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ener Ser tc Cees tee Coe er reat ay i ea eet Coe eee ee Cee ore eee ee eet eer ee Coreen Ce ec Lt Cee er eee Co re ek ee ne ra ee ee ee Coe at ee pr eee = 0 SISTEMA PRESBIERIANO © WALROleris DOADO POR Biter Gul fg em.J3 Ob Pe ut. iat Sistema Presbiteriano WH. Roberts igo histren — 1947 2 eo 1999" 3.000 exemplares Revit: am Els Noga Formatagso: Byprsito Bua Pulbliajo aprovats peo Cone oral ‘Caio Mar Presiden), Aprniano Wise de Macedo, ‘Augustus Nicogemas Lopes, emando Uamilon Cost, ‘Sebasite Bueno lint €DITORA CULTURA CAISTA NASCE A cASA JADORA PRE! IANA 1947, Ano notavel, de grandes comecos. A ex pressao acima foi empregada pelo reverendo Toanerges Ribeiro, a propésito da primeira edicao desta obra, O Sistema Presbiteriano. Fra presidente do Supremo 0 reverendo Natanael Cortez. O SC de 1945 havia nomeado uma Comissio para organi: ar uma "Casa Editora” (Ribeiro a presiciu). Segun: do o historiadar Julio Andrade Ferreira, os nomes de Gutenberg de Campos, José Borges dos Santos J COsny Silveira e Pedro Pucci estavam ligados a Edito- ranno comego, Houve também Joao Lupion, Arman. do Azevedo (respectivamente tesoureito e secreté- rio da referids Comissa0) e Rui Barbosa de Cam. pos, entre outros. Crentes figis ¢ consagrados. ‘Com mais de 50 anos agora, a CEP continua servindo a IPB e promovendo a gloria de Deus. Esta segunda edigio de O Sistema Fresbiteniano, além da contibuicdo evidente por seu sélido conterido, tem o valor de te sido tm marco em nosso comeco. Louvamos a Deus por nossa histéria e, consa: sgrados hoje a ele, nos dedicamos com entusiasmo a0 desenvolvimento de seu reino, Cléucto Marra Editor Dos sistemas doutrinérios da cristandade, pode se dizer, sem nentium favor, que 0 mais si da, 0 mais logicamente ariculado eo que melhor expressa o ensino das Eserturas ¢o Presbitriano Confiados na soldes do sistema, 08 ministros presbiteranos nem sempre tém procurado real ‘are difundir os prineipios essenciais que caracte- faam a sua teologfe. Seu ensino e cua prticatém visado mais as doutinas comuns a todas a igre jas evangélicas e, principalmente, a obra de evangeizacao. E mesmo. Em casa de presbite ‘fanos ¢ caro ouvic falar em Presbiterianismo. Do evangelno € que se fala mas freqiientemente [No Brasil a Faculdade Presbiteiana de Teolo- gia tem se earacterizado por uma orientacio dou trinavia firme e conservadora. & um baluarte da Aidelidade& boa doutrina, Enzetanto, 8 ministros que ali se formaram nao sao homens intoleran- tes. Sdo eristos suficientementeliberais ¢ sensa tos para cumprir, sem quebrar os principios do seu sistema, os deveres da fratemidade e da cola bboragio crsté com todas as denominagoes gent: inamente evangeticas, A preocupagao absorvente no € 0 proseliismo denominacionalista estreito, mas a salvagao dos homens por meio de Jesus Cristo. Por isso, embora nao falem tanto como ‘outros em unio de igrejas, eles so os que, de fato, concorrem mais para conservar a boa vizi ‘nhanga interdenominacional. A numerosa familia presbiteriana tem ajudado a divulgar toda a boa literatura evangética publicada pelas outras unida des do evangelismo nacional. E por que é que s40 presbiterianos? Em que consiste a esséndia basica € particular do seu sistema? E 0 que todos os presbiterianos leigos deveriam saber e talvez. nem. todos saibam, Eo que vai ensinar 0 pequeno e étimo Livro ( Sistema Presbiteriano” de W. H. Roberts, que 180 oportunamente acaba de traduzir 0 Rev. Gutenberg de Campos. “O principio capital € a Soberania de Deus”. Todo o sistema depende des- saimportante verdad revelada nas Escrituras, Esse principio, € certo, suscita problemas e dificulda- des intelectuais. Entre eles, o mais complexo de todos € 0 da liberdade. Ha solugdes tidas como definitivas e satisfatorias. Sao simplesmente ingé- rnuas. Eoutra coisa, nao fazem mais do que negar um dos termos do problema. O Sistema Presbi- teriano ndo nega nem pretende resolver. Verifica © fato da liberdade, reconhece a Soberania, mas subordina a liberdade humana a Soberania de Deus. Desse assunto, em suas relagdes mais im- portantes, vai tratar o livro que aparece em boa hora e que merece franca, inteligente e cordial aco- Iida de todos os que, sinceramente, desejam co nhecer o ensino da Biblia. Ao espitito vigilante do Rev. Gutenberg de Campos, & pena competente do Rev. Boanerges Ribeiro ¢ ao espitito servigal de Ruy Barbosa de Campos. devemos 0 aparecimento da obra em portugues. Dos beneficios que vai produit, dirao os leitores que, estou certo, serio numerosos, J Borges dos Santos J Rev. Gutemberg de Campos, secretario de Educagdo Religiosa da Igreja Crist8i Presbiteriana do Brasil, obteve, ha tempos, a permissao para publicar, em portugues, o espléndido livrinho de Roberts sobre o sistema presbiteriano, ‘Traduzindo-o, entregou-o & Comissao da Casa Editora Presbiteriana, a qual iutava e luta com dift- culdade para funcionar pela falta de recursos fi nanceiros. O senhor Rui Barbosa de Campos se propos publicar o livro em sua tipografia, ofere~ cendo a comissio direitos de distribuigdo. Assim, ‘com o espitito de sactifcio de leigos e pastores — tuns dando tempo e trabalho gratuito, outros colo- cando a disposicao da Igreja suas aptidées profis: sionals, nasce a Casa Editora Presbiteriana. Con- vem lembrar que a biografia de Miguel Torres esta sendo publicada, nas mesmas condicdes, pelo se hor Pedro Guido Pucci, de Franea, havendoo seu autor, Rev. Julio de Andrade Ferreira, aberto mao dos direitos autorais da primeira edicao. “O Sistema Presbiteriano” é uma obra especi- ficamente teclégica; um trabalho denso, sintético E come esses alimentos que nos vémn desidrata- dos. Antes de