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Universidade Federal de Goits- Prove Extensive € Cultura cA danga na melhor idade: Itegrado a0 Programa Comegar de Novo Profa. Ms. Valéria M. Chaves de Figueiredo" Caroline Protisio Sousa** 1- © PROGRAMA “COMEGAR DE NOVO" E 0 PROJETO DE DANCA NAMATURIDAD! Este projeto trata de proposta metodolégica para o ensino da Danga na maturidade. Esta inte- grado 20 programa *“Comecar de Novo", uma parceria da Faculdade de Educacao Fisica da UFG com a Pré-Reitoria de Assuntos da Comu- nidade Universitaria (Procom), Pré- Rettoria de Desenvolvimento Institu- clonal e Recursos Humanos (QORH) e Pré-Reitoria de Extens’o Cultura (Proec/Espago Cultural) ‘Apesquisa investiga a area da danga e a 3" idade. O campo teérico utllzado esta centrado nas Préticas Pedagégicas de Danca, Didaticas de Ensino, Bases Meto- dolégicas da Pesquisa qualitativa, Bases Psicolégicas e sociais na 3° dade e na Danga modema Educa- tiva. A.referéncia teérica do trabalho Marques, Juan Mosquera, Guita Debert, Rudolf Laban, Angel e Kiauss Viana, entre outros. Desde 1998, iniciamos com um grupo de aposentados da UFG e ‘Comunidade no programa "Comegar de Novo", uma turma de danca. O pro- grama atende aposentados, aposen- tandos, pensionistas © dependentes de servidores da UFG com idade superior a 40 anos, bem como, a comu- nidade em geral Desenvoivemos agdes sécio- ‘educativas, atistco-integrativas, através cde um processo interdisciplinar entre as ‘reas da Danga, Artes Plésticas, Musica ‘© Computacdo, ampliando as relacdes entre universidade e sociedade. Apos ry uma ampla_divulgagao realizada pela Procom, os interessados escolhem o ‘curso que desejam participar e iniciam suas atividades. (© programa prop6e contribuir ppara reverter aimagem estigmatizada do aposentado, implementando a sua participacao efetiva na universidade e ‘apontam para perspectivas na melhoria de qualidade de vida, sendo qualidade de vida entendido por nés como algo {que amplia as nossas possibilidades no ‘mundo, no trabalho, no lazer, na familia, Sociais, afetivas, fisicas, politicas, culturais e educacionais. Como um (0 “Comegar de Novo” rompe com estigmas da Made eresgata a auio~stina dos aposentados visando resgatar 0 seu compromisso com a vida ea sua motivacao diaria. Pretende-se, também, promover a Valorizagéo do indviuo .rompendo recriando imagens e estigm: Seardiaaemc eee como a auto-estima e destacando & fortalecendo 0 seu papel na sociedade ena universidade. As atividades no programa “Comegar de Novo" foram desen- volvidas inicialmente, através de cursos ficinas de artes (desenho e pintura), de musica (musicalizagao) , danga, iniciagao a informatica, e posterior- mente, teatro. Todas estas vivéncias caleidoscépio, séo varias faces, com diversidade de olhares, mas com Conjunto de resultados, Opprojeto de Danga também visa desenvolver, aos interessados, a tunidade de redimensionar o seu [processo de envolvimento com o enve- lhecer, conhecendo 0 corpo com auto- nomia, integracdo e participagao. © curso de danga, a cada ano, atende em média 50 alunos. As ati Vidades acontecem no Espaco Cultural da UFG, duas vezes na semana eo Programa do curso desenvolve acdes ‘educativas/artisticas baseado na danca moderna educativa. Portanto 0 foco so perinraeFederal de Goin Drove Extensive ¢ Cultura a Arte e a Educago. A Danca no se ‘presenta como apéndice. Nao é um aprendizado através da Danca, mas sim lum aprendizado com a Danca. Expe- rimentamos varios contextos e textos de Danga como: alongamentos e rel: xamentos, varios estilos de Danca de Salo, principios da danga contem- Poranea, proposicSes coreograficas, ‘apresentagées artisticas em diversos locais, andlise de textos e filmes, palestras, reunides e passeios culturais. Devido a dimensao das al vidades corporais, 0 curso de danca rope possibilidades inimeras com 0 movimento. E uma proposta baseada na socializagdo, no crescimento attistico- ‘cultural, nas possibilidades de interacao ‘coma familia, as novas amizades, ofruir € o