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AIMPORTANCIA GEOPOLITICA DO CONSELHO DE SEGURANCA NA. ORGANIZACAO DAS NAGOES UNIDAS PARA O BRASIL ‘Wendell Teles Lima! Nilson César Fraga? latigara Oliveira da Silva’ ‘Ana Maria Libério de Oliveirat Cleuter Tenazor Tananta® Renata da Silva Guimaraes dos Santos® Resumo Este artigo fruto do proceso de reflexio acerca da posigio brasileira na constituigio de um protagonismo internacional no sistema-mundo. As aspiragdes brasileiras comegam na formacdo das Ligas das Nagdes, que sera o embrido para o surgimento da Organizacao das Nagdes Unidas (ONU). Esta iltima instituigao ainda reflete a forma de organizagdo mundial da Guerra Fria, ignorando a ‘emergéncia de novas poténcias em diferentes graus surgidas a partir de seu término. A anélise das ages brasileiras no cendrio mundial e as probleméticas enfrentadas esto embasadas no Realismo. Palavras-chave: ONU; Conselho de Seguranga; Brasil Abstract This article is reflection process of a brazilian position in the constitution of a protagonism international in the system-world, The brazilian aspirations start in the Nations Leagues, formation that will be the embryo for the Organization appearance of the United Nations that still reflects the form of world organization of the Cold War, with the end of this period and the new powers ‘emergency of different degrees. The proposed goals will be done of the analyses and deepening to the Brazilian actions in the world scenery and the faced problems, and the methodology is based on Realism. Keywords: U.N.; Security Council; Brazil. Introdugio A cstrutura e disposigdo das ideias deste artigo inicia com um panorama das pretensdes brasileiras no Conselho de Seguranga da Organizagao das Nagdes Unidas (ONU), seguida por uma reflexdo do objetivo brasileiro no sentido da obtengdo de um maior protagonismo internacional, tendo como pano de fundo a conjuntura mundial. No aprofundamento dessas questdes, temos as agdes coneretas do pais direcionadas para esse objetivo. ' Doutor em Geografia, Professor do CSTB-UEA. Email: wendelltelesdelima@gmail.com 2 Doutor em Geografia, Professor da UEL ® Mestre em Genética, Professora do CSTB-UEA “ Mestre em Natureza e Cultura da, Amazonia - IFPR + Especialista em Educagio - Professor do CSTB-UEA ac S a esa e Literatura, ‘A metodologia & baseada nos pressupostos realistas e operacionaliza-se através de pesquisa bibliogra ica em geopolitica e relagdes intemacionais. O Brasil na ONU Recentemente, observou-se a retomada do objetivo permanente do Estado Brasileiro de ‘obter uma vaga no Conselho de Seguranga da Organizagio das Nagdes Unidas (ONU), iniciativa que ja ocorrera outrora, quando o pafs foi um dos membros fundadores da organizagao em sua proposiedo inicial, em 4 de outubro de 1945. O objetivo era consenso de que era necessdrio buscar uma harmonia no sistema global, ou seja, na relagdo geopolitica entre os paises. No quadro geopolitico brasileiro estabelecido em meados de 1920, buscou-se um papel de destaque para o pais ¢ com o estabelecimento da organizagdo, por volta de 1940, o pais comegou a galgar uma vaga permanente no grupo. A intengdo, atualmente, esté vinculada a uma posigo mundial denominada “Brasil Poténcia Mundial”. O projeto comega a ser estabelecido a partir de 1990, com os governos neoliberais ¢ tem sequéncia, sobretudo, apés a virada do milénio, na gestio de Luis Indcio da Silva, Algumas ini discurso, resultando em uma ago mais conereta, que culminou com o envio de tropas jativas serio tomadas com maior contundéncia, ou seja, para além do brasileiras a0 Haiti, onde o Brasil lidera uma forga de paz da ONU. Além da ago de foras operacionais, o que é um fato importante para quem vislumbra uma cadeira cativa, outras iniciativas foram tomadas, sobretudo, no campo diplomatico, com o nimero cada vez maior de embaixadas brasileiras no exterior, proporcionando um destaque significative na representagiio mundial. ‘Além das agdes voltadas para 0 campo militar € manobras diplométicas diante do