absorvé-la, é necessério restabele- cer a quantidade normal de palavras e pensamen- tos paralelos que tornem bem simples essa Kicida exposicao. Por este motivo e sob os auspicios da Secretaria de Educacao Religiosa, apresentamos 0 tivro para estudo na Escola Dominical, nas Unioes de Mocidade, nas Sociedades Ausiiadoras Feri ninas. Seré dt. que 03 pastores, com a necessdria antecedéncia, déem aulas aos professores ou ‘mantenham com eles palestras em tomo dos en. sinos do lve. “Tomei iberdacle de adaptar a0 ambiente na clonal ¢ a0 nosso tempo as referéncias do autor 8 jgroja norte-americana. Nao signif isto que #¢ fez qualquer ateragao ou acréscimo a obra. Sim plesmente, onde ele se refere a insttuicao e leis norte-americanas, o assunto foi “wraduzido” para Insttuigdes e leis brasileiras, tanto eclesidsticas como civis. Porque escrevendo em sua ter, para sua gente, ele aplicava o ensino & sus terra @ 20 seu povo. Pela Comissao, Boanenges Ribeiro Procurei expor neste livtinho, de modo claro e explicto, as caracteristicas, a autoridade e os de~ veres do Sistema Presbiteriano. Dou énfase a in. {luéncia da ideia fundamental desse sistema: a So- erania de Deus sobre o seu todo e sobre cada parte. Apresento os aspectos fundamentais do presbiterianismo — como se encontram nos pa- dies de Westminster — sob os seguintes titulos: ‘Teologia, Dever, Culto e Govemo. Indico até que ponto vai a autoridade desses padroes sobre os membros ¢ os ofiais da Igreja Presbiteriana, e as obrigacdes individuais coleti- vvas decorrentes da aceitacdo dos mesmos. Entrego-o ao piiblico na esperanca de que seja dtl clara compreensio da natureza e da posi¢ao historica do Sistema Presbiteriano, tanto no que coneeme a fé como no que diz respeito & pratica WHR © SISTEMA PRESBITERIANO Tanto a letra como 0 espitito da Palavra de Deus nos autorizam a fazer um estudo sistemati- co do ensino biblico. Por isto, aIgreja Presbiteriana formulou um sistema que contém os principios € costumes que ela professa, Nestas paginas tenta: rei expor, resumidamente, o sistema de verdades ccontidos nos padres da Igreja ou, em outras pa. lavras, buscarei responder @ seguinte pergunta Quais as caracteristicas fundamentals do Sistema Presbiteriano de fé ¢ pratica? 1 IDEIA FUNDAMENTAL A palavra “presbiteriano” nao designa apenas o.adepto de uma forma particular de governo ec. sidstico. Portanto, “Sistema Presbiteriano” nao é apenas © cédigo de leis que regem determinada onganizacdo religiosa, Um sistema, seja de filosofia ou de teologia, pode ser definido como uma classificagao I6gica de verdades afins, sob o império de uma idéia pre dominante. Nenhuma verdad tem existéncia iso- ada: ha viva interdependéncia entre as verdades. Ea relacao harmoniosa de verdades que interde- pendem, sob uma idéia fundamental comum, equivale a um sistema. Nao se deve julgar um sistema de verdades isoladamente, por qualquer de suas partes, nem por caracteristicas acidentals, mas sim por todas ‘as suas partes en conexdo légica com a verdade fundamental, A doutrina da soberania de Deus ¢ a idéia fun- ‘damental do Sistema Presbiteriano. Soberania de Deus significa 0 controle absoluto de tudo quanto existe, exercido por Deus. O Espitito de Deus, oni- potente, onipresente, onisciente, eterno e supre- ‘mo governa todas as coisas visiveis e invisiveis, e as governa para fins sabios, santos e justos; fins ‘estes conhecidos cabalmente por Deus apenas. Definirei, pois, Sistema Presbiteriano: é 0 cor po de verdades e leis reigiosas que tem como ver- dade fundamental a soberania de Deus. 1. O Principio Centrai— Da soberania de Deus decorre, de fé e prética, A primeira coisa que deve verificar quem pesquisa verdade religiosa é se Deus —que éa verdade etemna— realmente falox orien: tando os homens em matéria de fé ¢ de conduta. ‘Todos 08 cristdos afirmam que Deus falou aos homens e que essa revelacao se acha entesourada na Biblia. Mas embora todos os que se dizem cris. ‘80s aceitem a Biblia como Palavra de Deus, nem todos a consideram regra tnica de f€ e pratica Poderiamos dividir a cristandacle em quatro clas- ses, neste assunto: racionalistas, iberais, catélicos ‘e evangélicos. Os racionalistas negam que a Biblia seja realmente Palavra de Deus; os liberais air mam que a Palavra de Deus esta contida nas Sa- radas Escrituras, mas negam que toda a Biblia sejaa Palavra de Deus, Além disto, alguns iberais colocam a azao humana em pe de igualdade com a Escritura, como fonte de conhecimento religio- 50; 08 cat6licos (os que assim se denominam) sus- tentam opiniao bem diversa do racionalismo; tan- to 08 catélicos gregos, como os romanos e os anglicanos afirmam que a Biblia é a Palavra de Deus. Mas aceitam, também, as tradicbes ea voz da igreja como fontes legtimas de autoridade rl giosa, a0 lado da Biblia, E em consequéncia disto, sempre tm substtuido as Sagradas Escrituras por mandamentos de homens e decretos de conclios. ‘Os evangelicos combatem as ts posigées act ma. Em oposiqao as duas primeiras, sustentam que a Biblia €, em sua totaidade, a Palavra de Deus fe que cada uma de suas partes ¢ divinamente ins- pitada e infalivel. Contra os catdicos (gregas, 10: manos e anglicanos) afimam que a Biblia €a dni ca regra de fée prética, e reeitam a tradicdo como regra de fé, Tomam para seu moto neste assunto a nobre senha: “A Biblia e somente a Biblia é a religido dos protesiantes’ Podemos, pois, resumir assim a posicao dos evangélicos: a soberania de Deus implica na so berania de sua palavra. Desde que se concorde que na Biblia Deus se revelou ao homem, segue se que nem as conclusbes da razao humana fina, nem os decretos de uma igreja ou de um para tnfalivel, podem ser regea suprema de fe pratica