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Distorgao do ego em termos de falso e verdadeiro “self” (1960) 1 2 'Um desenvolvimento recente om psicanélise tom sido 0 uso crescente do con- tito de falso self. Esse conceit trs2 consigo a iis de um self verdadeir, Historia Esse conesito em si nfo 6 novo, Aparece de variagyformas em asiquiatsa des- ‘ritiva @ especiaimente em certos sistémas religiosos e Moséticos, Por corto existe lum estado clinica real que merece estudo, © 0 conceito se apresenta & psicandlise co: ‘70 um desafio quanto 2 etiologia. A psicandlse se interessa pelas perguntas 1 = Como aparece 0 falso self? 2 Qual é sua funea0? 3 - Por que ofalgo sol 6 exageredo ou enfatizada am alguns casos? 4 = Por que algumas pessoas ndo desanvolvem o sistema do falso self? 5 — Quals sto 0s equivalentes do talso sai nas pessoes noxma's? 5 - Que é que existe que poderia ser denominado de self verdadeiro? ‘A mim pareceria que a idéia de um faiso self, que & uma idéia que os pacientes nos dBo, pode ser ciscernia nas formulacées iniciais de Freud. Particularmente, rela iono © que divide em self verdadeiro ¢ falsa com a civiso de Freud do self em una parte que 6 central e controlada pelos instintos fou pelo que Freud chamou sexual ede, pré-genital © genital, a parte orientada para o exterior relacionada com 0 mundo, 128 Contribuigdo pessoal Minha contribuicSo pare este tema se derive de meu trabalho a0 mesmo tempo 2) como pediatra, com mes e lactentes & como psicanaliste cuja clinica inclu uma série pequena de eases borderline twatados com analise, mas necessitando experimantat, na vansferéncia, uma fase (ou ‘ases) de regressdo sovers & dependéncia, ‘A experiéncia me levau 8 veriicar que pacientes dependentes ou em 2 pprofunda podem ensinar o analsta mis sobre © inicio da infancia do qué se pode ‘aprender da observacdo diets dos lactentes, « mais do que se pode aprender do con tato com as mes que estio envolvidas com os mesmos. Ao mesmo tempo, 0 cont 19 elfnico tante com experiéneias normais como anormais do relacionamenta imde-actente influencia a teoria analitica do analist, uma vez que 0 que ocorre na ensteréncia inas feses de regressio do alguns desses pacientes) é uma forma de relacionamento mde-lactente Gostaria de comparar minha posigso com a de Greenacre, que também se man- teve em contato com a pediatis enquanto engajada na prética da psicandlise. Tam- bbém com ela parece claro que uma dessas dues experigncies 2 influenciow na avaliagdo da outta experiéncia | expariéncis clinica em psiquiatria de adultos pode ter 0 eleit, para um psi- ‘canalsta, de colocar um histo ent # avaliagio do estado clinico e sua compreenséo da etiologia. 0 hiato resulta da impossibiidade de obter uma historia contidvel do ini- cio da inféncia, tanto do paciente psicético como da mle, ou de observadores mais neutros emocionalmente. Pacientes snaliticos quo regridem uma dependéncis = vera na transferéncia preenchem este hiato ao revolar suas expectetivas © necess\ des nas fases de dependancia, Necessidades do ego e necessidades do id Deve-se ressaltar que a0 me refer a salistezer as necessidades da lactente ‘nko estou me roferinde & satisfac de instintos, Na area que estou examinando 08 instintos no estéo ainda claramente definidos como internas aa lactente. Os instin tos podem ser t50 extemnos como 0 troar de um trovBo ov uma pancada, O ego do lactente esté criando forga 6, come conseqiéncia, esta a caminho de um estedo em ‘ue a8 exigdncias do id serdo-sentidas como parte do self, nfo como embientais. Cuando esse desenvalvimento ocoree, 9 satistagéo do id se torn um importante fort ficante do ago, ov do self verdadeiro, mas as excitagles do Id podem ser trauméticas ‘quando © ego ainda no # capaz de incorpors-las, ¢ ainda ¢ incapse de sustentar os Fiscos envolvides e as frustragdes experimentadas até © ponto em que a satisfaggo do id s0 torne um fato 129 Um paciente