proprio conselho, o Brasil passou a orquestrar com a Alemanha, Japio e india, a busca por um novo formato da organizagio, com um funcionamento mais condizente com a realidade mundial. © Brasil, que foi um dos paises que apoiou a criagdo do Grupo de Trabalho, &, atualmente, um dos principais articuladores do projeto de reforma, Em conjunto com Japdo, Alemanha ¢ India formaram 0 G4, grupo que defende um Conselho reformado, a fim de atender as demandas do mundo atual. Saliente-se que a pretensdo brasileira a uma cadeira permanente remonta a 1945 ow, até mesmo, & época do seu predecessor, 0 Conselho da Liga das Nagdes. A meta do assento permanente, portanto, é tema antigo na politica externa brasileira, que, desde a criagio da ONU, ja questionava a composigio do érgdo, argumentando que esta deveria ser mais representativa (BRIGIDO, 2011, p87), ‘As reivindicagdes sdo de varios paises que ndo tem cadeira permanente no conselho & que despontam como principais polos econdmicos, a exemplo do Brasil, possuidor da oitava economia do planeta. Contudo, apesar do avango recente no que diz respeito as questies sociais, ainda persistem sérios problemas a serem resolvidos, tais como a baixa escolaridade e profissionalizagdo da mio de obra, deficiéncias infraestruturais que comprometem o escoamento da produgdo, ete, Esses problemas intemos comprometem a projegdo do pais no sentido de um maior protagonismo no cenério intemacional, onde a diplomacia brasileira tenta compensar através de politicas de soft power: Em meio a essa conjuntura, 0 Brasil fazendo uso de um capital politico ‘acumulado principalmente por meio de um histérico de resolugo pacifica de conflitos, através de sua diplomacia, o ideério do desenvolvimento, o vigor de sua economia, e um legado de multilateralismo, a se projetar como um pleiteante a um ator destacado nas grandes decisdes intemacionais, que, ‘rosso modo, pode se resumir a materializagdo desses anseios por meio da conquista de um assento permanente no Conselho de Seguranga das Nagdes Unidas, cuja candidatura o pais jé até apresentou. As dltimas décadas tem testemunhado de maneira evidente, o crescimento de iniciativas diplométicas brasileiras que demonstram um incremento em tal interesse de pré-atividade nna arena deciséria intemacional. No entanto, os meios utilizados nessa investida brasileira se apresentam praticamente todos orientados na dindmica de uma insergdo internacional através de formas brandas de poder, 0 que demonstra certo paradoxo, haja vista a intenggo ser a de se atingir as instancias arbitrais de questées que envolvem diretamente a seguranga do sistema, 0 que nesse caso demandaria também no minimo a apresentagdo de credenciais coercitivas, caso tais agdes torem-se algum momento necessirias (ROCHA, 2012, p.70). Alguns segmentos da sociedade nao aceitam os esforgos brasileiros em diregio a uma cadeira permanente em virtude dos custos financeiros que adviriam, Para Vlach (2008), a contemporaneidade remete, inclusive, a uma perda de sentido nas agdes de natureza ‘geopolitica: A Geopolitica classica perdeu, pois, sua razdo de ser. Porém, isso nao significa que o territério © a ideia de territério tenham perdido a sua importancia, nem que hajam desaparecido da cena politica contemporénea. Pelo contrério, a ideia de territério desempenha um papel cada vez. mais importante na politica interna de cada Estado-nacdo, hoje cada vez mais, confrontado as questdes atinentes aos direitos de cidadania para todos, como as reivindicages das minorias étnicas, o desafio representado pelas enormes desigualdades sociais, pelos guetos, pelas questies regionais [6]; a acao politica e econémica de grupos terroristas, do narcotrifico, de artefatos nucleares, em geral organizados sob a forma de redes ilegais/clandestinas; entre outros tantos confrontos que, claro, repercutem na arena internacional, cujos atores so os Estados-nagdo (VLACH, 2008, p.10). A ciitica intema também provém de setores da direita que defendem o neoliberalismo e um maior alinhamento com os Estados