Somente a Palavra de Deus constitu, para o ho: ‘mem, uma regra infalivel de f6 e de pratica. Se aceitamos que certo livo ¢ a Palavra de Deus, de- ‘vemos aceité-lo em todas as suas partes como autoridade suprema, Ao lado da Bibia, a razao nao ¢ norma de fé mas instrumento de interpreta fo. Neste assunto, os presbiterianos pensam como todos os evangélicos: a regra de fé e pratica ¢ toda a Biblia — e somente a Biblia. © Sistema Presbiteriano aceita como objeto de consideracéo permanente apenas aquelas coisas cua origem e ‘autoridade decomem das Escrituras. Poderiamos chamar a aceitacao da soberania da Palavra de Deus o principio orginico. Vem ele exposto no primeiro capitulo da Confissao de Fé. Os presbiterianos iniciaram sua Confissio de Fé colo- cando as Sagradas Escrituras em primeiro lugar, 2. Direito de associag#o denominacional — A. aceitacao da Palavra de Deus escrita como regra infalivel de fé e prética nos coloca diante do se- uinte problema: que relacio existe entre o indivi duo ¢ a interpretacao da Palavra de Deus? Que relagdo tém com a Biblia 0s cristaos organizados em diferentes denominages? Os padrées presbiterianos respondem a pri- ‘meira pergunta com o principio de que a sobera nia de Deus decore de que somente Deus ¢ Se nnhor da consciéncia; é a Deus, Senhor Supremo, que cada homem tem de prestar contas. Visto que Deus € soberano, sua Palavra é a regra suprema de fé e pratica, e cada individuo tem 0 direito de interpreté-la pessoalmente, de acorto com os pro- pros prineipios que ela encerra, Antes de cri or- ganizagoes e antes de elaborar constituicoes ecle- sidsticas, a religiéo evangélica, em sua forma presbiteriana, coloca a alma em contato direto com. Deus, sem qualquer obstaculo oriunde de proces. 0s da raztio ou de declaragoes da Igreja. Na Con: fissdo de Fé, este fato esté assim expresso: “56 Deus € Senor da consciéncia e ele a detsou livre das doutrinas e mandamentos humanos que, em qualquer coisa, sejam contréios & sua palavra ou que, em matéria de #8 ou de culto, estejam fora dela” (Confissao de Fé, cap. XX. pardgrafo I), Fortanto, os presbiterianos consideram univer: sais e inaliendveis os direitos do juizo individual em tudo quanto diga respeito a religiao "(Forma de Governo) Postanto, cada pessoa tem o direito de inter pretar por si mesma a Palavra de Deus — com 0 devido respeito ao Criador. Segue-se dai que cada homem tem 0 direito de se associar com outros para alcangarem os altos ¢ santos objetivos da re- ligiao crista. Nao € nosso objetivo discutir 0 valor das denominacSes evangélicas, mas afirmamos que elas colhem apoio, tanto na natureza humana como na Biblia. O que nos interessa é assinalar a posicao da Igreja Presbiteriana no assunto. Na For ma de Govema, cap. I, Secdo 2 lemos que "em ‘perleta harmonia com as prinappios acima (de juizo individual) qualquer igreja cist’: qualquer unto ow assoclagio de igrejas pasticulares tem o direito de formular condigdes de admissao ao seu gré ‘mio, definindo as qualiicagdes de seus ministros e de seus membros. Podem, igualmente, deter- sminar todo o sistema de seu govemo interno — contanto que 0 determinem de acordo com os ensinos de Cristo, No exercicio desse dieto, qual «quer igreia pode exar, formulando termos de ad. smissao demasiado amplos, ou excesshamente es treitos. Mas 0 seu e110 ndo prejudica a Hoerdade & 0s direitos das outros. Quem era € que est fa- zendo uso imprdprio de um direto Em virtue das iberdades gémeas de juizoin- dividual e de associacdo voluntéria, e de acordo com as Eserituras, organizou-se o grupo de cris- tos conhecidos como presbiterianos, para man: ter o sistema de fé e prética, de culto e governo que aceitam como o sistema biblico. Se os presbiterianos erram ao afirmar que o sistema presbiteriano ¢ o sistema biblico, adotando-o e sustentando-o, ndo tothem a liberdade de pessoa alguma: to somente fazem uso imprdprio de um dieito que é seu. Mas a verdade ¢ que nés, pres terianos, estamos profundamente convencidos de ue sio bibicos os principios que professamos— com todo 0 respeito para com os que assim nao pensam. E, portanto, um direito nosso exigir dos pastores, presbiteros regentes e diéconos a ace tacao pessoal da Confissto de Fé, do Breve Cate- cismo e do Catecismo Maior como a sistematiza- <# do ensino biblco. Da mesma forma, exigimos 4 aprovacao sincera da forma de govemo expres- sa na Constituigao da lgreja I ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PRESBITERIANO Ap6s as consideragbes anteriores, énatural que vetifiquemos quais os aspectos capitis do sise ‘ma que estudamos. As linhas mestras do estudo serio as de todas as religibes: Teologia, Dever, Culto e Governo. 1) Teologia. & fundamental, no prestiterianis ‘mo, 0 set sistema teoldgico: exposicéo do que Gevemos crer acerca de Deus e das suas relagSes, com os homens. Tem-se dito que a teologia presbiteriana & calvinista, mas este termo nao diz tudo, Todas as doutrinas presbiterianas tém sua orige na Pala ‘ra de Deus, A disposicao dessas doutrinas se su: bordina, sempre, a ideia calvinista da soerenia de Deus. Mas, na Confissio de Fé e nos Catecis- mos ha outras doutrinas, além daquelas que s80 peculiarmente calvinistas. Ha, em nossos padroes doutrndrios, trés gran des elementos teol6gicos: no primeiro estao as dou trnas aceltas por todos os cistos: no segundo, dou tsinas mantdas por todos os protestantes; no tecei- 1, a5 doutinas caractristicamente cavinistas No primeito elemento — doutrinas aceitas por todos os cristaos, ha verdades como a existéncia de Deus, a unidade de Deus, a trindade, o plano de Deus, a criacdo, a providéncia, a queda do ho. ‘mem, 0 pecado e 0 castigo, a liberdade da vonta: de humana, a pessoa