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ESPECIE SUMMARY ESTUDO TECNOLOGICO DO GUAPURUVU (Schizolobium parahybum) 1.8 PARTE — INFORME GERAL SOBRE CARACTERISTICAS IMPORTANTES DA Hans Georg Richter + Wan Tomaselll & + Joo Carlos Moreschi # + ‘This 19 the first part of a research programme evaluating the main caracteristics of Sehizoloblum parahybum, a fast growing Tow density species of South Drasitian Costal range. ‘The results are Dased on bibliographic informations and mainly on investigations “in toco”. In accordance with the findings, tho species must De considered. of a certain Importance for future industrial use as cawn-Wood, furniture, plywood, packing material ‘and others. ‘The wood shotse good working qualities, kiin-drjing properties and natural Gurabitity. According to the results of this preliminary survey, wood of Guapuravy has {@ good chance in the future domestic market. INTRODUCAO ‘A falta de madeira para os diver~ ‘sos processos industriais, os quais no passado baseavam-se em um mamero restrito de espécies nati- vas, como a Araucaria angustifo- Tia,’ trazem @ tona a importén- cia do presente estudo. Estas re~ servas esto se esgotando, com poueas chances de renovaciio, e em consequéneta, uma tendén- cia a implantaeéo de povoamen- to de rapido creseimento. No entanto, raras vezes ¢ levado em eonsidcragao 0 futuro aprovelta- mento industrial da espécle ¢ a possivel qualidade do produto final. © exuberante crescimento do Guapuruvu (Schizolobium para- hybum), merece um estudo deta Thado das possibilidades de in- dustrializagao de sua madeira, com a finalidade de evitar 03 mesmos profilemas encontrados na propagacéo forcada e¢ no clentifica, aplicada a outras es- pécies. Tenta-se fornecer com este estudo informacdes bésicas, as quais permitam ‘uma avalia* Go da espécie em questo, antes da instalagéo de povoamentos em larga escala Como primeiro plano neste sen- tido, realizou-se um levantamen- to preliminar, com estudos bi- bliograticos, localizagées de po- voamentos puros e problemas silviculturais enfrentados, pre sente aproveitamento industrial ¢ usos finals, dificuldades em tra balhidade, secagem, bem como durabilidade natural e outros da~ dos de interesse. REFERENCIA BOTANICA — Schizolobium parahybum (Vell) Blake, spécie pertencente a fa~ milia das Legiminosas, sub - fa~ milia Caesalpinioideae, ASPECTOS DENTROLOGICOS — Arvore com 10 a 20 metros, po- dendo em condicées favordveis atingir até 30 metros de altura e 100 cm, de DAP. Casea_ lisa, cinzenta,’ com marcas transver~ sais leves em relevo. Folhas com- postas, atingem até 1 metro. de comprimento, com pinos opostos, foliolos opostos elipticos, com pi- losidade na face inferior. Apre- senta _inflorescéncia _alongada, cujas flores, sempre pedicelados ‘so mals novas no Apice. Fruto é sum legume, obovado, séssil, corié- ceo ott suib-lenhoso pardo escuro, formado por duas valvas bem ¢s~ % MS¢. em Tecnologia da Madeira, professor do Convénio de Freiburg, Orientador do Curso de Pés: Gradaagao, 26 — REVISTA FLORESTA + + Engenheiro Florestal, Pés Graduando em Tecnologia ds Madeira, bolsista da CNPq. 5a 5.2 patuladas, medindo 10 - 15. em por 4 - 6'cm, endocarpo amare- lo-pardacento claro, desprende-se do resto do fruto e inclui_ uma tinica semente, com grande asa papirécea Semente eliptica, lisa brithante, muito dura, 2 -'3 cm por 1,5 - 2 em. ZONA DE OCORRENCIA — flo- Testa atlantica do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul, outras