fazer artistico, 2. AIMPORTANCIA DA DANGA: Propusemos uma metodologia de ensino de danca onde construimos uma Proposta para, a partir de e com o gru- po, nascendo de uma realidade concre- tae dos principios basicos do programa Consideramos os determinantes sécio- culturais€ 0 lazer como eixo central do trabalho. A partir dos interesses do gru- Po, verificamos as relagées est belecidas entre a Danga, o senso comum a possibiidades de superagbes. Velorizamos @ capacidade do censinar e trocar conhecimentos, levan- 440 em consideragdo 0 trabalho colet- vo. Assim, como refere Marques (1999), procuramos trabalhar com a valorizago do tempo presente, com o espaco imi- tado, com a pluralidade dos corpos & com’ o indeterminado do contempor&- neo, fazendo uma relagdo entre os con- tetidos de danca, os alunos e a socie- dade. Buscamos a contribuigdo de to- dos, sendo para e a partir deles, bus- ccando uma proposta de uma dana cr- ativa critica e transformadora Relacionar a danga com 0 mun- do atual é possibiitar a discussdo © a Teflexdo da maturidade na arte € na s0- Cledade, enfrentando o envelhecer por ‘outros caminhos © conhecimentos. A avaliagdo do projeto se apresenta na forma qualitativa e através de registro em didrios de campo, registro de imagens, observagbes sistematizadas, reunides de estudos, palestras e discussdes com todo grupo de trabalho (monitores, pro- fessores, alunos e proponentes) 3-ALGUMAS AGOES DESENVOLVIDAS EM 1999 © 2004 ‘Dangar a vida" (Roger Garaudy, 1980), + Letra da musica Gentileza (Marisa Monte), Filme: Flying Down to Rio com Fred Astaire, Apresentagées Artisticas: Quadritha Dia do aposentado Goiania Shopping: Proposta do Camaval Projeto Génese Cultural: Nordestinos Encontro com 0 corpo: Gentileza ‘Seminario dos aposentados do Sint-UFG. (Caldas Novas): Proposta do Tango Festival de Cultura Corporal FEF/UFG: ‘Tango/Gentieza Contratemizagdo dos aposentados do SinvUFG. Festa de encerramento: Espago Cultural Passeios Culturais: 1999- Cidade de Goids +2000- Caldas Novas 4- FINALIZANDO: Cabelos embranquecidos, pele enrugada, ombros curvados, surdez, culos na face e calvicie. Essa é uma visdo que se tém de uma pessoa mais velha, mas 0 envelhecimento é um pro- ‘cesso diferencial, pois, cada pessoa en- velhece de acordo com as condigées Sociais, poliicas, culturais e educacio- nnais em que ela vive. De acordo com Debert (1997), a idade do homem pode Ser classificada pelos aspectos biolég) (008, cronolégicos e sociais, portanto, 4@ idade bioldgica ¢ aquela que decorre do envethecimento e desenvolvimento dos Srgdos e estruturas organicas. Ja para Mosquera (1963), o envelhecimen- to comeca tdo precocemente quanto & puberdade ¢ @ um processo continuo durante a vida. A idade cronologica, Para Debert (1887), se verfica em fun- G80 do transcurso do tempo e com 0 andar do calendario. Ja idade social seria aquela construida a partir de opi- nides e avaliagées objetivas e subjeti vas acerca dos conceitos de idades ‘sendo transmitidos em fungao das rel es cultura e histéricas. Entdo, nfo podemos julgar uma pessoa pela apa- réncia e sim levar em considerago a experiéncia de vida desta ‘A velhice sempre exist, mas nestes titimos anos, a proporgao de pes- soas mais velhas é bem maior. Talvez Porque a estimativa de vida aumentou, fra de 39 anos na década de 40 e hoje € de 67 anos, ou seja, hove redugzo a natalidade, extingdo de certas doen- 8 contagiosas © epidemiolégicas elhoria das condicées higiénicas, al mentares, de satide e econémicas. De acordo com os estudos do IBGE, 3 po- pulacéo no Brasil acima de 60 anos ¢ de aproximadamente 12 milhées de habi- tantes e a estimativa para o ano 2025 de 30 milhées, classificando 0 Brasil ‘como 0 6° pals em nimero de idosos. Esta classe antes absolutamente invsi- vel, agora se faz presente em alguns es- Paros. Hoje falamos de uma classe so- ial que sais ruas para se divert, pas- sear, participar de grupos comunitarios, atividades de lazer, trabalho, enfim, es: to tentando se reintegrar apesar das d- ficuldades que 0s