de Cristo, a personalidade do Espirito Santo, a salvacdo mediante a obra do divin Redentor @ a ressurreicao dos mortos. Os ciistéos todos aceitam, substancialmente, essas doutrinas em sua forma geral, mesmo quando {ntroduzem variagoes em detalhes. No elemento caracteristicamente protestante esido doutrinas como a da supremacia das Escri- turas Sagradas como regra de fé e pratica: supre macia da autoridade de Deus sobre a consciéncia ‘humana; sactifcio vicério ¢ mediagio exclusiva de isto; justificacdo do pecador arrependido somen: te pela fé; promocdo dos santos para o céu imedi- atamente apds a morte e sua completa santificagao no estado de gléria. Estas doutrinas sao um traco de unio entre todas os cristios evangelicos de todo 0 mundo, No elemento caractetisticamente calvinista do presbiterianismo esto as doutrinas usualmente denominadas os cinco pontos peculiares a0 calvinismo: a) predestinagao incondicional, opos- ta predestinacao condicional; b) expiagaio defini- da outa redengao particular, oposta a expiagao in- definida: c) a depravacio total do género huma- ‘no, oposta & depravacio parcial; d) a graca eficaz, posta A graca incerta; e) a perseveranca final dos santos, oposta a perseveranca parcial. Estes cinco pontes sao peculiares ao presbiterianismo e dis: tinguem os calvinistas dos demas eristaos evan- élicos. Muitos batistas e congregacionais, e alguns episcopais e metodistas s8o, nestes cinco pontos, teologicamente presbiterianos, Aidéia fundamental do sistema, soberania de Deus, se relaciona diretamente com cada um des- ses cinco pontos. As doutrinas universais mencionadas antes, e todas expostas na Confissao de Fé, afirmam, com reveréncia e énfase, que Deus existe; que Deus existe em Trindade, sendo um em substancia; que ele ¢ espirito onipotente, onipresente, onisciente, eterno. Infinitamente santo, sébio ¢ bom; que o universo é desenvolvimento de um plano eterno de Deus; que, havendo criado todas as coisas, Deus todas governa; que a liberdade de vontade é dom de Deus e toma © homem moralmente responsa vel; que Deus permitiu 0 pecado, mas também determinou sua puni¢ao; que do pecado o homem € gratuitamente salvo por aquele de quem se diz: Deus amou a0 mundo de tal maneira que deu 0 seu Filho unigénito, para que todo o que nele cré do pereca, mas lenha a vida etema; e, fnalmen- te, que um dia todos os homens ressurgirao dos mottos e receberdo no tribunal divino a sentenca inapelavel e final [Na Confissao de Fé, 0 elemento protestante é também dominado pelo principio da soberania divina, Porque Deus € Soberano € que sua pala va € a tinica regra infalivel de fé e prética; que todo homem the ¢ diretamente responsavel em ‘materia religiosa; que, fora do sacrificio e da medi- agdo de Cristo, nao ha salvagéo para 0 pecador; que boas obras no salvam, mas somente a fé em Cristo; que nao ha estado intermedidrio deno- ‘minado purgat6rio, mas que as almas dos mortos ou vao para 0 céu ou para o infemo. Os cristios protestantes ndo créem que a igreja, ow a razao humana, sejam fontes de divina autoridade em ‘matéria religiosa; que os homens tenham o direi- to de impor doutrinas usando a forga; que os pe- ‘adores possam ser salvos por outro modo além da mediagao de Cristo; que a graca de Deus possa ser comprada com boas obras: que os crentes pre- ‘isem esperar depois da moxte durante longo pe- riodo antes de serem aceitos a presenga de Cristo Desde que Deus € Soberano, a Biblia ¢ lei supre- ‘ma; o homem, um ser responsavel perante Deus: asalvacdo depende apenas da fé: a graca vem de Deus sem dinheiro e sem preco, gratuitamente, e ‘0.cu € uma realidade imediata apés a vida terrena, ‘Também no elemento calvinista propriamen- te dito, a Confisséo exelta a soberania de Deus. Os ‘cinco pontos do calvinismo sao apenas a afirma- ‘cao da soberania de Deus na salvagao do homem. Para nés, a salvagao de cada crente faz parte de ‘um grande plano da providéncia divina, formula do desde toda a etemidade. Sem a interferéncia da vontade de Deus, nem mesmo um simples pardal tombaria ao solo, Com referéncia a salva. ‘qo, cremos o seguinte: a) que a salvago no vem como recompensa a f, mas que tanto f€ como salvaco séo dons gratuitos de Deus: b) que todo crente é objeto de amor etemo, gracioso, defini do, incomparavel: c) que o pecado domina 0 ho- mem de tal maneira que este ¢ incapaz de salvar- se por simesmo; d) que a regeneracao é um livre ato da vontade de Deus — e de Deus apenas; ) que o homem nao pode ser, ao mesmo tempo, autor do pecado e autor da salvacio; ) que quan- do o Espitito Santo toca eficazmente uma alma, ela adquire nova vida; g) que aqueles a quem Deus ama em Cristo, sa de seu amor até o fim: a pes- soa regenerada nao é daquelas que se retiram para a perdicao, mas daquelas que créem para o ga- niho da alma (Hb 10.39). O calvinismo ensina que o autor do universo ¢, também, autor da salvacao. Ensina que Deus é ‘amor e que esse amor, plenamente revelado em Cristo, € mais forte do que a morte. Afirma, ainda, que Deus se relaciona com a alma de cada pessoa individualmente, ndo com a massa. Dedlara que Deus, fonte de toda a graca e de toda a vida, con: cede ao pecador graca e vida. Dectara, finalmente, ue © homem convertido € fiho de Deus para sem- pre. O plano, o amor, a vida, 0 poder e as pro- messas de Deus fazem da salvagdo do homem. arependido uma certeza gloriosa (0s cinco pontos do calvinismo, partindo do estado de pecado e de miséria em que se acha 0 homem, incapaz de ordenar sua propria salvaco, ppassam a apresentar 05 quatro passos do tivra- ‘mento: predestinaclo, redengao, converséo e sant ficagao. A santificagao culmina com a glorificagao. ‘Encontramos todo o calvinismo em sua for- ‘ma