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GUIA DA SAUDE TOTAL — Tratando de —— MEMORIA _e das causas do esquecimento pr Jodo Radvany — Neurologista, Neuropsiquiatra e Neuroradiologista do Hospital Israelita Albert Einstein de Sao Paulo > Sintomas 2 Cuidados > Tratamento 2 Habitos saudaveis DR. JOA RADVANY GUIA DA SAUDE TOTAL ~& 4 | —— Tratando de —— MEMORIA e das causas do esquecimento ° Sintomas * Cuidados ° Tratamento ° Habitos sauddveis TRATANDO DE MEMORIA e das causas do esquecimento De repente, vocé percebe que “anda se esquecendo” de palavras, compromissos e acontecimenios recentes, mais vezes do que gostaria. Onde colocou as chaves, a que filme assistiv ontem 4 noife, o nome da sua vizinha ou 0 que era mesmo que iria fazer agora... sGo situagdes mais recorrentes do que imaginamos e que acontecem com mais pessoas do que supomos. Este tema - meméria - abrange um grande leque de possibilidades e focos; desde esquecimentos sobre a vida cotidiana, decorrentes de excesso de informagées, até doengas degenerativas podem indicar problemas que afetam a meméria. Mas, antes de enirarmos no assunto propriamenie dito, vale ressaltar que, neste livro, nosso objetivo ndo é fomecer detalhes, bem como diagnésticos ou tratamentos acerca de doengas nas quais o paciente tem perda intelectual ampla, quando ficam afetadas multiplas habilidades intelectuais. Aqui, nosso intuito é oferecer dados e dicas de como lidar com a sensacGo que fem incomodado um niémero cada vez maior de pessoas que chega descrita como uma preocupagéo: "Doutor, ando téo esquecido ultimamente. O que esté acontecendo de errado comigo?" O cérebro humano e suas indmeras e complexas fungGes sdo sempre mofivos para questionamentos e novos entendimentos. A memoria é uma desias. Abordaremos 0 tema de forma basiante simples. Seja bem-vindo a um dos assunios centrais da existéncia humana: lembrangas e recordagées. Capitulo 1 SOBRE AS QUEIXAS DE FALTA DE MEMORIA AFINAL, DO QUE ESTAMOS FALANDO QUANDO FALAMOS DE MEMORIA? Quando falamos de meméria, estamos considerando a retengdo e a evocacéo de infor mage que incluem experiéncias, conhecimentos e pensa- mentos do passado. Ameméria de uma informacéo determinada pode variar muito de indivi- duo para individuo e dentro do mesmo individuo, conforme seu estado mental. Também pode variar de acordo com o contetido da prépria informa- ¢Go. Assim, informagées novas ou entusiasmantes geralmente sGo mais fa- cilmente lembradas do que informacgées pouco interessantes ou comuns. Falhas de meméria podem resultar de falhas em construir 0 estoque de memoria, falhas em reter a informagao e falhas em evocar a informagéo mais tarde. Os mecanismos biolégicos detalhados da meméria ndo séo completa- mente entendidos, mas a maioria dos cientistas acredita que a meméria resulta de mudancas na conectividade entre neurénios no cérebro. IH! ESQUECI A queixa de falta de meméric é universal e acomete pessoas de todas as idades. Sobrecarga de informacéo, indiscriminagGo quanto ao valor afetivo da informacao (essencial para categorizd-la), estresse e depressdo sGo as causas mais freqientes, aiualmente. O fato é que se esquecer de informagées importantes pode ser prejudicial & sua vida profissional, social e até pessoal, Portanto, vale a pena cuidar desta poderosa e fundamental “caixinha de lembrangas”: o seu cérebro. Vocé sabia que o cérebro é o maior consumidor de energia de nosso corpo? Usa 25% do total, apesar de representar somente 2% do nosso peso? E bom saber também que a maneira mais eficiente de alimentar esta energia € garantir pelo menos seis horas de descanso por noite, pois é 0 tempo necessdrio para que o cérebro entre na fase do sono profundo e consolide a memorizagéo das informagées absorvidas ao longo do dia. ‘Além do mais, 0 cérebro é como um misculo, isto é, quanto mais for exercitado, maior e melhor torna-se a sua capacidade. Embora seja possivel lembrar de tudo, é normal nao lembrar de tudo, a queixa de esquecimento merece atencdo especial, porque pode apontar para uma situagdo anormal que pode vir a acarretar constrangimentos e, dependendo da situacdo, bastante sofrimento. BASICAMENTE, DUAS SITUACOES CORRESPONDEM A QUEIXA DE FALTA DE MEMORIA 1. Ter a sensacdo de que se tem a informacéo na cabeca, mas néo se consegue evocd-la naquele momento. 