me relatou: “Bom manejo” (cuidado do ego) “como experimented durante esta hora ¢ uma refeicio” (satisfacSo do id). Ele no poderia ter se express do de outro modo, pois se eu 0 tivesse alimentado ele tera se submetido a isto, 0 ‘que teria se ajustado & sua dofesa do Falso se, ov entBo teria reagido €rejitado meu avanco, mantendo sua integridade ao escolher a trustragéo. Outras influéncias foram importantes para mim, quando por exerplo fui cequi- sitado periadicamente para observacdies sobre um paciente que esté agora sob trate ‘mento psiquidtrice como adulto @ que eu mesmo observei come lactente © como crianga pequena. Muitas vezes, de minhas observacdes pude ver que o estado psiquiatrico que agora exisie jd estave discernivel no relacionamento mae-lactente [Deixo relacionamento mée-lactente neste contexto porque estou me refarindo a fendmenos precoces, aqueles relativas ao relacionamento do lactente com a mae, ou ‘com © pai como se fosse outra mse. O pai neste estégio tao precoce sinds no se to:nou significativa como uma pessoa do sexo masculno.| Exemplo © manor examolo que posto de & 0 de ma mulher de mviaidede que tina um fio sai mato bam sed, ree que por {ods ie tn »sanegbo de nfo ter cmegado 8 eit qv tha etdo sempre proctende Um Jeo de chegu co teu cat vara, Es sing ests em anne, qu se prolonge por mutes eros Ne pra fas deta ane expec fque Grou dle ou ide arot, achel quo eave tm dtrontando com o qe apart deominve de seu “sa amo-wva” Ese “Sell 1 dencobr a pice : 2 veiow avalon a anaize, cB ums eepécie de teat elaboraco de confab lide do oot 2 roune a paiome bande 4 = gedvemente, ape be anos ou ml, dlagou sua fngdo oo anata le- tn fl «tae de maior pitunddade de vegreeto, com algunas smanse de um ato Gfau de dependinca do ant) too por pet, retomendo © culdede de ama-cea nas octtibea em eue foouo anata (oengas do nat, suas a, ete 8 eu destio final er dicutido depot Da evelgde deste cave ref Tal vicar a naureza defensive do flo se sun tune dofonie 6 ad ocular protege © sl vetdacote, © ave ar aut ere posse ter. De imedato te fona poste lssfca so orgniastes do flo sll "Tm um entree: ofl se ve imlons coro rele 6 feo que os obser: ‘adores tandam a pnaa ue 8 pesaon fea Nos retconrentes deco Vivdni, do tabato eamiade, conde, fav sf orapw fle. Em {Hosgbes om gun 9 oun av eapee uns peston intel 6 flo se tam 130 wr algumas caréncias essenciais. Neste éxtremo 0 self verdadeiro permanece oculto. 2 - Menos extreme: o falso self defends © solf verdadeiro; 0 seif veidadel, Contudo, 6 petcebido come potencial e & permitdo a ele ter uma vida se- crete, Aqui se tom o mais claro exemplo de doenga clinica coma uma orga sizeeéo com uma finaidade positva, a preseivagdo do individuo a despeito de condigSes ambientsis anormais. Esta ¢ uma extensio do concelto pe cenaltice do valor dos sintomas para a pessoa doente, = Mais para 0 lado da normalidade: 0 falso self tem como interse principal ® procure de condigées que tomem possivel ao self verdadero emergir. S ‘essas condigtes no podem ser encontradas, entdo novas defesss tém d ser reorganizadas contra a expoliago do self verdadeira, ¢ se houvar divi dda 0 resultado clinico pode ser 0 suicidio, Suiciio neste contexto 6 a des- twuighio do self total para evitar 0 aniquilamento do self verdadeiro. Quando 0 suicidio 6 a dnica detese que reste contra a traigdo do self verdedcio, ‘entdo se toina tarefa do falsa self organizar © suieldo. Isto, naturalmente, ‘envolvt sus propria destruigdo, mas 80 mesmo tempo elimina a neces! dade de sua existoncia ser prorrogads, jf que sua fungBo 6 8 protedo do ‘self verdedsiro contra insults. 