original nas seguintes palavras: Todo aguele que 0 Pai me dé, esse vitd a mim: eo que vem a im, de modo nenizarn 0 fangarei fora jo 6.37) 4s minhas ovethas ouvem a minha vor: eu as co- _nheco, e elas me seguem. Ex lhes dou a vida eter na jamais perecerdo, e ninguém as arrebatard da ‘minha méo (Jo 10.27.28). Ora, aquele que é po- deroso para vos quardar de tropecos e para vos apresentar com exultacao, imacufados dante da sua gira, a0 tinico Deus, nosso Satvador, med ante Jesus Cristo, Senhor nosso, gléria, majesta de, tmpénio e soberania, antes de todas as eras, € agora, e por tados os séculos. Amém (Id 24,25). A teologia presbiteriana é consistente do co- meco a0 fim. Reconhecendo a soberania divina fem todas as coisas, tanto na natureza como na sgraca e na providéncia, atribui tudo quanto acon- {ece & soberana vontade de Deus. O Racionalismo, eee pelo contrérto, atribut o govemo e 0 controle do taniverso a forgas naturais, cegas e sem inteligen- Cia. O racionalismo acaba sempre no deismo, na infidelidade ou no fatalismo. O arminianismo, por sua vez, faz do homem, em grande parte, arbi- tro do destino, mutilando, assim, a fé, ofuscando a esperanca, introduzindo, enfim, os eaprichos, as impertinencias as fraquezas inerentes & nature za humana, como fatores preponderantes no pla- no universal das coisas O Sistema Presbiteriano afirma que o Espirito Etemo, misericordkioso, justo, onipresente, onipo- tente e onisciente criou e sustenta, guiou e cont nnuaré a guia, todo 0 universo, a lor modesta € 0 sol flamejante; © homem pecador ¢ o santo ar- canjo, até que 05 propésitos divinos se consumam fa libertacao do pecado em que se acha acorten- tada a ctiagio fatigada e gemedor Gréem os presbiterianos que, embaixo, em cima, ao redor, em cada parte e no conjunto do sistema de coisas a que denominamos Universo, hhouve, ha e haverd uma vontade dominante, uma justica real, um nobre amor: a justica, a vontade & ‘amor que Deus é. Nao acreditam na fataidade e nem no homem como arbitros do destino, mas ‘em Deus, o Pai onipotente. 2. Dever Entre as doultinas essenciais do re ime presbiteriano esiao aquelas que determinam odever do homem, Na determinagdo das leis que regem a conduta humana nao hé som confuso em rnossos padres. Principios e preceitos morais 580 neles apresentaclos com a mais absoluta clareza ‘As prindpais doutrinas sobre © dever s8o as que se referem livre agéncia do homem, a lei de Deus, a0 pecado, a fé em Cristo, as boas obras, & liberdade crista, aos votos e juramentos legais, & magistratura civil, a0 casamento, ao divércio € a0 juizo final. Também estas doutrinas se conjugam em ordem I6gica com o principio fundamental da soberania de Deus. Da soberania divina decorrem as seguintes verdades: a) a livre agéncia do ho: mem é um elemento pré-ordenado em sua per- sonalidade e implica na sua responsabilidade pe rante Deus; b) a Lei Moral, como se encontra nos dez mandamentos e de modo amplificado no Novo ‘Testamento, continua em vigor, ¢ os homens the devem inteiro respeito e obediéncia; c) tudo o que, no homem, se opuser 8 le divina, seja em pensa ‘mento, em palavra ou em obra, é pecado: d) a fé em Cristo € um dever de todos aqueles que ou- vem e conhecem 0 evangelho: e) homem algum tem o direito de sobrecarregar a consciéncia de outros homens com distingdes morais que nao estejam em harmonia com a Palavra de Deus: {0 cristios devem provar, com uma vida piedo- sae reta, as verdades doutrinarias que professam; {) boas obras constituem a prova de que o cristo jd pertence & familia de Deus, mas ndo server de base nem de recurso paraa salvacio do pecador, hyo homem no pode comprometer-se, em hips: tese alguma, a fazer 0 que ndo sejareto; i) deve. ‘mos cultivar grande reveréncia pelo nome de Dews: })0 Estado, tanto quanto a Igreia, € de instituigao divina; k) a obediéncia & autoridade civil legtima ‘equivale & obediéncia devida a Deus: 1) tanto na Igreja como no Estado, a famfia € a fonte ¢ ase guranga da prosperidade. Resumindo os trés tilt ‘mos t6picos direi: os preceitos que governam re- Jagées entre os homens, sejam pessoas, potticas ‘ou eclesiasticas, clever estar em plena harmonia ‘com a Palavra de Deus. Encarecendo 0s precetos rigidos sobre o de- ver, 0s calvinistas dao énfase 20 julzo predestina- do por Deus: énfase & certeza de que cada pensa. ‘mento, palavra e ato de cada individuo, em todas as drcunstinciase relaches da vida, estado sujei {os ao julgamento de um tribunal onisciente, im. pessoal, imparcial einflexivel;julgemento que sera seguido de uma sentenca just eirrevogavel Uma expressao concisa da responsabilidade ‘humana a kuz da soberania divina se encontra nas palavras do Salvador: ... 0 Senor, nosso Deus, € 0 tinico Senhor! Amara, pots, oSenivor, teu Deus, de todo 0 teu coragao, de toda a tua alma, de todo © teu entendimento e de (oda a tua forga. O se ‘gundo & Amards 0 teu prOximo como a ti mes ‘mo. No hd outro mandamento maior do que es- tes (Mc 12,29-31). Digo-vos que de toda palavra ‘ivola que proferirem os homens, dela dargo conta no dia do jutzo (Mt 12.36). ‘Overdadeiro dever, tanto para com os homens como para com Deus, tem, como fonte, a sobera nia divina e por ela é dominado na determinagao da responsabilidade humana. Ja houve quem afirmasse que o Sistema Presbitetiano faz pouco da responsabilidade hu- mana, tomando o homem simples maquina. Tal afirmagao se origina em um falso conceito do sis tema que adotamos. E verdade que o calvinismo —e com muita razdio — encarece a soberania de Deus, mas, assim fazendo, engrandece também ‘homer ¢ suas obrigagbes, Quanto se fzer para tomar clara e patente a idéia da soberania divina, terd como resultado a exaltacao da responsabi