es- pécies do género com’ caracteris- tica, muito parecidas ocorrem na Amazonia como por exemplo Schizolobium amazonicum. CARACTERISTICAS DA MA- DEIRA — Cerne branco palha, com nuances amareladas ou ro” sadas, superficie sedosa, lisa a0 tato,' irregularmente ‘lustrosa, cheito e sabor ausentes, textura média-grossa, uniforme, gra irre- gular para reverse. Peso especifico 0,30 - 0,40 g/emn; Comprimento das fibras 0,5 - 11 mm, média 0,9 mm. Aspectos macrogréficos — parén- quima distinto ‘a olho mi, vasi- céntrico ¢ terminal em finfssimas Inhas. Poros visivels a olho mi, Poucos, grandes, vazios, solité- rios e'multiplos, predominando 0s primeiros. Linhas vasculares muito distintas, afastadas, largas, irregulares. Raios visiveis a olho mi na seco transversal. Ca- madas de crescimento bem de- marcadas quer pelo parénquima terminal, quer pela coloraczo do tecido fibroso. Estrutura anatémiea — Vasos com parede fina, segmentos com formatos irregulares e alonga~ dos, perfuracdes simples. Sulcos anelares proeminentes. Raios com 1 - 6 células de largura e até 25 células de altura homogéneos, Parénquima com paredes finas, células adjacentes aos vasos slo irregulares. Cristals sfo comuns. Fibras sem arranjo radial defini- do, paredes variando em espessu- ra, multas com camadas gelati- nosas. 6.1 6.2 6.2.1 6.2.2 UTILIZAGAO — Detectados du- rante levantamento preliminar. Pasta mecdnica e papeléo Apesar de volumosas referénelas bibliograficas sobre a possibilida- de de utilizacao do Guapuruvu, como “fonte promissora” (3) na fabricacio de papel, poucas sdo as bases concretas. Industrias que utilizam esta espécie, citam a pasta mecdnica como de boa qua~ dade, coloracéo clara e ‘boa aceitagéo. no mercado. No en- tanto para a produgiio de pape- Téo, h& necessidade imperiosa de consorelar-se com espécies de fi- bras mafores, com até no méxi- mo 30% da espécle em questéo bara ue ndo ocorra queda sen- sivel da resisténcia, comprome- tendo o produto final. Um me- tro cubico pode produzir de 300 350 quilogramas da pasta. me- eanica. Madeiras serradas — Caixotarias — # 0 setor de maior aproveitamento da espécie atual- mente. De maneira geral, as in- vestigacdes mostram que a utili- zacao de madeiras serradas para caixotarias gira em torno de a) eaixas de pouca capacidade de carga, limitando-se a um méxi- mo de 10 quilogramas, b) caixas de pouco tempo de utilizagio, ¢) caixas onde exigisse madeira ino- dora e insipida, d) caixas de co- lorag&o clara, exigéncia do mer- cado consumidor. Estas condi- Ges, so preenchidas pela madei ra do Guapuruva, e justificam a razio pela qual é muito sugerido © seu uso para caixas de uvas (1). ‘Taboados e vigotes. — Em algu- mas industrias, esté se tornan- do gradativamente mais difun- dido'e corriqueiro, a producdo e venda de tébuas e vigotes de Guapuruvu eujos principals usos finais so: a) forma de concreto em construgGes civis, b) divisdes internas em construgées de baixo REVISTA FLORESTA — 27 custo, ¢) fabricagéo de taman- cos (aproveitamento de vigotes), d) sarrafos para construcdo civil, e) fabricacdes de forro, apesar de nao recomendado por ‘certos in- dustriais que citam a superficie como aspera. ‘TRABALHABILIDADE — Baseando-se em informagées_e observagdes, pode-se citar a ma- delra do Guapuruvu como de fé- cil trabalhabilidade, sem proble~ mas quanto ao serrar. Em alguns casos, citam-se dificuldades na fixagdo de parafusos e pregos, para confeccéo de caixas, que é insatisfatéria na’ secdo transver- sal, tornando-se