4 Ainda mais para 0 lado da normalidade: o falso self é constwide sobre ‘onticacées como no exemple da paciente mencionada, cujo ambiente de sua meninice ¢ sua ama-seca real Ihe dou muito do colorido da orgariza- 80 de seu faso self. 5 = Na normalidace: 0 falso self 6 representado pela oxganizagso integral da attude social polide © amdvel, um “ndo usar 0 coragdo na manga”, como ‘se potiria dizer. Muito passou para a capacidade do individuo de renunciar | onipaténcia e ao processe priméria em geral, a ganho e© constituindo © lugar na sociedade que nunca péde ser atingido ou mantide com o self ver- adel igoladamenta, AAté agora me mantive nos limites da descricdo clinica. Mesio nosta limitada ‘tea 6 importante 0 reconhecimenta do falso se. Por exempla, & importante que pes- 'S0as que so essenciaimente falsas personalidades no sejam encaminhadas a estu- dantes de psicandlise para andlise em situacéo de tvinamento. © diagndstico de falsa ‘ersonalidede aqui 4 mais importante do que 0 diagnéstico do paciente de acordo, ‘com as clasificacées psiquidtices vigentes. Também pata assistontes sociais, onde ‘tod0s 08 tpos de caso precisam ser aceitos e mantidos em tratamento, 0 diagndstico de folsa personalidade é importante para evtar a frustragSo extrema associada so fra ‘cass0 teraptutico 2 despeito de assisténcia social (psiquidtical aparentemente ade- quada, baseada em principios analiticos. € especisimente importante este diagnéstico nna selecdo de estudantes ara treinamento em psicandlise ou assisténcia social psiquidtrica, isto 6, na selecSo de estudantes de todos os tipos. © arganizedo falso Seif 6 associado a uma rigidez de defesas que impede 0 crescimento durante 0 perio- do de estudante, 131 A mente 0 0 falso self Um risco particular se origina da ndo rare igagio entre abordagem intelectual © © falso se/f. Quando um falso self 50 toma orgarizado em uin individuo que tem lum grande potencial intelectual, hé uma forte tendncia para a mente se tornar 0 Iu: {81 do felso soll, e neste caso se cesenvolve uma dissoviagéo entre a atividede in. telectual © a existéncia psicossamdtica. (No individuo sadio, presume-se, a mente no ¢ para o individuo algo para ser usado pare escapar de ser psicossomatico. De- ‘senvolvi este tema com certa extensio em "Mind and its Relation to the Psyehe-So- sma,” 19490.) ‘Guano ocorre esta dupla anormalidade, (1) 9 falso self erganizado pare ocular © self verdadero, ¢ 2} uma tentativa por parte do ineividuo para resolver problema pessoa! pelo uso de um intelecto apurado, resulta um quadro elinico peculiar, que ‘muito faciimente engana. 0 mundo pode cbservar éxito académica de alto grav, © Pode echar dificil screditar no cisterbio do individuo em questéo, que quanto mais ¢ bem sucedido, mais se sente falso. Quando tais indvicuos se destroem de um jeito ‘0y de outro, ao invés de se tornarem 9 que prometiam ser, isto invariavelmente pro: ‘duz uma sensacSo chocante naqueles que tinham depositado grandes esperancas no individuo, Etiologia © modo principal come estes conceltos se tomam de interesse para a psi- cendlise vem do estudo da maneira como o algo solf se dasenvoive de inicio, no rela- ionamento mBe-tactente, ¢ (sinda mais importante) da maneira como 0 fals0 self no se toma um aspecto significative no desenvolvimento norm: A teoria relative a este importante estagio no desenvolvimento ontogérica per- tence @ ebservacio da convivéncia do lactente-com-e-me (regredia & paciente-como- analist}, © no & teoria dos mecanismos precoces de defese organizados contra ‘impulsos do id, embora, naturalmente, os dois temas se superponham. Para se conseguir uma exposi¢do do pracesso de desenvolvimento pertinents, € essencial considerar-se 0 comportamento da mae, bem como sue atitude, porque este campo a dependéncia é real e quase absoluta, Ada # possivel se afrmar 0 que ‘Se passa considerando $6 o lactente. Ao pesquisar a etiologis do falso solf, estamos examinando 0 estégio das ‘rimeiras relagSes objetais. Nesse estégio, o lactente esta néointegrado na maior parte do tempo, © nunca completamente integrado; 8 coesio dos varios elementas sens6rio-motores resulta do fato de que @ mie envolve o lactente, &s vezes fisice: ‘mente, © de modo continuo