dade humana, Quanto mais claramente Deus é compreendid ea sua soberania reconhecida, tan- to mais acetveis ¢ obrigatérios se tomam os se- guintes principies: © homem ¢ tum set livre, pre destinado; a vida reta € um dever perpétuo esta belecido por Deus: a responsabilidade moral do homem foi pré-ordenada pelo Espirito Divino; 0 juizo de Deus ¢ inevitavel e albertagao do castigo da condenacio s6 é possivel mediante Jesus Cristo, A soberania, a fei ea justica de Deus, em harmonia com a liberdade humana, fazem dos cconceitos presbiterianos sobre o dever uma forca moral austera e porlerosa Leais & doutrina da soberania da lei de Deus sobre a vida humana, os calvinistas tém, como nenhum outro grupo de eristéos, aplicado essa lei @ conduta dos homens. A aplicacio comum da palavra “puritano” & moral calvinista evidéncia desse fato, dispensando a ctacao de outras provas. ‘Nao somente na vida intima do individu, mas também nas relagdes pablicas da sociedade, 0 calvinismo tem sido uma forga moral incontrasté- vel. Diz o grande Gladstone que a influéncia geral do presbiterianismo assegurou aos homens, “na ordem oil, as vaniagens de auto-govemo locale das insttuigdes representatias: Adbitos discipina- dos da mente, respeito pelos adversérios e alguns dos elementos do sentimento jundico; desenvol- vimento de individualidades genuinas, ao fado do desencoralamento de personalismos arbitrdnios & de toda e qualquer tendéncia excéntrica; sent mento da vida comum e enérgica dispasicao de defendé-la; amor a lef combinado com amor & Hberdade O verdadero calvinismo tem sido e é podero sa forga do bem tanto na vida individual como na do Estado, exercendo decisiva influéncia na eon: duta do cidadao e na ordem socal. O resultado mais glorioso do calvinismo tem sida a criacao de consciéncias tementes a Deus e de cidadios fis allel Fé em Cristo e obedigncia a Deus determi nam sempre respeito as les 3. Cullo — 0 cuito ocupa lugar de eminéncia na lgreja ctista, tanto no que se refere a pessoas, como a lugares ¢ formas. Poderiamos definirculto como um movimen- toda alma humana para Deus, em nome de Jesus Cristo, no qual se adoram as perfeigies divinas, exalta'se a bondade de Deus, imploram-se bén ‘tos celestiis como 0 perdéo dos pecadios. Para muita pessoas, o culto € a esséncia da religiaoe, ‘em nenhum outro departamento da regio, tém. os homens procurado tao insistente e audazmen: te interferir na soberania de Deus. ‘As doutinas prineipais dos padroes presbitera- nos, com referencia a0 cullo, sa: a) somente Deus deve ser adorado; b deve ser adorado pela medi- 80 de Cristo apenas; c) Deus aceitao culto quan do tributado em espiritoe em verdade, sob a dire ‘0 do Espinto Santo; &) somente no culto verda deito pode o pecado ser perioado e obtido 0 fa: vor divino; e) no Evangelho. parte alguma do cul: to religioso aparece subordinada a este ou aquele ugar; 9 denire os sete dias da semana, Deus se parou tum para o descanso, devendo esse dia ser inieiramente consagrado a Deus; gos principios getais do cult estao expostos na Biblia Nestas doutrinas, como nas demais do presbi terianismo, a idéia dominante ¢ a da soberania divina, Visto que Deus € Soberano, toda e qual: queridolatria ¢ probida: 0 culto ndo deve ser of@ recido através de medianeiros humanos, mas atra vvés de Jesus Cristo, tnico mediadore tinica sacer dote; 0s ministros nao so sacerdotes, mas lide res da congregagao e do cullo; homem algum € anjo algum tém 6 poder de perdoar pecados e de conferir gracas: somente Deus tem tal poder; 0 culto verdadeieo pode ser realizado em qualquer lugar; o caminho que conduz ao favor divino parte do-coracko arrepencida e nao das montanhas de Gerizim ou das colinas de Jerusalém; a lei do des- canso em um dia dedicado ao culto e & comu- ‘ahio especial com Deus no foi ab-rogada e os cxistios devem guardé-la; somente as ordenan- «2s de culto indicadas na Palavra de Deus € que tem autoridade e s0 obrigatsrias; o culto deve ser oferecido a Deus no somente pessoal e int- ‘mamente, mas também em assembléias piblicas; as formas e as ordenangas selgiosas sao simples meios para a conquista des grandes objetivos da vida espirtual dos cristaos, mesmo os sacramen- tos exdenados por Deus, predosos come sa para a alma do crente, representando, embora, a cul- ‘mindncla do culto divino e 0 verdadeiro contato <éa alma com Cristo, contudo, nao tem em simes- ‘mos eficicia alguma, e somente pela béncao de Deus se tomam operant. oderiamas resumir assim os principios precbi ‘erianos do cuito: no hd outro objeto de cuto além e Deus; nao hi outro sacerdote além de Cristo: nao ha perdto senao para o pecador arrependio, para a obtengio do favor divina nao ha abstéculo além da incredulidade: nao ha cuto senio 0 ti bbutado a Deus em espito e verdad; no existe formas de cuito além daquelas expressas na Biba. 0 caivinismo condena os expedientes huma- rnos que tendem a difcuitar a ivre comunhao do hhomem piedoso com o seu Criador. No Sistema Prestiteriano, a alma é colocada em contato die tocom Cristo, que aleva & presenca do Deus eter. no de quem ela ouve, pessoalmente, as consolacioras palavras: .. Filo, os teus pecados ‘esto perdoados (Me 2.5). 