necessério 0 fa- brico das mesmas consorciadas com outras espécies Existem também citagdes quanto auma certa aspereza da superti- cle ¢ quebras transversais em tébuas, limitando 0 uso para serrados. Por outro lado, no tinico caso localizado de aprovei- tamento de madeira proveniente de povoamento artificial puro constata-se: a) aparéncia de su- perficie boa, pouco aspera, de co- loraaco clara, b) caixas pregadas com boa resistencia, mantendo- se perfeitas durante a utilizacio, além de maneira inodora e insi- pida, condicdes preponderantes para’o uso requerido (caixas de uva) ¢) compardvel a caixas se~ melhantes fabricadas de Arau- caria angustifolia, dentro da mesma utilizaggo, com vantagem de menor peso e ‘coloraco mais clara. SECAGEM Na maioria dos casos, processada a0 ar livre, e em casos esporadicos, com a utilizacéo de estufas. Ap. sar da adogao de programas err6: neos na secagem artificial, e me- todologia nfo recomnendada na 28 — REVISTA FLORESTA 10 secagem ao ar, nflo ocorrem pro- blemas, e é tida como madeira de facil secagem, sem apresentar rachaduras, empenamentos, en- canoamentos ou descoloracdes. O colapso fol constatado em certos casos, quando a madeira é prove- niente da parte central de toras de elevados didmetros, de &rvores oriundas de de povoamentos na~ turals, ocorrendo mesmo em _se- cagem natural e provocando uma diminuigio no ‘rendimento em 20%. No caso de madeira pro- veniente de povoamentos artifi- ciais, ndo foi constatado proble- ma idéntico. DURABILIDADE ‘A mostra obtida, com eerea de 12 anos de utilizagéo em forma de tabuado externo, apresentava-se em boas condicées. Em linhas gerais a durabilidade pode ser de- finida como: a) pouco durével em contacto com o solo, b) relativa- mente durvel no caso de uso ex- terno, ¢) muito durével em uso interno, d) nao susceptivel a ata que de 'inseto, e) aumento sen- sivel com aplicagées de secagem adequada. No litoral, é muito di- fundido o emprego da madeira do Guapuruvu para o fabrico de ca noas, tidas como de grande dura- bilidade, principalmente em con- tacto com Aguas salgadas. MERCADO Nao existe atualmente um merea~ do definido e estruturado para esta espécie. # caracterizado por: a) mercado promissor, eviden- ciando o caso especifico de caixo- tarlas; b) néo apresenta proble- mas sérios de venda, sendo facil- mente introduzido, c) atinge pre- gos razodveis, chegando até 40% do alcancado pela Araucaria an gustifolia d) grande possibilidade de ganhar mercado externo, a exemplo de Kiri, pois possui ca~ racteristicas similares. wn 12 DADOS SILVICULTURAIS Com a localizagio de povoamen- tos puros, comprovourse as in- formagées sobre 0 crescimento, citado como exepcional. Um dos plantios, instalado em condigées favoraveis de clima e solo (terra- roxa — Norte do Parand) com es- pacemento de 4 por 4m, a uma idade de 2 anos e seis meses, atin git a altura 15 metros e DAP de 30 centimetros em média. Em plantios puros no litoral Catari- nense, condieds normais de solo ¢ espagamento de 1 por 1_ metro, obteve-se o erescimento no pri- meiro ano de 5 metros de altura com DAP de 10 centimetros, Em todos 0s casos, as arvores apresen- taram étima forma, sem ou pou- cas ramificacdes, e poda natural o que € caracteristica da espécie. No estado atual de desenvolvi- mento, no foram detectados pro- blemas de pragas ou doencas nos povoamentos artificiais localiza dos, embora existem noticlas, do ataque ao broto terminal, ‘por determinada broca (Acanthode- res