Unidos, a quem caberia a hegemonia internacional. Sendo assim, projetos de cumho ideolégico seriam desnecessirios, incluindo os esforgos brasileiros em diregao ao conselho permanente da ONU. Diante de uma perspectiva regional, também existe certa oposigdo ante as pretensdes brasileiras para uma vaga permanente, em razo de alguns paises acreditarem estarem préximos ao status brasileiro ¢ no vendo com bons olhos a pretensio do pais. Entre os paises opositores temos a Argentina, 0 México e a Colémbia, que nao demonstram interesse, em um primeiro momento, na busca de uma cadeira permanente. No entanto, parecem fazer objegées quanto a representacio brasileira em fungo da acio potencializadora que poderia trazer 4 escala regional. Para Lima (2010), a justificativa das pretensdes do Brasil ndo so desproporcionais. 0 contexto brasileiro vivido norteia novas questdes geopoliticas que resultam em uma espécie de protagonismo no proprio continente, Estos dos legados fueron reactivados en la actualidad, con algunas modificaciones que reflejan el cambio estructural en la insercién internacional del pais, asi como también Ia orientacién proactiva de la politica exterior. No obstante, los cambios estructurales de la economia politica internacional, contribuyeron a crear una mayor heterogeneidad en el conjunto de los paises en desarrollo y una mayor dificultad en conciliar las, eventuales posiciones comunes entre los paises medianos como Brasil y los de menor desarrollo relativo, en distintos escenarios globales. Por otra parte, la irradiacién del poder hacia los paises emergentes, gener nucvos y diferenciados nichos de participacién para paises como Brasil, en los mbitos de la gobemanza global. Todos estos cambios sefialan en la préctica, los limites de las dos orientaciones clisicas de la politica exterior, las que tradicionalmente fueron siempre vistas como opuestas, y su resignificacién ‘en e1 mundo post-Guerra Fria (LIMA, 2010, p.89). Outra proposta que remete ao processo de reformulago do conselho colocada por alguns latino-americanos, como Colémbia e México, é de defender a rotatividade dos paises na constituigio do Conselho de Seguranga. Tal proposigéo vem ganhando forga fora do continente, tratando-se de uma iniciativa que poderia interferir nas pretensGes brasileiras de busca por um assento permanente, Do lado oposto dessa proposigdo, © Brasil coloca que a ONU ¢ seu Conselho de Seguranga tem origem ao final da Segunda Guerra Mundial, representando uma conjuntura internacional dominada por duas superpoténcias: © Conselho, quando do advento das Nagdes Unidas, era composto por onze membros, sendo cinco permanentes (os Estados Unidos, 0 Reino Unido, a Franga, a China e a ex-Unido Soviética) ¢ seis ndo-permanentes: dois paises latino-americanos, um do Oriente Médio, um da Commomwealth, um da Europa Ocidental e um da Oriental, Em 1963, foi aprovada uma reforma na Carta, que incluiu mais cinco membros nao permanentes. Tal reforma ‘ocorreu em virtude da reivindicagao dos novos Estados-membros da ONU, ‘que eram cinquenta ¢ um em 1945 e, em 1963, passou para cento ¢ onze. Foi a nica vez em que a composigo do Conselho foi alterada. Os atuais dez membros ndo-permanentes seguem uma ideia de repartigdo geogritica, distribuidos do seguinte modo: cinco afto-asiaticos, dois da América Latina, um do leste Europeu, dois da Europa Ocidental e outros Estados. Sao eleitos, pela Assembleia Geral considerando-se, principalmente, a contribuigao para 4 manutengio da paz ¢ da seguranga internacionais ¢ para os outros propésitos da Organizagdo. Permanecem apenas por perfodo de dois anos, ‘sem direito a reeleigo ao periodo imediato (BRIGIDO, 2011.p.89). A atual configuragdo do mundo necesita de uma reestruturago imediata do Conselho, de maneira que sejam levados em considerago os novos centros econdmicos do mundo, como o Brasil. © Século XX marcou a ago brasileira em dirego a uma busca permanente no Consetho de Seguranga, particularmente. © estabelecimento de uma nova ordem mundial dependeré da agdo