2. Ter a sensagdo de que nunca se ouviu falar de tal fato ou ele sequer aconteceu. Fato este que esta historicamente registrado ou é lem- brado por outros; portanto néo houve o seu armazenamento na meméria de quem nao se lembra. No primeiro caso, basta que alguém Ihe dé uma pista e vocé logo consegue resgatar a informacdo e se lembrar. Por exemplo: vocé tenta se lembrar do nome de um determinado ator, mas néo consegue. Basta que alguém lhe diga o nome de dois ou trés filmes em que ele atuou para que o contexto venha 4 sua mente e vocé resgate de sua memoria a lembranca do nome dele. Ja no segundo caso, vocé pode nao ter retido a informacdo porque no momento em que teve contato com ela estava cansado demais e no teve atencéo suficiente para arquiva-la; ou eniéo esidé no inicio de uma doenga caracterizada pela incapacidade de fazer novas memérias. Portanto, a queixa de falta de meméria esté ligada a dois fatores principais: 1. Dificuldade de memorizacao de fatos novos E a dificuldade de lembrar de fatos mais recentes, isto é, de coisas que aconteceram depois da instalacGo desta dificuldade. Fatos anteriores séo mais facilmente lembrados. A dificuldade de memorizacao, hoje em dia, tem sido causada princi- palmente por fadiga. Viveros numa cultura em que é “fei” falar que se esid cansado. Esperam-se pessoas incansdveis, € isso tem nos custado sav- de, qualidade de vida e prazer de viver. Muitas vezes, essa fadiga também é causada pela sobrecarga de infor- macées que nos invade diariamente, evoluindo para estresse, insdnia ¢ falta de concentragdo. Ansiedade, depressdo e excesso de preocupacdo sdo, deste modo, fatores que muito contribuem tanto para a dificuldade de memorizacdo como para a dificuldade de evocacao. 2. Dificuldade de evocagao de fatos antigos Ea dificuldade de acessar a informagéo retida, ou seja, de recuperé-la da meméria. E a queixa mais comum, jd que nos acostumamos a viver num ritmo alucinante, cheio de cobrancas e expectativas. Por isso, quando temos de acessar uma informagao, o cérebro esta ocupado com iantas outras coisas que nao hd espaco para o resgate de algo que jd foi arquivade. Capitulo 2 OS TIPOS DE MEMORIAS COMO © CEREBRO ARMAZENA A INFORMACAO? A informagéo € estocada em paries diferentes da nossa meméria: * A informacéo guardada na meméria imediata (de curtissima dura- cao ~ retém a informagéo por apenas alguns segundos) geralmente corresponde ds sensagées que no sGo vivenciadas como meméria. © Ainformacéo guardada na meméria recente (de curta duragéo, retém a informacao por alguns minutos até horas) nos dé a sensacéo do presente; pode ser, por exemplo, o que comemos no café da manha. ® Ainformacéo guardada na meméria remota (de longa duragao, guarda a informacéo duranie dias ou anos) consta de coisas que guardamos por muito tempo; como, por exemplo, as memérias da nossa infancia. Seguem vérios conceitos que também ilustram 0 que tenta se definir ou concluir quando se avalia a queixa de falta de meméria. Meméria da sensacao (de curtissima duragéo) Retencao da informac&o por milésimos de segundos, durante seu per- curso nos canais sensoriais. Por exemplo, yocé vé um desconhecido entrar numa determinada loja, enquanto passeia pelo shopping center, mas essa sensacdo visual pode ndo se fixar na sua meméria, se ndo gerar um signifi- cado através de associagées. Meméria de curta duragaéo (equivale 6 capacidade de prestar atengdo e manter algo em mente por um tempo curto e que nGo seré necessariamente guardado a longo prazo) eiengdo tempordria de dados (normalmente de cinco a nove itens). emplo, um némero ielefénico. Por alguns minutos, enquanto se execu- ‘a alguma tarefa em que a informagao é essencial, ela fica na memoria. Também se considera a meméria necesséria para manter em mente uma estratégia durante uma tarefa; nesse caso, chama-se meméria operacional. Meméria de longa duracao Retengdo em geral para toda a vida. Ela divide-se, conforme o seu contetdo, em: Meméria declarativa ou explicita Eventos e fatos passiveis de serem contados em histérias; significados passiveis de explicagdo. 