram em razo di feita para esse expansio da industrializacao e da urbanizacao. Nao se apresentam ligadas quer a necessidades de trabalho, como 0 so os sindicutos ou as associagGes profissionais, quer aos imperativos duma prética politica e religiosa, como é 0 caso dos partidos e das organizagoes confes- sionais. As organizagbes recreativas ¢ educativas cor- respondem, sobretudo, a objetivos e atividades préprias do lazer. ‘A maioria delas so em principio abertas a istinglo quanto A procedéncia. classe ou Por volta de 1930, em Yankee habitantes, ty, cidade norte-americana de quinze Warner conseguiu arrolar cerca de quatrocentas socic~ dades em atividade ¢, atualmente, calcula-se que um pouco mais de 35% dos norte-americanos sio membros de uma associagdo (37). Na Franca, nao contamos com dados referentes ao conjunto do pais, mas em 1957, na cidade A, registramos duzentas sociedades em ativi- dade e-a participagio de mais do que um chefe de familia sobre dois em uma ou em muitas delas. Enquanto a adesio aos sindicatos, partidos e organizagdes de tipo ‘confessional corresponde somente a 25% do conjunto dos membros das associagies de A, 0s outros 75% ade- rem a organizagdes de lazer, em particular, por or porém possui seus grupos préprios esca, jogos de bola e de misica. Cerca de um dos operérios participam de sociedades freqiien- por pessoas de outras classes © categorias sociais, (Cidade A), Mas hd ambigilidade, tanto nesse caso como na cia dos grupos de lazer, uma vez que essas mente, aqueles “fer- lados e preco- smbiente, os Tideres sociais esforcam-se por informar ¢ educar os menos prudentes, sem propaganda, recorrendo livre discus- So. Associagdes desse tipo sfo intermedidrios efici- fentes entre as fontes longinquas de informacio © 0 iiblico local ¢ contribuem para a clevacdo dos niveis 48 culturais devido & prética da informagio igualitaria © & educaco miitua. Porém, nem sempre as cousas se Freqlientemente, essas associagées, des- traco, constituem meios voltados sobre tural de seu tempo. Pader-se-ia pensar, como ibra G. Magnane, num certo tipo de sociedade espor- formando “criangas retardadas que brincam sob fancia”. © conjunto dessas associagdes de todos os tipos formam, em principio, um quadro de trocas frutiferas centre pessoas de strug diferentes. Nao hé divida de que a tendéncia geral das organizagées de lazer tende a uma unificagéo dos géneros de vida, Na realidade, porém, as organi mais culturais so dominadas pelos intelectuais, les, professores e representantes da classe média. Os operérios aparecem em menor ntimero e nelas néo se sentem a vontade. O estr mente & presséo das organizacées, nio se tratando, porém, de uma oposicSo ativa, mas antes de uma resis” téncia ‘passiva. Pensamos ter chegado 0 momento de tratar da influéncia dessas associages de lazer (esportivas, turis- as, musicais e intelectuais) sobre a participagio na rida da empresa, dos sindicatos e das organiza: civicas e politicas. Elas oferecem quadros de referéncia, formas de atividade que tendem a mudar o tipo de Vida dessas instituigées (aumento das festas, passeios 0 ar livre, jogos, reunides, etc.). Dentro ‘do atual de nossas sociedades liberais, pode-se temer ie novo homo socius passe a considerar como ipagdo essencial, © mesmo exclusiva, na vida Social, sua participacdo nos grupos de lazer. Tudo se passa como se esas associagdes tendessem criat sock dades marginais, fechadas sobre si préprias, um tipo de novas sociedades ut6picas, nao mais fundamentadas no trabalho, como no século se formam ‘devido @ di apesat delas; ndo se 1 com o presente; tendem a desviar uma parte do poten- cial social do campo da produgio ¢ também das tensbes itadas pelas relagdes sociais, orientando-as na di © homem poderé subtrair-se ‘com a Inumanidade ¢ docemente entregar-se a si préprio do gozo do lazer para um fortal ienacdo pelo trabalho. O operério cont vender sua forca-trabalho como se fosse uma merca- doria a fim de poder usufruir o produto dessa venda no tempo fora do trabalho. Ele néo pediria mais do que isso, deixando a outros ou a seus advogados a preo- cupago de obter para o seu trabalho o méximo de pagamento, Apesar de ser um produto da Histéria o lazer tem se apresentado exterior a ela. O “Homem do lazer” tende a ser ingrato com relacio ao passado © indiferente para com o futuro. Talvez no seja uma atitude ativa do cidadao, mas tende a desenvolver-se. Essa situago da cultura vivida pelas massas induz situar 0 lazer na sua perspectiva histérica e no seu contexto técnico, econémico e social, a fim de melhor conhecer as forgas que agem ou podem vir a agir sobre ele ou por ele proprio. DONDE VEM E PARA ONDE VAL O LAZER? Progresso técnico E opiniéo geral a situagio complexa © ambigua nna qual o lazer se encontra atualmente softer’ logo transformagdes profundas devido A descoberta de novas fontes de energia © & expansio da automacdo. -Dess> modo, diminuiria rapidamente para todos os individos a duragio do trabalho, contribuindo para o desapa cimento de antigos problemas sociais. Os poetas leva- To a pelma sobre os sociGlogos — deixaremos a era do trabalho para entrar na “era dos lazeres". __.. Essa profecia apresenta 0 problema das reais rela- ses entre o desenvolvimento do lazer eo progresso 51

You might also like