simbolicamente. Periodicamente um gesto do lactente ex: Pressa|um impulso esponténeo; a fonte da gesto 6 0 self vardedsiro, © esse gesto indica @ existéncie de um seff verdadeiro em potencial, Precisamos examinar o modo ‘coma a mie responds a esta onipoténcia infantil revelade em um gesto {ou assoc 132 ‘980 sensbrio-motora). Ligo aqui a idéie do um self verdadeito com 9 do gesto exper neo. A fuslo de elementos motores @ eréticas asté no processo de se tornar um f9 to neste periedo de desenvolvimenta do indivicuo A participacio da mae E necessirio examinar 0 papel representado pela mae, ¢ a0 faxé-o acho conve Diente comparar dois extremos; em um extreme asté a mie suficiontemsnte boa ® na outro esté 9 que & uma mae ngo suficientemente bos. A pergunta que ocorre é: que se quer dizer com a expresso “suficlenternente boa"? 'A mie suficiomtemente boa alimenta a anipeténeia do lactente e até certo pon 10 v8 santido risso. E a faz repetidamente. Um relf verdadeire comega a ter vida, ‘através da forga dada a0 fraco ego do lactante pela complementacio pela mée das ‘expresses de onipoténcia do lactente. ‘A mBe qué nie 6 suficientemente bos ndo ¢ capaz de complementer a fonipoténcia do lactente, © assim falha repetidamente em satistazer o gesto do lactente; a0 invés, ela 0 substitui por seu préprio geste, que dave ser validado pala submissao do lactente. Essa submissio por parte do lactente 6 0 estéqia inicial do fal- 50 self, results da inablidade da mie de sentir as necessidades do lnctente E uma parte essencial de minha teoria que o self verdadeira nfo se torna uma realidade viva exceto como resultado do Oxite repetido da mae em responder a0 gesto ‘espontaneo ou alucinacio sensorial do lactente. (Esta idéia esta intimamente ligade & ‘de Sechshaye contida na expresso “reaizagdo simbélica”. Esta expresséo tem tido lume panicipagae importante na teoria psicanaltica modema, mas nao suficionte- mente scurada, uma vez que é © gesto ou alucinacso do lactente que $e torne ret endo a capacidade de lactente de usar simbolos 0 resultado.) Existem ento duss linhas possiveis de desenvolvimento na seqiéncia’ dos fcontecimantos de acarda com minhs tormulago, No primera caso, a adaptagio da Ime 6 Suficientemente boa © como conseqéncia o lactente comega # acreditar na Fealidade externs que surge @ s8 comporta come por magica (por causa da sdaptaco Ielativemente bem-sucedida da mie coe gestos © necessidades do lactentel: # mie ‘age de modo a nfo colidir com a anipoténcia do lactente. Deste mado o lactente comeca gradualmente a renunciar & onipoténcia. © self verdadsiro tem espontans' \dade, @ iste coincide com os acontecimentos do mundo. O lactente pode agora gozar 2 uso do onipotente crianda e contiolanda, e pode entio gradativamente vir a re cconhecer 0 alemento iuséra, o fato de brincar @ imaginar. Isto é a base do simbolo {ue de inicio &, 20 mesmo tempo, espantaneidade e alucinagSo, e também, 0 objeto ‘externo eric e finalmente eatexizado. Ene 0 lactente € 0 objeto existe algo, ov siguma atividade ou sensago. A ‘medida que isto une o lactente 20 objeto {como 0 objeto parcial maternol, se torns a base da formacio de simboios. Por outro lado, & medida que hé algo separando 20 in: és do unir, sua funese de levar a formaeo de simbolos fica blaqueada, 133 ‘No segundo caso, que concerne mais particularmente ao tema em discusséo, a ‘adaptagio da mie ds slucinasdes @ impuisos esponténeos do lactente ¢ deticente, ‘nda suficientemente boa. 0 processo quo leva capacidade de usar simbolos no se inicio (ou erto se torna fragmentade, com um racuo por parte do lactente dos ‘gannos jé atingidos) Quando a adaptacdo da mée 0 6 suticientemente bos de inicio, ee pode es- perar que © lactunte morta fisicamente, porque a catexia dos abjetos externos no & inicinds. 