5 principios acima expostos ciaram formas de culto simples e claras, que tém sida parte do testerunho e da gloria das Igrejas Presbtesianas por muitas geragées. Oponde-se aos romanistas aos ritualistas, os presbiterianos afirmam e sus tentam que o culto prestado aos santos e aos an. jos ¢ uma usurpacio da gloria divina; que os sa- cerdotes exploram o nome e o poder de. Cristo gue as Rurgias obrigatorias, além de nao terem base nas Esctituras, consttuem um enitave 20 ver- dadeiro culo. As Igrejas Presbiteranas, crendo fir ‘memente na soberania divina eaplicando, na dou trina do cuito, o principio fundamental da avtori- dade da Biblia, insistem sempre em que a liberda- deem iturgia é um dos resultados dretos dos prin ipios do Antigo ¢ do Novo Testamento. © Deus que nos deu as doutrinas cristis essenciais ¢ 0 mesmo que convida todos os homens a prética livre e espontanea da prece. O caminho de livre ‘acesso a Deus tem sido, no passado, obstruido por mil entraves resulantes do orgutho, da igno- rancia ¢ da pretensio humana. Mas os calvinistas sempre lutaram, vigorosamente, contra isso, en- frentando incompreens6es, sofimentos, rticas, alaques e morte na defesa e na preservagio do direito de livre acesso ao trono celestial de gracae de perdao. Que os calvinistas de hoje se unam, pols, aos do passado na preservacio tena da I berdade de culto — esse instrumento que Cristo cemprega para promover alibertacio do Homem, 4, Gover — Fm seus aspectos essenciais, 0 govemo da Igreja nao 6 matéria de expediente ou competéncia humana. A lieja foi estabelecida por Deus, naterra, coma finaidade de preservar, man- tere difundir a sua verdade. A Igreja deve set, 20 mesmo tempo, a coluna ¢ 0 alicerce da verdade. Tendo tido origem divina, a natureza e os aspec- tos gerais da Igreja estio caramenteindicados na Palavra de Deus. As prindpais doutinas presbiterianas sobre a Igrejae sua forma de governo sao: a) Jesus Cristo € 0 Chefe da igreja; 6) todos os crentes deve ‘estar unidos entre sie igados diretamente a Cris- to, assim como os diversos membros de um cor- Po, que se subordinam a direcdo da cabeca, ©) Jesus Cristo mesmo determinou a natureza do ‘governo de sua Igreja: d) todos os crentes, como ‘membros do corpo de Cristo, tém o diteito de par- ticipar das atividades da Igreja; e) a Igreja tem au toridade para exercer discipiina sobre 0s faltosos @ para exercer 0 governo; f) os cristdos tém o di- reito de livre assodagdo em denominacSes que prescrevam as condicées de admissao em seu seio; g) as Igrejas podem preservar a unio espit tual e doutrindria dos cristios sendo, ao mesmo tempo, independentes administraivamente. ‘A soberania de Deus determina a ordem e @ forma de apresentacdo dessas doutrinas. Do prin cipio basilar do presbiterianismo — a soberania de Deus — procedem, logicamente, as verdades seguintes: a) Cristo € a Gnica cabeca da Igreja e, portanto, todos os cristios que a ele estdo unidos ‘io membros da Igreja ideal, invisivel, que existe no céw e na terra, composta de todos os eleitos; 6) todas as pessoas que professam a verdadeira religido so membros da Igreja visvel e universal existente na tera; ¢) todo 0 poder da lgreja € de. larativo ¢ ministerial. Ministerial quando a Igreja age em lugar de Cristo. Deciarativo quando inter- preta os ensinos de Cristo contidos nas Sagradas Escrturas; d) os termos de admissio de mem- ‘bros devem ser de acordo com o que esté estatsido ra Palavra de Deus; e) somente devem ser nome. ados na Igreja ofdais permanentes nos casos que a Biblia indicar; os ministros, como representan- tes de Cristo, so itmios e iguais uns aos outros em autoridade; ) 0 povo de Deus tem o direto de ppatticipar do governo da Igreja; h) a Igreja possui ‘o poder de excluit 0s crentes faltosos e de regular a conduta de seus membros; i) como a lgreja é ‘composta, no de unidades desconexas e inde- pendentes, mas de partes unidas umas as outras, camo porgies de um todo, verdadeiros membros de um corpo, tem ela o direito de regular e de inspecionar todas as suas partes componentes, se jam membros da comunidade eclesidstica, sejam congregacées particulares;j) a existéncia de deno. minacdes nao fere os preceitos biblicos e nao des {sia verdadeira unidace da Igreja, desde que cada uma delas cumpra felmente a misao que fot im- posta por Deus; k) e, finalmente, o Estado ndo tem poder algum sobre a Igreja Aplicados no Sistema Presbiteriano, esses prin. Cipiosresuitam numa organizacio eclesistica cujos aspectos principais sto os segintes: a) Jesus Cris to € a Gnica cabeca da Idreja; b) os ministros s20 ‘iguais uns aos outros; c) a autoridade € sempre ‘outorgada positivamente nao a individuos, tals como bispos, mas a concilios representatives: d) as alividades e os negécios das congregagies {ocais sao administrados conjuntamente pelos pas- tores e pelos oficiais escolhidos pelo povo, cha- ‘mados presbiteros regentes e diéconos; e) os in- teresses gerais da Igreja s8o dirigidos por érgéos representativos: presbitérios, sinodos e assem- biéias gerais: os ensinos de Cristo contidos nas Escrituras constituem a lei da Igrea; g) os termos de admissto sdo iguais aos termos de salvacdo: fh) a disciptina € exercitada somente contra ofen- sas feitas & Palavra de Deus ou contra faltas car ‘mente inferidas desta Pelavra; i) todas as denomi- nagdes que sustentam as doutrinas essenciais da religido crist& so reconhecidas como Igrejas de Cristo: a organizacio eclesidstica ideal é aque- la que realiza 0 sébio propésito de uma Igreja livre num Estado livre. Podemos, também, apresentar esses prin- cipios em forma negativa: a) nao ha outra cabeca na Igreja além de Cristo; b) nao deve haver mono- polio de poder e autoridade pelos pastores; c) no existe govemo de prelados; d) ndo existe outra fonte de lei além da Bibiia: e) ndo se concebe ne gacao do direito popular; f) nao ha outro empec- Tho para a comunhao a nao ser a incredulidade: ) nao ha exclusdo a ndo ser por ofensa a prin- Cipios biblicos; h) no pode haver adogao de re- sas gerais sem a cooperagdo de todo 0 corpo de Iegrejas associadas; i) n5o se nega o carater cristo a pessoa alguma que professe a regio cristij)© Estado nao pode interferir na esfera eclesiastca, Deste modo, em relagio