1. Meméria episddica De fatos e eventos. Meméria de eventos datados que podem ser contados quanto 4 sua ocorréncia no tempo e lugar, assim como quanto 4 sua importéncia emocional. 2. Meméria semGntica De significados. E 0 que permite manter uma conversa com signifi- cado de palavras que conhecemos ou de guardarmos conceitos atemporais como, por exemplo, “Salvador € a capital da Bahia”, “Jodo Gilberto compés a musica Garota de Ipanema”. Meméria néo-declarativa ou implicita Memsria independente de consciéncia. E inferida indiretamente pelo desempenho melhor ou mais rapido em certas tarefas. Sao memérias que fazem parte de vocé, da sua histéria, da sua vida e do seu passado e ndo precisam ser verbalizadas para seu uso. Hd quatro formas de meméria néo declarativa: 1. Meméria procedural E um tipo de meméria implicita, que resulta da aprendizagem de ha- bilidades perceptuo-motoras e da aquisi¢éo de regras seqiiéncias, constituindo habitos. Uma vez que vocé aprendeu a dirigir, por exem- plo, vocé depois lembra desse procedimento especifico sempre que necessario. Essencialmente, é 0 que vocé sabe fazer e lembra como. 2. Priming E um tipo de meméria implicita adquirida e evocada por meio de dicas. Influencia no desempenho de testes de meméria e, portanto, esi presente como fenédmeno na vida colidiana. Vem de informa- gGo previamente apresentada, mas néo registrada conscientemente; uma dica de um fragmento de melodia, de poema, de imagem, de sensacdo, por exemplo, evoca a experiéncia como um todo. Num exemplo anterior, aquele do shopping, o mesmo desconhecido que vocé viu mas nao registrou conscientemente, pode lhe parecer co- nhecido, quando cruza com ele de novo. 10 3. Meméria associativa E um reflexo condicionado. Por exemplo, salivar com um prato ape- titoso. 4. Meméria néo-associativa Por exemplo, de tanto ver que urubu nao ataca, deixa-se de se ter medo desta ave. Capitulo 3 AMNESIA FATOS E MITOS O QUE £ AMNESIA? Muito se fala em amnésia e entende-se por esta palavra a perda de meméria parcial (uso mais moderno) ou total (uso mais antigo da palavra). Este “sintoma” ainda persiste em muitos filmes, no cinema, € também em novelas de tevé. Desde 1930, foram feitos mais de 80 filmes em que uma personagem esqueceu sua identidade e seus dados autobiogrdficos. Mas a verdade é que este tipo de amnésia é rarfssimo e, geralmente, conseqiiéncia de enor- me trauma emocional ou simulagao. OS TIPOS DE AMNESIA Amnésia ante-rograda Incapacidade de adquirir nova informagéo para estocagem {armazenamento) e, conseqiientemenie, incapacidade de evocar qualquer registro a partir de um determinado momento da vida. Acontece frequente- mente depois de traumas cranianos, Sindrome de Wernicke-Korsakov por alcoolismo com falta de vitamina B1. Amnésia retrograda Incapacidade de evocar informagéo guardada antes do inicio da am- nésia. Depois de traumas cranianos, é possivel ndo se lembrar de fatos imediatamente anteriores, que ainda ndo tenham sido consolidados nos estoques de meméria de longa duragéo. Sindrome amnésica Perda de meméria global na modalidade explicita (declarativa, episé- Gica). Pode ser reversivel. Geralmente é uma expressdo usada quando falta ume definicGo mais detalhada do tipo de dificuldade. Néo lembrar pode ser uma vantagem ? © esquecimento pode estar a servigo de uma necessidade muito significativa: descartarmos todas as informagées que nGo nos ser- vem para nada, que no sao relevantes em nossa vida. Esqueci- mentos momeniéneos néo sao doencas. Doencas séio caracteri- zadas por um conjunto de