0 lactente permanece isolade. Mas na pratica o lactente sobcevive, mas 60- brevive falsamente, © protesto contra sar forcado 9 ume falsa existéncis pode ser iscernido desde os estagios inicsis, O quadta clinic & o de irritabiidade generalize a, @ do distirbios da alimuntagdo ¢ outras funcbes que podem, contudo, desapare- cer clinieamente, mas apenas pars aparecer de forma severa em estégio posterior Nesta segunda fase, om que a mBe nfo pode se adaptar sutlciontemente bem, © lactente & seduzido & submissdo, @ um falso seif submisso reage as exigéncias do mato © 0 lactente parece aceité-las. Através deste fslso self o lactente constrdi um Conjunto de relacianamentos falsos, @ por meio de intrajecBae pode chegar até uma ‘aparéncia Je ser real, de modo qué a crianca pode erescer se tomando exatamente como amide, ama-seca, tia, mo ou quem quer que no momento domine o cenério. 0 faiso setf tom uma funcao positive muito importante: ocultar © self verdadero, 0 ‘que far pela submisslo as exigéneias do ambiente Nos exemplos extremos do desenvolvimento do falso self, 0 self verdadeito ti 2 tBo bem oculto que a espontancidads néo 6 um aspacto das experiéncias vividas pelo lactents. © aspecto submisséo s@ toxna @ principal, com imitagéo como uma es- pecialidade. Quande © grau de spliting na personalidade da tactente no & tao ‘grande, pode haver alguma vida quase pessoal etravds da imitario, e pode ser até Dossivel para a crianca representar um papel especial, o do self verdadeira como seria 50 tivesso existéneio : Deste modo possivel tragar‘@tpento de origem dolfiso self, que pode entéo ser visto como ume defesa, a defesa contra o que seta inimeginavel, a exploracio do Seif verdadero, que resultria em seu aniquilamento. (Se o self verdadeiro chega a ser explorado @ aniquilado, isto & parte da vida de um lactente cuja mae foi nBo apenas indo suticientemente boa", no sentido mencionado acima, mas foi boa e mé de urna manoira torturantemente iregular. A mée aqui tem come parta de sua dosnga ume necessidade do causar e manter uma confusdo naqueles que esta am contsto com ela. Isto pode aparecer em uma situacdo de transferéneia, em que 9 paciente tent it- sitar 0 analista (Bion, 1958; Searles, 1953). Pode haver um grau destas circunstin- cias que pode destruir 0$ vitimos vestigios da capacidade do lactente de defender © self verdes. Tentei desenvolver o tema da particisacdo da me em meu estudo sobre “Pr ‘mary Maternal Preoccupation” (1856al. A suposi¢do feita por mim nesse estudo & de ‘ue, na normalidade, 3 me que fica grivida gradativamente atinge um ato grav de Identiticagao com seu bebé. Isto se desenvolve durante a gravidez, tam seu pico no period perinatal @ diminul gradativamente nas semanas @ meses ap6s 0 porto, Este fato normal que ocorte as mes tem implicagdes tante hipocondriacas como narcisis- 134 tas secundirias, Este ovientacdo especial da parte da mde para com seu lactente no \depende apenas de sua propria seikle mental mas ¢ afeteda também pelo ambiente 'No caso mis simples o homem, apoiado pela attude social que é, em si, um deser- volvimento da Fungo nstural da mesmo, lida com a realdade externa pare @ mulher, {de modo 9 tomnsr seguto & razodvel para ela se tornar tomporsriamente intioverida, ‘egocéntrica. Um diagrama disto se parece a0 diagcama de uma pessoa ou familia \doente de paranéia. (Deve-se lembrar aqui Froud 11820] deserovendo a vesicul viva ‘com sua camada cortical eceptva..) [Nao cabe aqui o desenvolvimento deste toma, mas ¢ importante que 3 funcio da mde soja compreendids. Esse funebo de mado slgum é um desenvolvimento re Cente, pertencente a civiizaggo, sofisticaco ou compreensio intelectual. Ndo se pode accitar nenhuma teoria que nfo concorde com o fato de que as mées sempre osempenharam esta tarefa essencial suficientemente bem. Essa fungdo materna fessencial possibilita 8 mBe pressuntir as expectativas e necessidades mis precoces de seu bebe, e 9 tora possoalmente satsfets sentir o lactente 3 vontade. E por ‘causa deste idenifcaeso com 0 babs que ela sabe como protepéo, de modo que cle ‘comece por exist’ # no por reagir. A se situa a origem do self verdadeico que no ode se tomar uma realidade sem o relacionamento espaciaizedo da me, © qual poderia sor descrito com uma palavra comum: devorso. 