jaspidea Germ), que causaria a morte da arvore, proveniente de outros plantios (5). Foram realizadas, com sucesso, experiéncias preliminares de as- soctaedes com Kiri, com o qual Guapuruvu concorte em eresei- mento. Na mata nativa, é comum observar-se consorelado com a Imbauba (Cecropia sp.), tam- bém utilizeda para 0 fabrico de pasta mecdnica e papeléo, — além de atualmente ser fonte de divisa com exportacdo em forma de sarrafeado. CONCLUSAO A necessidade de espécies de ré- pido erescimento e que por sua vez produzem madeiras dentro de um aproveitamento determi- nado so 0s fatores muito deseja~ dos. Evidentemente a adaptacéo do proceso tecnolégico ao mate- rial é importante para um bom sucesso. © Guapuruvu como constatado é Arvore de rapido _crescimento, posstindo boa forma, com poucas Tamificacées, produzindo madei- ra clara, leve, insipida e inodora, 0 que é'preponderante para di- versas utilizacdes. de impor- tancia também a citacdo da re- sisténcla da madeira ao ataque de insetos. Pode-se afirmar, segundo obser- vagdes que povoamentos artifi- clais, como era de esperar-se, pro- duz madeira de diferente quali- Gade, no apresentando proble- mas de colapso na parte central da tora durante a secagem. Silviculturalmente, ndo_consta- tou-se problmas tais como s0- brevivéneia de plantios, ataque de pragas e doencas ,deformagoes ramificagdes da Arvore, a nao ser em casos esporddicos’,o pro- blema de quebra pelo vento, cau- sado pelo grande _espagamento inicial aplicado ao povoatnento. ‘Com o presente estudo, a madeira do Guapuruvu, passa a ser consi- derada, com grandes possibilida- des de um aproveitamento in dustrial em alta escala, faltan- do para tal um estudo conereto das propriedades fisicas ¢ mec&- nicas, bem como testes Industrias, de laboratério e de _utilizagio, com a finalidade de definir um proceso tecnolégico _adequado, dentro de determinada linha de produgao. RESUMO ‘Trata-se o presente trabalho de um levantamento preliminar, para o estudo tecnologico “Schizolobium parahybum” espécie de répido crescimento e boa for- ma, nativa do litoral sul brasileiro. Este levantamento basela-se em informagées REVISTA FLORESTA — 20 bibliogréficas e prinelpalmente por veri- __ madeiras serradas, compensados, caixo- ficagdes “in loco” do aproveltamento, _tarias, moves outras utilizactes, apre~ ossibllidade de utilizagéo e comporta- —_sentando boa trabalhabilidade ¢ | resis- mentos silviculturais basicos. Segundo _—téncia natural a insetos, além de ser de os resultados deste levantamento, a es- facil secagem. Apresenta também um pécle em questéo é de grande esperanca _promissor mercado tanto interno como para a producdo em grande escala de — externo. BIBLIOGRAFIA 2) — CASTRO, JORGE B.A, A melhor embalagem para a uva Itilia, Suplemento Agricola, 18 (70): (89), 1972. @) — MAINIERL, CALVINO. Guapuravu. In: Madel- ras Brasileiras. Sao Paulo, Instituto Florestal, 1970. p. 51. (3) — RECORD, SAMUEL J. & HESS, ROBERT W. Timbers of the New World N, Haven, Yale University Press, 1940. 640 p. (® — RIZZINI, CARLOS T. Schizolobium parahybum. In: Arveres e Madelras Otels do Brasil. S. Paw 1, B, Bliicher, 1071. p. 128. () — VILA, WALLACE M. Uma broca do Guapuru: vu (Acanthoders jaspidea Germ.) In, Sitvicut- tura em S. Paulo, 4: (305300), 1965/66. NOTA — Os autores agradccom a Téenica Florestal S.A., que colaborou decisivamente para a clabors- 80 da presente pesquisa. 30 — REVISTA FLORESTA

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