dos Estados que detém uma hegemonia regional, como Rissia ¢ China, em dirego 4 constituigio de zonas de poder, a0 mesmo tempo em que os organismos internacionais deverdo ser reformulados ¢ incorporar novos objetivos estabelecidos por esses novos atores. Sendo assim, as i iativas brasileiras tomadas vao no sentido de uma lideranga de fato e de direito, Reflexio para as Estratégias Brasileiras de Atuagio em Diresio ao Conselho Permanente ‘As pretensdes brasileiras de um assento permanente tém como estratégia o capital politico-diplomético acumulado (Figura 1), respaldado na nog&o de resolucao pacifica dos conflitos que Ihe credenciaria um papel mais destacado, de interlocutor em crises internacionais. Entretanto, as agdes do governo brasileiro, desde 0 governo Lula, ndo se restringem a essa linha de atuago, uma vez que a presenga em missdes de paz da ONU esta inserida dentro dessa estratégia. A implantago de novas embaixadas em varios continentes, como ja comentado, representa esse projeto, como pode ser verificado através da ilustragao seguinte. UNIDADES DIPLOMATICAS DO BRASIL NO EXTERIOR ‘Embolxadas eriadas durante o governo ala Total aepectos dipomsticos ne centerior,ate 2010: 225 senso 75" rads durante ogoverno Lula telomstca ‘ol SSeraaase30" fresmarumne, Total de postes, Grenaoctot remus Settee Rimcesgcnotua:| essere Seo nts USS 16,25 milhées ator ca) eee (@s2n78 mito) See TDIBADADAS ——CORSULADOSERAIS | REPRESEMTACOES CONSULADOSVICL-CONSULADDS | _CSCRITONIOS 141 ‘Si 42 7 11 3 Figura 1: Unidades Diplomaticas do Brasil no Exterior Fonte: © Tempo.com.br (2010) Apontamos, ainda, como uma de suas estratégias, a importante atuagdo brasileira nos organismos regionais, como é 0 caso da Unido de Nagdes Sul-Americanas (UNASUL) os BRICS, grupo constituido por Brasil, Rissia, China ¢ Africa do Sul, que poderiam somar ao capital (geo)politico ¢ diplomitico do pais. Janior (2012) fala em novas geometrias globais para comportar os paises protagonistas da nova conjuntura mundial: Concomitante existéncia de um desgaste na hegemonia americana, 0 processo de ascensao de novos pélos de poder ocorre devido a consolidagao de paises que no podem mais ser classificados de acordo com o antigo arranjo da Guerra Fria, Na avaliagdo de estudiosos de diversas correntes ¢ origens como Ikenberry © Wright (2008), Arrighi (2008), Zakaria (2008), Khanna (2008), Narlikar (2007), Hurrell (2006), Vizentini (2006), Buzan (2004), os pélos emergentes nessa nova ordem intemacional tendem a construir equilibrios de poder de geometria vatiével, estabelecendo uma nova correlagdo de forgas, refletindo reformas no sistema internacional, sobretudo em regimes ¢ organizagdes multilaterais. Portanto & possivel identificar, como faz Pecequilo (2008) & ascensdo de “ensaios de coalizao anti-hegeménica”, Além do declinio econdmico proporcionade pelo aumento do mimero de competidores, da perda da credibilidade associada a aplicagdo de uma doutrina preventiva e unilateral, e do nao funcionamento regular das instituigdes criadas no pés-1945, pode-se observar a emergéncia de aliangas que pretendem contrabalancear o poder hegem@nico dos Estados Unidos (JUNIOR, 2012, p.23). Outra ago na busca de protagonismo seria uma nova funcionalidade no processo de reestruturagdio da Organizagio das Nagdes Unidas (ONU), no sentido da reinvengao de seu proprio papel diante das demandas globais e de novos financiamentos, concomitantemente, a necessidade da diminuigdo da influéncia norte-americana, sobretudo, em relagdo as questdes mundiais que o Brasil tem interesse. Nesse sentido, busca-se a quebra da hegemonia, ja que, os problemas relacionados a reestruturagdo das Organizagdes das NagSes Unidas esto ligados & manutengao do status quo dos paises permanentes, que tém como poder o veto nas agdes do organismo. Krasner (apud Santos, 2011) aponta que o sistema intemacional é andrquico e, ao mesmo tempo, regulado por um conjunto de interesses egoista dos Estados hegeménicos, portanto, nio existindo interesse de mudar a ordem vigente do