a Cristo hé obedién- cia; no ministétio, igualdade; com respeito aos di- reitos populares, o devido reconhecimento: quan- to a legislagao e a disciplina, submissao a lei divi- nna; no governo dos neyécios ¢ das atividades da Igreja reina a sabedoria combinada com a eficién ia; na comunidade crista, a pritica da fratemidade; com respeito ao Estado, liberdade de culto Os principios acima resumidos so base de ‘uma dupla convicgdo: 0 governo presbiteriano re- aliza, no seu aspecto divino, 0 reino de Cristo: no ‘seu aspecto humano, o ideal da Republica. E um governo que se adapta as necessidades humanas © estd em absoluta harmonia com os preceitos da Palavra de Deus. Estas doutrinas influenciaram, poderosamen- te, a forma de govemo de varias denominagses cristas; permearam a sociedade moderna e grandemente modificaram as instituigSes politicas de varios paises. Foram, no passado, o baluarte das liberdades civis ¢ religiosas. Acredito que de terminardo a forma da Igreja ideal do futuro, es peranga comum de tados os eristaos. Quando sur- gir essa Igreja ideal, mantera a igualdade entre os pastores; igualdade entre os crentes; supremacia das Escituras; a chefla exclusiva de Jesus Cristo, De modo geral, poderiamos expor o valor do Sistema Presbiteriano: na teologia, honra a sobe- rania de Deus sem negar a liberdade humana, Na doutrina do dever, exige obediéncia a Deus e da énfase & responsabilidade do homem. No culto, exalta a Deus pelas béngos que nos confere & afirma o diteto de live acesso ao trono da graga divina No gavemno, encarece a chefia de Cristo 20 ‘mesmo tempo que proporciona oportunidade ao povo cristo de desenvolver sua atividade espit tual, Do comego ao fim, o sistema reconhece Deus como Soberano e todas.as partes de sua estrutura doutrinétia esto em harmonia com a Biblia Seus simholos sio uma Biblia aberta e uma sarga ardente, AUTORII SISTEMA PRE: IANO. Em 1729. a lgreja Presbiteriana adotou os pa des de Westminster © em 1788, toda a Const tuigdo que até hoje conserva na esséncia. Por isto, embora ndo se exija dos membros das Igrejas a aprovagio formal do sistema presbiteriano, 08 padres de Westminster sio a le! cegularmente adotada pela Igreja Presbiteriana, tanto para os crentes como para os ofiiais,e funcionamn coro a regra comum em teotogia, dever, culo e gover- no, Como a Constituigéo Nacional, a Constituigao da Igreja € lei e guia para todas as pessoas sob sta jurisdicfo. O compromisso de fidelidade so mente ¢ exigido dos ofidais, mas o dever de obe- dligncia & Consttuigio e 8 autoridade constitucio- nal aiinge todos os presbiterianos, Além disso, somente a autoridade que estabeleces esses pa- drdes € que pode alteré-los no todo ou em qual- quer de suas partes. Assim como no Estado, 0 cidadio nao pode modifcar os tezmos das feis a seu talante, também na Igreja o crente nie tem relto de pessoalmente alterar simbolos, leis padres. O sistema prestiteriano, em suas leis ¢ regulamentos, s6 pode set modificado pela auto- ridade da Iyreja, & qual somente compete modifi- car e interpretar os padroes. Na esfera civil, a in- terpretacdo das leis ¢ da competéncia dos tribu- nais especializados. Do mesmo modo, nas igrejas cristas, a interpretacdo das leis denominacionais esté entregue as autoridades denominacionais. A autoridade conferida aos conetios para alterar ou modificar leis eclesidsticas é absoluta no Sistema Presbiteriano. Os padroes da Igreja definem as relagbes en- tre ministros, presbiteros regentes e diaconos. Antes de serem conduzidos aos cargos que de- sempenham, esses oficais esto sujeitos & Cons fituigio que, solenemente, se comprometem a res peitar no momento em que sao ordenados. Quan- do 08 oficais so ordenados e respondem afirma- tivamente as perguntas de praxe contidas no Ma~ nual de Cult, eles nao esto aceitando de novo o Sistema Presbiteriano, mas votando lealdade a0 sistema como lei da Igreja ‘Alas, os termos e as condigbes de aceitacéo do oficio foram, como € justo, formulados pela propria Igreja. Ao adotar, em 1729, os padres de ‘Westminster, a Igreja estabeleceu: que os presbité- rios nao deviam receber candidato ou ministro & comunh&o presbiteriana “a ndo ser que dectaras: sem esiar de acordo com todos os artigos neces- dros e essenciais da Confissdo de Fé e dos Cate cismos” Resolveu, também, que os ministros ott candidatos ao ministério que tivessem alguma di: vida ou difculdade com respeito “a qualquer dos artigos", essencial ou nao, deviam manifestar seus sentimentos ao presbitério por ocasizio do com- promisso, Nessa mesma ocasiio, os presbitérios foram declarados juizes das difculdades apresen- tadas pelos canclidatos, Estabeleceu-se, assim, um principio que tem sido mantido pelas leis e praxes da Igreja: 0 candidato a pastor ou a oficial, que dlviga de qualquer ponto do sistema presbiteriano, deve declarar seus sentimentos ao presbitério sob ja jusisdigdo se encontre quando for examinaco para ordenagio. Fica também estabelecido que os presbitérios t@m poder de interpretacao em maté fia de costume e doutrina, sujeitos a apelo 20s tribunais superiores da Igreja: Sinodos ¢ Assem: biéia Geral 0 direito que a lgreja tem de detemminar as qualificagbes dos candidatos a cargos eclesiésti cos e de requerer-Ihes compromissos de fdelida- de ¢ constitucional, natural e indiscutivel A aceitaco formal do Sistema Presbiteriano implica na aceitagao da verdade de que os funda- -mentos deste sistema néio podem ser, legalmen. te, mudados. Submissao & vontade da maiora, no que nao fra esses principios fundamentais, € {radicdo presbiteriana, tanto na Igreja como no Es- tado. Mas as proprias maiorias no t@m poder para

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