0 self verdadeiro 1 conceit de um falso saif tem de ser cantrabslangade por uma formulae do que poder, com propriedade, ser denominado self verdadero. No estdgio incial 0 self verdadaira & 2 posicio teérica de onde vem © gesto espontanea e 8 ideie pessoal (© gesto espontingo 6 © self verdadeiro am aco. Somente 0 self verdadero pode ser crate e se senti eal, Enquanto o self vetdadeiro ¢ sentido como real, a existancia do falso sai resulta em ume sensagdo de ireaidade @ em um sentimento de fut dade. © falco set, se bem sucedido em sus funglo, acult o self verdadero ou eatdo descobre um jeto de possibiltar a0 self verdadeico comeear a exist. Tal resultado pode ser atingido de vérias maneiras, mas observamos mais de perto aquelas cicuns- ‘ancas em que a sensacio das coisas serem resis ou equivalentes a isso sparece du- zante 0 tratamento. O paciente a cujo caso me reteri chegou, préximo do final de ume longa andlise, 20 inicio de sua vids. Néo carrega nentuma experiéncia verdadeita, no ‘tem pasado. Comeca com cinqUenta anos de vida desperdicada, mas 30 final se sonte real,» por isso agora quar viver. 0 self verdadeiro provém da vitaldade dos tecidos corporais ¢ da atuaclo das fungBes do corpo, incluindo a ago do coracSo @ a resniracio. Est inimamente iga- do & ideia de processo primiro @ 6, de inicio, essencialmente néo-reativo aos estimu- los externos, mes primério. No ha sentido na formulacéo da idsia do saf verdadeiro, lexceto com 0 proposito de tentar compreender 0 falso se, porque ele no faz mais do que reunir os pormenores da experiencia de vive, 135, Gradaivarnete © grau de sotitioseSo do actnts a8 tara tal que # mais certo se dizer que olalso sf ois a realidde interna do aston do qe ae der que le cuit 0 self verdadero. Por esta dpoca o lactene esabolocey sue membrane lini tanie, em um interior ¢ um exterior se trnou, em ou considerével ive ds ma Insc cuidado moterno, E importante essaar que, de acrdo com a tooia aqui frmade, 0 eoncete de uma realiade indus interna de objtos se apica 20 estgio posterr da. due vom seo denerinado dese verdedevo.O sef verdadero aparece logo que hi ‘ualaer orgsnzarso mart! qe se co individu # soo que’ der pause mole Go ‘ue 0 somata do viver sensor motor 0 se verdad rapdsmente desenvolve compexidede, © se relaciona com a ‘ead externa por processes natura, coma os ue ae desenvoiver no inivdvo lnctente com opassar do tempo. 0 latent enti se fora capay de vei 9 esti las sem traumatismo, porque eatinula tm ums contapatia na roaidade intern, pslewea. do inividua. 0 lctonteentéo encae todos oo estmulos como projecden, ras este ¢ um estgio que nfo & nocassaiamentsatingido, ou ue ¢ apenas oetich mente atingdo, ov.que # atingda e perdido. Tendo este estégio tide etngo, © lactents se tora entdo caper de manter 0 sentient de onipotncia, mesmo quando ‘aging fore ambiantais que 0 abservador pode discern como vardadaramente fernos ao lactnte. Tio isso precede ds anos 9 capacidage do clanga de conce, ber, no raciocnio intelectual, 8 operagto de acaso puro. aca novo pariodo de vida em que 0 sof Verdaceiro nfo fl seriamant inter ‘ompid resita no fortalecnento do sentmento dest ea © com isso vern une co pecidadeerescene do lactente de ‘lear dois tooe do fendmenos. Estes S80 = Solus de connuiade na vivincia do sf vrdadeito (Agu se pode ver um modo como o processo do rascimento pode er traumatco, como, por fexemplo, undo ha demora som inconeiéncia) 2. Experdncas do flso sey restive, rlaconas com 0 ombiente na base da submisséo, ito ae toma a parte do lactent quo pode sor fates do primo aves} ensinage a dizer “Te, ou, ito de outro modo, en sinada 9 reconhecer 9 enstinca de um ambiente que esta se tornnde cet ntelectualmente, Poder se seguir au nfo sentmentos do grata © equivalente normal do falso self Deste modo, pelos processos natura, @ lactante desenvolve uma orgenizagéo 440 eg0 que & adaptada a0 ambiente; mas isto nBo ocorre automaticamente na Ver dade 66 pode ocorter se antes 0 self verdadsiro {como eu © chamo) s8 tornou ume realidade viva, por causa de adaptacio suficentemente boa da mie 88 necessidades vividas pelo lactente. HS um aspecto submisso da self verdadeito no viver normal, ‘ume nabildade do lactente do se submeter e de nBo se expor. A habilidade da conci. 