sistema mundial: Krasner sugere que alguns dos principais objetivos dos estados do terceiro- mundo so 0 de alcangar maior crescimento econdmico, a busca por maior igualdade politica internacional, a tentativa de obter maior influéncia na tomada de decisio internacional, a constante procura pela autonomia ¢ independéncia, a preservacdo da integridade territorial de invasGes externas ‘ou fragmentagao interna, a disseminagio de novas visdes de mundo no nivel global, e a manutengao da estabilidade do regime doméstico (ibid, p.13). A emergéncia do conflito estrutural ocorre a partir do momento em que os estados do terceiro-mundo desafiam os interesses dos estados desenvolvidos (ibid, p.3). A partir deste conflito, é possivel compreender como relagdes de poder se desenvolvem no sistema internacional e como, a partir desta perspectiva, os estados adotam determinadas estratégias politicas tanto no plano doméstico quanto internacional (SANTOS, 2011, p.4). Para além dos interesses permanentes, tem-se a assist@ncia de outras ordens, como aponta Santos (2011), demonstrando as posigdes distintas em tomo das mudangas na estrutura da ONU; Entretanto, apesar do grande esforgo diplomitico liderado pelos estados do G-4, grandes barreiras politicas foram impostas as pretenses destes estados (ibid, 2011). Estas dificuldades dizem respeito a resisténcia de alguns membros permanentes no que tange a antigas rivalidades histéricas ~ como é ‘© exemplo da China em relagdo ao Japao, Franga em relagao & Alemanha, Reino Unido em relagdo a india (ibid, 2011). No caso brasileiro, assim com foi em outras oportunidades do passado, a falta de uma coesio latino- americana em tomo de suas aspiragdes, impede que o pais ganhe maior poder de barganha no proceso negociador de reforma do Conselho (ibid, 2011). Hé que se destacar também que os Estados Unidos j manifestaram claramente que nao apoiaram o ingresso brasileiro no Conselho de Seguranga (ibid, 2011). Outro importante aspecto que impediu que a resolugo claborada pelo G-4 ndo fosse discutida com mais afinco pelos estados membros permanente do Conselho foi “a reivindicacdo africana do exercicio imediato do direito de veto por parte de novos membros permanentes ~ 0 que nao conta com amplo apoio entre os membros da ONU” (SANTOS, 2011, p 14). ‘A entrada do Brasil no Conselho de Seguranga também é vista pelos americanos como uma diminuigio do poder dos Estados Unidos no continente sul-americano e um questionamento de sua hegemonia global em fungio da afirmagdo de uma Nova Ordem ‘Mundial representada pela emergéncia de novas poténcias. Além do notavel aumento do prestigio do pais em meio as liderangas globais, fazer parte do Conselho concederia ao Brasil um endosso a sua lideranga na América Latina, o que aumentaria mais ainda sua influéncia politico-econmica na regido — principalmente entre os paises do Mercosul © da UNASUL. Ainda, a entrada do Brasil como membro permanente seria, em alguma medida, interessante aos Estados Unidos, uma vez que sua imagem estaria “desgastada” na América Latina, jé que a ALBA - Alianza Bolivariana para as Américas e virias organizagdes da sociedade civil em toda a América Latina criticam explicitamente sua politica externa, De fato, apés a politica antiterrorista adotada por Bush, a imagem da politica externa horte-americana se fragilizou diante dos demais paises — muitos deles criticaram ¢ criticam a maneira como sua politica foi conduzida, Assim, ter um dos paises da América do Sul como “colega” de trabalho facilitaria sua aproximago aos paises que o Brasil representaria (ROSA; LINHARES, 2009, p.92). Na luta pela manutengdo da influéncia americana no subcontinente podemos inserir a presenga de militares norte-americanos na Colémbia, que conta com forte desconfianga da Venezuela, que inclusive, tem desenvolvido agdes com a Rissia para tentar neutralizar essa presenga préxima de suas fronteiras e ao mesmo tempo barrar as pretensdes do pais. © principal interesse de Washington, inter alia, nos Estados andinos so as, fontes