sintomas e sinais repetitivos e persisten- tes, incluindo a falta de meméria. - Capitulo 4 O QUE ACONTECE NO CEREBRO COM A IDADE? Embora o cérebro tenha certo grau de regeneragéo e capacidade de estabelecer conexées cada vez mais arborizadas entre as células nervosas, com a idade, existe a tendéncia de perder células nervosas e de diminuir as substéncias produzidas, que transmitem informagdo entre estas células nos pontos onde fazem coniato. Quanto mais velho o individuo, mais essas mudancas podem afetar a sua meméria. Isso ocorre porque o cérebro sofre mudangas para guardar a informacéo ¢ lhe € mais dificil evocar informacées estocadas. A memoria imediata (de curtissima duragGo) e a meméria remota (de longa duragéo) geralmente ndo sao afetadas pelo envelhecimento, mas a meméria recente (de curta duracéo) sofre modificacées. Vocé pode esquecer o nome de pessoas que vocé enconirou ha pouco tempo. Apesar de incémodas, essas mudangas podem ser normais para a idade em questao. MAL DE ALZHEIMER Como a doenga de Alzheimer interfere na memoria? A doenca de Alzheimer comeca com perda de meméria recente. No inicio, 0 paciente se lembraré até mesmo de pequenos detalhes de seu passado distante, mas n&o seré capaz de se lembrar de eventos recentes ‘ou conversas. Com o tempo, a doenca afeta todas as partes da meméria. A doenca de Alzheimer 6 a mais conhecida entre aquelas em que o sintoma recorrente é a falta de meméria; mas néo é a Unica. Existem varias outras doencas que atacam as estruturas limbicas e outras reas cerebrais, responsdveis pelo processamento e estocagem das informagées. 15 viagdo de idosos estd crescendo como nunca e as estatisticas m que época as pessoas da terceira idade t€m sido, em geral, por esta doenga: * Aos 65 anos de idade, 5-10% da populagéo sofre do Mal de Alzheimer. * Aos 85 anos, metade ja tem a doenga; sendo esta participante de 95% dos casos de dificuldades intelectuais. * Aos 115 anos, 100% dos idosos seriam porladores de Alzheimer. * Embora seja uma doenca mais prevalente em idosos, ela pode ocorrer raramente em jovens e até em algumas familias em que a probabi- lidade de herda-la € de 50%. 95% dos casos de Mal de Alzheimer comegam com dificuldade de memorizacdo. E, portanto, normal se uma pessoa com essas queixas ficar aflita com a possibilidade de ter a doenga. Ainda mais problemdtico é 0 fato de que, com a idade, as pessoas terminem considerando normal certa perda da capacidade de memorizagao. Hoje, a atengao recai sobre aqueles que estéo muito abaixo deste conside- rado normal, pois so os alvos dos tratamentos que tentam retardar a pro- gressGo da doenga. Entretanto, nem todas as pessoas afeladas pelo Mal de Alzheimer de- senvolverdo a doenga em poucos anos. Atualmente, né um diagnéstico ~ a DisfungGo Cognitiva Leve — para designar estes casos incertos, onde hé grande dificuldade de memorizagdo, mas nado se sabe em que direcdo isto cami- nharé e em que prazo. O que favorece 0 aparecimento mais precoce da doenga? * Em termos gerais, podemos dizer que todos nés temos uma progra- macdo genética para o risco de desenvolver o Mal de Alzheimer. © Quem tem ancestral direto com a doenga apresenta cinco vezes maior probabilidade de té-la. Trisomia 21 (mongolismo) causa Alzheimer ja aos 40 anos. * Qualquer condigéo de sobrecarga do cérebro antecipa a doen- ca. Assim, traumatismos cerebrais, miltiplos infartos ou sangra- menios cerebrais, depressGo crénica, entre outras, facilitam a doenga. O que se pode fazer para prevenir o Mal de Alzheimer? Prevenir, nada. Retardar, sim. * Exercicio fisico é o mais importante. J4 foi demonstrado que quanto mais, melhor, mesmo quando a doenga jd estiver instalada. 