136 | 1 ' t liagdo 6 uma conquista. O equivalente a0 sei verdadero no desenvolvimento normal @ squele que se pode desenvolver na erianca no sentido das boas manelras socias, algo que ¢ adaptivel. Na normalidade essas boas'mansivas sociais representarn uma concliagio. Ao mesmo tempo, na normalidade, 2 conciiagso deixa de ser aceitavel quando as questées se tornam crucials. Quando isso acontece 0 self verdadairo 6 ca- paz de se sobrepor ao self conciiader, Clinicamente isto constitu um prableme recor- rente da adolese8ncia, Graus de falso self Se 2 descrigéo destes dois extremes ¢ sua stiologia ¢ accita, ndo nos 6 dificil ‘char lugar em nosso trabalho clinico para a possiblidade de um alto ou de urn baixo ‘au de falso set como dotosa, desde o aspacto polida normal do self ao marcade- mente clvade falzo e submisso se/f, que ¢ confundido com a erianca inteira. Pode-se ver facimente que muitas vezes esta dafesa do falso self pode ser 2 base de um tipo de sublmacSo, quando a crianca cresce pata se tornar um ator. Com relag8o @ atores, ha aqueles que podem ser eles mesmos a também reprasentar, enquanta hé outros ‘que 36 podem renresentar, ¢ que ficam completamente perdidos quando no exercem lum pepel, no sendo por isso apraciados © aplaudidos (reconhacidos coma exis: tentes! No incivdue normal, que tem aspecto de ser submisso a0 self, mas que existe {© que 6 um ser espontanes e crativo, existe 20 mesmo tempo a capacidade para 0 uso de simbols. Dito de outro modo, normalidade aqui esta intimamente ligada 8 ca- pacidade do individuo de viver em uma érea que @ intermediaria entre a senha @ a rea- Nidade, aquela que ¢ chamada de vida cultural (veja “Transitional Objects and Transitional Phenomena”, 1951), Como contraste, onde hd um alto greu de splitting entre 0 self verdadero # 0 falso seif que oculta o self verdadeiro verifca-se pouca ca- pacideds para 0 uso de simbolos, ¢ uma pobrezs de vida cultural. Ae invés de abje- tivos cultrsis, observam-se em tais passoas extrema inquietacgo, uma incapacidade de se concontrar e uma necessidede de colecionar ilusdes da relidade extern, de ‘modo que a vida toda do individuo pode ficar chela de reagdes a essas i Aplicagao cli 4 90 fe2 referéncia & importancia da identificaco da personalidade com {also ‘self quando se esté fezendo um diagndstico com o propésite de avaliagSo de um caso para tratamento, ou avaliago de um candidate para trabalho psiquidico ou da 35 Sisténcia social psiquidvica, 137 Le? Consegiiéncias para o psicanalista Se for demonstrado que estas considoracies s80 vélidas, entéo o psicanalsta ‘ieinado deve ser inllvonciado das seguintes manciras: 42} Na andlise de uma false personalidade precisa-se reconhecer o fato de que o ‘analsta 56 pade felar 20 falso self do paciente sobre seu self verdadoiro. & ‘como se uma enfermeira trouxesse ums crianga ¢ de inicio o analista dis cutisse o problema da crianga som manter contato dirato com a erionga, A ‘enalse no comeca até que a enfermeira deixe a crionga com o analsta e ctianga se tore capar de ficar 36 com ele @ comece a brincar. i} No ponto de transi¢do, quando o analista comeca a entrar em contato com o Seif verdadeiro do paciento, deve haver um period de extrema dependéncie. {sso muitas vezes ndo é porcabido na prética analitiea. © paciente tem uma Jdoenga, ou de algum outro modo dé go