de energia que lé existem, © garantir os suprimentos de petréleo oriundos do Equador e da Colémbia, que € atualmente o terceito maior exportador de petréleo para os Estados Unidos, entre os paises da América Latina, abaixo apenas da Venezuela ¢ do México, Cerca de onze das dezoito empresas, que extraem petréleo na Colémbia, so norte unmsra ‘Sudo pe A \ hes. ca i Inron: Mate eGefess Fore: Lao Bianco de Desa National Figura 3: Atuagdo Brasileira no Mundo Fonte: Ministério das Forgas Armadas. Como dissemos, o poder de persuasio esté diretamente ligado as pretensdes brasileiras. Dessa forma, temos como resultado a retomada do envio de tropas ao exterior ¢ a participagio mais ativa das forgas armadas e da indistria nacional nos projetos de modemizagdo militar, como © submarino nuclear (parceria com a Franga) e 0 caga de combate de 5*. Geragdo (parceria com a Suécia). Sem divida, a capacidade persuasiva ¢ requisito fundamental para pleitear uma cadeira no Conselho de Seguranga A pretensio brasileira em diregdo a uma vaga permanente no Conselho de Seguranga requer uma discussiio em torno do projeto de Estado, ou seja, quanto ao grau de prioridade que deve ser dado A constituigao de uma poténeia mundial: Para o Brasil, seré necessério reavaliar cuidadosamente as vantagens de ser memibro permanente do Conselho e as desvantagens. O fato de ter de tomar partido em todas as questées mundiais, ou covardemente se abster, pode criar ébices desnecessérios para o Pais; além disso, & inegavel que para um pafs que adotou, acertadamente, como principal politica a integragdo da América do Sul ~ ¢, embora a mais longo prazo, a da América Latina — a disputa pela vaga regional com a Argentina e o México pode trazer prejuizos, ‘bem maiores que as eventuais vantagens, Entretanto, no momento em que se discute a reorganizagao do Conselho, por iniciativa do Secretétio-Geral da Organizagdo, a auséncia do Brasil nessa discussdo seria inaceitivel e, sem diivida, pleitear uma vaga permanente no Consetho é, na pratica, inevitivel, apesar dos riscos apontados (VIDIGAL, 2004, p.31).. Conclusio A reivindicagdo brasileira de um assento no Conselho Permanente da Organizagio das Nagdes Unidas segue ao surgimento da Liga das Nagées, ainda no pés-Primeira Guerra Mundial. © Brasil foi um dos protagonistas na construsio da ONU como sucedanea da Liga das Nagdes, porém, teve sua reivindicagdo preterida diante da correlagao de forgas existentes no sistema dualista de poder que se consolidava. AgGes diplomaticas nesse sentido ocorreram também durante o regime militar, mas foram retomadas somente no governo de Luis Inécio da Silva, com novos envios significativos de tropas pacificadoras ao exterior, a arquitetura de novos organismos internacionais do tipo UNASUL e BRICS ¢ o aumento de representagdes de embaixadas no exterior. Os obsticulos As pretensdes brasileiras estio diretamente relacionados & propria estruturago mundial vigente, onde os paises que conquistaram assentos permanentes no Conselho de Seguranga detém © poder decisério sobre os principais eventos internacionais. Para superar esses obsticulos, um maior protagonismo brasileiro nos assuntos intemacionais é necessério, envolvendo tanto o terreno da diplomacia quanto o terreno do poder duro, representado pelas forgas armadas, além de uma estratégia nacional orientada por uma visio geopolitica propria, Referéneias ALMEIA. Paulo Roberto de, Uma politica externa engajada: a diplomacia do governo Lula, Revista Brasileira de Politica Internacional, n.47, p. 162-184, 2004. BANDEIRA, Luiz Alberto. A importincia geopolitica da América do Sul na estratégia dos Estados Unidos. Revista Espago Académico, n.89, Out. 2008. BRIGIDO, Eveline Vieira, O Brasil ¢ a Reforma do Conselho de Seguranga da ONU. Século XXI, n.2—p.89, 104, Jul-Dez. 2011 COSTA. Wanderley Messias da. © Brasil e a América do Sul: Cenarios Geopoliticos ¢ os Desafios da Integragdo. CONFINS, Revista Franco — Brasileira, n. 7, p. 1-23, 2009, JUNIOR. 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