16 Exercicio mental. Fala-se de “reserva cognitiva”, isto é, quanto mai- or for a bagagem cultural, o conhecimento e seu uso por uma pes- soa, mais tarde teria ela a doenca. Estatinas, que se usa para baixar colesterol. Antidepressivos, quando necessarios. * Naturalmente, tentar evitar as doencas que predispdem a doencas vasculares no cérebro, como hipertensao e diabetes. Quais sao os sintomas da doenga, de acordo com a evolucao? * Coma progressdo da doenca, a dificuldade de encontrar palavras e nomes é cada vez maior. Além disso, acontece progressiva deterioragdo da linguagem e da orientagéo espacial. * A comunicacdo sofre e o paciente pode se perder fora de casa ou nao reconhecer sua propria casa ou familiares. * Podem haver alucinagées e comportamentos dificeis de controlar apenas com palavras ou carinho, Medicamentos tranqiilizantes po- dem ser necessarios. © Com 0 tempo, 0 juizo € 0 senso crftico sofrem. * Hd falta de juizo, apatia e irritabilidade, incontinéncia, emagrecimento. © Por fim, pode ocorrer alteragdo da motricidade por enrijecimento. * A sobrevida, em média, depois do diagnéstico, é de sete anos. A morte 6 causada por uma outra doenga associada. Como tratar pessoas com Alzheimer? Depende do estagio da doenga. Varios medicamentos sGo usados nas diferentes fases da doenca com pequeno efeito em retardar suc progressdo. Porém, com a aceleracdo da pesquisa em doencas degenerativas que cur- sam com perdas cognitivas, apés a criagdo de camundongos transgénicos transformados geneticamente em portadores de doencas humanas, ¢ gera- cdo de informacéo ficou muito rapida e séo esperadas solucées breves para diferentes estagios dessa doenca. * No inicio, suporte ao paciente que ainda tenha percepcéo aflicao de algo grave, junto com remédios para tratar ansiedade e depres- sdo. E nessa fase que os remédios desenvolvidos para Alzheimer sGo mais eficazes. Trata-se de medicamentos que aumentam a disponi- bilidade no cérebro do neurotransmissor acetilcolina. ° Exercicio fisico. Dancar, por exemplo, foi mostrado como dil naque- les que sempre foram sedentarios. © Estimulacdo mental é recomendada. Importante Os cuidadores, em geral, estéo despreparados quando recebem o diagnéstico de que alguém na familia esta sofrendo da doenca. Por isso, precisam de orientagdo e muito apoio. Cuidar de al- guém com quem a relacéo se deteriora progressivamente por causa das mudancas na esséncia do ser da pessoa & muito penoso. Problemas de meméria que nao sao parte do envelhecimento normal Esquecer de coisas mais freqdentemente do que vocé costumava esquecer. * Esquecer de como fazer coisas que vocé fez muitas vezes antes. Dificuldade de aprender coisas novas. * Repetir frases ou histérias dentro da mesma conversa. Dificuldade de fazer escolhas ou lidar com dinheiro. Sentir-se incapaz de manter um registro do que acontece cada dia. A histéria médica tenta definir 0 tipo de perda de meméria, 0 pa- drao temporal e os fatores que a desencadeiam ou pioram. Além desses, tenta averiguar também se hd outros sintomas que possam acompanhar a queixa. Imagine uma consulta em que vocé é 0 entrevistador e também é o paciente. Veja o quanto é dificil reduzir uma avaliagdo dessas para respostas “sim” e “nado” e ao final nao concluir qualquer coisa de definitivo. E por isso que testes da meméria e de outras aptidées intelectuais néo podem faltar destas ovaliacées. 1. Para definir 0 tipo de perda de meméria * O paciente consegue se lembrar de evenios recenies? (para saber se existe falta de meméria a curto prazo) (_) Sim (_) Nao * O paciente consegue se lembrar de eventos situados no passado distante? (para saber se existe falta de meméria a longo prazo). () Sim () Nao ¢ Existe perda de meméria de eventos que aconteceram antes de uma experiéncia determinada? (para saber se 0 paciente est4 com problema de amnésia retrégrada) ( ) Sim ( ) Néo ° Existe perda de meméria de eventos que ocorreram depois de uma experiéncia determinada? (para saber se 0 paciente est com problema de amnésia ante-régrada) ( ) Sim ( ) Nao ¢ Existe apenas umo perda de meméria minima? (_) Sim (_) Néo * O paciente inventa historias para disfarcar as falhas de memoria? (_) Sim ( ) Nao * O paciente sofre de oscilagées de humor que interferem na concen- tracdo? ( ) Sim ( ) Néo 