analista @ oportunidad de person ficar 0 folso self (ama-secal, mas o analista neste ponto falna em veriticar 0 ue esté aoorrendo: em conseqincia sao outros que tomam conta do pa: ciente © dos quais © pacionte se tozna dependente em um periado de re gressBo disfarcada & depondéncia, e @ oportunidade & despercicada, ©} Analstas que néo est80 preparados pars satisfazer as grandes necessidades sos pacientes que se tomam dependences deste mado davem ter cuidado 30 escolher 08 seus casos de modo 2 nao incluir entre eles Upos com falso self No trabalho psicanaltico & possivel se ver andlises continusr indetinidamente Porque sio fits na base do trabalho com o falso sel. Em um caso, com um pa- Biente masculino que tinha tido ums anélise de durago considersvel antes de vir @ mim, meu wabaia com ele realmente comecou quando Ine tornei clero que reco- nhecia sua nbo-eristéncia. Ele me observou que om todas aqueles anos todo o bom ‘rabalho realizado com ele tinns sido instil, porque tinhe sido feito sob a preimissa ce ue ele existe, quando ele apenas B¥icia falsamente, ailfida ou disse que reco- Nhecia sua nlo-existéncia, ele sentiu que tinha se comunicado pela primeira ver, © ‘ue ele quis dizer fo: que seu seff verdadeiro, que tinhe estado Quito desde a inf: «ia tinne agora estabeleckdo comunicagio com seu analsta da dice mancira que no ‘ra perigosa. Isto ¢ tipico do.modo como este conceita afeta o trabalho psicanalitico. Fiz referéncia a alguns outros asnectos deste problema clini. Por exemplo, fem “Withdrawal and Regression” (1954a], tracei no tratamente de um homem a {evolusio ne transferéncia de meu contato com (sua versd0 del um falso se, através de meu primeiro contato com seu self verdadeiro, a uma andlise do tipo diveto. Neste 880 0 recuo teve Ge ser convertido em rogresedo, como foi deserito naquele estudo. Um principio pode ser enunciade, 0 de que na area do falso self na prética analtica verticamos fazer mais progresso a0 reconhecer a nlo-existéncia do paciente {49 que a0 trabalhar longa e continuadamente com 0 paciente na base de mecanismos de defesa do ego. 0 falso self do paciente pode colaborar indetinidamente com 0 ‘naliste na andlse das defesas, estendo, por assim dizer, do lado do analista, neste jogo. Este trabalho infrutifro s6 & encurtado com @xito quando 9 analista pode apon: tor € especifcar @ austncia de algum aspecto essencial: “Voce nao tem boca, “Voc8 138 4 or sinda no comecou @ exist”, “Fisicamente vacé é um homem, mas voc® no sabe ‘nor experiéncia neda sobre masculinidads”, @ assim por diante. Esses reconhocimen 105 de um fato imoortante, tornados claros no momanto exato, abrem caminho pers a comunics¢do com 0 self verdadero. Um paciente que teve muita enélise intl na base de umn falso sel, cooperando vigorosament6 com wn analists que pensava ser aquele seu self intagral, me disse: "A dnica vez que senti esperanca foi quando voc® ie disse nfo ver esperanes, e continuoy com a endlise” Baseado nisso pode-se dizer que o falso self (como as projecdes mbltiplas em cestégiosposterores do desenvolvimento) iluée © analista se este falna em varificar ‘que, efcarado como uma pessoa atuante integral, @falso soll, no importa quao bem ‘se posicione, carece de algo, ¢ este algo ¢ 0 elemento central essencial ds origial- ‘dade oritiva, — ‘Muites outros sspectos da apliceeso deste concelto sorBo descritos com 0 tempo e pode ser que em alguns aspoctos o concsito em si tenha de ser mozhficado ‘Meu objetivo a0 expor esta parte do meu trabalho (que se relaciona com o trabalho de outros analisas) ¢ manter © ponte de viste de que este conceito moderno de faiso self ocultando 0 seif verdadeiro, juntamente com a teoria de sua etiologia, ¢ cepaz de tet um efeito importante no trabalho psicanaltco. Tanto quanto posso ciscerir, Iss0 ‘80 implica nenhura mudanga importante na teoris bésice da psicandise, 139)

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