exclui como pessoas incapazes e improdutivas. Yvemos hoje em um mundo ca- pitalista que visa 0 lucro € 0 idoso no esta inserido nesta légica de mercado, Segundo Goncalves (1894), o homem moderno, com a ciéncia e a tecnologia, combateu varias doencas e prolongou a vida, abrindo inumeras formas de loco- mogo e comunicagao, mas refletiu no corpo humano um sentimento de inadequagdo, perplexidade e desper- sonalzago, em que a razo torou os tmeios autonomos, criou um individu iso- lado da sociedade e em si mesmo, Como todas as artes, a danca 6 fruto das necessidades de expresso do homem. Esse sentimento se liga 20 que 3s Universidade Federal de Gotis co Prove Enxtensio ¢ Cultura ha de basico na natureza humana ‘Assim, a danca veio da necessidade de aplacar os deuses ou de exprimir emo- (es por algo de bom ou ruim concedi- do pela natureza ‘A progressio da danca de ceri- ménias religiosas a arte dos povos no {oj aleatéria e obedeceu os padrées so- Ciais e econdmicos que tiveram efeito semelhante sobre as demais artes, as uais ndo surgiram do nada, mas nas- cceram da necessidade latente do homem de expor seus sentimentos, desejos, realidades, sonhos e traumas. (Os conteudos de danca para este ‘corpo maduro devem estar relacionados ‘com contetidos individuais e coletivos, cutturais e politico-sociais, sendo uma prdtica plural e mutifacetada. Uma danca que traz o compreender, o participar, 0 ‘desvelar, 0 problematizar e otransformar. ‘A danga_na 3* dade deve rom- per com as regras e com as convengées, deixando de ser apenas apresentacées formais, ginasticas funcionais ou meras imitagdes e repeticdes. ‘Aproposta de educagao contem- Pordnea, valoriza a diversidade de inter- pretacdes, a multiplcidade de leituras e 36 uma polfonia de vozes, Esta é uma base fundadora dos principios educacionais para uma danca criativa que abre cami- ‘thos para o desenvolvimento de traba- thos de danga educacionais e artistcos. ‘Também contribui para uma aco social (0 grupo da 3 dade ensaiow e levou ao piblico viriascoreografias durante os anos de 1999 ¢ 2000 ‘emancipatéria e possibili transformadoras de educacao. agdes 5- BIBLIOGRAFIA DEBERT, Guita Grin, Reinventando 0 ‘envelhecimento- socializagio processos de reprivatizacao da velhice. UNICAMP: Tese de livre docencia, 1997 GARAUDY, Roger. Dancar a Vida. Pretécio de Maurice Beja tradugae de Antonio Guimardes e Giéria Mariani - rio de Janeiro: Nova Frontera, 1980 GONGALVES, Maria Augusta Sain. Sent, i @ Agir- Corporeidade © Educagao. SP. Papirus, 1984 IANNITELLI, Leda Muhana. Coreografia: ‘Uma Pedagogla Dialégica centrada no aluno © em seu processo ctiativo. Congresso da Daci - Novembro/1999 LLABAN, Rudolf 1879-1958, Danga Educativa Moderna (tradug30 Maria da Con- ceigto Paryban Campos ). S80 Paulo: lcone, 1980 MARQUES, Isabel A. Ensino de danga hoje; textos e contextos. S30 Paulo: Cortez, 1998 MOSQUERA, Juan José. Vida adulta: personalidade © desenvolvimento. 2ed., Ver Porto Alegre, Sulina/1983. ‘OSTROWER, F. Criatividade @ processes de criacao Petropolis: Vozes, 1987 PORTINARI, M. Histéria da danga. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. ROBATTO, Lia. Danga em proceso, a linguagem do indizivel. Salvador. Cen- tro Editorial e Didatico da UFBA, 1994, RESUMO © presente trabatho relata a experiéncia viven- ciada no programa “Come- ar de Novo", com 0 projeto ‘de Danga na melhoridade. Oprojeto visa desenvolver agbes sécio-educativas,ar- tistice-integratvas, através de processos interdscipinares e plurais. Propusemos uma construgdo coletiva de aulase pro- posigdes coreogréficas, visando uma re- fiexdo sobre a arte na maturidade, as possibildades da expressio de cada alu- no, o debate sobre o corpo maduro, suas ‘mudangas, conquistas © a experimenta- ‘80 do fazer e do fruir atstico. Unitermos: dance, terceira idade * Professora assistente da FEF/ UFG e coordenadora do projeto “A dana na melihor idade". E-mail caronfig@zaz.com.br “* monitora do projeto e aluna da FEFIUFG

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