2.Em relagado ao padrao temporal da deterioragao da meméria * A perda de meméria tem piorado através dos anos? () Sim () Nao * A perda de meméria se desenvolveu no curso de semanas? () Sim () Nao * A perda de memoria esta presente todo tempo ou existem episédios bem delimitados de amnésia? () Sim () Nao * Se existe episédios de amnésia, quanto tempo duram? R: 3. Quanto a fatores desencadeantes, o que torna a falta de meméria pior * Houve trauma craniano no passado recente? () Sim () Néo * Aconteceu alguma experiéncia ou evento que era traumético do ponto de vista emocional? () Sim () Nao OF * Houve cirurgia ou procedimento que precisou de anestesia geral? Sim () Nao * O pacienie consome dlcool? Quanto? }Sim ()N@o Re a * O paciente se alimenta de modo displicente? () Sim () Nao * O paciente usa drogas ilegais? Quanto? Que tipo? () Sim ( ) Nao R: 4. Quanto a sintomas que acompanham a falta de mem6ria * Caso haja outras queixas, descreva-as. R: mx © AS be , * O paciente sofre de doencas outras jd diagnosticadas? Se sim, quais? ()Sim ()N@o R_ * O paciente esté confuso ou desorientado? () Sim ( ) Néo * Esté com dificuldades para comer, se vestir ou ter atividades em que deveria conseguir se cuidar sozinho? (_) Sim ( ) Nao © Teve convulsdes ou auséncias? (_) Sim () Nao Depois deste histérico, segue-se obrigatoriamente um exame neu- rolégico no qual as memérias imediata, de curta e longa duragéo serao testadas. Conforme as hipéteses diagnésticas ou, ds vezes, meramente para ex- cluir doencas, pode-se requisitar exames de sangue, testagem neuropsico- lagica, eletroencefalograma, exames por imagem (tomografia computado- rizada ou ressonéncia magnética) e até mesmo uma pungdo lomber para examinar 0 liquor (Iiquido presente na espinha). AS CAUSAS MAIS COMUNS QUE GERAM QUEIXAS DE FALTA DE MEMORIA A falta de meméria pode ser parte das queixas ou a queixa Unica, e caracteristicas podem aponiar para o diagnéstico de um ou outro item abaixo: * Envelhecimento. * Mal de Alzheimer. * Outras doencas neurodegenerativas. ma de cabeca. ° Contusao mental. Convulsées. Anestésicos gerais como halotano, isofluorano e fentanil. Alcoolismo. Derrame ou infarto cerebral. Ataques isquémicos transitérios. Amnésia global transitéria. Drogas como barbitéricos ou benzodiazepinicos. Drogas com efeitos colaterais anticolinérgicos. Tratamento prolongado de eletrochoque. Cirurgia dos lobos temporais do cérebro. Tumores cerebrais. Infeccdes no cérebro. Encefalite, por herpes em especial. Depressdo. Estresse. Sobrecarga de informagdo. Capitulo 6 COMO MELHORAR SUA MEMORIA E EVITAR ESQUECIMENTOS O cérebro € como um misculo, quanto mais for exercitado, maior e melhor torna-se a sua capacidade. Entretanto, como no caso do mésculo que sofre de lesdes com exageros, o cérebro também fem as suas manifes- tagdes diante de excessos. A memorizagéo € uma capacidade que pode ser aprimorada e incrementada. Hé competigées de capacidade de memorizagéo. Imagine alguém que aprende a seqiéncia de dois pacotes de 52 carias em minutos. Voc sabia que existem Jogos Olimpicos Intelectuais onde se compete em performances mentais, inclusive memorizagdo? Pesquisas sobre plasticidade neural — capacidade que © cérebro tem de se transformar criando novas conexdes e até mesmo novas células ~ sdo aliamente promissoras e deixam muita esperanga para quem se vé incomo- dado com dificuldade para memorizar novas informacées ou resgatar as j4 arquivadas. ATITUDES QUE EVITAM O ESQUECIMENTO Sabemos que distragéo, falta de atengdo ¢ de concentragGo sao as causas mais freqientes do esquecimento. Veja como melhorar esse quadro. * Coloque itens que vocé quer lembrar num lugar pouco comum. Por exemplo, coloque a roupa suja que vocé deve levar no tintureiro no chao, em frente porta. * Designe um lugar e chame-o de “Praga da Memoria”. Esse seria 0 lugar especial para chaves, éculos, comprimidos e pequenos papéis onde vocé anotou coisas, etc. 25 ¢ Organize o ambiente: um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar. e Ajuste o alarme do despertador para a hora em que vocé deve fazer alguma coisa. * Mantenha um bom calendério e uma boa lista dos seus afazeres. Para tanto, mantenha papel e lapis no bolso, no criado mudo e no carro. * Se vocé no tiver o papel disponivel quando precisar, escreva na mao. * Use pistas associadas a objetos. Por exemplo, vire 0 anel ou 0 reld- gio para dentro, guarde um papel amassado no bolso, incline o abajur, amarre um né no lengo, etc. Tente usar sempre as mesmas pistas para as mesmas coisas e cada vez que vocé cruzar com o objeto que vocé usa como pista, vai lembrar o que significa. * Escreva lembretes para si e coloque em lugares visiveis. * Ndo adie tarefas, néo procrastine. Faga agora! Assim ha menos oportunidade para esquecer. * Fale para si: “Viro a chave. Abro a porta. Retiro a chave. Fecho a porta”. Assim vocé nunca esqueceré a chave do lado de fora da porta; ou entdo: “Estou ligando o gas. Acendo o gas. Coloco a panela por cima da boca do fogao. Assim evitamos explosdes”. Isso faz com que sua atenco esteja focada naquilo que estiver fazendo. * Se vocé encontra-se num outro quarto e néo sabe por que, volte para o quarto anterior de onde saiv. Isso freqUentemente traz de volta a me- méria. As vezes, basta se imaginar no quarto anterior que funciona. © Conte os itens que vocé transporta, assim vocé néo deixaré nenhum para tras. DICAS PARA LEMBRAR DE NOMES * Pergunte de novo o nome da pessoa e diga-o em voz alta. Repita o nome para si varias vezes. ° Escreva o nome para referéncia futura, no calenddrio ou livro de enderecos. © Construa uma associagao simples com o nome novo. Por exemplo: tem o mesmo nome de alguém que vocé jé conhece, tem o nome de uma celebridade ou pessoa famosa. ° Faca associacdo com coisas, marcas, rimas. Dé adjetivos com nome para tornd-lo engragado (sem nunca dizer para a pessoa como é que vocé lembra seu nome, claro). * Se vocé esté envolvido em muitas organizacées ou atividades, man- tenha uma lista dos pessoas envolvidas em cada uma. Faga uma reviséo dos nomes antes de ir para uma reuniéo. * Associe uma feicdo fisica proeminente que se associa com a pessoa em seu nome. Por exemplo, Joaquim Conte se transforma em Joaking Kongte como “King Kong”. * Quando tudo falha, em vez do nome, diga apenas querido ou que- rida ou carissimo ou carissima, ou qualquer outro termo abundante na nossa cordialidade brasileira. PARA MANTER O SEU CEREBRO EM PLENO FUNCIONAMENTO E AUMENTAR A CAPACIDADE DE SUA MEMORIA © Treine sua atengdo aprendendo algo novo. Sao validas tanto as ha- bilidades manuais quanto as mentais, tais como computagGo, dan- ¢a, pintura, linguas, entre outras que ajudam seu cérebro a manier- se ative, criando constantemente novas sinapses, 0 que contribui para que a meméria funcione de modo mais satisfatério. © Pratique jogos: damas, xadrez, cartas. Conhecer as regras dos jogos e colocd-las em pratica é um meio Iidico e eficiente de exercitar suas funcées cerebrais. Exercicios como esses protegem duas vezes mais as pessoas de doencas neurodegenerativas, como o Mal de Alzheimer. * Faca palavras cruzadas: feito com regularidade, esse exercicio pos- sibilita o aumento das capacidades de atengéo e concentragGo, fa- vorecendo 0 aprimoramento do processo de resgate da meméria de longa duragéo + Mantenha listas: siga ume rotina, mantenha um calendério detalha- do. Construa associagées (faca conexées, ligue coisas na sua men- te), assim como usar referenciais geograficos para encontrar luga- res. Evite sobrecarregar a meméria com informagées que poderiam ser anotadas. E para isso que existem recursos como agendas, lerbradores, computadores de bolso, etc. O segredo é utilizd-los de modo que, quando nao os tenha em maos, a sua vida nao entre em colapso total. ° Exercite-se: exercicios aerébicos, por exemplo, ajudam os pul- mées a respirar mais profundamente e o coragdo a bater com mais forca, melhorando a circulagdo cerebral e conseqiientemente beneficiando a organizagéo, a tomada de decisées, a atencdo e a meméria. * Faca exercicios de visualizacdo e descreva com palavras o que esti- ver imaginando. Imagens mentais séo um 6timo recurso para a lem- branca. Por exemplo, vocé terd uma reunido ds 10 horas: imagine 27 um reldégio bem grande marcando 10 horas e vocé chegando para © compromisso. Dessa forma, vocé faz um link com os movimentos fisicos e, ao mesmo tempo, treina a sua meméria. Guarde itens importantes, como, por exemplo, suas chaves sempre no mesmo lugar. Repita os nomes quando vocé conhecer pessoas novas. Quando vocé nao conseguir se lembrar de uma palavra, recite para si o alfabeto. Frequentemente, ao ouvir a letra com a qual a palovra comega, isto servird como pista para lembrd-la. Se nao conseguir, é melhor desistir da tarefa e eventualmente a evocagdo aconteceré quando menos vocé esperar. Alimentagdo equilibrada é fundamental. Vale ressaltar que alimentos ricos em gorduras saturadas aceleram o processo de degradacao mental, prejudicando a meméria e a capacidade de concentragéo. Boa noite de sono. Pessoas que néo dormem bem ou dormem du- rante menos tempo do que 0 necessGrio para que seu corpo repou- se adequadamente, respeitando seu metabolismo, prejudicam o pro- cesso de aprendizagem e tém dificuldade de concentragao. E sabido que © que vocé aprende durante o dia fica armazenado no hipo- campo — a regiéo da meméria. A fase completa do sono dura uma hora e meia e temos, em média, cinco fases em cada noite de sono. Somente nos Ultimos trés minutos de cada fase, as informacées que esto neste hipocampo (uma espécie de arquivo tempordrio) véo para o cértex (0 disco rigido) para serem armazenadas em definiti- vo. Portanto, se 0 sono é interrompido, essas informagées se per- dem, prejudicando sua memoria e fazendo com que vocé esqueca 0 que aprendeu, jd que as informagées absorvidas durante o dia fi- cam retidas por, no méximo, 72 horas no hipocampo. Ginko biloba. O uso dos extratos de ginko biloba para trotamento e prevengdo de problemas relacionados a transtornos da meméria é feito pelos povos ancesirais hé centenas de anos. Ainda hoje, algu- mas pessoas apostam nessa planta para ativar a meméria e atestam bons resultados. Entretanto, a medicina ainda olha com cautela para esse tipo de tratamenio e também para a eficacia de seus principios ativos no tratamento inclusive do Mal de Alzheimer. Também em virtude do uso muitas vezes indiscriminado das ervas tidas como medicinais (que previnem ou curam doencas), além da falta de con- irole adequado sobre sua produgGo e comercializagdo, a prescrigdo da ginko biloba nos transtornos de meméria vem sendo questionada nos Gltimos anos. Por fim, nenhum conceito definitive foi dado pela classe médica sobre o uso da planta para esta finalidade. Faga exercicios de recitar © que aconteceu no dia, na semana, no més. Além disso, pratique sua capacidade de reter informacées, transforman- do-cs em palavras, sejam ditas ou escritas. Pratique estes exercicios: Indice Capitulo 1 - SOBRE AS QUEIXAS DE FALTA DE MEMORIA. Afinal, do que estamos falando quando falamos de meméria? Ih! Esqueci Basicamenie, duas situagées correspondem & 4 queixa de falta | de memiGria ......... Capitulo 2 - OS TIPOS DE MEMORIAS .. Como ¢ cérebro armazeno « informacéo? Capitulo 3 — AMNESIA ~ FATOS E MITOS. O que € amnésia? . Os tipos de omnésia... Capitulo 4 - O QUE ACONTECE NO CEREBRO COM A IDADE?... Mal de Alzheimer ... Capitulo 5 - AVALIACAO E DIAGNOSTICO PARA QUEIXAS DE PROBLEMA. Como posse saber se 0 meu problema de meméria é algo sério? .. © que esperar de uma avaliacéo médica de queixa de falta de meméria As cousas mais comuns que geram queixas de falta de meméria Capitulo 6 - COMO MELHORAR SUA MEMORIA E EVITAR ESQUECIMENTOS ... 25 Aliludes que evitam o esquecimento .. Dicas para lembrar de nomes . Para manter o seu cérebro em pleno funcionamento e aumentar a capacidade.. 27

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